Capítulo 26 #Olivia

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Olivia olhou em volta no seu apartamento e agradeceu por ter tirado umas horinhas no fim de semana anterior para arrumar a casa. Tirou apenas a toalha do braço do sofá, colocou seu Dólmã sujo no cesto de roupas e pronto.
Agora que parou seu coração martelava em seu peito e ela até tentou respirar fundo enquanto tentava cronometrar o tempo que Bruno levaria para subir. Não sabia se esperava perto da porta, ou se esperava na sala. Ligou a televisão num volume baixo e decidiu que deixaria a porta aberta e ficaria sentada no sofá. Ou em pé.
Meu Deus, não sabia o que fazer, deixou a porta aberta e foi até a cozinha beber um copo d'água, sentia sua boca seca só com o nervosismo. Não ia perdoá-lo. Pelo menos não hoje, iria apenas escutar. Ele iria embora e ela teria tempo para pensar depois.
Quando voltou da cozinha viu Bruno fechando a porta. Ele se virou e olhou para ela, estava estranho, parecia um pouco desleixado em relação a hora que passou no restaurante. A roupa um pouco amassada, estava com os olhos um pouco fechados. Na verdade parecia que ele tinha acabado de acordar.
- Você não devia deixar a porta aberta, é mais seguro esperar que toquem a campainha, percebeu que não tem porteiro nesse prédio? Poderia ser qualquer um, você faz isso sempre?
- Bruno, por favor, o Jota não está mais te pagando. Afinal, de onde você veio?
- "Tre fratelli"
Olivia conhecia aquele nome.
- O que você estava fazendo no bar? Não estava com a Júlia?
- Você conhece o bar?
- Sim, já fui algumas vezes depois do trabalho. Mas você não veio para ficar de papo. E pelo que vejo só tomou coragem porque bebeu, então vamos, me fale a sua versão.
Bruno andou até Olivia e com a proximidade ela pode perceber que ele tinha bebido. O cheiro de álcool a incomodou, mas aquela situação era totalmente incomoda para ela. Como um homem que está sem procurá-la há meses aparece em sua casa bêbado de madrugada querendo se explicar? Será que ele não percebe que isso só lhe dá pontos negativos?
- Primeiro, não estou bêbado. Aquele barman me roubou uma fortuna pelas três doses que pedi.
- Impossível, escolhemos esse bar por ter bebidas baratas.
- Pois ele me cobrou cinqüenta euros com três doses de uísque, sabe quanto é isso?
- Bruno, pra pagar isso, você teria que beber uma garrafa inteira.
- Eu só lembro de três doses.
Olivia viu que ele deu um sorriso afetado, mas apesar da provável bebedeira Bruno não parecia tão embriagado.
- OK Bruno, eu não sei se você está fazendo isso de propósito pra me deixar mais puta, se for, está conseguindo. Estou há meses esperando por qualquer notícia sua e justamente hoje você aparece aqui achando que eu vou ficar feliz em te ver. Estou cansada, trabalhei feito uma maluca e nem a minha paz em casa você está respeitando.
Ele bocejou? Ela viu aquilo direito?
- E pelo jeito estou te entediando.
- Não. Liv, eu não te liguei porque estava envolvido em umas coisas e sei que se eu te ligasse não iria resistir e te contaria.
Por um instante ela achou ele um tanto ansioso, mas agradeceu por ele não tocá-la hora nenhuma mesmo que ele esteja balançando um pouco.
- OK, vamos sentar, você parece mesmo que vai cair a qualquer hora.
Eles sentaram no sofá que infelizmente tinha só dois lugares, ou seja, seus joelhos quase se tocavam.
Ela respirou fundo, cada segundo naquela situação parecia uma eternidade.
- Liv, você tem que entender que eu não sabia que você era a filha do Jota quando te encontrei no mercado.
- Eu sei.
- Sabe? - falou confuso.
- Conversei com seu amigo Fausto antes de vir. - Ao perceber a mudança no olhar de Bruno acrescentou. - Pedi para que ele não te contasse. Não tem que ficar zangado com ele.
Ele assentiu, mas parecia triste.
- Então porque ainda assim veio embora? Podíamos ter conversado e...
- Bruno, eu fugi do Jota, não de você. .

Na verdade, um pouco dele também, mas preferiu ficar quieta sobre isso.
- Não gosto de saber que mesmo depois que você descobriu não tenha me contado. Eu conheci sua família, estávamos nos aproximando e então descubro isso. Você teve chance de me contar e não contou. A primeira vez pode ter sido sem intenção, mas depois você escolheu mentir.
- Eu não escolhi, Liv, eu não podia contar.
- Porque eu era só seu serviço, eu sei.
- Não... No início eu tentei ver dessa forma também, mas eu quis você antes disso. Não com intensidade de agora, mas...
Como assim não com a intensidade de agora? Quase perguntou, toda hora queria interrompê-lo, falar o que pensava, mas já falou mais que havia planejado.
- Todo dia eu quis te ligar, mas sabia que se o fizesse todo o plano de prender o Jota poderia ir por água abaixo.
- O que?

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