Capítulo XIV - Feitos de fogo

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Visenya acordou com Luke usando seu braço como travesseiro e Jace quase caindo da cama. Ela se levantou devagar e lentamente se moveu, não queria acordá-los, estava cedo e até mesmo Naeraxes havia pegado no sono. A dragão dormiu aos pés da cama, em uma espécie de ninho formado pelas cobertas.

Visenya andou em silêncio pelo quarto, a aia de Joffrey não havia voltado, devia ter ficado em outro cômodo. Foi até a janela, mexeu no mecanismo lentamente para que não fizesse barulho. O ar gelado da manhã fazia a garota se arrepiar, mas era revigorante e de alguma forma a acalmava.

Chovia fraco do lado de fora, gotículas de água escorriam pelas laterais da janela. Visenya respirou fundo, precisa se manter firme e acima de tudo centrada. Nada da noite anterior poderia interferir em seus sentimentos, mas sim em suas decisões futuras.

Sua mãe já estava enfrentando coisas demais, precisava de seu apoio, e era isso que Visenya faria.

Foi até o baú com seus pertences, escolheu um vestido simples de mangas longas novamente preto, não queria nada chamativo. Prendeu os cabelos em um coque baixo formado por duas tranças.

Por baixo do vestido ela usava meias finas e botas de cano curto.
Nou usou brincos e nem adornos nos cabelos, apenas o colar costumeiro com o símbolo Targaryen.

O anel que Aemond a deu ainda estava em seu dedo, ela não tirava para nada, mas desta vez o fez. O colocou junto a corrente de seu colar, e escondeu ambos os pingentes dentro do vestido.

Saiu em silêncio do quarto, acordando apenas Naeraxes para acompanha-la, se a dragão acordasse sem sua companhia sempre fazia alarde.

A dragão se empoleirou no ombro da garota, que colocou uma capa grossa da mesma cor que seu vestido. Com o capuz ela cobriu os cabelos e Naeraxes, que pareceu gostar de ser camuflada.

Andou pelos corredores vazios, não havia tantos guardas e Derivamarca como tinha na Fortaleza Vermelha.
Saiu pelos fundos como na noite anterior, ela não queria ser vista, apenas queria desfrutar o pouco tempo de paz que tinha antes que todos acordassem.

Caminhou pela areia da praia até chegar em algumas pedras que beiravam o mar. Subiu encima de uma delas e se sentou, o chuvisqueiro era manço e não a incomodava, ficou observando o mar e o movimento que suas ondas faziam. Ela não tinha apreço por navegar, geralmente o balançar das ondas no casco do navio a enjoava. Mas tinha que admitir que o mar era belo de sua forma.

O céu clareava mas sem sol, as nuvens cinzentas o cobriam.
Perdida em seus pensamentos Visenya não percebeu a aproximação de alguém.

"Visenya...", a voz inconfundível de Aemond lhe chamando causou um certo tremor em seu corpo.
A garota virou lentamente o rosto em direção ao menino, que se mantinha em pé ao lado da rocha.

"Tio...", um comprimento e apenas isso, foi tudo o que conseguia dizer. Voltando a olhar para o mar em seguida.

Ambas as crianças ficaram em silêncio por bons segundos, nenhum deles parecia ter vontade de inciar a conversa. Mas Aemond tomou a frente.

"Por que está aqui fora tão cedo?".

Visenya ainda encarava o mar.

"Posso lhe fazer a mesma pergunta tio, por que você... está aqui tão cedo?".

Aemond notou o tom frio da menina, pareceu ponderar se respondia ou não.

"Vamos embora em poucos minutos, minha mãe decidiu voltar o mais rápido que possível para Porto Real. Vim buscar Vhagar."

Feitos de Fogo e  Nascidos Para Queimar Where stories live. Discover now