Arquivo Corrompido

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14 de agosto de 2015, 17: 57 da tarde 
Trinity Church Cemetery, Nova York

— Não se preocupe. Não vai ser preciso desenterrar nada... Que eu saiba — Daniel respondeu ao sair do carro com o semblante preocupado e pensativo. Olhou em volta. O lugar parecia vazio o suficiente. — Vem, me diz. O que nós sabemos até agora?

— Sobre? — O outro franziu o cenho. Procurava algo no banco de trás. Era a maleta da Baby Glock. Sem jeito, porém cuidadoso, Jake carregava a arma. Aprumava-se para seguir o irmão.

— Sobre tudo — o caçula respondeu simplesmente. Observava as lápides com atenção, sentindo a atmosfera e silêncio sepulcrais do local subirem pela sua espinha como um mau pressentimento.

— Bem... Não muito — Jake logo respondeu, seguindo-o cemitério adentro. Pensava sobre. — Sabemos que a Sra. Sullivan não era realmente a Sra. Sullivan. Ela roubou a identidade de outra mulher, só não sabemos exatamente por quê. É a peça faltante número um, como você mesmo disse. Sabemos que nossos arquivos podem ser encontrados nos registros do estado de Nova York, mas não podemos vê-los... Por causa do código 319. Aquele que, aparentemente, não pode ser visto nem mesmo pelo Presidente. Essa era a nossa peça faltante número dois, mas, pela sua cara, acho que já resolveu. Nós também sabemos das câmeras e escutas em nosso apartamento e celulares, mas novamente... Não sabemos por quê. Essa é a atual peça faltante número dois?

Daniel assentia de leve com a cabeça ao andar à frente do irmão, embora não parecesse muito resolvido. Procurava ao redor por algo bastante específico.

— Certo. Então temos a falsa identidade da Sra. Sullivan, nossos arquivos encriptados, as escutas... O que mais?

— O armazém, mas nós achamos que... — Jake fez uma cara confusa. — Ei, nós realmente achamos aquilo?

— Sim, nós achamos — insistiu o outro.

— Ok, então, nós achamos que alguém plantou essa informação para que encontrássemos o carro e todas as nossas coisas, com a intenção de que parássemos de procurar por mais. Mas eu consegui tirar o carro de lá e eles provavelmente não esperavam por isso — ele relembrava das horas anteriores com certo orgulho. — E então, tem... Robbie, o antigo dono do carro. E a identidade da nossa mãe. Acho que é isso.

— Robbie, sim — falou o nome em um pulo, olhando para o irmão pela primeira vez desde que desceram do carro. Impressionou-se ao ver que ele parecia bem e tranquilo. Odiava ser o portador de más notícias. — Seus arquivos na Agência de Segurança Nacional estavam bem recheados. Robbie era oficial da Marinha. Serviu por três campanhas no exterior, mas... Morreu em combate, dezoito meses antes do meu nascimento, então... Estava certo em suas suspeitas, ele não é nosso pai.

Jake sentiu seus lábios murcharem involuntariamente ao ouvir aquelas palavras. A foto do soldado e seu amigo agora parecia pesar em sua carteira.

— É por isso que estamos aqui? Ele foi...

— Sim, mas estou na expectativa de um pouco mais — Daniel interrompeu o pensamento do irmão ao se aproximar do que parecia ser uma resposta. Pela primeira vez, talvez infelizmente. Apressou o passo na direção de um grupo de túmulos revestidos de mármore negra e decorados com tulipas azuis frescas. — Espero ver sua família, na verdade. Porque, veja bem... Seu nome completo é Robert Edgar Dawson.

— Então, tipo...

— Nosso tio, é — ele o interrompeu mais uma vez, parando bruscamente. Engoliu em seco ao encarar os nomes e datas inscritos nas lápides à sua frente. Lia e relia-as mentalmente, sem acreditar.

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