Criminal || larry

14.

- ... Eu estive a pensar e gostava que viesses trabalhar para mim. Ou melhor, comigo. - disse Louis vendo de imediato a expressão no rosto de Harry alterar-se, passando de curiosa para surpresa. Louis sabia que não precisava de ter mais ninguém a trabalhar consigo, tal como Brenton tinha dito na outra noite no bar. Ele já tinha muitas pessoas com ele naquele negócio e essas eram suficientes. Porém, ele não sabia ao certo mas, de uma maneira que ele não sabia explicar, ele gostava de ter Harry perto de si. Gostava da companhia do rapaz, gostava da maneira como Harry parecia ficar fascinado de cada vez que Louis dizia algo, gostava de falar para ele. Gostava da maneira como Harry se tinha tornado uma companhia muito mais agradável que a dos seus "amigos", que apenas falavam sobre coisas sem qualquer interessa para o rapaz de olhos azuis. Gostava do facto de que quando estava com Harry se sentia menos sozinho e muito mais normal.

- O quê? - foi o que Harry acabou por perguntar no que pareceram horas depois, mesmo quando apenas se tinham passado uns segundos.

- Tu ouviste bem, Harry. - Louis limitou-se a dizer enquanto os seus olhos fitavam o rosto de Harry. - Mas espera, antes de responderes o que quer que seja é melhor eu explicar-te como tudo isto funciona. - Louis apressou-se a dizer antes de Harry ter sequer tempo de abrir a boca. - Não quero que respondas de forma precipitada até porque isto é algo sério e não algo que se aceite apenas porque sim. - os seus olhos continuavam colocados sobre Harry que estava ainda a olhá-lo de olhos mais abertos que o normal, deixando que aquele verde fosse mais visível que o costume.

- Sim, tens razão. - ele disse quando conseguiu falar. Nunca lhe tinha passado pela cabeça que seria aquele o assunto que Louis queria falar com ele. Porque é que Louis o queria a trabalhar com ele? Imensas perguntas começavam a formar-se na cabeça de Harry, como sempre acontecia quando ele estava com Louis.

O rapaz de olhos azuis abriu uma das gavetas da sua secretária e do interior da mesma retirou uma pasta preta. Abriu a mesma e pegou depois nas folhas que estavam lá e estendeu as mesmas para o outro rapaz, pousando-as na secretária à sua frente.

- Se leres as coisas que estão escritas nestas folhas ficarás a entender um pouco melhor como tudo isto funciona. - Louis disse. - Apenas lê isso. - ele viu Harry pegar nas folhas e olhar para as mesmas, ainda sem as ler, mas apenas a mexer nelas.

Quando Harry acabou de folhear todas aquelas folhas, a sua boca abriu-se de espanto e ele elevou depois o seu olhar de encontro a Louis.

- É assim tanta coisa? - ele questionou. Sabia que Louis era um dos maiores vendedores de droga da cidade, porém nunca lhe tinha passado pela cabeça toda a dimensão que aquele negócio poderia ter na realidade. Na sua mão ele tinha um enorme monte de folhas, todas elas preenchidas por palavras.

- Não é assim tanto, Harry. - Louis falou com um pequeno sorriso a surgir por entre os seus lábios. - Eu tenho vários pontos de venda na cidade e várias pessoas a trabalhar para mim, como deves imaginar. Mas quem está mais comigo são aqueles dois rapazes que tu já viste e, agora, tu. - ele disse, diminuindo o seu tom de voz à medida que chegava a parte em que se referia a Harry. - Caso aceites, claro. - ele decidiu acrescentar.

- Porquê eu? - Harry perguntou porque era aquela a pergunta que mais martelava na sua cabeça.

- Porque... apenas porque sim. – Louis respondeu num tom de voz mais baixo ao mesmo tempo que suspirava baixinho, pois não sabia que resposta lhe dar, por isso preferia limitar-se a fugir àquela questão. – Apenas pensa nisso, Harry. – ele pediu.

O outro assentiu levemente com a cabeça e levantou-se da cadeira confortável onde esteve sentado até àquele momento.

- Eu preciso de pensar. – ele murmurou e o seu olhar repousou novamente sobre as folhas que ele tinha ainda nas suas mãos. Ele começou a andar de um lado para o outro naquele escritório, percorrendo-o de uma ponta à outra na zona que se situava em frente da secretária com Louis ainda sentado atrás dela. Harry começou a ler todas as frases que preenchiam aquelas folhas, lendo devagar para ter a certeza de que nada lhe escapava.