PARTE 16

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Eu não sabia o que fazer, já não tinha mais lágrimas pra chorar. Estava furioso com Cíntia, eu jamais a perdoaria pelo o que ela havia feito. Liguei pra minha mãe, e ela me aconselhou a deixar Ana quieta... Pois não tinha como termos uma conversa tranquila naquele momento. Ana estava furiosa e com toda razão.

Eu teria que dormir no sofá da sala, Ana não abriu mais a porta do quarto. Fui até lá mais de cinco vezes, mais não tive coragem de bater na porta.
Peguei um cobertor no quarto de hóspede e coloquei no sofá pra dormir.
Já era mais de meia noite e fui mais uma vez até a porta do quarto. Eu só queria saber se Ana estava bem, eu não queria dormir brigados. E o meu maior medo era dela não perdoar.
Coloquei o ouvido na porta do quarto e escutei Ana chorando baixinho... Eu me culpei tanto por tê-la deixado assim, era tudo minha culpa. Por acreditar que Cíntia ia deixar a gente em paz, por achar que ela havia se arrependido de ter implicado com Ana.
- Eu sinto muito amor... - Falei um pouco alto pra ela poder me ouvir.
- Cintia aprontou pra cima de mim. Ela me ofereceu um suco e colocou algo dentro pra me dopar... Juro que eu não sabia de nada.

Contei tudo pra Ana, cada detalhe do que havia acontecido, das provas que eu tinha contra Cíntia. Na esperança de que ela entendesse meu lado.
- Não quero te perder por conta disso. Eu quero você pra sempre Ana, não deixar Cíntia atrapalhar tudo que estamos construindo... Eu amo muito você e quero você comigo.

Depois de ter falado tudo, esperei por dez, vinte, trinta minutos e nada de Ana abrir a porta. Ela havia parado de chorar, e eu não sabia se ela tinha pegado no sono ou se tinha me ouvido falar tudo que falei.
Voltei pra sala e fui tentar dormir.

O sofá da gente era confortável, mais não pra dormir. Ele era pequeno pro meu corpo, e quando eu esticava os pés, eles ficavam pra fora. Peguei no sono com muita dor de cabeça e quando acordei ainda estava escuro. Olhei a hora no celular e ainda era 2h da madrugada. Me levantei pra beber água e fui até a cozinha. Quando cheguei lá, Ana estava em pé encostada na pia comendo o pudim de mais cedo.
Ela olhou pra mim e seus olhos estava inchados de tanto chorar, me senti tão culpado por isso... Ela estava apenas com um top e seu barrigão estava do lado de fora, e ela estava com uma calça minha, daquelas folgada e boa pra dormir. Ela amava pegar minhas roupas.

Eu não sabia o que falar, e ela ainda olhava nos meus olhos. Me cravando com seu olhar.
Ela colocou o prato com pudim em cima da pia e bebeu um gole de água no copo ao lado.
- Não consegui dormir... - Falou ela cruzando os braços e olhando pra mim.
- Eu também não... - Respondi olhando pra ela.
- Era verdade? - Perguntou ela.
- O quê?
- Tudo que falou atrás da porta...
- Sim. Minha mãe também está de prova... E tenho os exames pra te mostrar.
- Porquê escondeu tudo isso de mim? Achei que não tinhamos segredos.
- Não queria te deixar assim... Estávamos em um momento tão feliz com os bebês. E eu sabia o quanto ia te abalar.
- Entendo... Mais devia ter me contado.
- Eu sei... Me desculpa.
Ana se afastou da pia e passou por mim.
- Me desculpa por tudo. - Falei segurando sua mão. Ela parou mais não virou ora olhar pra mim.
- Amanhã conversamos melhor. - Respondeu ela enquanto puxava sua mão e ia até o quarto.

A noite foi longa, e tudo passava pela minha cabeça. Eu não podia deixar Cíntia se safar dessa, não mesmo.

Acordei mais cedo do que esperava. Ainda não era nem seis da manhã... Preparei o café da manhã e deixei a mesa arrumada. E Ana chegou na cozinha morrendo de fome... Ela ainda estava brava comigo, só me deu bom dia e mal olhou nos meus olhos. Em outras situações eu tinha certeza de que ela não ia comer nada do que eu preparei, mais ela estava faminta. E saiu comendo de tudo.
Eu ria pra mim mesmo só de vê-la comendo com raiva, eu não podia culpá-la por esta com raiva de mim.
- Podemos conversar quando acabar? - Perguntei calmamente.
- Devemos! - Respondeu sem tirar os olhos da torta que comia.
Terminei o meu café primeiro, e me joguei no sofá da sala. Esperei Ana terminar de comer pra podermos conversar, ela ainda demorou um pouquinho mais mesmo assim resolvi esperar.
- Quero vê os exames. - Falou ela quando chegou na sala.
- Sabia que queria vê, estão aqui. - Peguei entregando a ela. Eu sabia que ia ser a primeira coisa que ela ia pedir, então já havia deixado fácil.
Ela virou a folha, olhou as outras. Leu uma vez, duas e em seguida guardou no envelope novamente.
- Se não acredita em mim. Podemos ir até o médico com quem me consultei.
- Não será necessário... Conversei com sua mãe pela madrugada... Ela me contou tudo também.
- Foi ela quem me levou pra fazer os exames.
- Eu sei...
- Eu sinto muito te fazer passar por tudo isso...

Ana abaixou a cabeça e colocou suas duas mãos na barriga.
- Eu mereci... - Respondeu ela baixinho.
- Lógico que não. - Falei tentando me aproximar mais um pouco. Ela estava sentada no sofá a minha frente.
- Cíntia quis, que eu sentisse na pele tudo que ela sentiu quando te perdeu. E eu senti...
- Mais você não me perdeu.
- Eu te vi com outra, em uma situação inconveniente.
- A culpa também foi minha Ana. E eu não quero que isso estrague tudo.
- Quero falar com ela. - Respondeu ela olhando pra mim.
- Com Cíntia? - Perguntei.
- Sim. Acho que precisamos ficar cara a cara.
- Eu não vou deixar. Ela é capaz de tudo e não vou arriscar.
- Você pode vim junto. Mais preciso de uma conversa com ela...
- Não acho que seja necessário. Não quero arriscar você e os bebês.
- Vai ser necessário sim. Acho que eu e ela devia ter essa conversa desde o início... E quero isso hoje.

Eu não sabia o que falar, quando Ana colocava uma coisa na cabeça não tinha quem tirasse.

- O que pretende conversar com ela? Acha que ela vai querer ter uma conversa civilizada? - Perguntei.
- Só vou saber se ir...
- E quanto a nós? - Perguntei.
Ela olhou nos meus olhos, seu olhar ainda era de decepção de tristeza. Mais a minha única vontade era de abraçá-la, de dizer que ia ficar tudo bem e que nada ia nos separar.
- Eu amo você... - Falou ela sorrindo triste. - E tenho medo de te perder pra ela.
- Você não vai me perder pra ela, você ganhou dela. Eu sou todo seu Ana. - Falei esticando os braços e segurando suas duas mãos.
- Sinto muito por tudo isso. Sei que não vai mais confiar em mim depois desse vídeo, mais eu quero te ganhar a cada dia. Quero te mostrar que sou digno de você.

Ela sorriu pra mim e apertou minhas mãos.
- Amo Lucas e Amanda. Mais se vamos continuar juntos, acho que temos que pensar em alguma forma de não termos contato com ela, em hipótese alguma. Tenho medo dela fazer mal aos nossos bebês.
- Não vou deixar ela fazer nada com eles e muito menos com você. Vocês são tudo pra mim Ana, tudo.
Ela afastou um pouco mais pra frente e me abraçou.

Eu sabia que a partir de agora tudo ia ficar mais difícil. Ana sempre confiou em mim, mais não em Cintia. Desde o início ela dizia que achava que Cíntia quem estava por trás dos bilhetes. E eu ainda duvidava... Dei mais de uma chance pra Cintia e em todas elas, ela me decepcionou.
Eu ainda não sabia o que Ana queria dizer pra ela, e me assustava um pouco. Não em relação a Ana, mais sim a Cintia... Eu tinha medo dela perder o controle e ir pra cima de Ana.
Mais quem era eu pra impedir uma mulher grávida? Ana passava por cima de qualquer barreira.
De uma coisa eu sabia. Cintia não ia me separar de Ana.

Na mesma manhã daquele dia, Ana quis ir atrás de Cintia. Tomou banho e se arrumou, e eu andava de um lado pro outro da casa com medo desse reencontro das duas.
Eu não fazia ideia do que esperar.
Ainda era de manhã. Cintia está a em casa e as crianças também, mais com a babá. Isso já ia ajudar eh suponho... Cíntia não ia querer partir pra agressão com as crianças em casa, eu espero...
- Estou pronta. - Falou Ana saindo do quarto.
- Vamos. - Respondi segurando na sua mão.

Deixei o carro em frente a casa de Cíntia. Ana tirou o cinto em u segundo e desceu rápido demais pra uma mulher grávida de dois.
Desci e bati a porta do carro. E Ana já havia apertado a companhia.
Segurei na sua mão e ela me deu um beijo de surpresa.
- Tem certeza que quer fazer isso? - Perguntei quando ela terminou o beijo.
- Absoluta!
Esperamos alguns minutos e então a porta abriu...

Fernando ( Livro 2)On viuen les histories. Descobreix ara