Capítulo 2

2K 163 261
                                    

A noite com Anny assim como todas as noites foi incrível. Fizemos o jantar juntas  e logo o cheiro comum e familiar do nosso arroz papa com filé de frango levemente queimado ganhou espaço na cozinha.  Como de lei, não poderia faltar uma  maravilhosa cerveja gelada. Afinal, a essa altura do campeonato somente o álcool para dar graça e nos tirar risadas do nosso próprio talento culinário.

Quando notei que meus reflexos já estavam levemente abalados pelo álcool, me obriguei a pegar na mão gelada de Anny e arrasta-la até o sofá, para enfim assistirmos um filme, enquanto meu corpo merecidamente relaxava.

Não me surpreendi quando pela centésima vez na história da nossa amizade, ela através de chantagem emocional e olhinhos brilhantes me convenceu à assistir seu filme preferido.  Então, logo um vampiro branquelo que brilha na luz do dia, ganhou nossa atenção na televisão mediana da sala.

O cenário de fim de dignidade humana era composto pelos nossos corpos, levemente bêbadas, jogadas no mesmo sofá marrom que eu havia comprado numa liquidação e por isso algumas partes continham um palpável e visível desgaste.

Deixei que meu olhar caísse sobre a ruiva que depositava a cabeça no meu colo e que não desgrudava os olhos da TV , ela estava absorvendo cada mínimo detalhe sem nem ao menos piscar. Por algum motivo especial ela amava esse filme a ponto de saber todas as falas e se empolgar com todas as cenas tensas, mesmo já tendo visto essas milhares de vezes, para ela... Era sempre a emoção e a graça da primeira vez.

Fiquei feliz em notar que ela havia levado o pote de sorvete de chocolate trufado pra sala e deixado na altura das minhas mãos, de forma que eu não tive que levantar para alcançar o delicioso doce e as colheres.

Abri o pote e voltei a olhar para o filme enquanto automaticamente enchia minha colher de sorvete com um misto de tédio e reflexão. Como o amor é um tema complicado... Por que será que gostamos tanto de coisas complicadas? Porque simplesmente não podemos gostar de alguém que gosta da gente? Sem problemas, sem impedimento, sem crise de ansiedade e surtos?

Porque sempre a porra do "leão tem que se apaixonar pelo cordeiro" e o "cordeiro idiota retribuir esse sentimento"?

É nítido que os dois vão sofrer, que vai rolar várias lágrimas de madrugada molhando o travesseiro e o enchendo com catarro quente. Ambos sabem disso, e mesmo assim tentam...

E A ÚNICA PESSOA QUE GANHA COM ISSO NO FINAL DAS CONTAS SÃO OS TERAPEUTAS!

Talvez a graça esteja em tentar, tentar ser diferente do resultado esperado. Em acreditar que se pode pular do abismo sem cair e se machucar por completo, pois lá no fundo vem uma esperança de que de alguma forma tudo vai dar certo e vocês serão iguais os casais de filme... Especiais!

Sim... Definitivamente o amor nos torna seres completamente intensos e corajosos e ao mesmo tempo completamente insanos e idiotas... Pois é, seja bem vindo ao amor, onde nada faz sentido!

-Eu sei o que você é.... A personagem principal do filme fala, é minha amiga bate na minha perna chamando minha atenção pra cena.

Meus olhos acompanham tudo, eu queria poder chama a personagem principal de "tapada". Mas um tapada com carinho sabe? As vezes parece que ela não tinha uma amiga pra situar ela das verdades tóxicas desse amor... E sejamos sinceros: afinal quem descobre que pode ser assinada pelo indivíduo "chush" e mesmo assim vai com ele pro meio de uma mata fechada?

Julgo... E não é pouco. Amiga se preserve! Isso é tema de terapia...

Se bem que refletindo, depois dos últimos fatos da minha vida amorosa estou quase pegando a mãozinha dela e falando:

Meu Querido, FODA-SEWhere stories live. Discover now