— Eu posso entrar? — A voz suave de Theresa Wright soa do batente da porta do quarto do filho mais velho e rapidamente ela recebe a atenção dele, que antes de sua chegada se mantinha concentrado amolando um de seus machados.
O rapaz apenas assente, o que dá liberdade para que a mais velha possa avançar no cômodo e sentar-se em sua cama. Ela apenas o observa trabalhar em seu machado por alguns bons minutos, sem dizer nada, o que incomoda o filho.
— E então? — Atormentado por seu silêncio ele decide perguntar, logo a encarando.
— Quero conversar com você, meu filho. — Ela esclarece e ele assente, ficando ainda mais atento. — Tem certeza do que quer fazer, meu filho? Seu irmão já nos explicou quem é a mulher de quem você falava à mesa — suspira e nega com a cabeça — justo ela, Augustus?
O rapaz, que já se encontrava aborrecido devido a intromissão da família em seus interesses amorosos, bufa com a fala da mãe.
— Qual o problema em ser ela? Não vejo problema algum. — Responde, voltando ao trabalho que fazia, mas não deixando de prestar atenção na sua mãe.
— Como não, meu filho? Ela é de uma família abastada da cidade. Sabe o que dizem dela pelas redondezas, é mesquinha, ambiciosa e soberba, já negou diversos pretendentes que seus pais lhe arranjaram e ainda debochou deles. Você é meu filho, um homem bondoso, trabalhador e com um coração maravilhoso, não quero que tenha o coração quebrado por essa moça. Ela não merece alguém como você.
— Isso sou eu quem decido, mãe e eu já disse que irei nesse baile das caçadas de dote, irei conquistá-la e a ganharei no desafio. — Sua voz soa firme, não dando abertura para qualquer questionamento por parte dela.
— O que essa moça quer é algo que você não pode oferecer, meu filho, infelizmente.
— Não se preocupe, mãe, quando ela estiver casada comigo irei fazê-la ver um outro lado da vida. — Augustus expõe confiante de que conseguiria seu intento, porém sua mãe não acreditava que ele conseguiria mudar a forma de pensar de Maeve Gibbons.
— Isso está me parecendo uma obsessão, meu filho. — Theresa comenta com tom assustado.
Augustus nada responde, o que faz com que a Theresa fique ainda mais apreensiva.
Percebendo que Augustus não diria mais nada, a mais velha faz menção de deixar o cômodo, porém antes que o faça é parada pela voz do filho.
— Mãe? — Ele clama por sua atenção e ela para no meio do caminho em direção a porta, virando-se e o encarando com atenção.
— Diga, filho. — Pede esperançosa, acreditando que ele poderia ter mudado de ideia.
— Pode, por favor, fazer minha roupa para o baile? Não tenho nada apropriado para a ocasião. — Augustus pede, fazendo o sorriso dela morrer aos poucos.
A verdade é que Theresa Wright é uma exímia costureira, e costuma coser para todo reino, inclusive para pessoas abastadas e ela consegue fazer milagre com apenas poucos tecidos e seu filho mais velho sabe disso. Sabe que com um bom tecido ela poderia fazer uma boa vestimenta, digna de um baile.
— Claro, meu filho, eu faço sim. — Responde. O que poderia dizer? Mesmo não concordando com o que o filho estava prestes a fazer era uma boa mãe e não deixaria de fazer algo por algum dos seus filhos.
— Certo, mãe, obrigado. Pela manhã, quando eu for à cidade, lhe trago tudo que irá precisar. — Sorri.
A mais velha apenas faz um aceno com a cabeça em concordância.
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Caça-dote
RomanceTodos os anos há uma época pela qual todos esperam no Reino de Tarla. É novembro e aproxima-se a tradicional época das caçadas de dote, o momento mais esperado pelas jovens solteiras da região, aquele em que elas usam seus melhores perfumes, trajam...