A juventude não seria jovem... Se não tivesse dentro de si um pouco de loucura e inconstância.
Autora: Fernanda Rezende
Caminhei lado a lado com Theo pelo corredor até a recepção, onde ficamos soltando piadinhas internas sobre o péssimo atendimento que recebemos.
Ele já tinha assinado os papéis para liberação de alta e recuperado suas roupas. Nesse momento estava com um moletom esporte preto, em conjunto com sua calça que felizmente não rasgou sobre o impacto do acidente.
Theo fazia alguma piada boba sobre nunca mais vacilar na frente do meu carro. E isso me fez rir, alertando-o que ele não deveria vacilar na frente do carro de ninguém de preferência!
O clima leve entre nós me fez ver uma versão de Theo que ainda não havia sido apresentada. Um humor de menino e uma energia gostosa, que recarregou minhas energias mesmo depois de todos esses eventos.
Passamos pela porta do hospital em sentido a rua e ele abre os braços em comemoração.
- Estou liberado da masmorra! Um sorriso de orelha a orelha ganhou espaço enquanto ele me estendia o braço. - Me acompanha senhorita ?
Fiz que sim com a cabeça e delicadamente entrelaçei nossos braços. E assim saímos a passos calmos do hospital.
Logo o belo por do sol iluminou nossa pele em um tom dourado, demonstrando toda beleza do fim de tarde.
Caminhamos com apenas algumas poucas palavras de conversa cordial sendo trocadas, o vento fresco com tons de calor, atingiam meu corpo em cheio, me animando depois de tanto tempo presa entre paredes.
Chegamos na esquina do quarteirão que abrigava o hospital, automaticamente virei em direção ao estacionamento, sentindo o vento agora frio, que vinha do sul, gelar minhas bochechas e me fazer franzir os olhos.
Mas tive que cortar minha atenção do ambiente, quando notei o corpo de Theo me puxando para outra direção através dos nossos braços unidos.
- Aonde você vai? Pergunto quando vejo ele indo para uma direção oposta a minha, enquanto tento acompanhar a passos rápidos do seu ritmo de caminhada .
- Pegar um ônibus. Ele aponta em direção ao ponto azul com detalhes brancos, como se isso fizesse muito óbvio.
- Eu te dou uma carona,vem! O Puxo e ele faz uma careta resistente, mas acaba sedendo e começa a caminhar agora a passos calmos do meu lado.
Como o hospital e a clínica não são distantes um do outro, deixei meu carro no estacionamento da própria clínica, para economizar uns trocados. O que significa que pelo menos uns 5 minutos de caminhada nos aguardam.
O vento frio começa a ganhar força. Típico de São Paulo, logo a tarde com temperatura agradável parte, deixando que a noite fria comece a tomar conta da cidade, agora já iluminada pelos postes.
Cruzo os braços tentando me aquecer, gente a alguns minutos eu estava com calor! Realmente São Paulo não é para armadores.
- Com frio? Ele pergunta soltando o ar e deixando a fumaça condensar em sua frente.
- Um pouco, mas já estamos perto do estacionamento.
Ele respira fundo, como quem pensa em algo sério. E sem emitir um som ele tira seu moletom grosso e enfia com mestria a blusa pela minha cabeça.
- O que... Tento falar mais estou sufocada dentro da blusa, me debatendo tentando achar o espaço da cabeça. Quando finalmente saio, consigo falar. - O que você está fazendo?
ESTÁ A LER
Meu Querido, FODA-SE
Teen FictionPrêmios: 15° Literatura Feminina (22/03) Amadurecer é um processo um tanto quanto complicado. E a vida não da à ninguém um manual de instruções sobre qual o melhor caminho a seguir. E quando se é protegido ao extremo em uma bolha familiar, esse p...