PARTE 1

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FERNANDO

Desliguei o celular e fui falar com Ana, dizer que eu tinha que resolver um assunto do trabalho. Voltei pra cozinha mais ela não estava mais lá, os pratos já estava lavados então percebi que a porta do banheiro estava fechada.
- Ana, tá tudo bem? - Perguntei.
- Está sim... - Respondeu ela com a voz um pouco estranha. Talvez fosse coisa da minha cabeça.
- Recebi um telefonema do trabalho, vou ter que ir lá resolver um assunto agora.
- Tá certo.
- Está bem mesmo? - Perguntei mais uma vez pra ter certeza.
- Está tudo bem sim amor... Pode ir tranquilo.
Ouvir ela me chamando de amor fazia tudo ficar mais tranquilo. Não era sempre que Ana me chamava de Amor, na maioria das vezes ela só me chamava de Fernando.
- Está bem. Volto rápido!
Fui até o carro e entrei. Era coisa rápida, eu não ia demorar.

Um dos meus clientes tinha sido preso pela ex, por não pagar pensão. Esse era um dos casos que mais apareciam pra mim, era dor de cabeça uma atrás da outra. Não consegui resolver tão rápido como imaginava. Já estava escurecendo quando terminei tudo... Peguei o celular e liguei pra Ana mais só fazia chamar, mandei mensagem e nada dela responder. Bom, talvez estaria no banho ou em uma parte da casa onde não escutou o telefone tocar.
Resolvi comprar um lanche pra gente antes de passar em casa, enquanto eu aguardava o lanche liguei mais uma vez pra ela, e nada dela atender. Eu já estava começando a me preocupar, ela sempre me atendia.

Acelerei o carro o mais rápido que pude. Queria chegar logo em casa, alguma coisa tinha acontecido... Eu sentia.

Entrei com o carro na garagem e peguei o lanche, abri a porta e só havia uma luz acesa, a da cozinha. A casa ainda estava desarrumada como mais cedo. Coloquei o lanche na mesa e procurei por ela.
- Ana?
Fui até o quarto da gente e acendi a luz, e lá estava ela dormindo. Respirei aliviado quando vi que ela estava ali.
- Meu bem... - Falei enquanto acariciava seu cabelo.
Ela abriu os olhos e sorriu quando me viu.
- Você tá doente? Se sentindo mal?
- Foi só um mal estar. Tomei um remédio e peguei no sono. - Falou ela se sentando.
- Não, continua deitada. Eu trouxe um lanche pra gente.
- Eu tô bem Fernando. Só estava dormindo.
- Te liguei um monte de vezes, fiquei preocupado por não ter atendido. Eu tinha achado que havia acontecido algo.
- Me desculpa, o remédio deu muito sono e não aguentei. - Falou ela enquanto me abraçava.
Sentir seu cheiro me fazia se sentir melhor, saber que ela estava bem não tinha preço algum. Ana era uma das pessoas mais importantes pra mim, e eu ia zelar por isso. Ia dar o meu melhor e cuidar sempre dela.
- Tô com muita fome. - Falou ela rindo.
- Eu também, vamos. - Falei se levantado e segurando na mão dela...

No dia seguinte acordei bem cedo. Ana ainda dormia, pensei em acordá-la mais ela parecia cansada e com muito sono.
Me levantei e fui preparar o café da manhã. Fiz um café e algumas torradas, comi e deixei um pouco pra ela na mesa.
Voltei pro quarto e fui tomar banho, assim que saí do banheiro vi que ela estava acordando.
- Bom dia dorminhoca. - Falei enquanto me enxugava.
- Bom dia... Porque não me acordou? - Perguntou ela com a voz de sono.
- Ainda tá muito cedo, você pode dormir mais. Já eu tenho que tá no trabalho daqui a pouco.
- E eu? Quero começar no trabalho logo Fernando. - Falou ela se sentando. - Não quero ser um peso pra você, quero te ajudar em tudo.
- E quem disse que você é um peso pra mim? - Perguntei indo até ela. - Por mim eu ficaria te mimando o dia inteiro. - Falei enquanto a beijava.
- Mais quero trabalhar, você disse que meu emprego já estava certo. Não quero ficar só em casa... - Respondeu ela se afastando, parecia chateada.
- Tudo bem. Vou resolver isso hoje, ok?
- Tenho escolha? - Perguntou ela indo até o banheiro.
- Não. - Respondi rindo.

Ana era diferente de todas as mulheres que eu havia ficado. Ela queria ser independente, queria trabalhar e ter seu próprio dinheiro. Uma coisa eu já sabia, que meu dinheiro não importava tanto a ela. Isso só me deixava mais apaixonado ainda...
Quando eu conheci Cintia, ela sempre amava o luxo e o dinheiro. Carros caros e bolsas era o que lhe interessava, e Ana era totalmente o oposto.
- O que vou fazer hoje? - Perguntou ela enquanto escovava os dentes.
- O que você quiser. Explora a casa, o bairro. Você ainda não deu uma volta na vizinhança.
- Tem razão.
- Chego mais cedo hoje, a gente pode dá uma volta ou sair pra qualquer lugar. - Falei enquanto procurava meu celular.
- Não sei se quero sair... Acho que ainda não tô confortável pra isso. - Falou ela enquanto saia do banheiro.
- Como assim? - Perguntei.
- Não sei... É que tá tudo tão rápido, acontecendo depressa.
- Ana... Está arrependida de algo? - Perguntei indo até ela.
- Não não. - Respondeu depressa indo até mim. - Não me arrependo de você Fernando, eu te amo. - Falou ela me abraçando. Não precisou que ela dissesse mais nada, mais eu sabia que ela estava desconfortável com algo. Ana tentava muito desfarcas tudo, mais eu sempre sabia quando ela não tava bem.
- Você está tensa... - Falei enquanto soltava ela e segurava seu rosto com minhas mãos. - O que houve? Havíamos combinado de sermos sinceros um com o outro lembra?
- Lembro... - Ela deu um sorriso e me beijou, um beijo rápido como se quisesse fugir de qualquer conversa.
- Então... - Falei olhando pra ela.
- Ainda me sinto um pouco culpada... Fico pensando em Lucas e na Amanda. É como se eu tivesse estragado a vida deles, separado a família e...
- Já chega Ana. Quer mesmo voltar pra tudo isso? A gente já havia conversado muito sobre, e esse assunto ficou lá atrás. As coisas mudaram e estamos bem, as crianças estão bem também. E logo logo eles vão poder ficar um tempo comigo... Isso vai fazer bem pra você também, saber que estamos todos felizes.

Fernando ( Livro 2)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora