Capítulo 33: O Lobo e os Abutres.

868 58 17
                                    

A horda de máquinas insanas da Falange da Montanha envolve por completo o comboio de strikers, como moscas atraídas pela carne exposta, os bugres providos de metralhadoras se aproximam e cravam de balas as blindagens dos grandes veículos, enquanto homens nas garupas das motos lançam granadas contra as rodas dos titãs inimigos.

A cada explosão, o corpo de ferro do Lobo do Deserto sofre uma convulsão, que faz seu sistema hidráulico rangir,  emitindo um ruído tenebroso que reverbera pelo interior do veículo.

No compartimento dos passageiros, o grupo sente os tremores, mas todos estão calados, aguardando que alguma coisa aconteça para por fim aquilo, mas o silêncio não esconde a ansiedade e o medo, que fica bem evidente nos olhares de Marcela, Davi e Thiago, enquanto Maestro observa com interesse os medidores dançarem nas telas e Bel fica imóvel e de olhos bem fechados, totalmente apoiada em sua poltrona.

- Ela tá dormindo? Ela desligou? Como é que pode? - Diz Thiago olhando para a executiva.

- Bel! O que você tá fazendo? - grita Marcela.

A voz de Bel invade a mente de Thiago, usando os intra-transmissores do CND:

"Eu tô tentando achar alguma coisa sobre essa Falange da Montanha, estou vasculhando a HyperNet, mas não tem nada!"

"Caramba, Bel, como você consegue acessar a Hypernet? Desde que saímos de VIX a conexão ficou tão lenta que eu não consegui completar nenhuma requisição!"

"Foi bem complicado, e não consegui um bom canal, e está me drenando! Vou sair"

- Thiago!

- Oi! Ah... Desculpa, Marcela, é que eu tava...

- Ele estava falando comigo, Marcela. Eu tentei achar alguma informação sobre a Falange na Hypernet, mas não tem nada!

- Hypernet - diz Davi, olhando triste para o chão.

De súbito, outro forte tremor sacode a estrutura interna do veículo, fazendo com que todos olhem para os monitores das câmeras; a imagem exibe um trio de motos que se distancia,  onde os homens nas garupas giram correntes no ar que criam traçados flamejantes, quase hipnóticos, produzidos por bolas de fogo presas nas extremidades das correntes. Então, uma das motos se aproxima e o carona fica de pé, lançando a corrente e seu artefato incendido contra o Lobo do Deserto, uma serpente incandescente cruza o ar, rapidamente desaparecendo do foco,  em instantes, outro estrondo violento se faz ouvir, rangendo a estrutura do striker, o Lobo grita mais uma vez. 

 - Mas essa coisa não tem armas? - protesta Davi.

- Elas estão carregando. - responde Maestro.

- Como assim? - questiona a engenheira.

-  Vejam aqui - Maestro aponta para uma das telas, que exibe quatro barras preenchidas em mais da metade.  - Esses veículos utilizam um tipo de arma nada usual, os projeteis são acelerados usando correntes elétricas, um mecanismo chamado de railgun

Marcela arregala os olhos, focando nos monitores.

- Bem, se os Filhos de Alfa Um, a UNI-Tron e a  Fúria não nos mataram, com certeza essa falange imunda vai! - Ironiza Davi.

- Maestro, quanto tempo falta pra essa coisa carregar? - Pergunta Marcela.

- Três minutos.

A engenheira bufa. Davi e Thiago suspiram.

- Bel, faz alguma coisa!

- Ela não pode fazer nada, Marcela, não existe interface sem fio com o Lobo, além disso, o sistema operacional dele é muito antiquado. 

Engenharia ReversaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora