PARTE 10

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- Vai ficar tudo bem filho, as vezes um sangramento não significa alguma coisa grave. - Falou minha mãe enquanto alisava minhas costas. Estávamos sentados no sofá da sala de espera do hospital. A primeira pessoa que passou pela minha cabeça foi minha mãe, liguei pra ela assim que Ana entrou pra emergência e ela chegou mais rápido do que eu imaginava.
- Ana tá sentindo muita dor, não quero nem imaginar se...
- Ei, cadê aquela esperança toda? Você não pode perder a esperança e se deixar abalar. Temos que pensar positivo com a energia boa, pra que ela fique bem logo.
- Vocês são a família de Ana Júlia? - Perguntou uma enfermeira se aproximando.
- Ela está bem? - Perguntei me levantando de imediato.
- Está sim. E os bebês também... Você é o pai?
- Sim.
- Pode me dizer se aconteceu alguma coisa, tipo... Pra ela se preocupar? Esse sangramento pode ser motivo de algum estresse ou preocupação. Creio que se acontecer novamente é perigoso ela perder os bebês.
- Sim minha querida... - Falou minha mãe tomando a frente. Me sentei novamente no sofá com os cotovelos sobre o joelho e as mãos na boca. Eu não sabia mais o que fazer, ou como agir.
- Ela passou por alguns momentos tensos nos últimos dias. Creio que seja o motivo das preocupações ou estresse.
- A senhora deve saber que ela podia ter perdido os bebês com esse sangramento, as dores que ela chegou sentindo estava muito forte. A gestação dela daqui em diante vai ser mais tensa e complicada.
- O que você quer dizer? - Perguntei se levantando novamente.
- Que será um milagre se ela conseguir ter os bebês.
- VOCÊ ESTÁ MALUCA OU O QUE? ESTÁ ME DIZENDO QUE MEUS FILHOS NÃO VÃO RESISTIR?
- Calma filho... - Falou minha mãe segurando meu braço, eu estava a um fio de ir pra cima daquela enfermeira. Meu sangue estava subindo pro meu rosto.
- Desculpe. Eu não quis dizer isso... Só quero ser o mais sincera possível. É uma gravidez de risco tanto pra ela e pras crianças.
- Como assim? - Perguntou minha mãe.
- Desculpa, mais acho que já falei tudo que devia. Tenho que voltar ao trabalho.
- Você não vai sair daqui até de terminar o que começou. - Falei colocando a mão no braço dela e segurando forte.
- Você está me machucando...
- Fernando por favor. - Falou minha mãe.
- Com licença. O que está acontecendo aqui? - Falou um jovem médico que viu toda a cena enquanto se aproximava.
- Doutor... - Falou a enfermeira olhando pra ele. - São a família de Julia, e ele está um pouco alterado.
- Eu só quero a verdade. - Falei soltando ela que se afastou imediatamente.
- Pode ir pra lá Samara, eu termino aqui... Podemos nos sentar? - Falou ele indicando o sofá.
Nos sentamos e o doutor nos passou todo o quadro de Ana. Os motivos das suas dores era que ela não podia ter filhos, mais ela nunca soube disso. E a gravidez foi algo inesperado quando aconteceu, pra gente é principalmente pros médicos.
- Você sabe dizer se alguém da família dela não pode ter filhos também? - Perguntou ele.
- Eh não sei. Ana não tem uma família grande e as poucas pessoas que tem, nós não temo muito contato. - Respondi.
- O que eu quero dizer, é que essa gravidez é um milagre... Ainda mais pelo fato de serem gêmeos. Mais também tenho que ser sincero e dizer que está sendo tudo muito arriscado para os três. Não sabemos se vão todos sobreviver no final, tem chance das crianças não resistirem ou a mãe. Eu sinto muito, mais vocês precisam saber.

Eu não consegui falar mais nada, entrei em choro e minha voz falhou. Minha mãe me abraçou e vi que ela também chorava.
- Doutor... - Falei enxugando meu rosto. - E se ela desistir da gravidez? Seria uma alternativa?
- Eu podia dizer que sim. Mais infelizmente não... Já estamos no caminho, e se fosse pra desistir agora seria a mesma coisa de esperar os noves meses, a chance do que pode acontecer não iria mudar.
- Nós podemos vê-la? - Perguntou minha mãe.
- Daqui a pouco chamo vocês... Ela ainda está sendo examinada, mais as dores já passaram. Peço que vocês sejam fortes quando estiverem com ela, não é bom ela se preocupar tanto. Ainda tem chance de todos ficarem bem no final, vocês só precisam de muita fé.
- Obrigada doutor. - Respondeu minha mãe.

Assim que o médico foi embora, chorei no colo da minha mãe como uma criança. Minha mãe tentava me acalmar mais eu não conseguia, eu precisava chorar tudo que vinha porque tinha que ser forte na frente de Ana, e eu não sei se ia conseguir.
- Eu não quero da essa notícia pra ela mãe.
- Os médicos vão dar. Acho que vai ser melhor, mais você precisa ser forte filho, pra dá forças a ela. E eu vou está com vocês nessa.
- Obrigado.

A enfermeira chamou a gente, disse que já podíamos entrar.
Abri a porta do quarto e minha mãe perguntou se preferia que ela esperasse do lado de fora, mais eu disse que não. Que ela podia entrar comigo.
Ana ainda não tinha encontrado minha mãe depois daquela conversa que tive com ela, mais ela já sabia que minha mãe havia se arrependido e queria pedir desculpas pessoalmente...
Ana sorriu quando viu a gente entrando, e também sorriu pra minha mãe. Seu rosto estava com cara de choro mais ela não estava mais chorando.
- Fernando. - Falou a enfermeira atrás de mim.
Me virei pra olhar.
- Ela insistiu que o médico contasse os riscos e tudo que podia acontecer. E ela já está sabendo de tudo... Vou deixar vocês as sós.
Ela saiu e fechou a porta, deixando só nós três no quarto.
Minha mãe já estava perto da cama de Ana, e as duas conversava baixinho.
Me aproximei dela e ela sorriu com os olhos cheio de lágrimas.
- Vai fica tudo bem amor. - Respondeu ela sorrindo e esticando sua mão. Segurei sua mão e beijei bem devagar... Me aproximei e dei um beijo em sua boca. Ana parecia está mais forte do que eu, mais calma e tranquila. Ou era apenas um jeito dela se dá com tudo ao redor.
- O médico disse que terei que passar uns dois dias de observação, e depois posso ir embora.
- Vou ficar com você. - Respondi ainda segurando sua mão.
- Você pode dormir comigo. Mais não quero que falte ao trabalho, eu vou está bem aqui.
- Eu não vou sair daqui até você voltar pra casa, não vou te deixar sozinha.
- Posso ficar com ela filho, durante o dia. Eu faço questão. - Falou minha mãe.
- Eu adoraria. Mais não quero incomodar ninguém...
- Depois falamos nisso. Agora você precisa descansar. - Falei ajeitando seu cabelo que estava caindo no rosto.

Ainda era madrugada. Ana pegou no sono rápido e minha mãe estava se despedindo.
- Qualquer coisa você me liga. Amanhã cedo venho aqui e trago algumas coisas. Ana vai precisar de roupas para dormir e algumas cosias íntimas. Eu irei trazer.
- Obrigado mãe, eu agradeço.
- Filho? Você sabe que tudo isso foi por causa daquelas cosias estranhas que aconteceram né?
- Ana não pode ter filhos, mais aquilo tudo atrapalhou ainda mais. E eu não faço ideia de quem esteja por trás disso mãe.
- Só fique atento a tudo. Temos que tomar cuidado com tudo que acontece ao redor de Ana. Pelo bem dela e dos meus netos.
- Estarei atento.

Minha mãe foi embora e eu sentei na cadeira ao lado da cama que Ana estava. Tinha um sofá mais na frente, mais eu queria ficar perto dela. E não iria deixá-la sozinha em hipótese alguma.

Fernando ( Livro 2)Where stories live. Discover now