14 de agosto de 2015, segundos depois
Estacionamento da Academia, Nova YorkJake se levantava atordoado e com certa dificuldade em sozinho aguentar o peso do irmão. A tempestade cansada prolongava-se sem dar qualquer sinal de estar chegando ao fim.
— Tinha uma... Uma besta — ele contorceu o rosto sem acreditar em suas próprias palavras. Mas sabia o que tinha visto. Sabia o que a besta havia feito com Daniel. — Sra. Sullivan... Era a Gael.
— Gael? — Sylvia pensou em voz alta, virando-se de costas para ele. Passava o polegar esquerdo sobre a mão direita em um gesto que o menino desconhecia. Então levou a mão à orelha e começou a falar como se estivesse no telefone. — Você a encontrou? Pioneiro Júnior, você copia?
O mais velho ergueu as sobrancelhas para ela, ajeitando o caçula em seus braços. Se não o segurasse com força era impossível acreditar na veracidade do que acontecia à sua volta. As portas da Academia se abriram mais uma vez. Ensopando seus cabelos e vestes, o amigo aproximava-se deles com passos ansiosos.
— Ela sumiu!
— Benji?! — Jake exclamou assustado. O outro parou de supetão ao ver Daniel nos braços do mais velho.
— Ah, minha Gorus! O que aconteceu?
Sylvia bufou alto.
— Um metamorfo. Como eu disse que aconteceria.
— Mas eu... Eu pensei...
Primeiro a Sra. Sullivan, agora Benji. Jake olhava de um para o outro como quem presencia uma acirrada partida de tênis de mesa.
— Pensou errado. Essa merda é sua culpa, Rosengerb — ela disse duramente. Apontava para o caçula. — Olha pra ele. Olha o que você fez com o Daniel!
O amigo balançava a cabeça, negando-se a acreditar naquilo.
— Mas não havia como encontrá-los! A não ser que... — De repente, ele teve uma ideia. — Sabemos mesmo há quanto tempo Gael está sumida?
O mais velho sentiu o sangue subir à cabeça. O irmão pesava em seus braços. Começou a andar.
— Benji! Sra. Sullivan! Eu preciso... — Jake os chamou a atenção. Aproximava-se do carro. Sua cabeça girava com todas aquelas informações, mas apenas uma coisa realmente importava. — Daniel precisa de um médico! Eu... Preciso levá-lo ao hospital.
Sylvia se apressou em chegar perto dele.
— O hospital mais próximo fica do outro lado da cidade. E com esse clima? Seu irmão estará morto antes que você consiga encontrar um lugar para estacionar — disse, descartando a ideia do mais velho. Sugeriu uma alternativa. — Nós temos um lugar. Um de muitos. Perto daqui. Ele estará a salvo. Mais a salvo. Há um enfermeiro lá.
— Que?!
Inutilmente tentava abrir a porta e equilibrar o caçula em seu tronco.
— Sra. Sullivan está certa, Jake... Pode haver outro metamorfo por perto. Eles se escondem ao nosso redor, tomando a forma de pessoas em que confiamos. E então tomam a forma de algo que pode nos matar. Temos que ir para onde é seguro. E você nos levará até lá, certo? — Benji tentava explicar ao se aproximar, abrindo a porta para ele. Na realidade só deixava tudo mais confuso. Fazia menção de segurar Daniel. — Deixe-me pegá-lo.
— Não! — Jake recuou. Ainda não entendia o que estava acontecendo, mas uma coisa era certa: o amigo havia mentido para ele.
— Não sei dirigir esse carro, Jake — Benji confessou envergonhado. — Eu não... Eu não sei trocar marchas, ok? Dirijo um automático.
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Portões da Morte
Science FictionEntre fichas criminais e segredos fraternos, Jake e Daniel levam uma vida difícil em Nova York. Após a morte da mãe adotiva, os dois temem ser separados. Os irmãos mergulham em investigações e planos de fuga ao perceberem que estão sendo observados...