Capítulo VIII

186 33 6
                                    


Em pequenos goles, Maeve ingere o chá presente em suas mãos, enquanto da janela do seu quarto observa a chuva cair. O dia havia amanhecido escuro, nublado e completamente chuvoso, o que fez com que seu humor, que já não estava dos melhores, piorasse ainda mais.

ㅡ O que será de mim? ㅡ Lamenta-se na janela, ao passo que seus olhos acompanham uma pequena gota de chuva que desliza pelo vidro.

Um alto barulho se faz presente na sacada do local e quando ela menos espera uma pessoa se materializa à sua frente, lhe arrancando um pequeno grito surpreso e fazendo com que ela projete seu corpo para trás, derramando toda bebida fumengante em seu vestido bem trabalhado.

ㅡ O que é isso? ㅡ Resmunga, ao perceber que é Augustus quem se encontra em sua janela e que agora ele ri sem parar pelo susto que ela havia tomado. ㅡ O que está fazendo aqui seu bronco?

ㅡ Você precisava ver o susto que levou…ㅡ o rapaz comenta, ainda gargalhando e seca algumas lágrimas ocasionadas pelo riso que descem no canto dos seus olhos.

Maeve, com muita dificuldade, tenta buscar paciência de onde não tem para lidar com ele.

ㅡ Novamente pergunto, o que está fazendo aqui, seu paspalho?

Institivamente a feição do rapaz muda de divertida para nada satisfeita, e como a janela se encontra aberta, ele rapidamente segura em seu braço e a olha dentro dos olhos castanhos.

ㅡ Em breve iremos nos casar e acho melhor que comece a me respeitar como seu marido, caso contrário teremos sérios problemas, futura esposa. Prometo ser um bom companheiro, mas não me irrite, e principalmente não me ofenda com esses nomes, não sou um dos seus criados. ㅡ Solta seu braço em um solavanco e ela o encara sem saber o que dizer. Ante sua reação, ele continua: ㅡ minha mãe é modista, irá fazer seu vestido de noiva, por isso vá hoje até este endereço ㅡ lhe entrega um pequeno pedaço de papel com a localização anotada ㅡ ela irá tirar suas medidas e fazer o vestido para você.

ㅡ O quê? Não irei me casar com o vestido feito por uma modista qualquer! ㅡ Brada.

ㅡ Para quem não irá receber sequer um vintém dos pais para fazer um vestido digno de um casamento você está agindo com muita soberba, senhorita Maeve. Tem sorte por ela ter se oferecido para fazê-lo e veja como fala da minha mãe, ela não é uma modista qualquer como quis fazer parecer, é uma talentosa costureira que faz trajes para a alta sociedade, mas as pessoas orgulhosas do seu mundo negam-se a dizer isso. Ela será sua sogra, por isso exijo respeito com ela. ㅡ Diz de modo firme. ㅡ Agora eu preciso ir, ainda preciso trabalhar. Não se esqueça, vá ao encontro da minha mãe, caso contrário ficará sem vestido e terá que se casar vestindo qualquer coisa.

Apesar de estar apaixonado pela jovem, Augustus sabe que também precisa se impor, caso contrário ela o trataria da forma que lhe fosse conveniente e o faria de gato e sapato e sendo um homem do campo não está acostumado a isso, não seria agora que deixaria alguém tratá-lo assim.

Maeve bufa ao vê-lo escalar a árvore próxima a sacada do seu quarto de volta ao solo e fecha a janela em um baque mudo. Ainda não havia se conformado com nada daquilo, tudo lhe parecia um pesadelo.

ㅡ Acho que é aqui. ㅡ Maeve comenta com a irmã Grace quando a carruagem da família para em frente a uma humilde construção. Ainda não entrava na mente da garota que teria que fazer seu vestido com uma simples costureira de Tarla, afinal sempre havia se vangloriado com suas amigas de mandar fazer seus vestidos em conceituados ateliês franceses. Agora ali estava.

ㅡ Certo, vamos descer então. ㅡ Ao contrário de Maeve que se encontrava cabisbaixa, sua irmã se encontra entusiasmada para ajudá-la a escolher o modelo do vestido.

Caça-dote Onde as histórias ganham vida. Descobre agora