Capítulo 39 - Adeus

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Foram duas longas semanas no esforço contínuo de evitar O Anjo.

As almas já lançavam boatos cada vez mais maldosos sobre meu distanciamento de Lúcifer e uma possível paixão por Hastiel, que havia me tornado profundamente triste.

Fiquei surpresa pelo boato da captura do General não ter se espalhado.

Exatamente quinze dias depois de minha conversa com O Anjo que eu comecei a sentir um estado febril tomar conta de mim, sua ausência me angustiava.

Pensei que talvez estivesse sofrendo da Síndrome de Estocolmo, onde o afeto surge como um mecanismo de defesa da vítima em relação a seu sequestrador.

Infelizmente, as pessoas que sofrem deste mau não tem a menor consciência do mesmo e este não era meu caso. Havia outro fator, eu não era e jamais havia sido prisioneira.

Minha irmã nunca fora vista por Lúcifer, passara despercebida devido a meus esforços impensados e a boa vontade de Dulce. Bruno sequer chegou perto de tal situação, foi para protegê-lo que fui atingida pelo trem e agora ele estava desaparecido.

Em verdade, se alguém era vítima desta situação – e por mais ridículo que isso soasse – era o próprio Anjo. Eu havia o enganado e estava sentada de frente a uma penteadeira em um de seus aposentos por desejo próprio.

Obviamente minha outra opção quando caí seria a morte, mas essa alternativa também protegeria Bruno e salvaria minha irmã.

Costumava pensar que se houvesse um Deus em qualquer lugar, talvez aquele fosse o momento dele aparecer.

Ouvi duas batidas na porta:

- Quem é? – eu conhecia o toque suave.

- Lúcifer.

- Entre.

Vagarosamente O Anjo entrou em meu quarto, seus cabelos estavam perfeitamente alinhados, o corpo esculpido se escondia por trás de um terno chumbo de perfeito caimento e seus olhos estavam verdes como esmeraldas.

Não havia sequer uma imperfeição em sua presença estonteante.

Era sempre um evento quando Lúcifer aparecia, a meus olhos mortais, parecia incrivelmente difícil me acostumar com uma beleza celestial tão congruente em seus detalhes.

Ele caminhou até minha cama e sentou-se, batendo levemente a mão esquerda indicando para que sentasse ao seu lado.

Levantei-me e andei com o máximo de delicadeza possível, O Anjo impunha um porte de realeza a qualquer ambiente e mesmo sendo Lúcifer, sentia-me na obrigação de retribuir. Eu estava ali porque queria e aquela era a casa dele.

Na verdade, aquele era seu castelo e seu reino.

Sentei-me ao seu lado e puxei o vestido para que não me atrapalhasse. Os olhos do Anjo caíram sob minhas mãos e pude notar uma leve mudança em seus lábios ao notar que usava o anel que me dera de presente.

Lúcifer endireitou seu corpo e olhou profundamente em meus olhos:

- Quero te contar minha história.

Ele observou minha reação, adivinhando que minha resposta não estaria compatível com seu desejo:

- Mas eu não quero ouvir. – minha voz feriu o ar, sempre o tom hostil.

- É realmente muito importante que você saiba a verdade... Ou simplesmente confirme.

- Não tenho interesse em saber mais do que sei, já é difícil o suficiente lidar com o pouco que fui forçada a descobrir.

Imortal - As Sombras (CONCLUÍDO)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora