Capítulo XIV

168 33 4
                                    

ㅡ Você nunca lavou uma peça de roupa na vida? ㅡ Catherine pergunta incrédula, após Maeve lhe confessar aquela informação. Para a caçula da família Wright aquilo parecia fora da realidade, já que desde criança foi ensinada a como executar tal tarefa para ajudar a mãe nos afazeres domésticos. 

Maeve sorri com escárnio. 

ㅡ Claro que não, de onde eu vim eu tinha pessoas para fazer absolutamente tudo por mim…ㅡ inicia, lembrando-se de como era sua vida antiga e de como sentia falta de todas as mordomias ㅡ eu tinha pessoas que cuidavam das minhas jóias, dos meus cabelos, pessoas para me acompanharem em compras na cidade e carregar minhas sacolas e que também cuidavam de minhas roupas, além de me ajudarem a me vestir. Nunca precisei fazer serviço doméstico algum, entende agora minha reação? Eu não nasci para isso. ㅡ Diz com frustração. Tão logo finalizou a tarefa de alimentar os animais, precisou acompanhar Catherine até o rio e ajudá-la com as roupas.

ㅡ Bem, olhando por esse lado é compreensível sua frustração. As esposas dos meus irmãos e eu de certa forma já estamos acostumadas com isso, pois fazemos desde criança, mas você…

Para todo lado que olhasse, Maeve só conseguia enxergar mulheres à beira do riacho límpido, ocupadas em limpar e alvejar cada peça de roupa com o auxílio de vegetais saponáceos, como aloés ou com folhas de uma árvore que Maeve descobriu se chamar timbuba. Até nisso ela percebia uma enorme diferença. Não era acostumada com serviços domésticos, mas sabia que na casa dos seus pais os empregados tinham acesso aos melhores produtos para limpeza.

ㅡ Mas apesar de compreender seu lado não há nada que eu possa fazer para ajudar, afinal assim como todos você deve ajudar em algo, ou acha justo que todos trabalhem enquanto você leva uma vida boa?

ㅡ Na verdade eu acho justo sim. ㅡ Rebate e recebe um olhar nada agradável da cunhada. ㅡ Brincadeirinha.

Finalmente as duas voltam a realizar a tarefa, pois precisavam terminar logo e voltar para casa.


ㅡ Esta contente com sua decisão, irmão? ㅡ Enquanto trabalham, Thomas não perde a oportunidade de questionar Augustus, que o encara com feição confusa.

ㅡ Do que está falando, Thomas?

O mais novo ri.

ㅡ Como do que, Augustus? Sobre sua decisão de ter se casado com Maeve Gibbons, é claro.

ㅡ Mas é claro que estou contente, irmão, acho que isso está mais do que claro, por que não estaria? 

ㅡ Bom, com base nos últimos acontecimentos já podemos perceber que ela não irá durar muito na nossa família, não é mesmo? ㅡ Seu tom é quase debochado, o que desagrada Augustus.

ㅡ Com essa sua negatividade é possível que não dure mesmo. ㅡ O mais velho rebate frustrado. A verdade é que ele já está cansado de todas as pessoas de sua família a todo momento criticarem suas escolhas em relação ao casamento com Maeve, que ainda é muito recente

ㅡ Não estou sendo negativo, Augustus, estou apenas sendo realista. Será difícil para ela se adaptar, estou falando alguma mentira? Viu a forma como ela reagiu ontem quando a mãe delegou algumas simples tarefas? E se não bastasse isso hoje ainda fingiu estar doente para não ter que trabalhar. O que esperar de uma esposa assim? Um futuro nada promissor, eu diria.

Augustus suspira, sua feição era a de alguém que carregava todo o peso do mundo em seus ombros.

ㅡ Não a culpe, tudo bem? Tudo ainda é muito novo para ela, você não acha que depois de anos vivendo no luxo ela irá se acostumar a vida no campo de um dia para o outro, não é? Dê um tempo para ela. ㅡ Verdade seja dita, apesar de Maeve não ser um exemplo de esposa apaixonada, Augustus sempre a defenderia, até mesmo de sua família se fosse preciso.

Caça-dote Onde as histórias ganham vida. Descobre agora