Capítulo 44: Todos os Meios Necessários.

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Por um momento, o tempo parece parar. A imensidão de soldados fica desconcertada, em absoluto silêncio, observando os destroços do helicóptero atingirem o chão com um estampido seco. O ruído produzido pelos motores dos tanques estacionados preenche o ar como um mantra mecânico, e, sobre ele, o criptar das chamas nos destroços de aeronave abatida torna-se assustador, concretizando algo que todos aqueles soldados nunca imaginaram ser possível acontecer: o poderoso TH-2500, helicóptero blindado de combate, senhor dos céus da Terra Maldita, derrubado por um único inimigo.

Protegido dentro do blindado de comando, o coronel Fabrício, agora promovido a comandante em chefe, fica paralisado diante da visão. As palavras de Bel Yagami ecoam sinistras em sua cabeça: "Estou avisando, vocês estão cometendo um grave erro! Algo muito ruim pode acontecer", em seguida, a frase que ouviu a poucas horas atrás, dita pelo insolente companheiro da ciborgue, volta a mente do comandante como uma maldição : "Vocês não fazem ideia do tamanho da encrenca em que se meteram. "

Mil pensamentos passam pela mente de Fabrício, a maioria deles sombrios. Então, repentinamente, um sinal agudo e irritante invade o sistema de som do veículo, chamando o comandante de volta para a realidade:

- Senhor, invadiram nossa frequência! - grita o piloto do tanque.

- O quê? Como assim, sargento?

- Invadiram a frequência militar! Alguém quebrou a criptografia e está transmitindo para toda a tropa! 

O sinal irritante termina, então, uma voz feminina surge no canal militar, ecoando por toda a tropa e além:

- Isso foi só um aviso. Essa batalha não é de vocês, ninguém mais precisa morrer. Entreguem-me  Bel Yagami e os terroristas que estão com ela, em troca, todos vocês viverão.  Vou esperar dez minutos pela resposta.

Perplexão e medo se espalham pela tropa. Oficiais entreolham-se, sem saber o que dizer para acalmar seus comandados. Lutando contra um medo que teima em não ir embora, o comandante Fabrício sente, pela primeira vez, um arrepio. 

Um novo bip pulsa no receptor do veículo, indicando uma transmissão oficial. O sargento prontamente ativa os alto-falantes. A voz de Sharem surge potente, carregada de ira:

- Comandante, não negociamos com assassinos! Você tem suas ordens! Vingue nossos bravos homens que morreram na muralha; destrua essa invasora de uma vez por todas; use todos os meios necessários para salvar o seu povo!

- Sim, senhora! - responde o comandante enchendo-se de coragem.

Fabrício concentra-se, forçando-se a espantar os pensamentos negativos, motivando-se de que a vitória será certa, afinal, ela é só uma mulher vestida com uma armadura avançada. Já havia perdido sua poderosa nave frente uma parte das forças da Divisão Gavião, o que poderia ela fazer contra todos aqueles soldados, blindados e robôs?  Ele se enche de coragem e, freneticamente, sobe até a torre das metralhadoras. Abre a escotilha e olha para os lados, vendo a imensidão de guerreiros e máquinas;  lá na frente, uma parede de fumaça negra subindo dos restos do helicóptero oculta a posição de Amanda. 

- Ligue-me com todas as unidades, a infantaria e a artilharia - ordena.

Em segundos, a voz rouca é transmitida para toda a legião espalhada ao longo do terreno desolado: 

- Batalhões da Divisão Gavião, guerreiros honrados e herdeiros da maior força militar desse continente;  nós temos um legado a zelar, temos um compromisso com nossos filhos, netos e antepassados, que construíram essa cidade, por isso, não podemos e não vamos recuar frente a esse inimigo covarde, esse invasor que destruiu nossa muralha e matou nossos irmãos! Vocês sabiam que esse dia chegaria, vocês foram treinados para isso. Divisão Gavião, chegou a hora de lutar! Nós somos muitos, ela é apenas uma! Sem piedade, todas as unidades, abrir fogo! 

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