O filho perfeito

By RobertaDragneel

11.1K 1.7K 23.8K

Dinesh Yamir é o filho de um grande empresário, por isso as expectativas sobre o seu futuro são altas. Então... More

Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Especial [+18]
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27 (Parte I)
Capítulo 27 (Parte II)
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35 (Parte I)
Capítulo 35 (Parte II)
Bônus: "A Carta"
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 38 (Parte I)
Capítulo 38 (Parte II)
Capítulo 39
Capítulo 40
Epílogo
Agradecimentos

Capítulo 12

268 43 500
By RobertaDragneel

"Em silêncio, ninguém responde
Mas eu ainda ouço sua voz
Se você apenas viesse me abraçar
Se você apenas viesse." - In Silence, Janet Suhh


Dinesh brincava com a aliança entre os dedos, dando pouca importância para a reunião. Um dos empresários relatava o aumento nos lucros com ânimo, mas o Yamir só podia pensar na Shanti. O sorriso dela invadia a sua mente, como uma droga o qual o viciado depende com todas as suas forças. Porém, à partir desse momento, ele deveria viver em total abstinência. Às vezes, durante a reunião, o rapaz verificava as notícias nos jornais locais a fim de saber se tudo ia bem com a família da ex-namorada. Por sorte, Thomas desistiu das ameaças ao vê-lo tão à mercê das suas vontades.

Ao final da fala do empresário, Raj ficava de pé ajeitando o paletó e virando-se em direção aos demais.

— Nós estamos crescendo muito bem e eu só posso agradecer à todos vocês por tamanho esforço. — dizia com um largo sorriso. — Tenho certeza que, um dia, ocuparemos o primeiro lugar.

Os homens aplaudem animados e até mesmo Dinesh os acompanha, mesmo estando destruído por dentro. Como um funcionário, ele não poderia deixar suas emoções transparecerem e, como futuro diretor, não deveria ter sequer alguma emoção.

Quando a reunião chega ao seu fim, Raj e Dinesh ficam na porta cumprimentando os empresários até todos saírem. Em seguida, os dois caminham em direção à suas respectivas salas que eram lado à lado. Durante a caminhada, o mais velho decide perguntar:

— Anda desanimado desde que terminou com a Shanti. Você realmente vai conseguir lidar com isso?

— Eu darei um jeito.

— Você ainda pode escolher estar ao lado dela. Nós podemos pensar em algo para usar contra o Thomas, sem sairmos prejudicados. Eu tenho certeza que há uma maneira onde não façamos nada ilegal como ele.

— Não se preocupe com isso, baldi. O senhor está pronto para um sacrifício maior, então eu não irei reclamar da minha separação com a Shanti.

— Mas você a ama.

— Sim, e por isso não posso deixar o meu egoísmo prejudicá-la. Se em meus braços ela só encontrará a dor, então devo manter distância.

Dinesh parava na frente da sua porta soltando um longo suspiro. A sua vontade de estar ao lado da jovem apenas aumentava a cada segundo. Ele queria o seu abraço, o seu carinho e suas palavras gentis de apoio. Contudo, atualmente, ela só o via como um cafajeste desprezível que não é digno de amor.

— Eu odeio te ver assim, Dinesh. Quando formos para o Japão, eu prometo que deixarei você seguir seu sonho de Gastronomia e não precisa trabalhar na empresa. Eu tenho pessoas de confiança lá, então me sentirei mais tranquilo.

Porém, o filho mais velho continuava com a expressão vazia.

— Depois de perder tanto, acho que isso não faz diferença em minha vida.

— Pelo menos, reconquistará um dos seus sonhos.

— Que seja. — ele focava nos olhos negros do pai. — Baldi, o Thomas virá para a minha sala hoje à tarde. Nós marcamos uma reunião particular.

— E-Espera! Você se uniu à ele?!

— Por motivos superiores à minha vontade, sim. De qualquer forma, eu peço para que o evite o máximo possível. Eu não gosto desse cara perto de você, principalmente depois de saber sobre suas intenções.

— Tudo bem... Mas do que se trata essa reunião?

— Provavelmente, ele falando de suas estratégias imundas e eu fingindo que acredito no que esse filho da puta fala.

— Tome cuidado.

Os olhos sem vida do Dinesh o encaram com tamanha intensidade que, por um momento, Raj sentiu um calafrio no corpo.

— Levando-se em conta todo o ódio que venho acumulando desse homem, não sou eu quem deveria tomar cuidado.

Então, entrava em seu escritório deixando Raj com uma péssima sensação no peito e uma lembrança antiga com seu pai, Aseem Yamir.

Após cumprimentar a sua mãe, Indira, Raj seguia em direção à biblioteca no interior da casa onde seu pai se encontrava lendo um livro ocidental. O velho interrompia a leitura ao ouvir passos, mas permanecia sentado em sua poltrona roxa.

— Estou aqui. O que queria comigo?

— É assim que cumprimenta o seu baldi? — questiona fingindo estar ofendido, mas não demora para dar nos ombros. — Precisamos falar sobre o futuro da empresa.

— Hein? Não vejo motivos para discutir sobre esse assunto.

— Como não vê? Nós não podemos negligenciar o fruto do esforço dos Yamir's. O meu avô, Manoj Yamir, passou a vida inteira trabalhando como um minerador. Ele guardou o dinheiro ao longo dos setenta anos de contribuição até possuir capital o suficiente para fundar a sua própria empresa de mineração. Infelizmente, ele morreu anos depois de conquistar o seu sonho. — dizia repousando o livro sobre a mesa. — O meu pai cuidou dos negócios, tomando cuidado para que ninguém com más intenções fizessem parte da empresa. E, graças ao seu esforço, alcançamos patamares nunca imaginados. Então, eu recebi essa missão de proteger o fruto dessa família de grandes mentes.

— Eu sei da história da família, mas não entendo o porquê de dizê-las para mim nesse momento. Os negócios vão bem, nós firmamos acordo com nosso terceiro país. Se estamos crescendo até mesmo no exterior, não vejo motivos para tamanha preocupação.

— Você tem uma mente muito limitada, Raj. Estou decepcionado contigo. Nós dois sabemos que essa empresa é o legado da família e vem crescendo após as gerações, por isso estamos no melhor momento com a sua administração. — o velho ficava de pé, apoiando as mãos nas costas enquanto caminhava em direção ao filho. — Mas não pense que receberá uma medalha por isso, principalmente quando seus filhos são inúteis.

— O que?! Veio aqui menosprezar os meus filhos? Acho que esqueceu como eu desprezo as suas atitudes, mesmo sendo o meu baldi! — exclama Raj estando frente à frente com o pai. — O senhor não conseguirá respeito da sua família com esse ar de superioridade.

— Eu não busco respeito, o meu único objetivo é prezar pelo futuro da família. Ao longo dos anos, os Yamir's carregam o peso da maldição e, agora, com o nascimento do Kiran estamos sendo mais rejeitados do que nunca. Além de que o Dinesh só quer saber de brincar de dona de casa. Entende a gravidade em questão? Você não tem sucessores, Raj!

Raj se preocupava com a empresa como qualquer dono sensato, mas a sua família vinha em primeiro lugar. Mesmo tendo apenas nove anos, a pressão sobre o Dinesh só aumentava em relação a um sonho que não o pertencia. Então, era impossível não se sentir incomodado com a forma a qual Assem tocava no assunto.

— Eu não ligo para sucessores. Aliás, eu tenho um funcionário competente, Thomas Adams.

— Você deve ser burro ou finge muito bem. Esse homem é um poço de maldade.

— Como se o senhor também não fosse.

Ao invés de ficar ofendido, Aseem apenas sorria friamente.

— Muito obrigado, mas não é hora para bajulações. O Adams é um homem competente, mas também ambicioso. Eu posso ver em seus olhos como anseia pelo poder, por isso nós temos que fazer algo.

— "Nós"?

— Sim. Eu vi a mesma frieza do Thomas nos olhos do Dinesh e senti a fagulha da esperança aquecer meu coração. Mesmo que os dois sejam parecidos na essência, um deles é o seu filho e seguirá cegamente as suas ordens.

— Então, o senhor quer que o Dinesh se torne alguém frio e calculista como o Thomas, mas diferente dele, que possa ser manipulado por mim?

— Isso mesmo! E eu alimentando a ideia de que era burro, Raj. Ainda bem q-...

— Nem pensar! Ele é uma criança e possui um bom coração!

— E o que explica quase ter espancado dois colegas até a morte?

Nesse momento, Raj engole seco lembrando do estranho comportamento agressivo do filho. Apesar de não haver uma explicação lógica, negava-se a acreditar de que essa podia ser a natureza dele.

— Todos nos exaltamos uma vez na vida, baldi.

— Não, Raj. Uma coisa é deixar a raiva te guiar por causa do momento, mas eu vi sadismo em sua expressão. Ele é tudo que precisamos para fazer a empresa crescer e também saberá lidar com o Thomas quando ele tiver poder o suficiente para ser uma ameaça.

— Não posso fazer isso com o Dinesh. Mesmo que eu deseje vê-lo ao meu lado na empresa, ele tem o sonho de fazer Gastronomia. Eu não sou capaz de tirar o sorriso do meu amado filho.

— Mas...!

— Cala a boca, baldi! Eu não quero saber das suas conversas idiotas, pois protegerei a minha família das suas ideias! Então, peço para que desista desse plano envolvendo o Dinesh. Ele é o meu filho e não o permitirei sofrer por causa da empresa.

— Seja racional, filho! Há um monstro dentro do Dinesh, um desejo incontrolável de estar no poder. Por que acha que ele não reagiu bem à chegada do Kiran? Porque se sentiu ameaçado!

— Isso é ciúmes de irmão, algo normal.

— Só você não é capaz de ver...

Raj revirava os olhos soltando um longo suspiro, caminhando em direção à saída da biblioteca e abrindo a porta.

— Espera, filho! Nós não podemos deixar a empresa se afundar por cau-...

— Eu disse para ficar calado! — exclama olhando-o por cima dos ombros. — Só pensa na empresa e esquece da infelicidade que traz para todos nós.

— E você se esqueceu dos esforços dos Yamir's.

— Para o inferno esses esforços! Do que adianta passar gerações melhorando de vida se continuamos presos a essa empresa, como se fosse alguma maldição? Se estiver ao meu alcance, eu protegerei os meus filhos para que não precisem se preocupar com isso.

Aseem massageava as têmporas, voltando a se sentar em sua cadeira e pegava o livro.

— As suas escolhas trarão consequências, só espero que perceba antes de ser tarde demais. E anote o que eu digo: a essência deformada do Dinesh vira à tona, cedo ou tarde. Então, como pai, estou dando o conselho para estar preparado porque, diferente da maldição do escolhido, o seu filho mais velho carrega algo pior. No final, só há duas opções.

— O que seria?

Ou levará a sua empresa para o mais alto patamar ou puxará todos da família para um abismo de desgraças.

E deixou que o silêncio encerrasse aquele diálogo.

Raj seguia para o seu escritório, onde se jogava na cadeira sentindo a cabeça doer. Os problemas pareciam não ter fim e quanto mais pensava sobre as recentes atitudes do filho, mais a forma louca de pensar do Aseem fazia sentido.

(...)

A secretária já havia arrumado a mesa para se retirar, observando a luz do pôr do Sol invadir as janelas do último andar. Ela comunicava ao Dinesh a sua saída e ele respondia apenas com um aceno, corrigindo algumas anotações sobre a última reunião. Raj tinha voltado para casa uma hora antes, a fim de passar um tempo extra com a sua família enquanto o filho mais velho estava à espera da sua visita.

As batidas na porta sinalizaram a chegada de Thomas e ele entrou após ouvir a confirmação. Nesse momento, Dinesh repousa os papéis sobre a mesa erguendo o olhar, ficando surpreso com a presença de Ryan Mitchell e Dylan Hall.

— O que fazem aqui?!

— Nós somos uma equipe agora, esqueceu? — questiona Ryan.

— O andar está completamente vazio, eu acabei de me certificar. — anuncia Tomio Hitsudata ao passar pela porta a trancando, logo em seguida. — Olá, Dinesh.

O rapaz revirava os olhos em resposta, vendo os demais sentarem nos dois sofás cinzas no canto da sala. Então, à contragosto, ele ficava ao lado de Tomio enquanto abria a garrafa de whisky na mesinha ao lado. Por possuir uma tendência ao alcoolismo, Dylan foi o primeiro a aceitar a bebida, seguido por Ryan.

— Nós temos um novo alvo. Ele é detentor de um capital bruto extenso, vindo do último investimento numa indústria de brinquedos na Inglaterra. Nós precisamos derrotá-lo antes que cresça.

— Como assim, Thomas?

— Ele quer que a gente estrague os negócios dele, Dinesh. — explica Dylan após um longo gole da bebida. — Tudo bem, o que precisamos fazer?

— Espera, espera. Isso é errado.

— Não me diga, Dinesh. Descobriu isso sozinho? — ironiza Ryan.

Quando o Yamir ia questionar, Thomas estende a palma da mão tomando a palavra para si.

— Não quero ouvir questionamentos, Dinesh. Nós estamos juntos nessa, então é melhor colaborar. Pois bem, o Dylan será o responsável por criar fake news sobre os produtos do nosso alvo e o Ryan entrará em contato com o líder da máfia local. Enquanto isso, o Dinesh irá desviar a atenção dele, dizendo que quer firmar negócios. Assim, eu e o Tomio nos encarregamos de acabar com sua empresa da nossa forma.

Dinesh arregalava os olhos surpreso, quase se engasgando com a bebida. Em outras circunstâncias, ele nunca aceitaria ser uma marionete de algo tão sujo, mas a vida da sua família encontrava-se em suas mãos. Então, a única opção era colaborar e torcer para não ser descoberto por seu pai.

Thomas detalhou o plano para os demais, onde deveria ser executado em uma semana. Em seguida, dispensou os homens restando apenas ele e o Dinesh. O careca passava a mão pela mesa, desejando ocupar o cargo mais alto daquela empresa. Porém, o Yamir era uma pedra no seu sapato e teria que aturá-lo até pensar em um método de roubar o seu lugar.

— Isso é errado de tantas formas, Thomas...

— Eu não me importo. A empresa do meu pai faliu no passado por causa desses empresários arrogantes, então eu jurei acabar com cada um deles e construir o meu próprio império.

— Você é um doente, nada mais do que isso.

— Assim ficarei ofendido. E a minha dignidade, Dinesh? — brincava.

— Por que se preocupa com algo que nunca teve? — questiona arqueando a sobrancelha e bebendo de uma vez o whisky em seu copo. — A sua dignidade é igual ao seu cabelo. Ambos não existem.

O outro homem deixa escapar uma risada fria, focando os olhos negros em direção ao moreno. Dinesh não pensava duas vezes em falar o que se passava em sua mente, mesmo quando estava sobre uma poderosa ameaça.

— Nós somos tão parecidos, Dinesh.

— Eu não uso as pessoas como meros objetos, então me poupe dessa comparação medíocre.

— Você já jogou xadrez, Dinesh?

O Yamir o encarava confuso e Thomas tratava de se explicar:

— Há uma tática chamada de "sacrifício de liberação". Você sacrifica uma peça para abrir espaço à outra. No mundo dos negócios, nós fazemos isso também.

— Sacrificam outras empresas para crescerem as suas, eu sei. Por que acha que seus sócios ficam pobres na mesma proporção que você enriquece? Eu não acredito em coincidências.

— Ora, ora. Temos uma pessoa inteligente aqui. — ironiza abrindo um sorriso de canto e parando no meio da sala. — Por isso, colabore comigo caso não queira ser esse sacrifício.

Porém, Dinesh não se intimidava caminhando lentamente em direção ao careca. Ele colocava as mãos dentro dos bolsos da calça, jogando de forma sutil o terno para trás. Os seus olhos negros perderam o brilho habitual, tornando-se tão frios quanto as orbes do homem à sua frente.

— Desesperado.

— O que, Dinesh?

— Quando você acaba capturando a peça do inimigo, mesmo com alguma peça sua desprotegida. — comenta abaixando um pouco a cabeça para estarem na mesma altura. — Você cai mas leva o adversário também. Eu conheço o xadrez, senhor Adams, então fique atento. Eu posso ir para o fundo do poço, mas eu juro por todos os deuses que irei te puxar junto comigo.

Mesmo sendo um homem de palavras na ponta da língua, Thomas Adams encontrava-se paralisado e só pôde usar o silêncio para se expressar. Afinal, encontrou nas orbes vazias do Dinesh um monstro interno mais temido do que aquele carregado em seu coração. 

Continue Reading

You'll Also Like

431 175 22
E quando a guerra se aproxima e o inimigo se fortalece, a única escolha que resta é se juntarem. Natasha, Artemys e Aric devem seguir um caminho em b...
53.2K 4.5K 19
* Concluído MINHAS OBRAS SÓ SÃO PUBLICADAS AQUI NO WATTPAD, NÃO LEIA EM OUTRO Samuel Gonçalves é um garoto tímido apaixonado pela confeitaria e pel...
2M 172K 107
Os irmãos Lambertt estão a procura de uma mulher que possa suprir o fetiche em comum entre eles. Anna esta no lugar errado na hora errada, e assim qu...
122K 1.4K 4
Um final de semana. Um encontro casual Sexo sem compromisso.