PARTE 2

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Acordei com o alarme do celular, me virei pro lado e estiquei o braço pra abraçar Ana, mais ela não estava na cama.
- Amor? - Falei enquanto me esticava, mais ela não respondeu.
Levantei devagar, ainda com muito sono. Fui ao banheiro e escovei os dentes, joguei água no rosto e saí do quarto.

Encontrei Ana na cozinha preparando o café da manhã, ela estava com uma toalha na cabeça e com um roupão.
- Bom dia dorminhoco. - Falou ela indo até mim.
- Bom dia meu amor. - Respondi enquanto beijava seu rosto.
- Você lavou o cabelo essa hora? - Perguntei.
- Tenho que está preparada pro meu primeiro dia de emprego. - Respondeu ela se virando pra voltar pro fogão.
Fiquei surpreso com toda a disposição dela, Ana sempre me surpreendia.
- Tem certeza de que quer começar hoje mesmo? - Perguntei me sentando na cadeira da mesa.
- Claro que sim.
- Então tudo bem!

Tomamos café juntos, e nos arrumamos. Ana estava com um sorriso de ponta a ponta, parecia que tinha ganhado na loteria.
Por mim ela não precisaria trabalhar, eu ganhava muito bem e podia sustentar nós dois. Mais Ana era independente, tinha força de vontade e isso eu não ia tirar dela. Eu também sabia que um trabalho iria ajudar ela a se distrair mais, e não ficar pensando em tudo que aconteceu. Ia da tudo certo!

- Esse é meu primo Roger, ele vai resolver tudo sobre a sua contratação. E todos os problemas que chegarem até você, pode jogar pra cima dele. - Falei rindo. Estávamos na minha sala do escritório, Roger deu uma passada rápida pra conhecer Ana.
- É um prazer conhecê-lo, e muito obrigada por essa chance. - Falou Ana estendendo a mão.
- O prazer é todo meu, e finalmente estou conhecendo você. Fernando falou muito bem de vc... Agora tenho que ir, tenho algumas reunião pela manhã, mais nos vemos pela empresa. E Fernando, peço que acompanhe Ana até o local que ela vai ficar.
- Pode deixar!

Pegamos o elevador até o oitavo andar, era um andar tranquilo. Apenas pra reuniões.
- Esse andar não tem muito movimento, mais todos os dias tem reunião com clientes e empresários. Você vai ficar de secretária na entrada. Perto do elevador, apenas anotando algumas coisas e recebendo ligações.
- Parece fácil, acho que vou conseguir. - Disse ela. Ana passava uma calmaria grande, mais eu percebi que ela estava um pouco nervosa.
- Não se preocupe, tem uma mulher que vai trabalhar com você. E qualquer dúvida pode perguntar, combinado?
Ela apenas concordou com a cabeça, foi quando o elevador chegou.
Segurei na mão dela e ela olhou pra mim.
- Você vai conseguir, fica tranquila tá bom?
Ela me abraçou e me beijou, um beijo rápido mais com muito carinho.
- Eu não vou te ver durante o expediente?
- Não toda hora, mais algumas vezes. Eu não te disse, mais seu horário é só pela manhã. Tudo bem?
- Sim, é melhor do que nada. - Respondeu ela rindo.
- Assim você fica com a tarde livre pra fazer outra coisa, o que quiser.
- Obrigada de novo.
- Vamos.
Acompanhei ela até a entrada, e apresentei a Regina, que ia trabalhar juntas.
- Regina essa é a Ana, sua nova colega de trabalho.
- Seja bem vinda Ana. - Falou ela sorrindo.
Regina estava conosco a mais de cinco anos, tinha apenas 20 anos, mais já era experiente em tudo no ramo da empresa.
- Muito obrigada. - Respondeu Ana.
- Agora vou deixar vocês a sós, tenho muito trabalho pra agora.

Me despedi e peguei o elevador até meu escritório.
Assim que cheguei lá o meu celular tocou, era privado não dava pra vê número algum.
Atendi mesmo assim.
- Alô?
Esperei algum instante mais não responderam nada.
- Alô quem é? - Perguntei novamente, mas nada.
Desliguei e foquei no trabalho.

A manhã passou voando, quando olhei no relógio já estava perto de meio dia. A hora que Ana ia sair, e a hora da minha pausa pro almoço.
Desci pro andar que ela estava, e fomos até o estacionamento pegar o carro.
-... E ela me contou tudo, sobre as anotações de reuniões, os horários de cada advogado, foi bastante coisa mais deu pra processar.
- Com o tempo você já vai saber tudo. - Respondi enquanto abria o carro.
- Sim, eu amei o primeiro dia.

Entrei no carro e Ana foi pro outro lado pra abrir a porta, mais demorou a entrar.
Esperei ela e nada, ainda continuava de pé com a porta fechada.
- Bora? - Falei, mais ela continuou paralisada.
Abri minha porta pra ir até ela do outro lado, mais ela abriu a porta e entrou.
- Que foi meu amor?
Ela estirou sua mão e me entregou um papel, pequeno.

          SEUS DIAS ESTÃO CONTADOS ANA, APROVEITE ENQUANTO PODE.

- Onde estava isso? - Perguntei olhando pra ela.
Ela estava com uma cara assustada, e eu também me assustei.
- Tava colado na porta do carro... Quem pode ter feito isso?
- Não sei... Muito estranho.
- Você pode descobrir? Tem câmeras aqui?
- Tem sim, vamos fazer o seguinte. A gente vai almoçar agora, te deixo em casa e quando eu voltar vou procurar saber.
- Devo me preocupar?
- Não se preocupa Amor... Vou resolver isso.

Fomos o caminho todo pra casa sem falar nada. Aquele bilhete havia sugado toda a felicidade dela, em segundos Ana voltou pra estaca zero. Eu estava tão feliz em saber que ela estava feliz com o primeiro dia de trabalho,  e de repente tudo foi por água abaixo.

Enquanto Ana servia o almoço dela, eu pensava em quem poderia ter feito aquele bilhete. Cintia foi a primeira pessoa que me veio na cabeça, mais eu conhecia ela muito bem. Independente de qualquer coisa, ela não ia fazer isso. A outra pessoa que odiava Ana, era minha mãe. Mais não tinha chance dela fazer isso, ela mal sabia onde era meu escritório. Foi aí que me toquei, eu não comentei com ninguém que Ana iria trabalhar comigo, só se alguém tivesse seguindo a gente, mais não... Só entrava no prédio o pessoal da empresa. Eu tava sentindo que isso ia me dar muita dor de cabeça.
Assim que terminei de almoçar, coloquei o prato na pia. Ana mal mexeu na comida, o seu rosto ainda estava cheio.
- Sem fome? - Perguntei enquanto pegava um copo no armário.
- Sim... Acho que estou tensa, pelo trabalho e depois por conta desse bilhete.
- Quer suco? - Perguntei enquanto enchia meu copo.
- Só um pouco, tô meia enjoada. Tá dando enxaqueca.
Peguei outro copo no armário e coloquei suco pra ela.
- Você se preocupa demais com tudo Ana, tem que ficar mais tranquila com as coisas e conseguir ter controle.
- Eu sei... - Falou ela enquanto pegava o suco.
- Eu vou me molhar, já já tenho que voltar pra lá.
- Eu vou tentar terminar de comer. - Falou ela rindo.

Eu havia sentado na cama, quando Ana passou correndo pelo quarto invadindo o banheiro. Ela entrou e fechou a porta com toda a força, fazendo um barulho grande. Me levantei da cama pra ir até o banheiro vê o que tinha acontecido... Foi quando ouvi o barulho dela vomitando.
Não pensei duas vezes e abri a porta, encontrei ela sentava na frente do vaso segurando os cabelos enquanto colocava tudo pra fora.
- Amor, deixa eu te ajudar... - Falei enquanto pegava o cabelo dela pra amarrar.
- Não quero que me veja assim... Me deixa sozinha, por favor. - Falou ela enquanto tentava respirar mais tranquila.
- Não vou deixar você sozinha, tô aqui pra tudo lembra?
Ela não respondeu, e começou a vômitar novamente.
Prendi seu cabelo com um coque e coloquei uma presilha que estava no boxe do banheiro.
- Acha que ainda vem mais? - Perguntei quando ela parou.
- Não... - Ela se levantou e foi direto pra pia lavar o rosto.
- Desculpa...
- Está me pedindo desculpas por vômitar? - Falei rindo.
Ela riu e pegou a escova pra escovar os dentes.
- A ansiedade as vezes me dá enjoo.
- Você não me contou sobre. Devo me preocupar? - Perguntei enquanto dava descarga no vaso.
- Claro que não, está tudo bem. - Ela respondeu com a voz ainda trêmula, e meio que com vontade de chorar.
- De verdade verdadeira?
- Sim, verdade verdadeira. - Falou ela rindo.
- Bom, agora vou pro meu banho. Descansa um pouco antes de fazer outra coisa viu?..
- Pode deixar.

Deixei Ana deitada na cama assistindo, por mim eu ficaria o resto do dia com ela, mais eu tinha muita coisa do trabalho pra resolver, e ainda tinha que visitar as crianças no fim do dia.
Assim que voltei pra empresa, a primeira coisa que fui fazer, foi ir atrás das câmeras de segurança do estacionamento. Eu precisava saber quem havia colocado aquele bilhete no meu carro.
Assim que cheguei na sala de segurança, o vigia disse que as câmeras do estacionamento estavam sem funcionar há alguns dias, e infelizmente não tinha como me passar imagem alguma. Aquilo me deixou mais agoniado ainda, ela como procurar agulha no escuro.
Passei o resto do dia com a mente viajando, pensando em Ana e mandando mensagem a todo momento pra saber se ela estava bem, e ao mesmo tempo preocupado querendo saber sobre o bilhete. Podia demorar, mais eu ia descobrir.

Fernando ( Livro 2)Where stories live. Discover now