15 de agosto de 2015, 08:26 da manhã
Academia Altair, Vale do NinhoPouco após o fim da aula, os irmãos andavam sem rumo entre as construções da Academia Altair. O inesperado céu noturno daquele planeta era bem iluminado, com seus dois satélites naturais, além de uma infinidade de estrelas e planetas a salpicar a paisagem.
— Falta muito? — O caçula perguntava como uma criança impaciente.
— Eu... Não sei — Jake comprimiu os lábios em descontentamento. Observava seu Sistema Socius. — Esse jeito de contabilizar o tempo me confunde. Há apenas duas horas você acordava, e os sóis estavam na metade do céu...
O tédio era excruciante. Daniel suspirou inconformado.
— Vejamos — ele tomava as rédeas, voltando-se ao seu próprio Sistema Socius. — Um ciclo marca a volta do planeta em torno de seu próprio eixo, como um dia na Terra, mas equivale a apenas oito horas terráqueas. Um terciclo seria o correspondente a um dia completo, com vinte e quatro horas e três pares de noite e dia. Dois destes pares devemos passar acordados, o que nos dá oito horas de sono, ao mínimo... Quanto é aí no seu relógio?
— Oito e... Vinte e sete na Terra — o mais velho massageava as têmporas, sentindo que sua cabeça poderia explodir. Realmente odiava matemática. — Mas não é isso que complica. O problema são as horas marcadas pelo ângulo solar.
— Espera, espera. Deixa comigo — Daniel afirmou confiante, como o fez durante a aula de Günter. — É, pelo menos mais uma hora... Terráquea... Até o teste.
Falcon havia aparecido em suas notificações ao fim da aula. Os irmãos teriam que fazer um teste de posicionamento para determinar seu nível de aprendizagem e grau de manipulação de partículas de Gorus. Naquele momento, os dois esperavam o horário indicado pela movimentação solar.
— Como você fez isso? — Jake estava entre a frustração por si próprio e orgulho do menor.
— Eu, bem... — O caçula também parecia dividido. Estava entre vangloriar-se ou simplesmente falar a verdade. Expirou contrariado. — Tem um aplicativo de conversão no Sistema Socius. Quando acordei, era fim de tarde. Agora é início de madrugada, praticamente.
O mais velho se limitou a dar uma olhadinha irônica na direção de Daniel. Em seu interior, estava aliviado. A perda do membro não havia mexido com a auto-estima e senso de orgulho do caçula. Sorria para si mesmo, discretamente, quando ouviu a pergunta:
— Esse lugar é enorme. Sabe onde vamos ficar? Já que... — Começou tímido. Não queria pressionar o irmão ainda mais. — O negócio com os Chrones, sabe... Falcon me contou umas coisas também.
Por um momento, Jake apenas continuou a andar. Pensava sobre.
— Tem uma cidade próxima... Ravena, eu acho. Depois que nos liberarem, podemos ir até lá e procurar por posições abertas.
— Você vai trabalhar?! — Exclamou um pouco mais alto do que pretendia. Jake não se dava uma folga.
— Ué, você tem algum dinheiro alienígena guardado aí que eu não tô sabendo? — O mais velho tentava soar divertido, mas seu nervosismo transparecia. — Pensou o quê?
— Sei lá, que a gente ia... Conversar sobre? — Ele levantava o braço enfaixado, gesticulando. Não estava convencido que negar seu status Chrone fosse a melhor opção, mas o irmão não o deu escolha. Havia decidido por ele.
— Com quem, Falcon? Por favor...
— Não estou falando de terapia, Jake. Você... — Iniciar o assunto era mais difícil do que tinha imaginado. Expirou agoniado. — Conheceu nosso pai hoje mais cedo, sabe. Eu...
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Portões da Morte
Science FictionEntre fichas criminais e segredos fraternos, Jake e Daniel levam uma vida difícil em Nova York. Após a morte da mãe adotiva, os dois temem ser separados. Os irmãos mergulham em investigações e planos de fuga ao perceberem que estão sendo observados...