Capítulo 12 # Olivia

4.2K 367 7
                                    

Olivia passou a manhã arrumando as últimas roupas no guarda-roupa e  falou com sua irmã ao telefone dizendo que levaria um amigo. Patricia quis saber quem era, mas ela preferiu não entrar em detalhes, apenas disse que era seu vizinho e que ele já estava indo para Resende e ela aproveitou a carona. Por mais que Olivia gostasse da sua irmã não sentia mais o vínculo que tinham quando eram mais novas. 

Na verdade suas desavenças começaram quando Patricia começou a ficar sempre ao lado do pai enquanto Olivia alimentava seu ódio por ele.

Claro que a irmã sempre foi cega em relação ao Jota e nunca soube realmente o que aconteceu entre ele e Olivia, mas na época, por serem tão amigas, Liv realmente achou que ela fosse simplesmente compartilhar a raiva do pai. No fundo, Olivia apenas ignorava a irmã todos esses anos porque tinha medo de que ela contasse para Jota e ele finalmente a encontrasse.
Não adiantou muito, ele a encontrou de qualquer jeito.
Liv se sentiu muito exposta. Não tinha redes sociais. Suas poucas fotos foram reveladas e deletadas de qualquer cartão de memória, nunca tirou foto com os amigos e o fato da Rafa saber de tudo ajudou a fugir de fotos que ela sabia que poderiam ir para qualquer site de relacionamento.

Olivia pegou sua bolsa e foi até a casa ao lado. Bruno abriu a porta poucos segundos depois que ela tocou a campainha.
- Bom dia. - Bruno disse com a voz rouca. Estava com uma calça jeans e blusa branca de manga, o dia estava bem fresco e agradável, mas Olivia começou a sentir que sua roupa estava quente demais.
- Bom dia, tem certeza que você quer passar seu domingo inteiro comigo? Isso pode se tornar chato demais. - Brincou para disfarçar o nervosismo.
Bruno riu sem perceber nada.
- Pois é, pensei essa noite e acho melhor você pegar um ônibus mesmo, ter que te aturar o dia todo deve ser uma droga.
Liv fingiu estar surpresa com a resposta dele.
- Quer dizer que a lingerie que eu queria estrear vai ter que ficar para algum amigo da minha irmã em Resende?
Bruno puxou Olivia para dentro da casa pelo braço e fechou a porta com força, mas não saiu dali, encostou-a na porta recém fechada e enfiou a mão por baixo da blusa vermelha de Olivia e chegou até seu seio. Ela arfou de susto e depois de desejo. Bruno sentiu a renda do sutiã e levantou a blusa. Olivia respirava rápido enquanto Bruno apreciava o sutiã vermelho e branco que ela usava deixando seus seios ainda mais pronunciados.
Ela, excitada com o olhar de Bruno em seu corpo se aproximou do ouvido dele e disse:
- Você devia ver o conjunto inteiro.
Os dois sorriam excitados enquanto iam para o quarto e adiavam por mais uma hora a saída para Resende.

***

Os dois brincaram um com o outro durante a viagem inteira, Olivia algumas horas fingia deixar a mão escorregar no colo de Bruno que logo ficava tenso, ela começava a acariciá-lo e parava deixando ele frustrado. Duas vezes depois Bruno precisou avisá-la.

- Eu ainda vou parar esse carro e te fazer me chupar até eu ter condições de continuar a viagem.

- Isso é uma ameaça ou uma promessa?

O sorriso dele cresceu por todo o rosto, fez uma manobra brusca na estrada e parou o carro no acostamento. Liv olhava para ele com um misto de surpresa, excitação e descrença.

- Esse carro nem tem insulfilm, todo mundo vai...

Mas Bruno começou a desabotoar a calça e todos os sentimentos que Liv sentia naquele momento se intensificaram. Principalmente o desejo.

Então ela ouviu uma sirene e viu que uma viatura de polícia estava parando logo atrás deles.

-Bruno...

Ele rapidamente entendeu e começou a fechar a calça. O policial parou ao lado do carro e Bruno abriu a janela.

-Esta tudo em ordem? Vimos que o senhor fez uma manobra perigosa.

-Desculpa. - Bruno abriu um sorriso - Minha namorada aqui achou que ia vomitar, mas foi só um alarme falso.

-Posso ver seus documentos?

-Claro. 

Bruno pegou o documento do carro de seu pai e sua carteira de motorista e entregou ao homem que olhava para dentro do carro procurando algo de suspeito. Ele foi até a patrulha e voltou com os documentos.

-Tomem cuidado, não deve fazer uma manobra dessas numa estrada tão movimentada. Tenham um bom dia. 

Assim que o policial se afastou Olivia caiu na gargalhada.

- Você não vai rir quando chegar em casa essa noite. - Resmungou Bruno.

***

Um pouco antes de sua irmã chegar para o almoço Olivia só conseguia pensar no que ela faria quando chegasse em casa com Bruno. Mas Patricia passou pela porta do restaurante, tímida, com o tipo de roupa que ela usava quando Liv se mudou. Calça jeans, uma blusa cinza básica e tênis. Sempre o básico, nunca quis chamar atenção. Assim como Olivia de um tempo pra cá. 

Patricia chegou falando pouco, mas foi se soltando enquanto contava que estava arrasada com a separação, que ela estava fazendo tratamento e que sua psicóloga aconselhou a resolver as pendências de sua vida e a primeira coisa que ela pensou foi na amizade que ela tinha com Liv e que agora quase não existia.

-Senti muito a sua falta nesses três anos, eu sempre mandava emails, mas você nunca respondia, achei que tivesse feito outro e parei de enviá-los. Então imagina meu susto quando o papai disse há duas semanas que você vinha nos ver.

-Eu vim ver você, Patricia, não o Jota. Esta é uma das condições nesse tempo que vou passar aqui no Brasil, eu não quero ver o Jota pintado nem de ouro.

- Você ainda tem essa implicância com ele? Achei que você tinha voltado para ficar.

-Não, eu soube que você estava passando por um momento difícil, parei minha vida, meu emprego e a minha faculdade para vir aqui e passar uns meses com você, mas como eu soube que você está morando na casa do Jota, vamos ter que marcar nossos encontros assim. 

- Queria poder te ver mais vezes, você está hospedada aonde? 

-Aluguei uma casa temporariamente, mas vou preferir te encontrar em lugares publicos, pelo menos por enquanto.

- Isso é por causa de mim, do Jota ou por causa do seu "amigo" que te deu carona?

Apesar de Patricia ter ficado chateada pela irmã não confiar nela o suficiente para contar onde esta morando, ela tentou sorrir e ignorar o fato para saber como está a sua irmã com três anos de desconhecidas experiências. Não se sabe o que ela fez nesse tempo e tudo o que a irmã mais velha queria era se aproximar de Ollie e saber em que tipo de mulher ela se tornou. Patricia sente-se responsável por não ter apoiado a irmã e isso foi um dos pensamentos que teve quando se trancou em casa, ligou o gás e engoliu a caixa inteira de calmantes. Nunca foi a melhor em nada, Jota sempre preferiu a caçula.

- Isso não tem nada com você, sabe que é o Jota que me incomoda, eu mal consigo chamá-lo de pai.

Olivia falou o final da frase quase como um sussurro.

-Tem anos que não te vejo e pra mim você ainda é minha irmãzinha.

Olivia sorriu. De verdade, apesar de se autocriticar ao estar curtindo um tempo com alguém que a deixou na mão quando precisou no passado. Mas isso foi aos poucos ficando para trás. A irmã parecia que realmente tinha mudado, mas não seria apenas um almoço que diria isso para Olivia.

Elas conversaram  bastante. Olivia falava de sua vida, mas nunca sendo exata de onde trabalhava, ou morava. Apesar de Jota já saber de tudo, não queria se abrir com uma pessoa só porque é o que parece ser certo. Ela são irmãs, mas não são a mesma pessoa, nunca foram nem parecidas. Fisicamente ou qualquer coisa que queiram compará-las.

Quando Olivia deu por si, viu Bruno passar pela janela do restaurante e vir em sua direção.


Sob Sua VigilânciaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora