Capítulo XV - Uma nova vida

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O dia seguinte foi quieto, as crianças agora dividiam um peso em comum com as primas, o fardo da perda de um dos pais.

O funeral de Laenor diferente do de Laena foi rápido e conteve apenas a presença dos mais próximos e dos que viviam em Derivamarca.

Rhaenys e Corlys perderam ambos os filhos, em um intervalo tão curto de tempo, Visenya não conseguia olhar em seus rostos sem sentir uma dor avassaladora em seu peito. Apesar de agora saber que realmente não era neta legítima do casal, sua empatia e carinho por eles não mudou, sempre a trataram bem e cuidavam dela de dos irmãos quando necessário.

Luke de Jace não choraram mais naquele dia, mas também não falavam ou esboçaram qualquer reação. Rhaenyra estava ao lado deles o tempo todo, mostrando que estava lá para eles e sempre estaria. Visenya optou por ficar ao lado de Daemon e de suas meninas, que agora sabia que eram suas irmãs.

Mas quando o funeral começou ela foi até seus irmãos e segurou suas mãos.
Foi o único momento do dia em que o trio se permitiu chorar, eles derramaram lágrimas gordas, que escorriam por suas bochechas, mas tudo em silêncio, assim como Rhaenyra, não emitiram nenhum som, não conseguiam.

Rhaenys e Corlys tentavam se manterem firmes, mas se via em seus olhares o quão perdidos estavam.
Após a cerimônia todos se retiraram a seus aposentados, o silêncio vagava entre eles e ninguém tinha forças para quebrá-lo.

Naquela noite Rhaenyra chamou a filha para uma caminhada, ambas ainda usavam a roupa do funeral, vestidos pretos e rendados, sem muitos adornos. Vagaram pelos corredores externos do castelo, de lá podia se ver as ondas quebrando ao longe.

Sentaram-se em um banco afastado de qualquer cômodo ou sala, queriam privacidade. A princesa segurou a mão da filha com carinho.

"Visenya... Daemon me contou sobre o que aconteceu na praia, ele disse que você sabe sobre... bem, sobre o que ele é seu de fato."

Visenya apenas concordou com um aceno de cabeça, sem encarar a mãe nos olhos.

"Talvez seja complicado entender agora... mas saiba que eu amei Laenor... e sei que ele nos amava também. Mas em relação a nosso casamento... nem sempre existe paixão nos casamento reais minha filha...".

Visenya entendia o que a mãe tentava lhe dizer, afinal era uma menina, desde muito nova sempre recebia elogios dizendo que arranjaria um ótimo marido no futuro. Outros perguntavam a sua mãe se ela permitiria um noivado entre seus filhos e a mesma. Sendo que Visenya não entendia nem sequer o que era um noivado na época.

Com o tempo ela foi entendo que o casamento geralmente era apenas uma troca, de títulos, herdeiros e territórios. Entendeu também que esse foi o caso do casamento de sua mãe e seu pai.

"Eu sei mamãe... não se preocupe, não julgo a senhora, assim como não julgo o papai, as pessoas falavam muitas coisas sobre ele..."

Rhaenyra observou a filha e entendeu o que ela queria dizer.

"Sim... seu pai era diferente da maioria, mas tinha o coração melhor do que muitos também, era um bom homem... e me foi um grande amigo."

Visenya acenou concordando.

"Mas sabe mamãe... eu fiquei feliz por ser... bem, não sei se posso falar aqui..."

A menina se encolheu olhando para os lados, verificando se não havia ninguém por perto para ouvi-las.

"Bem..., quando estivermos sozinhas você pode chamá-lo de pai sim, sei que ele ficaria todo orgulhoso disso."

Falou a princesa acariciando o rosto da filha.

Feitos de Fogo e  Nascidos Para Queimar Where stories live. Discover now