INSACIÁVEL • jjk + pjm

By babyboonn

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[EM ANDAMENTO] Park Jimin é um jovem atordoado pela ninfomania, que se apaixona por Jeon Jungkook, um renomad... More

Avisos, Playlist e Cast.
Epígrafe
Meu corpo é o templo do prazer... E da culpa - I
Sobre totem, vícios e um xeque-mate - II
Treze pássaros azuis - IV
A carne busca mais carne - V
O peão do Rei - VI
Old money - VII
Meu pardal azul - VIII

A arte de perder - III

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By babyboonn

💋

Perder. Seis letras, duas sílabas, uma oxítona, um verbo transitivo e um sentimento violentamente destrutivo.

Elizabeth Bishop trouxe uma definição curiosa para o meu íntimo; de maneira tão traiçoeira que me fez enxergar algo muito simples, mas que poucas pessoas são capazes de compreender: Perder não é nenhum mistério.

Ela advertiu que muitas coisas contêm o acidente e somos capazes de perdê-las, mas, no fim, não é nada sério. E com o passar de minha vida, fui aprendendo a perder.

Perdi desde muito cedo, ainda quando menino e igual à todas as outras crianças. Começando pelo ensino fundamental, quando minha caixinha de giz de cera colorido, que deixei fugir dos meus olhos por um ínfimo segundo, desapareceu; perdeu-se de mim. Nunca mais pude encontrá-la.

Depois fui menos criterioso, perdi minha força de vontade e dignidade interna diante de tantos anos, curtos e longos, em que Yoongi ocupou a minha história; sugando cada gota de mim, pouco a pouco. Ele era um sanguessuga, todavia, no fim, sua sagacidade devorou-me com a rusticidade de um animal selvagem.

Lembro-me de um exato natal, tão colorido e radiante. Eu estava, pela primeira vez, sentindo-me completo, uma sensação muito particular e estranha, mas boa. Então Yoongi subiu no pequeno palco, que ficava ao fundo da enorme casa de praia em que estávamos. Ele docemente ligou o caraoquê e cantou.

Ainda posso relembrar a sensação de morrer e permanecer vivo dentro de um corpo. Posso sentir a premente e gélida brisa natalina, naquela noite enfeitada, com toda família reunida.

Consigo até ouvir sua voz eufônica, mas roufenha e doce, ecoar no microfone, naquela música tão mélea.

"A outra mulher vai sempre chorar até dormir

A outra mulher nunca terá o seu amor para manter

E com o passar dos anos...

A outra mulher vai passar a vida sozinha

Sozinha".

Senti que, de alguma maneira pressurosa, eu perdi; mas não é nada sério, porque essa é a arte de perder.

O problema é o que estou perdendo agora, o contratempo foi a falta de critério. Vejo minha vida se esvaindo de mim, diante de um tribunal; estou presenciando tudo escapar de minhas mãos, de maneira lenta e dolorosa. Por isso, sinto a necessidade de discordar de uma escritora fenomenal e poetisa importante do século XX.

A arte de perder não é um mistério, mas preciso manifestar: É muito sério.

Julgamento. 10 de setembro, 2020.

Xeque-mate... Isso foi o que Jung Hoseok pôde silabar lentamente para mim, não soprando som algum de seus lábios profanos; no entanto, ainda assim, ecoou como um grito poderoso, que me fez balançar sobre o banco de madeira maciça.

Para me sentir vivo, para conseguir existir em tal dolorido presente, segurei-me fortemente na bancada e senti um nó insistente ralhar minha garganta.

Não funcionou, permaneci em meus próprios pensamentos, preso à minha ruína, como se fosse impossível arrancar-me de lá. Eu enxergava todos, mas nenhuma palavra, nenhum som, nem mesmo um vagaroso gesto, eu conseguia captar ou transmitir, nem por um momento breve.

Mas quando os seus olhos pretos me olharam, fez-me abandonar o meu mundo, para de fato estar no mundo. Fazia-me parar de ouvir, para então cuspir minhas palavras entaladas.

Os seus lumes eram um desconforto cabível, que eu queria ter sobre mim, mesmo que da forma mais pesada possível. Pois, enquanto eu fosse o dono de sua atenção primária e absurda, se naquele ínterim eu permanecesse sendo a sua jóia rara; viver no mundo real, apesar de seu descômodo letal, seria o meu escape mais sutil.

Se os luzeiros doces de Jeon continuassem vívidos, buscando os meus e me entregando uma força que vem de dentro para fora, nada iria tragar-me, nem mesmo Jung Hoseok.

Como diz o provérbio italiano: No final do jogo peões e reis voltam para o mesmo lugar.

Jungkook vidrou-se em mim por segundos, e quando compreendeu o meu estado de pânico momentâneo, afastou seu olhar.

Muito tênue e calmo, ergueu-se de pé, mas ainda ficou curvado, mantendo suas duas palmas sobre a mesa, apenas a ponta dos dedos; ao tempo que lia algo sobre alguns papéis. Em seguida, volveu-se para o juiz.

— Meritíssimo, objeção. Gostaria de dizer que isto que o Doutor Jung acabou de fazer é uma espécie de interrupção de sustentação. — A voz roufenha se fez muito firme. — A acusação tinha um tipo de argumentação, que pode facilmente se tornar uma prova, mas negou-se a nos entregar. Guardou-a apenas para causar desconforto diante do júri. Isso atrapalha a continuidade do meu raciocínio.

— Tecnicamente isso não é uma prova, doutor Jeon. — Jung tomou a vez.

— Se você diz que o meu cliente está se contradizendo de maneira óbvia, sobre a sinalização da Bangtan Mills e que unanimemente o sinaleiro da estrada só fica vermelho quando algum outro carro vem pela transversal, significa que tem uma suposta prova à se avaliar. — Suspirou. — Eu trabalho com honestidade e esse acontecimento e situação está me impedindo de continuar. Perdão.

— Objeção aceita. A legislação permite a juntura de documentos e provas até três dias úteis, é a antecedência mínima — proferiu sobre o microfone de mesa. — Realizaremos uma pausa de quarenta e cinco minutos, para decidirmos se o julgamento irá prosseguir ou não.

O juiz ateu o malhete com força, como se não estivesse a fim de continuar ouvindo argumentos de ambas as partes.

Minha feição encontrava-se vazia, não consegui exprimir nenhum esboço de sentimento ou emoção, nem que muito esmerado, porque ainda me senti contra a parede.

Acompanhei Hoseok lentamente, cada movimento; ele deslizou os dedos pelo cenho, apoiando o cotovelo na mesa e abaixando a cabeça.

Sua insatisfação era a minha alegria. Apesar de tudo, uma chama se acendeu no meu cerne.

Jeon entregou duas grandes pastas vermelhas para o jovem auxiliar, que estava ao lado dele. Ditou algo, que não fui capaz de ouvir ou ler de seus lábios; mas o estagiário aquiesceu continuamente e, utilizando uma agilidade curiosa, seguiu porta afora.

Kim Namjoon, o juiz, levantou-se em um movimento sólido, emitindo um suspirar pesado.

Analisei-o bem, era mais um dos homens que possuía a minha vida na palma da mão.

Ele tinha fios lisos, mãos grandes, pernas compridas e um corpo aparentemente forte, que se escondia na bem veste talar. Vi nitidamente a aliança dourada em seu dedo anelar, bem à mão direita. Um perfeito homem casado, com um rosto bonito e jeito interessante. Era até engraçado imaginá-lo vivendo fora dali.

Será que à noite ele consegue dispôr a cabeça sobre o travesseiro e dormir tranquilamente? Mesmo sabendo que muitas vidas estão à um malhete de acabar?

Será que quando ele janta com a sua família reunida, naquele restaurante caro, após um longo dia de trabalho duro, ele ainda pensa nas pessoas que julgou?

Será que quando ele faz sexo com a sua esposa ou seu esposo, ele atinge as profundas do prazer? Mesmo que a sua vida inteira se resuma à condenar outras vidas?

Se eu fosse ele, não teria paz; nem por um milésimo.

Quando o juiz se distanciou o suficiente, desviei totalmente. Fiquei tão concentrado em analisá-lo que sequer percebi quando Jungkook retirou-se da sala, solitariamente, sem mim.

Um auxiliar logo aproximou-se, ajudando-me a descer os três degraus curtos.

Agradeci a gentileza, mas o homem nada me respondeu; apenas continuou caminhando comigo, até me deixar na sala de espera, a mesma do início. Ficava a menos de cinco metros da antessala oficial de julgamento.

Suspirei aliviado quando percebi que estava sozinho naquele enorme ambiente. Encostei-me na porta, para garantir que não iriam abri-la. Fechei meus lumes e me fiz uma pergunta sem resposta: Quando tudo isso terá um fim?

O anseio de chorar estava vivo dentro de mim, com tanta intensidade que custou-me engolir o choro. Mesmo com muito esforço, tanto que meu rosto se tornou vermelho como um tomate e minha cabeça doeu, em uma pontada de tontura e pressão, fiz o que me cabia, o que era necessário e justo: Respirei.

Deslizei minhas mãos curtas pelo rosto, em seguida dei dois tapinhas em minhas bochechas. Controlar a minha ânsia era uma necessidade, para não acarretar uma crise de ansiedade ou uma excitação péssima e inoportuna.

Abri a limiar, observei o lado esquerdo do corredor e depois o lado direito, estava vazio. O chão era macio, coberto por um tapete indiano, que mais parecia carpete de asilo.

Andei até o bebedouro, puxei um pequenino copo descartável, que estava preso a um porta-copo extenso.

Após alguns anos sofrendo de leves e fortes ataques de ansiedade, descobri que beber água gelada e respirar poderia me acalmar e evitar qualquer mau acontecimento. Era uma solução engraçada, mas meu corpo parecia realmente entrar em estado de relaxamento quando bebia um líquido gélido lentamente.

— Então, traidor... A água está boa? — Escutei a voz conhecida ecoar atrás de mim.

Rapidamente, inclinei meu corpo, podendo ver a feição descabida de Hoseok. Ele ainda tinha aquele ar presunçoso, aquele gostinho de vitória impregnado em sua boca, tanto que transparecia em sua faceta. 

Uma raiva sucumbiu-me à cabeça, tanto que a minha respiração desregulou e, sem sequer perceber, amassei o copo descartável, derrubando toda água no tapete. 

— O que você quer? — questionei raivoso. — Você não deveria me alfinetar ou ser tão contra mim, Jung Hoseok.

Olhei bem nos seus olhos, mantendo uma seriedade inebriante; contudo, ele somente riu.

— Tenho pena do Jungkook... Deve ser muito triste ser um homem formado, inteligente, rico, bonito e ainda ser manipulado por alguém tão inferior e jovem. — Debochou, rindo ladino.

Tal modo maldoso de agir despertava o pior que há em meu cerne. Quando eu acreditava que todo o meu pior estava aflorado, mais uma pétala desabrochou, mostrando o sabor do veneno amaldiçoado e bendito que habitava-me.

— Triste deve ser viver a sua vidinha medíocre — refutei. — É tão patético ver você tentando ser como o Jungkook, tentando ter tudo o que ele tem. Inclusive, esse alguém para "manipular".

Cruzei os meus braços, mirando-o ferozmente, mas a minha voz insistia em soar distante.

Jung bufou em raiva, pude ver seu peitoral subir e descer. Eu sabia, ali abrigava a inveja disfarçada de amizade e o amor corrompido e dissimulado pelos padrões familiares de uma sociedade enternecedora.

Hoseok se aproximou de mim, ficando à minha frente, encurralando-me. Sua mão correu para o meu braço fino, apertando-o com brutalidade.

— Você é patético, Jimin — sussurrou.

— Lembre-se de tudo o que eu sei sobre você, Hoseok... Sobre o Yoongi, sobre mim! — Tremi para falar. — Sua linda amizade e irmandade com o Jungkook pode estar com os dias contados se continuar me perseguindo assim.

Puxei meu braço, fazendo ele soltar-me.

— Sei que não falará nada para ele. Sabe por quê, meu querido ruivinho? — questionou, sorrindo e em um ciciar sorrateiro. — Porque você jamais iria se prejudicar em nome da verdade.

Franzi o cenho, totalmente desentendido. Minha feição estava incrédula. Como Hoseok poderia pensar tão mal de mim?

— Oh, Hobe... Espere e verá. Eu dou cinco tiros no meu pé, para dar apenas um na sua cabeça.

Me senti como um animal perigoso e raivoso, tanto que rosnei instintivamente. Tornei-me confuso por dentro, odiava quando a raiva ganhava espaço, principalmente daquela maneira absorta.

Hoseok pegou o meu braço novamente, mas desta vez com uma força apta para machucar. Empurrou meu corpo contra a parede, batendo a minha cabeça; fazendo-me sentir uma tontura violenta.

Ele colou seu corpo ao meu, e eu virei a face, evitando-o. Hoseok encostou a ponta do seu nariz em minha bochecha, perigosamente perto; tão grudado que senti sua respiração morna e bufante, fazendo-me querer gritar, mas engoli, segurando a aversão.

— Basta você falar um "a", apenas um "azinho". E eu acabo com a porra da sua vida. — Cuspiu as palavras, em uma raiva transbordante.

Em seguida, atirou-me no chão, mas não caí, consegui segurar-me, de alguma maneira desajeitada, sobre a parede.

Jung apenas saiu caminhando tranquilamente, como se não tivesse feito absolutamente nada. Agia sempre assim.

Esse é o maior problema de garotos que foram criados para ter o mundo em mãos. Eles perdem o senso de humanidade e não enxergam nada além do próprio umbigo. É deplorável.

"Filhinhos de papai" tratam vidas como um lixo, um jogo, uma coisa imprestável.

É por isso que sempre me orgulhei das minhas raízes, de quem eu era e de minha mãe. Éramos pobres, humildes, mas ricos de humanidade. Entre tantos defeitos que tenho, uma qualidade posso ressaltar.

Sou um ser humano que tem noção de como dinheiro não compra caráter; mas que pode corrompê-lo.

Apoiei a palma sobre o peito, sentindo o meu coração bater celeremente. No entanto, decidi ignorar tudo ali, criou-se uma necessidade maior em mim, e era a necessidade de Jeon. Eu precisava vê-lo, saber porquê sumiu tão rapidamente da minha vista.

Confesso que o medo que sinto de decepcioná-lo é gigantesco. Ele sair sem mim foi esquisito, sei que Jeon não se porta desta maneira; logo deduzo que ele está irritado com a situação ou comigo.

Conheço o meu homem, até os seus mínimos detalhes de escape.

Quando está nervoso Jungkook decide que o silêncio pode resolver qualquer problema. Ele acende um cigarro, olha para mim e sussurra que me ama, mesmo corroído de raiva ou tristeza.

Há essa altura, ele deve estar em algum lugar lá fora, respirando um ar puro ou poluindo o ar com a sua cigarrilha de alto valor.

Caminhei até o elevador, subindo para a cobertura do fórum. Já conhecia àquela parte reservada e deserta do lugar.

Uma vez, quando recebi a minha primeira multa de trânsito, fui chamado aqui, para que o juizado de trânsito pudesse decidir qual seria o pagamento ou de que maneira a punição iria prosseguir.

Nesse dia a fila de espera estava tão gigantesca que fiquei vagando pelos corredores. Jeon veio me buscar, mas ainda havia muita gente em minha frente. Acabou que subimos e ficamos conversando lá em cima.

É triste pensar que um dia guardei uma lembrança boa aqui dentro, mesmo que agora só reste essas novas memórias dolorosas.

Quando o elevador abriu, analisei o lance de escadas, eram estreitas e curtas. Apressei-me, mas subi lentamente, visto que tenho um grande medo de altura.

Não foi necessário uma procura meticulosa, assim que pisei na cobertura vi Jeon. Ele estava apoiado no muro, que impedia-o de cair, enquanto analisava a vista. Não era um lugar terrivelmente alto, mas o suficiente para oferecer um aprazível panorama.

— Você disse que iria parar... — falei em alto e bom som, apesar de utilizar um timbre manso.

Jungkook virou sua estrutura em minha direção e abriu um sorriso, que deixou-me com pernas bambas de paixão, para logo depois levar seus dedos longos, que seguravam um cigarro preto, Djarum Black menthol, entre eles, até seus lábios, puxando o fumo e soltando a fumaça, sem tragar.

— Eu me sinto ansioso, é necessário — confessou e sua voz exalava uma paz infinda. — Mas não vou tragar, prometi isso para você, anjo.

— Isso vai matar você um dia — falei convicto, como se pudesse amedrontá-lo.

— Tudo o que me mata me faz sentir mais vivo.

Jeon puxou mais uma vez e soltou o vapor que esvaiu-se com o vento forte.

Imaginei como deve ser difícil não tragar, é como mastigar a comida e não engolir ou como transar e não gozar; mas mantive a certeza que à abstinência parece pior. Eu compreendo as necessidades dele, porque entendo de vício.

Observei-o apagar o cigarro, que ainda estava pela metade, e lentamente aproximei-me, sentindo o cheiro mentolado agradável. Abracei seu corpo forte e encostei meu rosto em seu peitoral, ouvindo o coração bater fortemente.

— O sinal estava vermelho, eu juro... — ciciei.

— Pode ficar sossegado, eu acredito em você, meu amor. — Deixou um beijo sobre o topo da minha cabeça e acariciou minhas costas. — Consegui contato com um colega que conhece o dono da filial do posto Obama. Ele disse que em quinze minutos consegue as filmagens daquela noite.

Jeon realmente estava se esforçando para me salvar desta enrascada que me meti. Sinto o seu amor através dessas diligências.

Desde o primeiro dia em que nos vimos, eu senti o meu cerne aquecido e borboletas no estômago, mas julguei ser hormônios jovens à flor da pele. Conquanto, depois que nos beijamos pela primeira vez, depois que fizemos sexo pela primeira vez, depois que pude olhá-lo e dizer, "eu te amo"... Entendi que era além de hormônios ou paixão platônica, fôra como se o meu coração pertencesse à ele, sentia-me seguro.

Nunca consegui gostar firmemente de alguém, era complicado demais me relacionar romanticamente com as pessoas e pior, manter um relacionamento monogâmico.

Todas as minhas mínimas tentativas deram errado, mas com o Jungkook não, com ele deu certo. Estamos juntos há quase quatro anos. Penso que é bastante tempo para um casal jovem, a maior parte dos cônjuges sequer conseguem passar dos seis meses.

Fomos feitos um para o outro, como almas gêmeas. E Jeon é com certeza o alguém especial que quero para o resto da vida. Nunca senti tanto carinho, nunca senti tanto desejo e nunca recebi tanto amor quanto recebo dele.

12 de outubro, 2015.

A minha mãe, conhecida também como Margaret Park, teve a sorte ou o azar improvável de dar à luz exatamente no dia de seu aniversário. Isso supervalorizou a data entre nós e nosso círculo de amigos.

Todos os anos, nesta data tão memorável, a minha mãe, Min Yoongi e Kim Taehyung, que é o meu melhor amigo; nos reunimos e comemoramos com uma espécie de festa do pijama.

Desde que me entendo por gente isso acontece, é como se fosse uma lei entre nós ou algo sagrado.

Eu não reclamo, é muito divertido e tenho direito à todas as coisas que um aniversariante poderia querer; incluindo a felicidade de ver a minha mãe, que é muito trabalhadora, tendo um dia de total folga e diversão.

Cada ano escolhemos temas diferentes. Já fizemos festa do pijama tradicional, com tema coreano de doramas, piratas, boate neon, anos oitenta e tudo o que possam imaginar. Compramos tanta comida que dura para três dias seguidos.

Com o passar do tempo, Yoongi casou com Jeon Jungkook e ele acabou entrando nessa nossa tradição. Apesar de ser um homem sério e calado, ele agregava positivamente com seu humor momentâneo, mas, apesar disso, divertido.

Agora é doze de outubro e falta apenas um dia para o meu aniversário. Esse ano as coisas precisarão ser diferentes.

Taehyung está em uma viagem com sua mãe, então não poderia vir. Os pais dele haviam se separado há poucos meses e a guarda ainda estava à se desenrolar, então ele acabava ficando um mês em cada casa. Apesar de não ser cidades tão distintas, eu compreendi que era inviável ele vir para comemorar comigo.

Existia uma outra coisa diferente desta vez... Meu tio Yoongi, que parecia bastante esquivo e calado. Sua feição exausta e de sobrancelhas unidas denunciava uma irritação guardada.

Ele sequer veio falar comigo. Desde que chegou não passou pelo meu quarto, nem para dar um "boa tarde" ou apenas olhar à minha existência.

Levantei da cama assim que ouvi uma conversa sendo iniciada, fiquei curioso.

Aí estava a única e solitária vantagem, e também desvantagem, de morar em um apartamento minúsculo. As paredes são finas e dá para ouvir absolutamente tudo e com uma precisão absurda.

Caminhei para sala, como quem não quer nada. Observei alguns balões espalhados e assim que perceberam a minha presença, minha mãe e Yoongi, tornaram-se assustados.

— O que foi? — questionei, franzindo o cenho e caminhando para me jogar sobre o sofá-cama. — Eu estou atrapalhando?

Minha mãe sorriu para mim, jogando um saco de balões coloridos, acertando precisamente o meu rosto.

— Ai! — emiti. — Isso doeu!

— Enche esses balões, aniversariante folgado. — Margaret balançou as sobrancelhas. — Pode continuar, Guinho.

Yoongi olhou para mim, de modo duvidoso, como se não pudesse confiar ou falar à minha frente.

— Acho que é inapropriado para o Jimin. Ele ainda é pirralho demais. — Seu timbre saiu pausadamente, como se fosse sério.

— Qual é, Yoon? Fala... — eu disse em um muxoxo. — E pirralho é o seu marido!

Mostrei a língua para ele, um pouco infantil.

Jungkook tinha vinte e nove anos, enquanto o Yoongi tinha trinta e quatro. Eu costumava zoar, porque esse assunto deixava-o bastante aflito.

Nunca entendi exatamente o porquê de tanta preocupação. Ele era um homem bonito e parecia muito mais jovem do que realmente era; enquanto que Jeon aparentava ser mais velho, talvez pelo jeito centrado e roupas sociais.

— Cadê o respeito, Park Jimin? — a mulher, a quem chamo de mãe, inquiriu-me, olhando para mim ladina.

— Tudo bem, Mada. Eu até estou acostumado — Yoongi ditou, rolando os olhos para mim.

Abri o saco de balões e percebi que tinha todas as cores, menos amarelo. Suspirei, soltando o ar com peso, em um muxoxo sem palavras.

Sempre achei normal ter mais coisas para minha mãe do que exatamente para mim, nunca me importei. Mas sabe... Vai ser o meu aniversário de dezenove anos e tudo anda meio de mal à pior, e balões amarelos fôra a única coisa que pedi ao Yoongi. Tornei-me decepcionado com pouco.

— Yoon, me empresta seu celular? — pedi docemente, para convencê-lo mais rápido.

— Para que você quer o meu celular?

— Ah... Vou pedir para o Jungkook trazer alguns balões amarelos.

Yoongi aquiesceu sutilmente e jogou o seu celular para mim, como se fosse um objeto qualquer. Segurei o smartphone no ar, tremendo para não deixá-lo cair. Gente rica só faz coisa maluca.

— Eu duvido muito que ele traga os balões, melhor você ir comprar sozinho — aconselhou-me.

— Certo, esqueçam os balões. Agora volta para o assunto principal, porque quero saber o porquê você está com essa carinha murchinha — Margaret disse, mirando Yoongi.

— Sabe... Ultimamente eu ando realmente frustrado — confessou em um suspiro.

— Por que, Guinho? Você parece sempre tão contente — minha mãe falou, em tom preocupado.

Yoongi era o melhor amigo dela. Eles se conheceram em um acampamento quando adolescentes e se deram tão bem que a amizade perdurou-se por anos, até hoje. São como unha e carne.

— O Jungkook é difícil de lidar, estar casado é complicado demais! Tenho que me dividir em dois e você me conhece... O trabalho pede muito de mim e eu ofereço tudo o que tenho para isso.

— Então o Jeon está incomodado com a sua ausência? — A voz feminina inquiriu.

— Por parte sim, mas não é exatamente isso. — Respirou profundamente, em visível desgaste. — É porque não estamos indo muito bem com coisas pessoais...

Então ele bateu o peito da mão sobre a palma, repetidamente; emitindo um estalar de peles, à medida que fez uma feição tímida.

Meus lábios abriram-se em um perfeito "o" de genuína surpresa.

Sempre imaginei que o Yoongi e o Jungkook transavam loucamente. Achei que era coisa de gente casada.

— Ele não está dando conta? — minha mãe interrogou.

Com uma agilidade muito efetiva e em um quase desespero, Yoongi negou.

— Não, ele está dando conta até demais... E é esse o problema.

Franzi o cenho, totalmente confuso.

Quem em sã consciência reclama de estar transando com um cara que "está dando conta até demais"?

Minha mãe começou a encher um balão azul e quando ele estava bem inflado, amarrou-o, jogando-o no chão, todavia, ainda mantinha os lumes sobre Yoongi.

— Chego do trabalho muito cansado, juro, Mada. — Fez um bico. — Parece que estou inteiramente quebrado e não dou conta de fazer sexo.

— Mas isso é normal, Guinho. Eu também passei por isso quando estava casada com o pai do Jimin — explicou. — Você precisa esclarecer a situação para o Jungkook.

— Fiz isso e ele me respeitou e até parou de me chamar para transar. — Seu tom parecia muitíssimo insatisfeito e me causava confusão. — Mas não é só isso o ponto-chave do problema... Estou com vergonha de dizer.

Eu sentia-me tão inerte naquela conversa pessoal que parecia estar vendo uma novela. Nunca fui de fofocar, mas queria realmente entender e saber o que Yoongi estava escondendo.

— Não precisa ter, sou a sua melhor amiga e até o Jimin já abriu parte da vida pessoal dele para você... A satiríase. — Foi bastante pontual. — Então pode perder a vergonha, você está entre pessoas que pode confiar cegamente.

Yoongi sorriu fraco e assentiu lentamente.

— É que eu gosto de sexo mais selvagem — falou de uma única vez, cobrindo o rosto. — E o Jungkook é muito bom nisso, mas eu gozo e ele demora tanto para chegar lá. Acho péssimo continuar, sendo que já gozei, porém me sinto horrível por ter preguiça de fazer ele ter um orgasmo também.

Ligeiramente levei meus olhos até minha mãe e assisti ela abrir e fechar a boca algumas vezes, como se faltasse palavras para respondê-lo.

— É que sexo é uma troca de prazer, Guinho. Você deveria querer que o Jungkook também gozasse — falou pausadamente, quase didática. — Já tentou terminar com um boquete ou uma punheta?

Pressionei os meus lábios, reprimindo a vontade de rir, porque ver a minha mãe falando "boquete" e "punheta" foi a coisa mais constrangedora e nova da minha vida.

— Não tenho paciência para essas coisas. Sério, meu braço dói, minha boca cansa e ele demora demais! — Rolou os olhos em notório tédio.

— Eu nunca vi alguém com preguiça de transar, que isso, tio Yoon! — eu disse com sinceridade, olhando-o estranho.

— Não é exatamente preguiça. É quê... — Ele próprio se interrompeu. — Vou falar algo para vocês, mas é segredo, certo?

Assenti rapidamente e minha mãe fez o mesmo.

— É que o Jungkook tem um problema com ejaculação, então ele demora mais que o convencional para gozar — alegou, estalando a língua. — E sério, dou por tanto tempo que minha bunda fica doendo por uns três dias e minha coluna... Nossa, nem se fala.

— Ele tem que tipo de problema exatamente? Podiam procurar remédios para tratamento. — Margaret sugeriu.

— É anejaculação — ditou. — Acho que não tem exatamente um tratamento.

Tornei-me atônito à conversa, mas apenas por alguns segundos. Fiquei pensando na imagem de Jeon. Ele parecia completamente perfeito, mas não era. Tinha um problema, e isso me fez sentir menos solitário no mundo.

Ter um problema ou transtorno "sexual" é complicado quando se é homem. Todos pensam que é uma maravilha ser assim.

Qualquer pessoa que fica sabendo da minha hipersexualidade acha uma delícia querer fazer sexo ou ficar excitado muitas vezes ao dia. Tenho a completa certeza que muitos outros caras devem achar o máximo demorar para gozar.

— E o Jungkook anda reclamando sobre a falta de "dar uma dentro"? — o timbre feminino questionou.

— Não exatamente, mas sou eu quem sinto falta de fazer sexo e sinto que ele fica muito estressado quando não fazemos por muito tempo. — Abaixou os ombros, como se estivesse cansado. — Ele fica mais sério e isso me estressa, acaba que brigamos por qualquer coisa. E para atualizar vocês, não transamos há dois meses.

— Mas você já sabia que ele era assim quando estavam namorando, não é? — perguntei.

— Sim, eu sabia. Só que estamos juntos há sete anos, eu trabalhava menos e tinha mais disposição. Agora eu ando todo desgostoso com minha vida sexual.

Dei de ombros, fazendo um bico pouco perceptível.

É muito ruim ser julgado por um problema que você não pode fazer nada para consertar ou controlar. Senti pena do Jungkook, ele deve sofrer por perceber que não consegue satisfazer o Yoongi de maneira comum.

Apesar de ter entendido que o tio Min não falava exatamente isso para o Jeon, eu tenho a experiência vívida em mim. Não precisa de muito para compreender que se é um problema.

— Talvez se vocês forem mais devagar consiga aguentar por mais tempo. — Margaret, minha doce e esperta mãe, sugeriu a ideia que parecia no mínimo excelente.

— Até que dá certo, mas eu não curto, não sinto que estou no meu ápice. — Desceu o olhar. — Gosto quando fazemos de modo mais agressivo e o Jeon adora fazer assim, tipo: ama.

Desviei o meu olhar, deixando que ele pousasse sobre a televisão desligada e soltei o ar, em uma espécie de suspiro curto.

— Tenta fazer assim só uma vez no mês pelo menos, Guinho.

— Vou tentar... Mas o que mais temo é que isso afete nosso casamento, ando muito frustrado e com medo — expôs.

De alguma maneira maléfica e traidora, a minha cabeça me obrigou a imaginar como Jeon fodia selvagem; como ele gostava daquilo. Tornei-me inerte com apenas esse pensamento profano.

Lembrei do seu corpo forte e como ele era alto e charmoso. A voz tão rouca e o cheiro de perfume caro caía extremamente bem. Seus ternos davam-lhe um ar de homem inalcançável.

Então, naquele exato ensejo, um problema surgiu dentro de mim... Eu não conseguia mais parar de pensar em Jungkook me fodendo. Sequer havia tido experiências sexuais com outros homens, apenas beijos e mãos-bobas; todavia, de algum modo, meus pensamentos eram todos voltado à ele.

Imaginei-me completamente nu para Jeon, sentindo a língua morna percorrendo o meu corpo, depois os lábios finos tocarem os meus e seus dedos afundando dentro de mim, me preparando para receber o seu pau e me preencher com sua porra quente e sagrada.

Abri um devaneio onde Jungkook me comia de novo e de novo, até ele cansar de gozar. Porque eu seria insaciável.

Depois desta conversa o meu dia fôra totalmente arruinado, porque todas às vezes em que me peguei distraído, eu pensava em fazer sexo com Jeon, um homem casado.

Apesar de ser um desejo totalmente platônico, eu me sentia péssimo com isso. Tentei imaginar o Yoongi triste ou muito bravo comigo, mas não adiantava, no fim... Tudo terminava com eu e o Jeon pelados, suados e fodendo como selvagens.

Ao entardecer sereno, decidi que sonhar não seria exatamente "errado" e talvez me tocar pensando nele não seria nada demais. Era um segredo meu, e ninguém saberia disso.

Naquele dia doze, Min Yoongi alimentou uma coisa crescente dentro de mim; a ideia de que eu e Jungkook éramos igualmente insaciáveis, mas não apenas isso, era mais e eu compreendia bem: Era genuíno tesão.

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💋 OIIIIÊ, PESSOAAAAL! COMO VOCÊS ESTÃO? 💋

Esse é um dos meus capítulos favoritos, espero que gostem, foi uma delícia revisar ele, porque o Jimin parece tão intenso, e eu amo isso!

Qual será o segredo do Jimin e Hoseok? huuuuuum... Palpites?

É bem claro que os Yoonkook têm um probleminha e andam mal resolvidos! Vocês irão ver mais disso no próximo capítulo! Além do Jimin estar cobiçando o homem do próximo! 

E agora, vocês são: TEAM JIMIN INOCENTE OU TEAM JIMIN CULPADO?

Próxima atualização: 10 de novembro!

Fiz referências a música "Counting Stars - OneRepublic" <3

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