13 de agosto de 2015, 22:56 da noite
Cafeteria em Washington Heights, Nova York— Bom, agora você sabe. Bem-vindo à família.
— Finalmente promovido a irmão? Há — Benji balançou a cabeça com um sorriso sarcástico. — Mas não tá parecendo que vamos montar uma boy band assim tão cedo, né?
— Sinto muito por te meter nisso — Jake confessou com aflição. — Mas não me arrependo da decisão que fomos obrigados a tomar naquela praia.
— Ei, eu não julgo — o amigo se explicou, levantando as mãos em defesa. Seus olhinhos pintados piscavam atordoados. — Só... Me preocupo, sabe. Essa situação toda... Ela está morta, cara.
— É, eu sei — o mais velho encarou as mãos que perpassavam os papéis espalhados pela mesa como quem presencia a cena de um crime. — E, como se não fosse o suficiente, ainda deixou pra trás este rastro de destruição.
Jake suspirou irritado, virando-se para Daniel, que se encontrava distante e perdido em sua leitura.
— Algo faz o mínimo de sentido pra você?
O caçula pareceu se acordar ao ouvi-lo. Tirou os óculos e esfregou os olhos, pensando em exatamente como deveria responder àquela pergunta.
— Bom, na verdade... Pode ser que sim. Algumas peças que não se encaixam. Mas, agora, com a ajuda de DoctorTag17...
— Quem diabos é DoctorTag17? — perguntou Benji em um sobressalto.
— Hã — confuso, Daniel voltou seu olhar para ele. Boa pergunta. — Um amigo.
— Um hacker — o irmão completou, aprumando-se na cadeira. — Um dos bons.
Benji parecia impressionado.
— Onde é que esse povo se conhece, cara? Existe algum tipo de Acampamento de Verão para Hackers? Onde é que eu me inscrevo?
— E-eu nunca o vi — Daniel se explicou. Organizava os papéis como quem monta um quebra-cabeças. — Não sei nem de onde ele é.
— Então... O que te faz pensar — Jake franziu as sobrancelhas. — Que é ele e não ela?
— Bom, sei lá... — Daniel deu de ombros, sem entender aonde o irmão queria chegar. — Tag é um nome meio masculino, não é?
Jake revirou os olhos, preparando-se para responder.
— Ahm, gente — foi interrompido antes que pudesse abrir a boca. — Danny estava dizendo...
— Ah, sim! As peças faltantes — o mais novo exclamou em um pulo, o que deixou os outros dois um tanto confusos. Pôs os óculos novamente e começou a explicar com um ar presunçoso. — Primeiramente: Sra. Sullivan, a original. Pedi que DoctorTag17 vasculhasse tudo o que há sobre ela. É o que ele faz de melhor.
O mais velho não parecia muito convencido.
— E então?
— E então... Nada. Ele não encontrou nada! Que nós já não soubéssemos, pelo menos — completou com um meio sorriso. — Sabe aquele perfil... No Registro do Estado de Nova Jersey, que encontramos na Agência de Adoção? Então. Aquilo é tudo! Tudo o que há sobre ela. E, mesmo lá, não havia muita coisa... Mulher branca, quarenta e oito anos, trabalhava como garçonete em Connecticut. Sem filhos nem família. Nenhuma ligação óbvia a nós - ou qualquer outra tragédia.
— Ou seja... A vítima perfeita — Jake concluiu com pesar, apoiando os cotovelos na mesa. — Sua identidade foi roubada, certo?
Daniel assentiu com a cabeça, suspirando discretamente. Seus dedos batiam na mesa em um ritmo acelerado.
YOU ARE READING
Portões da Morte
Science FictionEntre fichas criminais e segredos fraternos, Jake e Daniel levam uma vida difícil em Nova York. Após a morte da mãe adotiva, os dois temem ser separados. Os irmãos mergulham em investigações e planos de fuga ao perceberem que estão sendo observados...