O filho perfeito

By RobertaDragneel

11.1K 1.7K 23.8K

Dinesh Yamir é o filho de um grande empresário, por isso as expectativas sobre o seu futuro são altas. Então... More

Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Especial [+18]
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27 (Parte I)
Capítulo 27 (Parte II)
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35 (Parte I)
Capítulo 35 (Parte II)
Bônus: "A Carta"
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 38 (Parte I)
Capítulo 38 (Parte II)
Capítulo 39
Capítulo 40
Epílogo
Agradecimentos

Capítulo 13

224 35 513
By RobertaDragneel

"E se tu olhares, durante muito tempo, para um abismo, o abismo também olha para dentro de ti." - Friedrich Wilhelm Nietzsche



O plano inicial do Dinesh era manipular o Thomas e a sua equipe, a fim de encontrar informações para tê-los em suas mãos. Contudo, a situação se inverteu em poucas semanas. Para a tristeza do Yamir, o seu adversário possuía uma experiência maior no mundo dos negócios e contato com pessoas importantes; como políticos e mafiosos. Então, no final das contas, o jovem precisou fazer suas vontades.

Dinesh formava falsos contratos com os alvos do grupo enquanto o restante trabalhava ilegalmente para derrubar a concorrência. Por trabalharem em conjunto e de forma esquematizada, os cinco obtinham sucesso em cada jogada. Conforme o tempo passava, Dinesh via-se cada vez mais preso a esse estilo de vida e tentava ao máximo possível ocultá-la do seu pai.

Naquele momento, os cinco se encontravam na casa de praia do Thomas brindando por mais um golpe bem sucedido. No começo, Dinesh não queria interagir diretamente com os homens que desprezava, mas algumas conversas o lembravam dos bons tempos com Arjun e os demais. Por isso, permitiu-se curtir um pouco a fase com eles.

— Nós estamos indo tão bem e ninguém suspeita dos nossos golpes! — comenta Tomio com ânimo.

— Somos os melhores.

— Que convencido, Ryan.

— Ora, mas eu estou errado? Nesse ritmo, seremos donos das cinco maiores empresas globais.

— Eu já posso sentir o cheiro do dinheiro infinito e das várias mulheres aos nossos pés. — dizia Dylan. — Eu aposto que todos estão ansiosos para esse momento de glória.

— Falta muito pouco para atingirmos o nosso objetivo. — anuncia Thomas bebendo o vinho. — Mas, por enquanto, vamos curtir essa tarde. Eu estava precisando me livrar do stress do trabalho.

— Como você se livrou da sua mãe jogando-a no asilo? — brincava Ryan.

Thomas e os outros, exceto o Yamir, caíam na risada com o comentário. Dinesh abaixava o olhar para o copo com whisky, pensando em como permitiu que sua vida tomasse um rumo tão catastrófico. Os homens ao seu redor não se importavam com a própria família enquanto ele estava sacrificando tudo para proteger a sua. Porém, ao chegar em casa, via o clima agradável do Kiran e a Maya que faziam todos sorrirem. Então, chegava à conclusão que também não se encaixava no meio deles.

Na verdade, Dinesh se sentia como se não houvesse nenhum lugar no mundo que o acolhesse.

Os empresários riam com seus comentários egoístas e calculistas. O Dinesh os acompanhava com o olhar como se tudo passasse em câmera lenta. Dylan estava caindo, lentamente, no alcoolismo e morreria sozinho se continuasse nesse ritmo. Ryan batia na esposa e a traía com várias mulheres, levando algumas para o interior da própria casa desrespeitando a família. O Tomio não passava de um mimado pelos pais que sempre teve tudo em suas mãos, não reconhecendo o esforço alheio e isso o tornava uma pessoa imatura. Thomas abandonou a própria mãe no asilo para se concentrar unicamente nos negócios, deixando a ambição pelo dinheiro e poder consumir o pouco de humanidade restante em seu coração.

Ao observá-los atentamente, Dinesh questionou a própria essência. Se ele não encaixava no ambiente agradável da sua família por afastá-la aos poucos, significava que fazia parte desse grupo de pessoas detestáveis?

O que eu estou me tornando?, pensava.

Ele queria correr atrás da perfeição para orgulhar a sua família porque, no fundo, desejava ser notado por suas boas ações, ao invés dos seus erros. Porém, parecia que as próprias falhas o puxavam para um abismo sem fim.

— Terra para Dinesh! Terra para Dinesh! — Tomio acenava na frente do rosto dele.

O rapaz saía do seu transe, abrindo um sorriso amarelo e bebericando o whisky.

— Desculpa, eu ando meio distraído.

— Pensando na família? Para de ser idiota! — dizia Ryan. — Família é uma praga, ainda bem que o Thomas se livrou da sua. Eu queria ser como ele, porque não aguento aquela mulher chata sempre reclamando das minhas noitadas.

— Mas você está casado, o que queria? — brincava Dylan enchendo o copo pela sétima vez.

— Queria que aquela vadia ficasse calada e aprendesse qual o seu lugar.

— Calado... — murmura Dinesh.

— Tenho pena da sua mulher. — comenta Tomio com sinceridade.

— Ela que quis se casar comigo. Pelo menos, posso ficar com seu dinheiro e a miserável nem reclama.

— Você é demais mesm-...

— EU MANDEI FICAR CALADO! — Dinesh gritava chamando a atenção dos demais. Então, ficava de pé passando a mão pelo longo cabelo. — Foi mal, eu tenho que ir. Eu preciso ajudar a minha mãe com o jantar.

— Mas não precisava ficar tão exaltado, cara. — dizia Ryan confuso e um pouco assustado.

— Own't! Que fofinho, ajudando a mãe. — brincava Dylan. — Daqui a pouco, vai brincar de casinha com a irmã dele.

O Yamir respirou fundo para não quebrar nenhum dos quatro presentes ao meio. Thomas foi o único a ficar calado, analisando-o com uma expressão indecifrável. Então, após se despedir, Dinesh seguia em direção à sua moto e Tomio o acompanhava em passos apressados.

— Calma, Dinesh! Eu preciso te dizer algo.

— O que é?

— Não devia ter agido assim minutos atrás. O que o Thomas pensará de você?

— Eu estou pouco me fodendo para a opinião do Thomas! — exclama subindo em cima da moto. — Eu posso participar desse grupinho de vocês, mas não me obrigue a aceitar todas as idiotices que dizem.

— Como assim?

— O Ryan bate na própria mulher, o Thomas negligenciou a mãe, o Dylan está se afundando no álcool e você humilha todos que acha serem inferiores. Por que não conseguem notar como são babacas ao nível extremo? Tipo, no nível "babaca do caralho, filho da puta nível foda-se".

— Espera, espera. Eu sei que está irritado com nossa conversa, mas também não precisa agir assim. Você não é diferente da gente, Dinesh. Eu sei como tem se afastado da própria família, provavelmente para não ter que cuidar do seu irmão doente mental.

— Meça bem as suas palavras, pois poderão ser as últimas! Eu não tolero que ofenda o Kiran ou qualquer um da minha família, seu filho da puta!

Tomio ergue as mãos em sinal de rendição.

— Desculpa, eu acabei falando sem pensar, o que eu quero dizer é que nós estamos todos no mesmo barco. Então, colabore senão o Thomas te verá como uma ameaça.

E eu o vejo como um saco de merda, Dinesh pensava.

— Tudo bem... Desculpa também, cara. Eu acabei me exaltando, não quero maltratar vocês porque são os meus únicos amigos. — mentia com um sorriso leve. — Agora eu preciso ir, até.

— Até. E pense no que eu disse.

— Claro.

Quando Dinesh sumia do campo de vista do homem, ele retornava para os demais soltando um longo suspiro.

— E aí? — questiona Dylan curioso. — Ele está puto com a gente?

— Só um pouquinho.

— O Dinesh precisa ser contido. — afirma Thomas após um breve gole do vinho. — Eu devo admitir que agi de forma descuidada em relação à ele.

— Como assim?

— "O verdadeiro método, quando se tem homens sob as nossas ordens, consiste em utilizar o avaro, e o tolo, o sábio e o corajoso, e em dar a cada um a responsabilidade adequada", a Arte da Guerra. Os subordinados precisam ser distribuídos em suas respectivas funções, mas eu tirei uma conclusão equívoca ao pensar que o Dinesh agiria como um capanga.

— E ele não é? — pergunta Ryan confuso. — Até agora o Dinesh tem feito tudo o que pedimos.

— Sim, mas com relutância. Mesmo depois de um tempo de convívio, ele continua a obedecer à contragosto.

— Isso significa que há uma chance dele se rebelar contra nós.

— Isso mesmo, Dylan. O Dinesh nasceu para dominar ou, ao menos, é assim que o fizeram pensar. Eu já tenho um plano, assumirei o controle da empresa depois de destruir de uma vez por todas o psicológico dele.

— Que plano é esse, Thomas?

Porém, o homem apenas abria um sorriso frio em resposta acomodando-se em sua poltrona.

— A paciência é um dom, meu caro.

(...)

Na semana seguinte, a família Yamir se mudou para o Japão. A mansão onde morariam era completamente diferente de todas as suas antigas residências, ela possui dois andares e uma enorme varanda no segundo andar, tendo a visão da grande piscina à frente. Ao redor do ambiente, a grama verde destacava-se junto com algumas árvores próximas. Nas laterais da piscina, havia dois pares de cadeiras de praia e um guarda-sol vermelho entre os pares. Os cinco degraus pequenos na entrada são feitos com o piso mais bonito de resistente, além das belas pilastras que mantém a mansão em pé.

Do canto esquerdo da casa, havia uma área fechada por uma cerca viva protegendo um vasto jardim. A variedade de flores ganhava destaque junto com dois bancos de madeira em seu interior, abaixo de um "teto" de videiras. Do lado direito, localizava-se uma estufa de vidro.

Kiran foi o primeiro a entrar, exclamando surpreso com o belo piano no centro da sala. Maya correu junto com o irmão do meio, aproximando-se da lareira com brilho no olhar. Raj depositou as malas sobre o chão, indo até a esposa para ajudá-la com o restante das bagagens.

— Essa casa é enorme! Eu me sinto uma princesa!

— E você é, Maya. — comenta Raj pegando a filha no colo. — A minha princesa.

A pequena sorria sem jeito antes do seu pai a colocar no chão novamente, não tardando em explorar a casa com euforia.

— É a nossa residência definitiva? — pergunta Dinesh ao se aproximar com suas malas e via o pai acenar positivamente com a cabeça. — Woah! É muito grande.

— Bem, finalmente podemos nos considerar milionários.

— E-Espera, milionários?

— A empresa cresceu ao ponto de se expandir pela Europa e América. — dizia Mahara aparecendo entre os dois homens. — Então, o nosso capital ultrapassou os milhões. Na verdade... — ela focava no marido. — Eu posso contar?

— Pode.

— Estamos perto dos bilhões.

Instantaneamente, Dinesh soltava um grito e abraçava forte os pais sem conter a empolgação. Mahara abria um largo sorriso, feliz ao vê-lo se abrir um pouco depois de tanto tempo e Raj retribuía o abraço. O Kiran ousou se aproximar, um pouco receoso mas também participou do momento em família e Maya os acompanhou alegre.

O meu esforço não foi em vão!, ele pensava.

— Agora vamos desarrumar as malas! — Mahara ordenava subindo as escadas revestidas pelo longo tapete vermelho. — E nos arrumar.

— Por que, mamadi?

— Porque o Dinesh fará um banquete, Kiran. Nós vamos comemorar a conquista da nossa família!

— Eba! Eba! — Maya saltitava alegre. — Eu amo a comida do bhaya!

Um fato pouco conhecido é que Maya amava muito o seu irmão mais velho, apesar de ambos terem pouco contato.

Quando Mahara e Raj vão para o quarto, Dinesh pegava a Maya no colo jogando-a no ar com um enorme sorriso. A garota de sete anos ria alto sentindo um vento aconchegante bater em seu rosto. Do outro lado, Kiran encarava a cena um pouco sem jeito até a voz do seu irmão mais velho quebrar o silêncio:

— Eu não mordo, Kiran.

— Eu sei que não, seu idiota...

— Eu só queria me desculpar por estar ausente.

Como não precisaria seguir a vida na empresa, não havia mais motivos para o Dinesh rejeitar o irmão.

— Como se eu me importasse, Dinesh. Com o tempo, a sua ausência foi preenchida por outras coisas. — comenta Kiran fitando o horizonte. — Então, não adianta fingir arrependimento.

O irmão mais velho abaixava o olhar triste até sentir a mão da Maya em seu rosto.

— Não chora, bhaya.

— E-Eu não vou chorar.

— Provavelmente ele não tem lágrimas, Maya.

— Não diga isso, Kiki. — repreende a menor com um bico. — Senão fará o meu bhaya chorar e eu vou chorar também.

Kiran ri baixo com o comentário da irmã, aproximando-se dela e dando um leve peteleco em sua testa.

— A-Ai!

— Tudo bem, eu não direi nada para fazê-lo chorar.

— Isso quer dizer não vão brigar de novo, não é? — dizia Maya com os olhos esperançosos. — Eu não gosto quando isso acontece...

Os dois irmãos se sentem mal com as palavras da pequena, percebendo como os seus desentendimentos a afetavam também. Então, eles se encaram e assentem com a cabeça formando uma "trégua" temporária.

— Sim.

O sorriso da garota aumenta e Kiran tem uma ideia, caminhando até o piano e tocando uma lenta melodia. Dinesh entende o recado, seguindo em direção ao instrumento e deixando Maya sentada ao lado do irmão do meio. Em seguida, ele observava tudo de braços cruzados com um sorriso de canto.

O som invadia o espaço, tornando-o tão calmo e harmonioso como o próprio Paraíso. Maya fechou os olhos, apreciando a melodia suave a qual trazia uma inexplicável paz. Dinesh encarava o irmão com um misto de admiração e surpresa pois, naquele momento, percebeu como o seu bhai havia crescido.

O Kiran cresceu alcançando os seus 1, 84 cm e o porte físico, graças às aulas de Jiu Jitsu combinadas com a malhação, o fizeram bem. O rapaz tinha músculos proporcionais bem definidos e distribuídos em seu corpo, além de possuir um belo cabelo negro tocando seus ombros. As mechas são levemente repicadas em um corte bagunçado e algumas frente ao rosto. Os olhos dourados e a pele morena em um tom mais suave o faziam uma cópia da sua mãe, Mahara.

Dinesh percebeu como estava dando as costas para a sua própria família por causa de um único objetivo, o qual não lhe trazia felicidade. Então, apoiou-se no piano abaixando a cabeça e fechando os olhos permitindo que a melodia o leve para longe dali.

Agora, ele se encontrava no seu antigo quarto jogando vídeo game com a Shanti e rindo das caretas dela ao perder. A garota apontava para a televisão reclamando do jogo, mas Dinesh só tinha olhos para as suas expressões. Então, um sorriso bobo surge em seus lábios enquanto repousava o joystick do lado.

— Eu deixarei você ganhar, Shanti.

— Hum? Sério? Mas por que?

— Porque eu fico mais feliz vendo o seu sorriso do que vencendo a partida.

As bochechas da garota esquentam e ele pigarreia alto, envergonhado com suas próprias palavras

— V-Vamos outra partida e eu provarei que venci justamente.

— T-Tudo bem!

Os dedos do Kiran tocavam agilmente as teclas do piano, mas continuavam a tornar a melodia em um ritmo agradável e suave. Maya encostou a cabeça no ombro do irmão, encolhendo-se enquanto se perdia diante da música. Por outro lado, Dinesh permanecia com os olhos fechados tendo outra lembrança da sua amada.

Shanti mostrava os catálogos com buffet animada para o rapaz. Ele apenas erguia o olhar e apontava para o mais belo, sem fazer grandes comparações. A sua maior preocupação era calcular o orçamento da empresa, mas não podia negar como se sentia bem em dar atenção à sua namorada – e futura noiva. Dinesh já anunciou que faria o pedido adequado de casamento e ambas as famílias exigiram, no mínimo, um adiantamento na preparação da cerimônia. Por isso, a jovem saltitava a alegre mostrando para o namorado todos os catálogos com os elementos de grande importância.

— Quais são suas flores preferidas, querido? — ela questiona mostrando outro catálogo. — Eu gostaria de usar violetas, são o símbolo da simplicidade.

— Estou diante da mais bela de todas as flores. — comenta apoiando as mãos em sua cintura, trazendo-a contra o seu corpo. — Não consigo olhar para nenhuma outra.

A mulher abria um largo sorriso, aquecendo o coração do Dinesh que a colocava sentada na mesa. Então, encostava sua testa na dela fechando os olhos por breves segundos, deixando o som da respiração de ambos ecoar pelo local.

— Eu te amo...

— Eu também te amo, Dinesh...

Então, ele sorria bobo começando a distribuir beijos no pescoço da amada.

Ao final da música, Dinesh abria os olhos enquanto Maya batia palmas alegre. Ela descia do piano, correndo para contar aos seus pais como o irmão tocava bem. Kiran se levantava calmamente, decidido a acompanhá-la mas parava ao ver um certo brilho escorrer pela bochecha do Dinesh. Por um momento, pensou ser uma lágrima e abriu a boca para perguntar, mas o rapaz já caminhava em direção quarto em passos apressados.

— Eu devo estar imaginando coisas. — murmura Kiran. — Ele nunca choraria.

(...)

Como o planejado, todos se arrumaram para a ocasião e o Dinesh preparou um grande banquete com direito à sobremesa. Os cinco conversavam animados durante o jantar e as piadas de Raj alegraram mais ainda aquele momento. Em seguida, o Kiran tocou uma música agitada no piano vendo a Maya dar rodopios no meio da sala enquanto os adultos a observavam com um sorriso.

Ao final, Raj levou a Maya para a cama e o Kiran a acompanhou porque gostava de contar histórias para a pequena.

Mahara foi para o seu quarto descansar após um longo dia de mudança. Ela retirou os brincos e as demais joias, deixando o longo cabelo solto. Porém, batidas na porta a fizeram interromper o ato de tirar a maquiagem para dizer:

— Pode entrar.

Dinsh aparecia no quarto com uma expressão cabisbaixa, a qual não passou despercebida por sua mãe.

— Você está bem, meu querido?

— Eu... Eu não sei.

Rapidamente, ela retirou o pouco de maquiagem restante em seu rosto e sentava na cama, dando leves tapinhas na região ao seu lado.

— Vem cá.

Ele acatava o seu pedido, sentando-se ao lado da mãe e apoiando as mãos sobre o colo com o olhar direcionado para baixo.

— O que está sentindo, querido?

— Nada.

— Hum?

— Eu não sinto nada e isso está me assustando. — admitia com pesar na voz. — Aos poucos, deixei de me importar com tudo o que jurei proteger... Eu... Eu sou uma pessoa quebrada, mamadi...

Então, Dinesh repousava a cabeça no colo da mãe como uma criança aflita após se machucar. Dessa vez, ele não segurou o choro e permitiu que as lágrimas escorressem de seus olhos. Ao vê-lo soluçar baixinho, inteiramente destruído por dentro, Mahara sentiu um imenso aperto no coração. Ela começou a acariciar a cabeça do filho, passeando os dedos pelas longas mechas de seu cabelo.

— Não se preocupe. Eu estou aqui, Dinesh.

— Não importa o quanto eu fuja, os meus erros sempre estarão lá para me lembrar que, no fundo, eu nunca serei o filho perfeito. Pelo contrário, só consigo ver uma pessoa defeituosa todos os dias na frente do espelho. — dizia entre soluços. — Eu só queria ser feliz, mas eu não consigo. Por que? Eu não mereço a felicidade?

— Claro que merece! Você está lutando com todas as forças para conseguir o seu lugar no mundo, atingir os seus objetivos e trazer orgulho para essa família. Então, eu posso dizer de coração que você merece toda a felicidade existente. E saiba que eu estou aqui para te ajudar a conquistar.

Ele virava o corpo para estar de barriga para cima. As lágrimas caíam em maior quantidade enquanto via a ternura no olhar da sua mãe.

— Eu não sou ruim, eu juro... — dizia segurando a mão da mulher e a apertando com medo. — Eu só... Ainda não encontrei o meu propósito...

O rapaz lembrava das palavras de Aseem o obrigando a ser o "mal necessário para a família", por possuir uma essência ruim. Contudo, Dinesh não via as suas escolhas como um reflexo de uma pessoa de mau coração, ele apenas se considerava um ser humano comum que, para viver, precisava errar também.

Infelizmente, o peso de seus erros o afundavam cada vez mais e o seu maior medo era levar a família, seu único tesouro restante, junto para esse abismo. 

Continue Reading

You'll Also Like

55.6K 5.1K 69
Essa mina rouba minha brisa, Acelera o meu coração...
999 131 16
Corrupt é o início de uma série que tem como foco quatro caras que são famosos na cidade por serem baderneiros. Este volume segue o Michael e a Rika...
53.2K 4.5K 19
* Concluído MINHAS OBRAS SÓ SÃO PUBLICADAS AQUI NO WATTPAD, NÃO LEIA EM OUTRO Samuel Gonçalves é um garoto tímido apaixonado pela confeitaria e pel...
1.6K 177 15
𝐀lay Bianchi, uma garota de 18 anos, recém completos. mora em San Francisco com a mãe e as irmãs, perdeu o pai aos 12 anos em um acidente de carro...