Capítulo 11: O Ataque do Falcão.

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A noite começa a cair em Vix. Uma boa parte da população, assustada com os últimos acontecimentos, se aglomera nas vias aéreas tentando chegar em casa o mais rápido possível. Os céus da cidade estão repletos de unidades da UNI-Tron, cada cruzamento, cada setor, cada passarela, tudo é minuciosamente monitorado. Milhares de drones cobrem os pontos cegos, os becos escuros e os cantos onde a polícia não consegue alcançar.

Na central de comando da força de segurança, dezenas de olhos curiosos acompanham em um grande monitor e em suas telas virtuais uma imagem produzida em tempo real por poderosos satélites. Espalhados em diversa estações de trabalho, homens e mulheres da UNI-Tron operam freneticamente seus consoles bio-digitais ajudados por pequenos bio-computadores, informações não param de chegar, exigindo cada vez mais potencial de processamento das máquinas e atenção redobrada dos humanos.

No centro da sala, como se fosse um almirante em um porta-aviões, Daniel Schiavam envia ordens e acompanha atento, centrado, a perseguição que se desenrola no grande monitor à sua frente. A tela é repleta de estatísticas que são atualizadas a cada segundo, na parte de baixo, um display vLED exibe a frase "Região de Alta Santa Maria", e na maior área da imagem, por um ângulo superior, o mapa da região é exibido repleto de vários pontos luminosos que se movem freneticamente como um enxame de abelhas.

Pontos na cor azul representam unidades da força, são a grande maioria na tela, porém dois pontos vermelhos se destacam, percorrendo o monitor em vantagem de distância frente ao enxame brilhante das unidades da UNI-Tron, cada um dos dois possui um número de identificação, uma tag, que se move rente ao respectivo ponto. Os pontos vermelhos são o flymob de Maestro e a nave do Coveiro, porém, ambas se movem em extremos opostos da tela.

Então, um dos oficiais interrompe seus afazeres e se levanta, dirige a palavra ao tenente:

- Senhor, recebemos a atualização de segurança da VNR e já rodamos o upgrade em nossos sistemas centrais. Posso enviá-la para as forças em campo?

- É o novo firewall? - Questiona Daniel, entusiasmado.

- Afirmativo, senhor.

O tenente se irrita, enchendo o ar de mais tensão ele grita com o homem:

- Mas você já deveria ter enviado esse update, soldado!

O subalterno prontamente aciona um comando virtual. Em instantes, centenas de unidades da força policial tem seus sistemas de segurança atualizados para a versão mais recente.

Daniel volta a focar no monitor. Com um brilho nos olhos, sentindo a adrenalina se espalhar pelo corpo, ele arquiteta rapidamente uma tática para por fim ao encalço; abre um canal de áudio e entra em contato direto com as unidades em Santa Maria:

- Atenção grupamentos TX e RV, fechem todas as saídas, isolem o bairro.

Então ele se volta para um dos oficiais próximos:

- Sargento Soares, acesse o VTGA, canal oficial, quero os atiradores na linha.

O VTGA (Veículo Tático de Grande Altitude) é o dirigível de apoio da força. Voando na mesosfera, a mais de cinquenta quilômetros do solo, a nave de forma semelhante a um grande disco é um pouco lenta, mas compensa a fraca velocidade com a capacidade valiosa de ser invisível aos radares, além disso, possui sensores poderosos, capazes de cobrir vastas áreas da superfície, e sua equipe operacional é reforçada por dois atiradores de elite, munidos com rifles de precisão com mira guiada por satélite, devido a esses homens e suas armas poderosas, o VTGA é conhecido na corporação como "Falcão".

Os atiradores, atentos, recebem as instruções de Daniel e logo em seguida ativam o sistema de marcação de alvos. Na atmosfera da Terra, em órbitas geoestacionárias, três satélites apontam suas potentes câmeras para Vix, precisamente para o bairro de Santa Maria, para então iniciar o processo de triangulação.

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