Capítulo 27 - Vai ser amanhã

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S/N

Nos últimos dias fiquei praticamente o dia inteiro explorando a parte externa daquele presídio. Todo dia eu fui lá usando perucas e roupas diferenciadas, apenas para garantir que não levantaria nenhuma suspeita. 

Observei cada detalhe, desde como cada policial entra e sai de lá, até como funciona o estacionando e onde ficavam posicionados os vigias no lado de fora, bem como as câmeras de segurança. É fundamental eu saber como funciona as coisas do lado de fora do presídio, até mais do que de dentro, até porque, quando eu entrar lá, muitas das minhas ações terão que acontecer no improviso. 

A coisa mais importante que eu descobri até agora é que aquele filho do capiroto do R. Smith sai todos os dias para o seu intervalo às 17 horas e ele sempre vai para a rua dos fundos, que é pouco movimentada e que há diversas árvores. Ele parece querer aproveitar esse tempo sozinho, longe de todos para relaxar enquanto fuma seu cigarro. Mal sabe ele que esse seu comportamento o fará ser minha vítima e minha porta de acesso ao presídio.

Agora, novamente estou aqui, olhando de longe para o presídio, escondida atrás de uma árvore acompanhando tudo por meio de um binóculos, só esperando a hora exata para entrar lá para observar um pouco o ambiente interno. Por mais que eu esteja disfarçada, vou esperar o horário que o R. Smith estará no intervalo para entrar, só para evitar esbarrar nele mesmo. 

Não demora muito para que eu veja ele saindo e indo para o mesmo lugar de costume. Então agora eu vou lá inventar um nome aleatório e perguntar se é nesse presídio que essa pessoa está. Bem que eu gostaria de visitar o Jake, mas para isso eu teria que apresentar um documento meu e eu não tenho permissão para visitar o Jake. Além do mais, minha identidade falsa ficará pronta só amanhã, então de qualquer forma, não será possível vê-lo. 

Me aproximo do presídio prestando atenção a cada detalhe do seu funcionamento, observo a circulação e como as viaturas entram e saem do presídio. 

Eu mal entro no presídio e já sou barrada por um policial. 

Policial: O que a senhora deseja?

Então eu, forçando uma voz doce e arrastada, falo:

S/N: Quero saber se é nessa cadeia que meu marido está, seu policial. 

Policial: Como é o nome dele?

S/N: É Robert Cooper. 

Policial: Me aguarde um momento aqui na recepção, senhora. 

Ele se afasta e eu fico ali, andando de um lado para outro, como quem não quer nada, mas atenta a cada detalhe e movimento. Percebo que há um policial que fica o tempo todo observando eu e mais duas mulheres que também estão na recepção aguardando alguma informação. 

De repente, eu vejo um policial se aproximando daquele que está nos observando e eu ouço o seguinte diálogo: 

Policial 1: R. Smith pediu para que você acompanhe ele na reunião que haverá amanhã. 

Policial 2: Onde e em que horário será essa reunião?

Policial 1: Só sei que não vai ser aqui em Duskwood e que R. Smith vai sair daqui depois do intervalo dele. 

Policial 2: Que saco, odeio essas reuniões. 

Paro de prestar atenção na conversa quando sinto uma mão tocar meu ombro e eu levo um pequeno susto. 

Policial: Senhora, não há nenhum Robert Cooper nesse Sistema Penitenciário.

S/N: Ah, não? Bom, obrigada. 

Ao falar isso, eu me retiro desse lugar, pois eu já obtive informações mais do que suficientes.

                                                                     ***

Já era noite quando eu chego na casa da Lilly. Eu tiro minha peruca, as lentes de contato e o lenço que cobria meu pescoço e eu começo a falar alto.

S/N: Lilly? Onde você está? Lilly?

Lilly: Estou tomando banho. 

Eu ouço ela gritar essas palavras e eu vou apressadamente até o banheiro e ouço o som do chuveiro ligado. Estou muito empolgada e ansiosa, então eu, eufórica, começo a bater na porta e a falar. 

S/N: Vai ser amanhã! Amanhã de tarde nós vamos colocar o plano em ação e eu vou salvar o Jake. Eu não estou nem acreditando que já está tão perto. 

Alguns instantes depois, Lilly abre a porta do banheiro e sai enrolada em uma toalha. Ela me lança um olhar confuso, mas empolgado. 

S/N: Descobri hoje que o chefão de lá, a autoridade que dirige o presídio, aquele filhote do capiroto que me deu o soco, o R. Smith, ele não vai estar amanhã no presídio depois das 17 horas, que é o horário de intervalo dele. Então é a oportunidade perfeita para eu me infiltrar lá no meio, pois tudo o que eu fizer lá dentro eu vou poder dizer que foi o R. Smith quem mandou e eles não vão poder questionar o R. Smith porque ele vai estar em outra cidade em uma reunião. E quando eles descobrirem tudo, o Jake e eu já estaremos longe. 

Lilly: Ai, meu Deus, então já vai ser amanhã mesmo? Eu estou começando a ficar nervosa...

S/N: Você ainda se lembra do nosso plano, não é? 

Lilly: Lembro, é claro. 

S/N: Perfeito. Eu não estou nem acreditando que amanhã nesse horário eu estarei junto com o Jake. 

Eu saio dali e vou para o meu quarto. Deito na cama e penso em todo o plano mais uma vez. Traço ele novamente na minha mente, passo por passo, assim como já tenho feito inúmeras vezes, durante os últimos dias. 

Por mais que eu esteja empolgada e confiante, é inevitável eu pensar nas possibilidades de algo sair errado e, sendo realista, as chances de isso acontecer são grandes. Mas vou deixar esses pensamentos de lado e focar no mais importante: salvar o Jake.

Continuo pensando em todo o plano e eu nem sei que horas eram quando consegui adormecer.

Amor ImpossívelWhere stories live. Discover now