A namorada

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Uma semana se passou. Juliana mergulhou de cabeça nos ensaios da banda e nem tinha mais tempo para pensar em tudo o que ouviu Lucia dizer. Mesmo assim, dentro de seu coração havia uma tristeza enorme e um vazio que doía. Já era muito difícil não ter uma mãe por perto, pior ainda era ter uma madrasta que, além de detestá-la, ainda fica falando mal de sua mãe.

Ela estava no colégio, conversando com Felipe enquanto eles esperavam Aline terminar uma prova. Juliana iria almoçar na casa deles.

— A apresentação é daqui a uma semana, Felipe. Eu tenho que estar nervosa!

— Mas eu não estou me referindo a isso, eu acho que você anda um pouco triste ultimamente.

Ela não queria contar nada para ele. Mentiu.

— Nada a ver, Felipe. Eu só estou um pouco estressada.

— Ju, não mente pra mim, eu te conheço.

— Eu não estou mentindo – disse ela com lágrimas nos olhos.

— A Aline está descendo aí, vamos embora e lá em casa a gente conversa.

Quando eles chegaram em casa, não teve jeito: Juliana desabou em lágrimas. A verdade era que aqueles dois eram as únicas pessoas no mundo com quem ela poderia verdadeiramente contar. Não sabia até que ponto Junior iria defende-la contra sua mãe.

— Mas o que é que foi? – perguntou Aline aflita.

— Fala, Ju. Pelo amor de Deus! – pediu Felipe.

— Eu... eu... eu odeio aquela mulher!

— Odeia quem? A Lucia? – perguntou Felipe.

— Ela me odeia – disse ela aos prantos.

— Olha, eu tenho certeza de que isso é só impressão sua – disse Felipe tentando consolá-la.

— E eu tenho certeza de que ela me odeia – afirmou ela convicta.

— Por quê? – perguntou Aline.

— Porque eu ouvi ela discutindo com o Junior ontem – começou Juliana em meio as lágrimas que escorriam de seus olhos – por causa disso. Ela não quer mais que ele ande comigo; quer tirar todas as lembranças da minha mãe de dentro de casa. Ela acha que a memória da minha mãe é uma ameaça ao casamento dela e que eu sou a principal lembrança.

— Essa mulher é louca! – exclamou Felipe inconformado.

— E ela não quer que eu ande com o Junior porque ela quer me mandar pra bem longe – continuou Juliana – tipo um colégio interno ou sei lá o quê. Pra que eu não fique fazendo o meu pai se lembrar da minha mãe.

— Ela é louca! – exclamou Aline boquiaberta.

— Parece que o meu pai é o único que não vê isso.

Os três ficaram conversando sobre as loucuras de Lucia até a hora do almoço. Depois disso decidiram que deveriam falar sobre coisas melhores para animar e também as meninas tinham que fazer um trabalho de Geografia.

Lá pelas sete horas da noite, Junior foi buscar Juliana, como de costume, e ficou conversando um pouco com Felipe antes de ir embora.

— Você sabe se aconteceu alguma coisa com a Ju? – perguntou Junior entrando no quarto de Felipe – Ela está estranha nesses últimos dias.

Felipe demorou a responder. Será que ele deveria contar a Junior que a amiga tinha ouvido a conversa dele com a mãe? Talvez fosse melhor ele ficar sabendo da verdade logo de uma vez. Resolveu contar.

Na Praia VermelhaWhere stories live. Discover now