Capítulo 9

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A juventude não seria jovem... Se não tivesse dentro de si um pouco de loucura e inconstância.

Autora: Fernanda Rezende

Caminhei lado a lado com Theo pelo corredor até a recepção, onde ficamos soltando piadinhas internas sobre o péssimo atendimento que recebemos.

Ele já tinha assinado os papéis para liberação de alta e recuperado  suas roupas. Nesse momento estava com um moletom esporte preto, em conjunto com sua calça que felizmente não rasgou sobre o impacto do acidente.

Theo fazia alguma piada boba sobre nunca mais vacilar na frente do meu carro.  E isso me fez rir, alertando-o  que ele não deveria vacilar na frente do carro de ninguém de preferência!

O clima leve entre nós me fez ver uma versão de Theo que ainda não havia sido apresentada. Um humor de menino e uma energia gostosa, que recarregou minhas energias mesmo depois de todos esses eventos.

Passamos pela porta do hospital em sentido a rua e ele abre os braços em comemoração.

- Estou liberado da masmorra! Um sorriso de orelha a orelha ganhou espaço enquanto ele me estendia o braço. - Me acompanha senhorita ?

Fiz que sim com a cabeça e delicadamente entrelaçei nossos braços. E assim saímos a passos calmos do hospital.

Logo o belo por do sol iluminou nossa pele em um tom dourado, demonstrando toda beleza do fim de tarde.

Caminhamos com apenas algumas poucas palavras de conversa cordial sendo trocadas, o vento fresco com tons de calor, atingiam meu corpo em cheio,  me animando depois de tanto tempo presa entre paredes.

Chegamos na esquina do quarteirão que abrigava o hospital, automaticamente virei em direção ao estacionamento, sentindo o vento agora frio, que vinha do sul, gelar minhas bochechas e me fazer franzir os olhos.

Mas tive que cortar minha atenção do ambiente, quando notei o corpo de Theo me puxando para outra direção através dos nossos braços unidos.

- Aonde você vai? Pergunto quando vejo ele indo para uma direção oposta a minha, enquanto tento acompanhar a passos rápidos do seu ritmo de caminhada .

- Pegar um ônibus. Ele aponta em direção ao ponto azul com detalhes brancos, como se isso fizesse muito óbvio.

- Eu te dou uma carona,vem! O Puxo e ele faz uma careta resistente, mas acaba sedendo e começa a caminhar agora a passos calmos do meu lado.

Como o hospital e a clínica não são distantes um do outro, deixei meu carro no estacionamento da própria clínica, para economizar uns trocados. O que significa que pelo menos uns 5 minutos de caminhada nos aguardam.

O vento frio começa a ganhar força.  Típico de São Paulo, logo a tarde com temperatura agradável parte, deixando que a noite fria comece a tomar conta da cidade, agora já iluminada pelos postes.

Cruzo os braços tentando me aquecer, gente a alguns minutos eu estava com calor! Realmente São Paulo não é para armadores.

- Com frio? Ele pergunta soltando o ar e deixando a fumaça condensar em sua frente.

- Um pouco, mas já estamos perto do estacionamento. 

Ele respira fundo, como quem pensa em algo sério. E sem emitir um som ele tira seu moletom grosso e enfia com mestria a blusa pela minha cabeça.

- O que... Tento falar mais estou sufocada dentro da blusa, me debatendo tentando achar o espaço da cabeça. Quando finalmente saio, consigo falar. - O que você está fazendo?

Meu Querido, FODA-SEOnde as histórias ganham vida. Descobre agora