Criminal || larry

02.

- Vamos para um bar? – assim que esta pergunta chegou aos ouvidos de Louis ele olhou para Brenton que tinha um pequeno saco de droga nas suas mãos e brincava com o mesmo, passando-o de uma mão para a outra, repetidas vezes.

- Não. Eu vou para casa. – disse Louis enquanto remexia com os dedos o dinheiro que tinha agora no bolso das suas calças.

- Já? – Brenton arregalou os olhos e de seguida revirou os mesmos.

- Sim, não me apetece sair. – o de olhos azuis encolheu os ombros e de seguida virou costas, preparando-se dessa forma para ir embora dali.

- És um desmancha-prazeres. – resmungou o outro, num tom de voz mais alto do que o necessário.

- Vai-te foder. – resmungou Louis sem sequer se dar ao trabalho de olhar para trás, limitando-se a continuar a andar. – E tem cuidado com a merda da droga. Não é para a desperdiçar.

Ignorou depois o que Brenton estava a dizer, porque na verdade não lhe interessava para nada. Nunca lhe interessava, pois era ele que mandava e os outros apenas tinham de fazer aquilo que ele dizia. Caso contrário, ele despachava-os, pois o que não faltava por aí eram pessoas interessadas naquele trabalho, ele sabia disso. Bastava Louis estalar os dedos que logo aparecia alguém disposto a fazer tudo o que ele quisesse. E isso agradava-lhe muito, ele adorava ter poder sobre as pessoas que o rodeavam.

Ele caminhou pelo alcatrão, saindo daquele beco e saindo depois daquelas ruas que quase não eram frequentadas por ninguém, em especial a horas tão tardias. Não que fosse muito tarde para Louis, ele estava habituado a viver na noite, na maior parte dos dias apenas chegava a casa já quase de manhã, aproveitando depois as primeiras horas do dia para dormir. Mas hoje ele estava sem vontade e sem disposição para isso, queria apenas chegar a casa o mais rapidamente possível e deixar cair o seu corpo cansado sobre a sua cama. Para além disso, tinha sido uma boa noite, Harry havia-lhe pago bem a droga que tinha comprado, Louis não tinha ainda contado o dinheiro mas eram muitas as notas que ele tinha no bolso. Deu por si a rir-se, fazendo a sua gargalhada fazer eco na rua onde ele se encontrava, ao recordar-se de Harry e do ar assustado do rapaz. Tinha tido uma certa piada.

Assim que por fim chegou à beira do seu carro, Louis apressou-se a entrar no mesmo e uns segundos depois já estava a conduzir pela estrada em direcção ao seu apartamento, que felizmente não ficava muito longe daquela zona. O telemóvel dele começou a tocar entretanto, mas o rapaz optou por ignorar quem quer que fosse que lhe estivesse a ligar.

Quando estacionou em frente do seu prédio, saiu do carro, trancou o mesmo e depois de sair para o seu exterior deixou que a agradável aragem que se fazia sentir naquela noite embatesse contra o seu rosto. Sabia bem depois de passar alguns minutos fechado dentro do carro a respirar aquele ar viciado. Andou pelo passeio, entrando depois no prédio e subindo de elevador rapidamente chegou ao seu apartamento. Abriu a porta e entrou de forma bastante silenciosa, apesar de não ser necessário, visto que não estava ali mais ninguém a correr o risco de ser acordado por qualquer barulho que ele fizesse.

O apartamento de Louis era bastante grande, muito maior do que os apartamentos normais que ele conhecia. Este tinha várias divisões, todas elas com tamanhos generosos e com uma perfeita e moderna decoração, toda ela escolhida pela mãe de Louis. Não é que ele se interessasse por isso, mas a sua progenitora tinha feito questão de lhe tratar daquilo, e como é óbvio o rapaz não conseguia dizer-lhe que não, em especial quando ela olhava para ele com aqueles olhos azuis e grandes que o faziam ceder a qualquer palavra que saísse da boca dela. Na verdade, a mãe dele era a única pessoa importante que ele tinha na sua vida e ele dava-lhe muito mais valor do que aquele que ela percebia. Também ele era a única pessoa que ela tinha, e por isso mesmo, Louis tentava fazer as coisas de forma correta pelo menos quando estava com ela, pois sabia o quanto aquela mulher sofria em silêncio.