Capítulo 42: Trovões da Guerra.

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Após incontáveis degraus de uma escadaria que parecia não ter fim, Maestro, Bel e Davi chegam ao último andar da torre. Escoltados por um pequeno exército liderado pelo coronel  Fabrício, eles são colocados diante de uma porta de metal escovado, encrustada em uma parede que parece ser feita de lentes e câmeras.  Além da porta, da quantidade absurda de câmeras, e de uma pequena báscula no teto por onde entra uma fraca corrente de ar, a antessala não possui mais nada. O grupo de soldados ocupa por completo a área, deixando os prisioneiros bem de frente para a porta. Subitamente, algumas lentes começam a se mover, girando no próprio eixo, e deixando os prisioneiros em alerta; então raios vermelhos são projetos através delas, acertando o corpo de Bel e a assustando, mas logo ela descobre que são apenas luzes, algum tipo de escâner. Segundos depois o exame termina, e um ranger de engrenagens é ouvido. O metal escovado se divide em dois, escancarando a porta e revelando uma sala repleta de luminosidade.

- Andando - ordena o coronel Fabrício.

Com os canos das armas quase tocando suas costas, os três prisioneiros são empurrados para o novo ambiente. Janelas por todos os lados deixam o salão quadrado repleto de luz, e logo embaixo das vidraças, máquinas estranhas dividem espaço com antigos terminais de computador. Poucos técnicos operam os terminais, e eles parecem não notar a presença da comitiva. Os prisioneiros dão uma boa olhada nos computadores, mas apesar de quantidade, não são nem um pouco impressionantes. Porém, o que se revela no centro da sala capta totalmente a atenção: uma estranha estrutura de metal em forma de caixa que se projeta do chão. Sobre ela, emaranhados de fios e tubos de plástico negro se conectam em três peças cilíndricas de metal, que lembram troncos sem braços,  e sobre cada uma delas, uma cabeça humana reside; três criaturas híbridas, medonhas. Nenhuma  possui cabelos ou qualquer outro pelo facial, os rostos estão murchos como frutas secas; dezenas de quadradinhos de metal brilhantes encrustados nas testas. São dois homens e uma mulher, e é ela que está de frente para o grupo.

Os prisioneiros são forçados pelos guardas a ajoelharem-se, prontamente obedecem, abismados pela visão medonha. Dê súbito, o coronel Fabrício dá um passo à frente, enquanto a maioria de seus homens assume uma postura de respeito, abaixando o olhar e descansando as armas, apenas os mais próximos dos cativos continuam em alerta. 

- Excelência, venerável salvadora e mantenedora da ordem e da lei em Nova Esperança, eis aqui o incrível androide que resistiu a um tiro a queima-roupa e se regenerou por completo! Uma imitação perfeita de um ser humano - diz com pompa o coronel Fabrício, frente a criatura feminina.

A regente permanece imóvel por alguns instantes, então, luzes azuis começam a piscar em seu corpo de metal, que vibra lentamente, a pele do rosto, antes pálida e sem vida, vai ganhando tons amarelados. Bel e Davi sentem um frio na barriga, e os soldados parecem não ficar atrás, aparentando desconforto. Somente Maestro e o coronel exibem tranquilidade. Então o armador  concentra-se, acessando seu seu CND e estabelecendo um link de comunicação. 

"Bel, você já conseguiu invadir esses sistemas? Não temos tempo para interrogatórios e não podemos esperar pelo Samuel."

"Nunca vi nada assim, Maestro, o que são essas criaturas?"

"Algum tipo de ciborgues, são os restos dos construtores dessa cidade, militares que lutaram na revolução... mas, Bel, não temos tempo para isso, precisamos encontrar uma vantagem e rápido! Agora, se não me engano, aqueles quadradinhos na cabeça dela são CND's!" 

"Entendo... enfim, eu já tava quase te chamando. E sim, são mesmo CND's, mas não estão plenamente funcionais, só estão servindo como células de energia - ela pensa em contar a Maestro de onde eles saíram, mas resolve deixar para outra hora. - Em relação aos sistemas, são todos interligados por redes sem fio, de arquiteturas bem antigas. Já tenho acesso. Encontrei um computador central por onde todos os dados da cidade passam. Mas não achei nada que se ligue a essas criaturas. Maestro, mesmo que possamos controlar os sistemas, o que vamos fazer em relação aos soldados, ao exército lá fora? Nenhum veículo militar está conectado à rede!"

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