Capítulo 25 #Bruno

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- Eu te falei que não daria certo, ela está com raiva de mim, eu demorei, Júlia.

Bruno andava de um lado para o outro dentro do pequeno apartamento que ele conseguiu alugar. Ficou todo esse tempo juntando dinheiro, pesquisando, fazendo bicos para conseguir alugar um lugar no mesmo bairro que Olivia. Além das aulas expressas de Italiano com um amigo de Fausto. Ele tinha se preparado até mesmo para morar ali até que ela o aceitasse de volta, e poderia demorar o tempo que fosse, mas agora que está ali viu que seu plano poderia não ser tão fácil. Tinha decidido que o melhor era chegar sem deixá-la com alternativa, ela teria que escolher ficar com ele. Sabia que era o que ela queria, mas para isso ele precisava conquistar a confiança de Liv e depois de vê-la percebeu que seria muito difícil.

- Você teve motivos para demorar tanto, só precisa dizer isso a ela. Ela precisa saber que você teria vindo no segundo em que descobriu que ela estava voltando, mas que você ficou porque...
- Eu sei, mas ainda assim eu podia ter ligado, eu podia ter entrado em contato, mas eu fui covarde, seria fácil demais ela desligar, não me atender e eu não sei como eu lidaria com isso, você sabe que eu precisava estar focado no...
- Eu sei e eu tenho muito orgulho de tudo o que tem feito ultimamente então ela também deve sentir o mesmo, só precisa deixá-la a par de tudo. Ela já aceitou falar com você.
- Sim, pra "terminar logo com isso".
Julia suspirou. Estava triste pelo irmão ficar desta forma, sabia que ele não saberia lidar com a rejeição de Liv. Não que ele nunca tenha sido rejeitado, mas porque sabia que esta era a primeira vez que ele realmente se importava.
Bruno que sempre deu valor a sua liberdade emocional agora estava a quilômetros de casa sem previsão de volta para reconquistar uma mulher que acabou de conhecer. Se não fosse pelo estado do irmão Júlia até estaria curtindo o momento de romance literário que o irmão vivia.
- Porque você não vai dormir e amanhã pensamos de cabeça fria?
- Não, não estou com sono, vou sair um pouco. Vi um bar aqui perto.
- OK, se precisar de alguma coisa me liga? Vou arrumar o colchonete e...
- Não, dorme na cama, eu fico no colchão quando chegar.
- OK, não vou insistir, a casa é sua.
Bruno sorriu quando ela lhe mandou um beijo e pediu para que ele não exagerasse na bebida.
Amava demais a sua irmã e seu coração ficava um pouco menos apertado com ela ali. Pena que Júlia voltaria em dois dias e o deixaria para encarar sua realidade. Estava apaixonado pela Olivia e ela no momento, o odiava.
Nossa! Como ele precisava beber.

***

Não foi uma boa ideia Bruno ter bebido. Queria algo quente então pediu whisky. Aos poucos ele foi relaxando se sentido aquecido e no que ele achava (eu disse achava) ser sua terceira dose estava se sentindo corajoso. Pagou a conta exorbitante em euro e andou até o restaurante de Olivia. Não sabia se ainda estava aberto, não sabia porque escolheu ir até lá, mas só parou de andar quando viu a fachada do estabelecimento há alguns metros.
Nem se importou em olhar no celular para saber que horas eram. Quando parou num ponto mais escuro do outro lado da rua onde a maior parte do comércio já havia fechado se deparou com Liv e mais duas pessoas saindo do restaurante enquanto conversavam. O casal parecia animado, mas ela estava com um sorriso que não chegava aos olhos. Ele não saberia dizer se era porque estava cansada ou porque ele tinha feito aquela visita inesperada.
Culpando as doses da bebida ele deu alguns passos em direção a Liv, mas um carro parou. Ela sorriu para o motorista que Bruno ainda não conseguia ver quem era pois o vidro estava fechado pela metade.
Ela entrou no carro e ele não sabia se impedia ou se deixava ela ir, e se ela já tivesse arrumado alguém nesses meses? Será que ela já tinha seguido em frente? Ele não a culparia, ele demorou tanto para procura-la. Se arrependia todos os dias em que adormecia com o telefone na mão enquanto pensava se deveria ligar para ela ou não. Agora ela estava saindo de carro do trabalho com outra pessoa e isso o deixou extremamente frustrado.
Ela se despediu do casal com um aceno e o carro deu partida. Para a sorte de Bruno a pessoa que dirigia colocou a cabeça para fora para entrar na rua e ele reparou ser uma mulher.
Isso fez com que sua coragem retornasse com tudo. Viu a direção que o carro foi e olhou no celular o endereço que ele evitou olhar mais cedo. Fausto sabia onde ela estava morando. Bruno não perguntou como ele sabia, mas depois de tudo que eles passaram esses meses, ter o endereço dela foi uma recompensa em tanto. Só que durante a viagem de avião até la pensou que ela poderia não gostar que ele aparecesse na casa dela, então se limitou ao restaurante.

Mas agora a situação era diferente, ele queria falar com ela agora, depois desse susto ao vê-la entrar no carro de alguém que possivelmente poderia ser um novo namorado deu a motivação que ele precisava para não se importar que já estava tarde, que ela poderia ainda assim rejeita-lo. Ele não se importou, num impulso viu um táxi se aproximando e fez sinal. O carro parou e ele deu o endereço. Bruno não precisava saber chegar lá, o taxista tinha GPS certo?
Menos de dez minutos depois ele estava em frente o apartamento de Liv.

Continuou se esforçando em não pensar no que estava fazendo e chamou no interfone o número 202 duas vezes até ela atender. Se sentia zonzo, mas estava ciente da sua escolha.

- Quem é?

- Eu sei que deve estar cansada e eu devo ser a última pessoa que quer ver, mas eu não consigo mais esperar para conversarmos.

- Bruno? São quase duas da manhã, vamos conversar amanhã ou outro dia, mas agora não é uma boa.

- Eu bebi e estou com bastante disposição para ficar aqui no portão até você me atender. Não é mais fácil pular a parte chata em que eu toco a sua campainha a noite toda e abrir pra mim? ... A porta! - Completou quando sua imaginação o levou para outro caminho.

Ouviu Liv suspirar, mas nada aconteceu, ficou ali em silêncio esperando ela decidir se abriria a porta o não. Por ele ela poderia abrir outra coisa também, mas sabia que pra isso ia precisar de muito mais tempo e persistência.

- Não Bruno - Ela parecia cansada, mas ele não desistiria - Eu quero dormir, quero pensar no que estou sentindo e não posso fazer isso enquanto você está perto de mim. Vamos marcar de nos ver amanhã, tem uma cafeteria aqui na esquina, podemos nos ver e...

- Amanhã não Liv, eu só vou falar e você escuta, não precisa me dizer o que vai acontecer conosco, só quero que escute a minha versão. Por favor.

Novamente o outro lado ficou silencioso até que Bruno ouviu o destravar do portão automático de ferro e ele entrou pronto para enfrentar o que quer que o esperava no 202. De uma coisa ele sabia, ia fazer de tudo para ter essa mulher de volta.

Sob Sua VigilânciaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora