01.

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A noite caía sobre a cidade de Chicago, com um céu estrelado repleto de pequenos pontos brilhantes. Harry apertou mais o seu blazer contra o corpo, apesar de estar uma noite primaveril bastante agradável, soprava uma pequena brisa que contrastava assim com o ar ligeiramente quente. O barulho existente no interior da discoteca tinha sido agora substituído apenas pelo ligeiro barulho que os carros faziam ao passar na ruas, e os ouvidos de Harry agradecerem por aquele repentino e agradável silêncio.

Caminharam em silêncio até ao Range Rover preto de Zayn, que estava estacionado numa rua ali perto, e seguidamente todos entraram no carro. Não tardou até que este se começasse a movimentar pelas ruas daquela cidade. Nenhum deles estava muito interessado em falar, pois apenas queriam despachar aquilo, ter a droga nas suas mãos e enfiarem-se de seguida num qualquer sítio a divertirem-se como se não houvesse amanhã. Eram estes os pensamentos que naquele momento atravessavam a mente de Harry. Acabou por ficar tão distraído que quase nem deu pela passagem do tempo e apenas se apercebeu de que já tinham chegado quando o carro parou de repente de andar.

Naquele momento todos os rostos se viraram na sua direcção.

- O que foi? - ele perguntou com um ligeiro revirar de olhos, abanou a cabeça e abriu de seguida a porta do carro, deixando-se porém ficar ainda no interior do automóvel. - Não saiam daqui, vou tentar demorar o menos possível. Mas se ouvirem um grito... - ele riu-se ao dizer isto. - Vão em meu auxílio, mas creio que isso não seja necessário. - voltou a rir, perante a estupidez que se estava a apoderar dos seus pensamentos. Abriu mais a porta e saiu por fim para a rua. Fechou a porta atrás de si, batendo-a talvez com mais força do que a necessária e começou depois a caminhar pela rua em direcção ao local onde os amigos diziam que esse tal de Tomlinson costumava estar. Ele esperava que eles estivessem certos.

O som dos seus passos era a única coisa que se conseguia ouvir naquela rua completamente silenciosa e que começava a ficar cada vez mais estreita e menos acolhedora, se era essa a palavra certa a usar naquela situação.

Enquanto Harry caminhava a sua mente foi assolada por vários pensamentos. Em vez de estar ali, talvez rodeado de diversos perigos, ele devia estar a ir para casa como o menino bem comportado que julgavam que ele era. Desde que tinha ido estudar para a universidade, ele tinha começado a de vez em quando frequentar algumas festas, e a verdade era que podia chegar a casa às horas que quisesse que os seus pais nada diriam. Confiavam bastante nele, mais do que Harry por vezes achava que merecia. Contudo, os pais eram demasiado protectores e queriam sempre saber como ele estava, se ele precisava de alguma coisa, com quem ele andava. Podia-se julgar que devido a todo o dinheiro que eles tinham, os pais não iriam querer saber dele, iriam limitar-se a mimá-lo com os mais caros presentes, mas não era isso que acontecia. Eles preocupavam-se realmente com Harry, assim como com a irmã mais velha dele. Porém, agora que esta não vivia mais com eles, Harry passava a ser o único a estar sobre o olhar atento dos progenitores.

O seu grupo de amigos também era praticamente escolhido a dedo. Ele tinha conhecido todos eles em jantares e festas organizadas pelos seus pais ou pelos amigos destes. Os pais deles conheciam-se todos uns aos outros, e ficavam bastante satisfeitos pelos seus filhos se darem todos bem e se terem tornado amigos. Tanto ele como os amigos não estavam habituados a fazer coisas ilegais e a quebrar regras. A vida de Harry sempre tinha sido muito certinha, onde ele fazia aquilo que era suposto ele fazer. Fazia as coisas que os seus pais estavam à espera que ele fizesse.

Não tardou até começar a ouvir o som de algumas vozes, ainda se encontravam um pouco distantes e portanto não passavam de meros murmúrios. Ele respirou fundo quando uns segundos depois contornou a rua onde se encontrava e entrou num beco, ali a falta de iluminação era evidente, devido à escassez de candeeiros, e fazendo dessa forma com que ele tivesse de manter o seu olhar mais atento perscrutando cada uma das coisas que o rodeava. Foi de imediato saudado pelo cheiro pestilento proveniente dos contentores do lixo existentes naquele lugar. Uma expressão de nojo apoderou-se do seu rosto e ele tentou ignorar aquilo, limitando-se a avançar mais pelo beco em direcção às vozes que cada vez ficavam mais audíveis. Os seus olhos, agora a começar a adaptarem-se melhor à fraca iluminação, entraram seguidamente em contacto com as silhuetas às quais pertenciam as vozes que ele conseguia ouvir. Ele continuou a avançar, agora com passos mais lentos, pois sentia-se ser consumido por um certo nervosismo. Apetecia-lhe bater-se mentalmente por se estar a sentir daquela forma, contudo limitou-se a revirar os olhos para si próprio. Quando sem querer chutou uma pedra que se havia metido no seu caminho, a atenção daquelas pessoas foi de imediato virada para si, e ele quase podia sentir a intensidade daqueles olhares a queimar a sua pele.

Criminal || larryWhere stories live. Discover now