Uma grande amizade

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Depois da aula, Juliana e os meninos que formaram a banda se reuniram para marcar as datas dos ensaios. Ficaram conversando durante um bom tempo, no pátio do colégio, acabaram até citando algumas músicas que poderiam tocar. Quando ela finalmente saiu do colégio, acompanhada dos meninos que estavam muito empolgados, encontrou Junior a esperando.

— Onde você estava? – perguntou ele de cara feia – A Aline já saiu há meia hora!

— Eu tava resolvendo um assunto – respondeu ela entrando no carro. – Achei que você não viesse me buscar hoje.

— Eu vou vir te buscar todo dia que a gente sair no mesmo horário – explicou Junior também entrando no carro – mas que assunto você tava resolvendo com um monte de menino?

— Nada demais, Junior – respondeu ela tranquilamente. – Põe um cd pra rolar aí.

Juliana não queria contar nada para ele, só iria contar se conseguisse ser selecionada para cantar na festa, do contrário nem ele e nem ninguém mais de sua família saberia.

Ela passou o dia todo no seu quarto ouvindo música, cantando e lendo várias letras em inglês, sem sair de lá para nada. Até que à noite Lucia bateu na porta do quarto com o telefone na mão e uma cara feia, para variar. Juliana atendeu:

— Oi – disse ela abaixando o volume do som.

— Oi, prima! Sou eu, Henrique – disse a voz do outro lado da linha.

— O que você manda? – perguntou Juliana animada por falar com o primo.

— Meu aniversário, lembra? Vai ser neste sábado.

— Pode deixar que eu vou falar com o meu pai, Henrique.

— Ah... mas ele tem que deixar você vir! Você não pode perder, vai ser ótimo!

— Henrique, eu vou falar com o meu pai e depois eu te ligo.

— Tá bom, não esquece, tchau!

— Tchau.

Juliana desceu empolgada para jantar e pediu para que fosse ao aniversário de seu primo, mas Seu Marcos, surpreendentemente, não deixou. Ela ficou muito frustrada.

— Mas pai, o que tem eu passar o final de semana lá? – perguntou ela indignada – Eu sempre vou pra lá e você nunca vê problema nenhum.

— Mas agora não – disse ele com firmeza. – O Rio de Janeiro está muito perigoso e eu não quero que você corra nenhum risco.

Juliana se deu por vencida, lutando para que seus olhos não ficassem cheios d'água. Resolveu engolir o choro e ligar para seu primo para dizer que ela não poderia ir. Tia Nádia, ao ouvir a conversa do filho, ficou indignada e resolveu falar com Seu Marcos. Estavam todos na sala, ouvindo, inevitavelmente, a conversa, quando Lucia disse:

— Marcos, deixe a menina ir, o que é que tem? Você sempre deixa ela ir pra lá, é seguro onde eles moram.

Como isso poderia ter acontecido? Juliana levou um baque! Lucia estava mesmo a defendendo? Por quê?

"Ela tá fazendo isso só pra se livrar de mim no final de semana" – pensou Juliana com razão.

Mesmo assim, Seu Marcos não cedeu, mas tia Nádia não desistiu e disse, para tentar convencê-lo definitivamente, que Junior poderia ir também. Aí mudou o rumo da conversa. Seu Marcos disse que se ele fosse, Juliana poderia ir, e perguntou ao garoto se ele queria ir. Juliana o olhou com uma cara de piedade, mas tinha certeza de que isso era pedir demais.

Na Praia VermelhaWhere stories live. Discover now