Ele vai embora

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Juliana bateu a porta de seu quarto com força. Se jogou em sua cama e chorou, chorou de soluçar. Depois de parar de chorar, subiu uma onda de raiva fora do normal. O ódio que Juliana estava sentindo era tão grande que ela poderia muito bem estrangular Junior e aí sim, virar uma assassina de verdade.

Na verdade, ela não conseguia segurar sua raiva. Começou a gritar desenfreadamente e a atirar coisas na parede. Atirou desde seus ursinhos de pelúcia até a sua bolsa, porta-retratos, entre outras coisas. Ao jogar o último porta-retrato ela quebrou o vidro da janela. Não demorou muito para Edith e Seu Marcos, que havia acabado de chegar, abrirem a porta do quarto. Eles levaram um grande susto.

Seu Marcos resolveu não dizer nada. Ele sabia o momento que a filha estava passando. Ele a abraçou, e ela se debulhou em lágrimas novamente.

Passaram-se algumas semanas. Juliana e Junior não estavam se falando. Ela parou de ir para a escola com ele e Seu Marcos voltou a levá-la, como antigamente. Mas o clima não estava bom na escola. Muita gente a evitava ou fazia comentários hostis. Juliana podia até perceber que alguns professores não falavam muito bem com ela.

Ela saiu muito desanimada da aula aquele dia, estava deprimida. Mas teve uma surpresa. Felipe estava na porta do colégio, esperando por ela e Aline.

— Ju, você não vai pra casa hoje – disse ele decidido, abraçando a amiga – vai ficar lá em casa.

— Eu não posso, Felipe – respondeu ela desanimada. – Eu não trouxe nada para ficar aqui.

— Mas isso não impede você de ficar aqui até à noite – disse ele sorridente. – Agora eu tenho carteira de motorista e posso te levar em casa.

— Isso mesmo! – exclamou Aline animada – Hoje você vai ter um dia diferente, chega de estresse!

Juliana se deu por vencida e ligou para seu pai avisando que ficaria na casa de Aline até mais tarde. Seu Marcos ficou feliz que a filha fosse se divertir um pouco, ele sabia que ela estava precisando.

Eles chegaram na casa de Aline e Felipe e almoçaram. Depois Felipe convenceu-as de ir dar um passeio. Ele sabia que Juliana gostava de Junior, apesar de tudo o que estava acontecendo, mas ele estava esperançoso.

Eles foram andando até o cais, conversando sobre várias coisas. Felipe estava empolgado, contando sobre a faculdade, e Juliana ficou imaginando se ele teria conhecido alguém. Depois, ainda caminhando, Aline começou a falar sobre seus rolos amorosos em Minas Gerais.

Eles chegaram ao shopping e ficaram olhando vitrines, conversando, sentaram um pouco na praça de alimentação. Estava sendo um passeio muito agradável. Mais tarde, depois de terem perdido a conta de quantas vezes deram volta no shopping, resolveram ir ao cinema.

O filme acabou quase sete horas da noite. Eles voltaram para casa e Juliana resolveu que era hora de ir embora. Ela disse que voltaria de ônibus, mas Felipe insistiu em levá-la. Juliana ficou sem graça, mas acabou aceitando. Aline achou melhor não ir junto, disse que estava com dor de cabeça.

Felipe estava muito animado durante a viagem, falando mil coisas sem parar. Juliana estava feliz em poder ouvi-lo. Afinal, ele e Aline eram os dois únicos amigos que haviam sobrado depois de todo aquele escândalo. Eram seus dois únicos amigos de verdade.

Eles entraram no condomínio e ela pediu que ele parasse na praia. Aquilo era praticamente um ritual. Ela não sabia exatamente porquê tinha feito isso, mas agora já estava feito. Eles sentaram na areia e ficaram admirando o mar. O céu estava lindo, formando um belo cenário com as ondas (do mar).

Na Praia VermelhaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora