Monster -2Shin

By loveISsadistic

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Shin Ryujin, uma agente de missões especiais, foi escolhida para ser enviada a um lugar completamente diferen... More

Capítítulo 1
capítítulo 2
capítítulo 3
capítítulo 4
capítítulo 5
capítítulo 6
capítítulo 7
capítulo 8
capítulo 9
capítulo 10
capítulo 11
capítulo 12
capítulo 13
capítulo 14
capítulo 15
capítítulo 17
capítulo 18
capítulo 19
capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
capítulo 24

capítulo 16

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By loveISsadistic

-Ok, eu vou falar pra ela. – Yeji comentou baixo na mesa enquanto tomávamos café da manhã –

-Ai sim hein. Quero saber o final dessa história. – Jennie falou, tocando no ombro da loira –

-Eu também quero. Amanhã quero as duas de mãos dadas como dois pombinhos apaixonados. – falei e Yeji revirou os olhos, jogando um papel em mim –

-Sim, com certeza. Amanhã mesmo vamos nos casar. – falou bufando – Isso é, se ela quiser.

Continuamos conversando por um bom tempo, até a sirene tocar, avisando-nos que era a hora de irmos para as celas. Peguei o café da manhã de Yuna e resolvi esperar as garotas para irmos juntas até o corredor do medo.

Eu tinha que conversar com Yuna sobre as coisas que ficavam rodeando minha cabeça. Sei que era um assunto pesado para se tocar logo na parte da manhã, mas não tinha outra opção. Eu queria saber dessas coisas o mais rápido possível para poder ajudá-la.

Entrei rapidamente no quarto de Yuna, assustando a mesma, que deu um pulo enquanto saia do banheiro.

-Meu Deus! – colocou a mão no peito, encostando-se na parede, o que me fez sorrir –

A garota tinha os cabelos molhados e usava roupas leves. Hoje estava um dia mais quente. Ela respirou fundo e olhou para mim, perguntando silenciosamente o que diabos era aquilo.

-Desculpe. – falei ainda sorrindo – Gosto de assustar as pessoas.

-Alguém já te falou o quão você é idiota? – perguntou e eu dei de ombros –

-Muitas pessoas. – comentei andando em sua direção e entregando-lhe sua refeição – Aqui.

-Então terá mais uma. Você é muito idiota. – falou e eu sorri largamente enquanto fechava os olhos – Obrigada. – ela pegou a marmita de minhas mãos e saiu da porta do banheiro, sentando-se ao chão no centro do quarto –

Fui até ela e sentei-me em sua frente, vendo-a descascar uma banana devagar.

-Certo. Vamos conversar. Com seriedade. – falei e ela olhou para mim, mordendo a banana -

-Uhum. – resmungou –

-Tenho algumas perguntas para fazer, ok? – ela deu de ombros – Não quero ser intrometida.

-Você já é intrometida. – revirei os olhos – O que? Você nem percebe.

-Desculpe por isso. – ela sorriu, mordendo a fruta novamente – Ok. Primeiro... Você tem alguma outra habilidade? – perguntei e ela negou –

-Não que eu saiba.

-Beleza. Eu ouvi dizer que quando você chegou aqui matou várias pessoas, é verdade? – ela assentiu – Você lembra-se disso?

-Sim. – mordeu a banana novamente. Ela não parecia estar incomodada com a conversa –

-Quantos anos você tinha? Você os matou com a telecinese, não é?

-Quinze. Sim. – sorriu, estalando os dedos – Em um estalar de dedos.

-Antes disso você ficava aonde? – ela olhou para o teto com uma cara pensativa –

-Em um lugar bem pior.

-Ok. Algo sobre esse lugar que queira me contar? – ela colocou a casca da fruta dentro do pote, pegando um iogurte e abrindo o mesmo –

-Era horrível. – falou, bebendo o iogurte. Ok, ela não estava confortável para falar sobre aquilo –

-Certo... Sabe, às vezes eu sentia um desconforto quando estava em sua presença... – mudei de assunto – Você sabe que isso acontecia? – ela assentiu –

-Todos têm esse desconforto. – falou –

-Você sabe o porquê? – ela negou, tomando mais um gole do iogurte –

-Não. – falou –

-Certo. Uma pena. – ela assentiu –

-Sim, eu poderia desfrutar muito disso. – cruzou as pernas – Agora eu tenho perguntas para você. – levantei as sobrancelhas e coloquei a mão no peito –

-Pra mim? – ela assentiu, terminando o iogurte e colocando o pote ao lado da casca de banana. Logo vi aquilo flutuar e ir direto ao banheiro –

-Aham. – resmungou – Quero saber se Jisoo está bem. – franzi o cenho, assentindo –

-Sim, está... Jennie disse que—

-Jennie. Sim. – sorriu –

-O que? – franziu o cenho –

-Nada.

Olhei para o lado enquanto mexia os dedos nervosamente. Suspirei e voltei a olhar para Yuna.

-Sabe... – ela falou depois de algum tempo – Eu gostei de te beijar. – engoli seco –

-Eu... Também. – gaguejei e quis bater minha cabeça na parede por isso. Yuna sorriu parecendo um pouco envergonhada –

-Gostei daquela musica também. – deu de ombros e eu sorri, olhando para a garota. Ela olhava para as mãos e mordia o lábio – Ela é bem bonita.

-Sim. – assenti –

Ficamos em silêncio novamente.

Eu podia ver Yuna respirando devagar, bem diferente de mim. Mordi o lábio e me aproximei da garota, tocando em sua mão. Ela olhou para mim e respirou fundo, com a boca entreaberta.

-Eu... –comecei. Yuna piscou algumas vezes – Se você não me parar, eu vou...

Yuna sorriu, tocando em meu rosto e levando-o em direção ao seu, fazendo com que nossos lábios se tocassem levemente.

Levei uma de minhas mãos até sua nuca, fazendo um carinho devagar ali e sentindo-a tremer um pouco. A garota segurava meu rosto de um jeito delicado e gentil, assim como seu beijo.

Sua boca era macia e suave, o que me fazia não querer parar de senti-la. Mordi seu lábio e puxei devagar, sentindo-a suspirar baixinho contra minha boca. Sorri, dando um selinho nela antes de me separar para observá-la. Yuna tinha as bochechas coradas e os olhos levemente fechados. Beijei seu nariz e ela sorriu.

-Isso é bom. – falou baixo –

-O que? – perguntei no mesmo tom, sem me afastar dela –

-Isso. Não sei o que é. – sorri, vendo-a abrir os olhos –

-Sim, é bom. – assenti devagar –

-Você sabe o que é?

-Bom, da minha parte eu sei. – ela franziu o cenho – Eu gosto de você. – franzi os lábios e ela não mudou de expressão. Seus olhos mostravam compreensão – Não quero respostas. Sei que é um assunto bem complicado de se discutir. – ela sorriu de canto – Só queria que ficasse claro.

-Eu já tinha entendido isso com a música. – falou sorrindo -  

-Não sei. Vai que você não tivesse captado a mensagem? – ela negou com a cabeça, me abraçando e colocando o rosto na curva do meu pescoço, como da ultima vez –

-Eu captei. – falou baixo – Obrigada. – sorri –

-Pelo o que, exatamente? – escutei-a rir –

-Isso.

-Certo. – respondi, sentindo seus dedos apertarem minha blusa e sua respiração bem calma contra meu pescoço. -

Yuna estava me passando um sentimento muito bom, eu não sabia exatamente o que era, mas sabia que era algo parecido com aquelas outras vezes, sendo que bem melhor, afinal, era feliz e me deixava completamente à vontade ali naquele abraço. A garota parecia tão calma que aquilo me deixou calma também. Sorri e fechei os olhos, apenas aproveitando cada minuto daquele momento.

**

-Eu falei. – Yeji disse sentando-se em minha cama. Eu sorria boba –

-Sério? E ai, o que ela disse? – a loira deu de ombros –

-Ela disse que já sabia. – ri. Eu sentia meu rosto e minhas mãos quentes, assim como todo o meu corpo. Era uma coisa bem gostosa que circulava por tudo –

-Nossa, então você dá muita bandeira. – ela riu – E então... Conseguiu algo? – ela franziu os lábios –

-Eu não sei. Ela disse que estava confusa. – levantei as sobrancelhas – E eu entendo. – assenti – E Yuna? – sorri ainda mais – Ai, lá vem...

-Eu estou muito feliz. – respondi –

-Tô vendo. – ela riu e eu também –

-Eu nunca tinha sentido nada parecido antes, sabe? É muito bom.

-Ai, odeio gente apaixonada. – falou e eu bati em sua perna, fazendo gemer de dor –

-Então você se odeia. – ela sorriu –

-É, odeio mesmo. – falou, levantando-se – Quer saber? Vou encher o saco de alguém. Quer vir comigo? – franzi o cenho, negando em seguida –

-Não, obrigada. – ela assentiu e eu ri – Pode ir, ficarei bem sozinha.

-Ok. Adeus. – Yeji logo saiu da minha vista, deixando-me praticamente sozinha no dormitório –

Olhei para os lados e suspirei, olhando para minhas mãos em seguida. Elas se movimentavam involuntariamente e estavam pálidas, como sempre. Fechei os olhos, pensando no que eu estava fazendo. Provavelmente os supervisores do lugar já sabiam sobre mim e Yuna. Mas porque estavam deixando-me continuar com aquilo? Era errado. Eu sabia que era errado. Mesmo nunca tendo um aviso dizendo que era errado, eu sabia que era.

Olhei para uma das câmeras na parede do dormitório e fiquei encarando-a. Aquilo era uma das maiores palhaçadas naquele lugar. Tomei um susto com a sirene tocando, avisando a hora do almoço. Suspirei e levantei-me, caminhando até a saída do dormitório dando uma ultima olhada na câmera, sentindo que naquele exato momento, existia alguém me observando por ela.

**

Terminei meu almoço e, com os remédios de Yuna já em meu bolso, peguei sua refeição e esperei Jennie para ir comigo até o corredor. Jisoo havia voltado ainda hoje de manhã.

-Espero que já esteja tudo bem. – comentei e Jennie assentiu –

-Sim. Vou brigar com ela. – ri – Yuna ia matá-la. – assenti, parando em frente à porta do quarto de Yuna –

-Diga para ela se acalmar. Amanhã não quero ter algo desse tipo novamente. – Jennie assentiu, continuando seu caminho até o final do corredor –

Abri a porta do quarto e entrei, vendo o mesmo todo escuro. Andei alguns passos para dentro, deixando a porta aberta. O que não durou muito tempo, pois logo um estrondo tomou conta de todo o quarto, fazendo com que eu prendesse a respiração no mesmo momento.

-Te assustei? – escutei a voz baixa de Yuna perto da minha nuca e soltei o ar na hora –

-Isso não se faz. – falei baixo, virando-me e vendo apenas a sombra da garota em minha frente –

-Desculpe. Gosto de assustar as pessoas. – ela repetiu o que falei mais cedo e eu sorri –

-Isso é jogo sujo. – escutei-a rir baixo –

-Não pode brincar comigo. – falou e a luz acendeu sozinha, fazendo com que eu fechasse os olhos rapidamente por causa da claridade – Achei que já tinha aprendido isso. – Yuna tocou em meu ombro e eu abri os olhos novamente, vendo-a sorrindo e pegando seu almoço de minhas mãos –

-Eu gosto do perigo. – falei sorrindo e Yuna levantou as sobrancelhas – Achei que já tivesse aprendido isso. – dei de ombros e vi a garota morder o lábio, andando até sua cama em seguida –

Percebi que seus cabelos estavam molhados e seus braços e pernas estavam sem hematomas escuros, apenas a marca de queimadura em seu braço – que estava mais clara que antes -, o que queria dizer que eles provavelmente não haviam batido nela naquele final de semana.   

-Eles fizeram algo com você esse final de semana? – resolvi perguntar, por via das duvidas. Yuna se virou e negou com a cabeça–

-Não. – falou e cerrou os olhos – Você não fez nada, não é? – neguei rapidamente – Acho bom.

-Por quê? – perguntei –

-Não quero você se metendo com essa gente. – levantei as sobrancelhas –

-Por quê? – perguntei novamente e Yuna revirou os olhos, sentando-se na cama –

-Vai que eles resolvem fazer algo com você. Eles já sabem que... Bom, sobre isso. – apontou para nós duas – Eles podem usar isso contra você.

-Ma—

-Não se meta, ok? – franzi os lábios, olhando para o chão e assentindo devagar –

-Certo...

Ficamos em silencio por um tempo. Um silencio bem desconfortável, diga-se de passagem. Yuna percebeu aquilo e logo cortou:

-Amanhã... – começou, o que me fez olhar para ela, vendo que ela já estava praticamente terminando seu almoço – Amanhã quero fazer algo diferente. – franzi o cenho –

-Diferente? Como assim? – deu de ombros –

-Não sei ainda. Só não quero machucar ninguém. – sorriu cínica – Quero dizer... Só vou machucar se a pessoa merecer. – sorri negando com a cabeça – Estou brincando.

-Eu sei... – olhei para o chão – Sabe, é tão bom conversar com você. Antes, quando você não dirigia a palavra à mim, eu ficava realmente muito pra baixo, sei lá. – Yuna sorriu e eu retribui – Acho bem melhor assim. – assentiu –

-Eu também. Às vezes você é um saco e não cala a boca, mas mesmo assim gosto de sua companhia. – deu de ombros – Achei que depois daquela pessoa, eu não podia deixar mais ninguém entrar em minha zona de conforto. Mas dei uma chance pra você e olha onde chegamos.

-A gente ficou. – falei rindo e Yuna franziu o cenho –

-Ficou? Aonde? – ri ainda mais e ela continuou sem entender –

-É uma gíria. Quando duas pessoas... – tentei gesticular com a mão – Bem, ficam. Se beijam, fazem sexo...

-Ah sim. – falou – Então isso serve para as duas coisas? – assenti –

-Sim. É basicamente isso. – ela fez uma cara engraçada e negou depois, levantando-se e indo ao banheiro –

-E o que leva duas pessoas a fazerem sexo? – escutei sua voz e dei graças a Deus por ela não estar me vendo naquele momento, pois eu havia engasgado com o ar –

-Bom... – comecei – Muitas coisas. Paixão, diversão, loucura. É algo bem comum entre os seres humanos.

-Achei que... – Yuna apareceu na porta escovando os dentes – Era algo que os casais que se amam faziam para demonstrar o amor que têm um pelo outro. – falou de um jeito meio difícil de entender –

-É também. – dei de ombros –

-Você já fez isso, não é? – perguntou e eu assenti um pouco envergonhada e Yuna continuou escovando os dentes

-Não.

Era engraçado que Yuna não tinha nem um pingo de vergonha para falar sobre esses assuntos. Raramente ela ficava com vergonha de alguma coisa e aquilo era bem interessante. Ela apareceu novamente, indo em direção à sua cama e sentando-se na mesma.

-Tenho uma pergunta. – falei e ela olhou para mim – Como você aprendeu a ler e falar tão bem? Quero dizer, eles pegaram você quando tinha sete anos...

-Eles sempre me ensinaram. Queriam criar pessoas perfeitas. Eles nos colocavam para ler, escrever, falar. Além de nos “higienizar” todas as semanas. Na verdade, essa parte ainda acontece...  – falou como se pensasse em algo e eu sorri –

-Entendo. – resmunguei – E o que aconteceu com essa ideia de pessoas perfeitas?

-Deu errado. – deu de ombros – Agora eles têm que cuidar para não serem mortos por essas pessoas. – assenti –

-Isso é bom ou ruim? - perguntei por ultimo e Yuna deu de ombros –

-Bom não é pra ninguém. – falou – Mas pra eles é bem pior. – sorri com o jeito que Yuna falou aquilo e mordi o lábio em seguida, ficando em silêncio –

Então a garota mexeu os dedos e meu corpo foi puxado lentamente em sua direção, o que fez minha barriga sentir aquele frio gostoso. Parei em sua frente e ela tocou em minha cintura, olhando para mim de cima para baixo e levando uma de suas mãos até meu rosto e guiando-me até o seu, fazendo com que começássemos um beijo lento. Segurei sua perna e empurrei seu corpo para trás, subindo na cama e ficando por cima dela. A garota passou sua língua por meus lábios, pedindo passagem e eu cedi. Yuna era incrível. Pessoas que nunca haviam beijado antes, normalmente são bem inseguras e nunca sabem o que fazer, mas Yuna sabia exatamente e não tinha medo de tentar alguma coisa.

Ela levou sua mão até minha nuca e puxou o meu cabelo sem muita força enquanto suspirava quando segurei sua cintura com força e chupei seu lábio um pouco mais violenta do que o normal.

- in – felizmente, a sirene tocou, fazendo-me resmungar contra a boca de Yuna em reprovação.

-Merda. – falei ainda de olhos fechados e senti-a sorrir contra meus lábios e tirar suas mãos de meu cabelo lentamente –

Abri os olhos e vi Yuna franzir os lábios em um sorriso enquanto colocava as mãos no colchão. Suspirei e levantei-me da cama, vendo-a arrumar o cabelo e sorrir.

-Tem que ir. – falou e eu assenti tristemente –

-Mais tarde...

-Você volta. – completou minha frase – Traga alguma coisa pra eu fazer, por favor. – falou deitando-se e eu sorri, assentindo –

-Sim, senhorita.

**

-Mal posso esperar para chegar amanhã. – Eunji falou enquanto jogava no celular deitada no chão – Quero muito ver a cara da Jisoo. – fiz uma cara séria, mas querendo sorrir por dentro. Eu também estava muito curiosa para saber o que aconteceria –

Yuna tinha se machucado por culpa da loucura dela. Aquilo não era nada certo. O que ainda me deixava com duvidas era o porquê dos seguranças não aparecerem enquanto elas brigavam, só apareceram após Chaeryeong se meter e já ter acabado. Jisoo poderia ter se machucado bem mais. Eu sentia que, naquele momento, se Yuna não tivesse sido contida ela faria um estrago bem maior. Talvez até a matasse, como Jennie disse.

-Só não quero mais confusão. – comentei, abrindo minha mala e procurando um livro para dar para Yuna –

-Porque não? – uma garota que eu não sabia o nome perguntou de sua cama – Você não vai se machucar, sua cachorrinha te protege. – franzi o cenho – É bom ver brigas.

-Ahn? – perguntei –

-Brigas. É legal. Ainda mais quando tem poderes envolvidos. – Eunji abaixou o celular e olhava para a menina com a maior cara de “cala a boca” de todas –

-Não, não estou falando disso. – neguei com a cabeça – Cachorrinha? – a garota assentiu, levantando-se lentamente –

-É, Yuna. – falou e eu cerrei os olhos – Ela te protegeu no dia com Jisoo, não foi? – assenti devagar – Então. Um bichinho de estimação que serve pra isso. Assim como todos os outros.

-Você tá falando merda. – Eunji comentou. voltando a jogar no celular –

-O que? Vocês acham que eles servem pra que, além disso? – respirei fundo -  

-Eles são seres humanos. – falei – São como eu e você. – ela riu. Olhei para o lado e algumas garotas conversavam sem muito interesse e outras jogavam algo com um caderno. Suspirei – Quer saber? Só pare de falar essas coisas, por favor.

-O que, Ryujin? Você trata aquela garota como um ser humano? – perguntou um pouco mais alto – Você viu o que ela pode fazer? Ela quebrou o braço da número quinze em um segundo. Aquilo não é uma pessoa. – ela se aproximava e eu apenas escutava – Assim como a quinze. Mas Yuna... Eles não estavam errados sobre ela. – cerrei os olhos – Ela nem cogitou em parar quando estava machucando aquela menina. O que me surpreende é você defendê-la. Defender uma aberração. Um monstro.

Nessa hora eu já estava andando até ela.

-O que? – perguntei parando em sua frente, vendo-a sorrir –

-Calma Ryujin! – falou em um tom bem cínico, o que me fez ter ainda mais ódio – Vai me bater como sua cachorrinha fez com a quinze? - cerrei os punhos e ela sorriu –

-Não ouse chamá-la daquele jeito novamente. – a garota levantou as sobrancelhas e riu –

-Do que? Monstro? Porque não? É o que ela —

Então eu levei minha mão fechada até seu rosto com força, talvez eu até tenha escutado Eunji me repreender antes disso, mas não consegui me conter. A garota caiu no chão com o impacto e arregalou os olhos, levando sua mão até a boca, que estava sangrando.

-Filha da puta! – falou levantando-se e voando em cima de mim –

Ok, não sei narrar muito bem o que aconteceu. Na verdade, nem eu sei o que aconteceu. Senti dores no meu rosto e fechei os olhos, empurrando-a de cima de mim com vários chutes. Eu nunca soube brigar quando era menor, dei graças a Deus por hoje saber me defender. Fiquei por cima dela e transferi mais um soco com toda a força em seu rosto, tanta força que senti que meu ombro quase se deslocou. Eu escutava vários gritos e bagunça ao nosso redor, mas quando eu presto atenção em uma coisa, não consigo olhar para outras. Só parei de socar ela  quando senti dois braços me prenderem e me puxarem para trás, vendo que Eunji puxava a outra garota – que eu ainda não sabia o nome.

-Ryujin, você tá ficando maluca? – escutei a voz de Yeji e respirei fundo várias vezes, tentando me soltar –

-Me solta Yeji! – falei alto, tentando sair dos braços dela. Sem sucesso algum –

Ela me puxou para fora do dormitório e me jogou contra a parede. Alguns guardas passaram, parando para falar com Yeji algo que eu não escutei. Logo a loira se virou para mim e suspirou.

-E desde quando você virou a barraqueira aqui? – perguntou e eu bufei, sentindo minha bochecha doer –

-Desde que ela começou a falar merda. – cruzei os braços e Yeji negou com a cabeça –

 -Ryujin, você não pode agredir uma garota só por que ela falou merda.

-Posso sim. – ela riu –

-Você está parecendo uma criança. – falou negando – Vem, vamos limpar esses machucados.

**

-Ai! – falei alto quando Jennie passava algodão com remédio em minha testa – Ai! – gritei –

-Para com isso. – falou, jogando o algodão fora. Estávamos no banheiro eu, ela, Yeji e Eunji –

-Ficou só o bagaço. – Yeji falou rindo e eu revirei os olhos –

-Mas a outra garota ficou bem pior. – Eunji falou com os braços cruzados –

-Se não tivesse ficado eu—Ai! – fechei os olhos com força e Jennie segurou meu rosto para eu parar de me mexer – Eu não me chamaria Shin Ryujin. – vi Jennie sorrir e escutei as outras meninas rirem –

-Mas beleza. Até agora não sei o porquê desse barraco todo. – Yeji comentou e Eunji riu –

-Porque você acha? A menina tava ofendendo a namorada da Ryujin. – escutei Yeji rir –

-Ela não é minha namo—Ai... – falei já sem forças de sentir dor –... rada.

-Você é uma graça. – Jennie falou sorrindo e abrindo um bandaid – Sim, e como estão vocês duas? – perguntou e eu dei de ombros, sorrindo e logo fazendo uma careta por causa da dor –

-Ótimas. – falei depois de um tempo – Ela é... Como posso dizer...

-Gata demais? – Eunji falou – Por que isso ela é mesmo. – ri, negando –

-Também. – sorri – Mas ela é... Eu não sei. Incrível? – perguntei mais pra mim mesma do que pra elas -

-Ai que chatice. – Yeji falou revirando os olhos e eu ri –

-Tá bom, chega. – falei – Já está na hora do jantar? – perguntei e elas assentiram - Podem ir, eu consigo me virar.

-Tá bom então, tchau. – Yeji falou descontraída, puxando Eunji, o que me fez rir. Ela parou na porta e me olhou por cima do ombro – Vamos Jennie.

-Não, eu vou ficar. – Jennie comentou e Yeji assentiu –

-Tá bom então. Tchau bebês. – ela acenou e Eunji fez o mesmo, logo saindo da minha vista –

-Então... – comecei, vendo Jennie pegar outro bandaid –

-Então. Você sabe que é muito idiota, não é? – assenti –

-Sim.

-Ryujin, isso não se faz. – falou, colocando mais um curativo em minha testa e se afastando – Poderia ter sido bem pior.

-Sim, mas não foi. Eu me garanto. – sorri e Jennie continuou séria –

-Você é explosiva. E tem que parar com isso ou vai acabar se prejudicando. – assenti, sabendo que Jennie estava certa – Estou falando isso, pois quero o seu bem. - Tocou e meu ombro, que por um acaso estava doendo também -

-Eu sei. Obrigada. – sorri e ela suspirou –

-Vamos? – assenti, vendo-a pegar os curativos e ir em direção à saída do banheiro. Apenas fui atrás de cabeça baixa.

**

Eu e Jennie jantamos sozinhas, depois de todo mundo. Eram quase dez da noite quando peguei o remédio de Yuna e o livro que eu ia emprestar para a mesma, além de seu jantar. Jennie não foi visitar Jisoo, pois disse que a garota não precisava tomar remédios à noite.

Então eu cheguei ao corredor do medo e suspirei, vendo algumas luzes apagadas. Entrei rapidamente no quarto de Yuna e fechei a porta, encontrando-a deitada na cama olhando para o teto.

-Onde você esta—

Ela começou a falar, mas logo parou quando me viu. Levantou-se rapidamente e veio em minha direção, franzindo o cenho.

-O que houve? – perguntou, tocando em meu rosto com leveza –

-Eu briguei. – falei sorrindo –

-Percebi. – bufou – Por quê? – perguntou e eu neguei com a cabeça. Não ia falar que era por sua causa –

-Besteira. A menina estava falando merda e defendendo o pessoal daqui. – Yuna levantou as sobrancelhas –

-Ryujin, por Deus. – negou, fechando os olhos – Qual é o seu problema?

-Qual dos? – perguntei tentando descontrair, mas Yuna continuou séria. Porque todas as mulheres ao meu redor tinham que ser desse jeito? A garota pegou as coisas da minha mão e foi até sua cama, engolindo o remédio primeiro. Fui até ela e, com muito esforço, me agachei em sua frente – Desculpe. É que sou muito impulsiva. E acabo sempre machucada.

-Estou vendo. – falou – Ryujin, isso é sério. Não quero a ver machucada por causa de brigas relacionadas à nada disso. – ela girou o dedo, indicando todo o lugar – Sei que é difícil, mas ignore. – suspirei, tocando em seu joelho e sentindo sua pele macia –

-Ok.

-Jura que vai tentar? – ela me mostrou o mindinho e eu ri – O que? Não é assim que se faz uma promessa? – assenti –

-É sim. – entrelacei meu mindinho com o seu – Eu juro. – beijei os dedos e ela franziu o cenho –

-No livro que li não tinha esse negocio de beijar os dedos. – sorri e puxei seu rosto devagar para um selinho, já que estava sem capacidade alguma de beijá-la de verdade – Na verdade não tinha nada sobre nenhum tipo de beijo. – ri, beijando sua bochecha – Estou confusa. – neguei com a cabeça, escondendo-a em seu cabelo em seguida –

-Você é muito cheirosa. – resmunguei e Yuna riu –

-Obrigada. – falou – Você também é. – tocou em minhas costas devagar e eu fechei os olhos com aquele carinho – Vai descansar. – falou depois de um tempo – Você está acabada. – sorri, separando-me dela e levantando-me –

-Valeu pela sinceridade. – ela deu uma risada gostosa – Até amanhã então, yuna.

-Até amanhã então... Ryujin.

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