O Plano J

By xxliswa

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[CONCLUÍDA] A relação de ódio entre Lisa e Jennie era conhecida por todos - e alimentada pelas próprias - des... More

"Uma breve introdução ao ódio" por Park Rosé.
Não é tão fácil assim ser um cupido
Divagações sobre pedidos de desculpas, segredos e quedas acidentais
Traição é traição, romance é romance, amor é amor e o lance é o lance
Tópico: Colegas de quarto
Amarula e circo
Tudo é uma questão de ódio
Tava ruim, mas agora parece que piorou
Pausa para o café
Ultrapassando todos os limites
Quase um final feliz
A culpa é minha e eu ponho ela em quem eu quiser
Uma longa conclusão sobre o amor e suas consequências nem tão devastadoras
Informações adicionais
Se eu morrer, Momo me mata
"Uma breve introdução ao caos", por Lalisa Manoban
Outro ponto de vista
Um cogumelo muito louco
A tão esperada trégua
Histórias cruzadas
Esclarecimentos não esclarecidos
Onde está Park Rosé?

Tudo certo pra errado

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By xxliswa




Jisoo estava usando uma ombreira. Sehun disse que não foi tão grave assim, mas ela teria que ficar com o suporte para ombros por alguns dias, o que era ruim já que a atrapalhava andar de muletas.

Eu me sentia mais que culpada, eu me sentia super culpada, culpada de verdade. Jisoo era tão fofa e linda e estava na minha e então, em menos de uma semana eu causei acidentes que quebraram a sua perna e deslocaram o seu ombro. Que tipo de pessoa horrível eu era?

Por isso, eu estava muito empenhada em me desculpar com Jisoo. Arrumei todo o quarto dela, separei suas calcinhas por cor e até tirei poeira do PC Gamer que soltava luzinhas rosa e azul, além de dar comida na boca dela para que não mexesse o braço. No fim das contas, eu era uma boa namorada (apesar de quase tê-la matado duas vezes e nada ter sido oficializado entre nós), na minha cabeça já estávamos namorando.

Jennie chegou com o resto da mudança no dia seguinte, o quarto ainda cheirava a lavanda desde que ela trouxe a última caixa. E ela parecia feliz em me ignorar, vestia um vestido estampado e chinelos de dedo, o que me fez lembrar da história por trás daquele bendito vestido. Estávamos na praia e Jennie fez uma tatuagem de rena de um golfinho, naqueles hippies esquisitos que cobram o olho da cara. Ela saltitava, toda feliz, com a nova tattoo, uma florzinha presa na orelha e esse vestido que havia comprado na mão de um camelô, até que Lisa colocou um pé na frente e ela caiu no calçadão igual manga madura.

Ao se levantar, o vestido estava rasgado.

Chegamos no hotel com Jennie chorando por causa do joelho ralado e do vestido rasgado, e a primeira coisa que ela fez foi jogá-lo no lixo. A história terminaria aqui se Lisa não tivesse ido, no dia seguinte, ao camelô e comprado um vestido igual. Jennie só aceitou o novo modelo porque a ideia de ter extorquido dinheiro de Lisa a deixava feliz, como se completasse uma vingança imaginária pelo joelho ralado.

— Jennie... — murmurei, limpando a boca de Jisoo com a colher, pois eu havia comprado salada de frutas e dava para ela na boca. — Ruby...

Jennie levantou uma sobrancelha, me olhando de soslaio antes de voltar a arrumar suas roupas. Detalhe, as roupas já estavam arrumadas, mas agora ela trocava a ordem que antes era de cor para categoria. Blusas de manga comprida de um lado, manga média de outro e de alcinhas no meio.

O quarto parecia ter uma divisão imaginária, Jennie do outro lado, com suas coisas organizadas por cor e tamanho e sua cama perfeitamente arrumada (que ela fazia questão de arrumar de novo) e eu e Jisoo do outro lado, manetes de vídeo game, chinelos jogados nos pés da cama e o lençol cheio de restos do salgadinho que comi mais cedo.

— Melhores amigas inseparáveis de novo?

Ela nem me olhou dessa vez, continuou a desdobrar e dobrar as roupas. Jisoo me cutucou com a manete do vídeo-game.

— Rosé, você deixou cair banana na minha blusa.

— Desculpa, amorzinho... Jenn-

— Rosé! De novo! — Jisoo rolou os olhos, tomando a colher de mim com a mão boa. — Eu como sozinha.

Fiz um biquinho, frustrada. Era oficial, eu era mais inútil que uva passa no salpicão, tão ou mais desnecessária que tapa sexo em vídeo porno. Jennie provavelmente nunca me perdoaria e Jisoo não tinha paciência para os meus mimos. Oh Deus! Por que me fizestes um desastre ambulante que não consegue cumprir um plano básico para juntar duas pessoas? O que será que o Will Smith em "A procura da felicidade" me aconselharia? A persistir? A deixar do jeito que está? A usar a força física? E será que demoraria muito para chegar no momento em que eu diria: "Essa pequena parte da minha vida, se chama felicidade?"

— Jennie, até o Sehun me desculpou. — Tentei novamente, inutilmente fazendo uma cara de cão que caiu na mudança. Ela me olhou, desconfiada, as mãos ainda desdobrando e dobrando as blusas bem passadas.

— Você conversou com Sehun?

— Sim, agora somos... conhecidos. Ele até me chamou para uma festa. — Enquanto isso, Jisoo comia violentamente a salada de frutas, provavelmente com raiva pelo meu pouco caso em lhe dar comida na boca. — Eu contei para Lisa, achei que ela tivesse te falado. Apesar que Lisa seria a última pessoa que eu poderia esperar contar alguma coisa pra você e...

Assim que eu falei o nome da tailandesa, as mãos de Jennie pararam no ar.

— Quando?

— Quando o quê?

— Quando falou para Lisa que tinha conversado com Sehun?

— Ontem a noite. — Foi Jisoo quem respondeu por mim, de boca cheia.

— É. — Dei de ombros. — Ela estava tão preocupada com a situação que achei melhor avisar.

Era muito bom ver as expressões de Jennie mudando à medida que as palavras saiam da minha boca. Ela costumava ser muito expressiva, você sabia que tinha alguma coisa acontecendo apenas olhando as feições dela, e naquele momento, Jennie foi de incompreensão, assimilação e depois desconfiança em um piscar de olhos, até deixou uma blusa cair no chão e não pegou de volta.

— Como assim preocupada? Preocupada com o quê?

— Com você — eu e Jisoo falamos em uníssono.

— Ela falou algo sobre ter limpado o seu armário que estava com um desenho de galhada... acredita?

Jisoo sorriu minimamente para mim, entendo aonde eu queria chegar e prosseguindo:

— Pois é, até aconselhou Rosé a esperar a poeira abaixar para te pedir desculpas.

— E prometeu ser uma boa amiga enquanto você chorava — acrescentei.

— Ah, exatamente! — Jisoo fingiu animação. — E deu certo, né? Vocês nem brigaram ontem.

Eu e Jisoo estávamos tremendo, esperando a próxima reação dela. Jennie estreitou os olhos, como se tivesse fazendo esforço para pensar e então, em um rompante, seu rosto se tornou raivoso e ela levantou de uma só vez da cama.

— O que Lalisa está aprontando!?

E o tiro saiu pela culatra.

— ... Quê?

— O quê, o quê... — Jennie me imitou na língua dos "i's", gesticulando demais. Jisoo me olhou com os olhos arregalados, compartilhando do mesmo choque ao ver aquela mudança abrupta.

— Você sabe, Rosé! Lalisa está aprontando alguma coisa! — Ela apontou o dedo para mim, como se eu fosse saber de algum plano maligno de Lisa.

Outro adendo: Lisa nunca chamava Jennie pelo nome, mas Jennie fazia questão de chamar Lisa de "Lalisa", só para fazer uma careta logo depois ou explicitar o quanto ela odiava dizer esse nome, mas continuava repetindo como uma sadomasoquista.

— Ela não está aprontando nada, ela me pareceu bem sincera. — Jisoo brincava com o caroço de alguma fruta na boca, com a língua, ela queria me matar ali mesmo.

— Sincera uma ová, Jisoo! Você não conhece Lalisa, não sabe o que aquela testa de amolar facão é capaz!

— Ela não está aprontando nada, ela estava sendo uma boa amiga! — defendi, mas nos olhos de Jennie foi como se eu tivesse feito algo imperdoável, tipo falar mal da Ivete Sangalo.

— Lalisa não é uma boa amiga! — rebateu ela. — Lalisa é minha nêmesis, somos inimigas juradas! Se ela fez tudo isso é porque está planejando alguma coisa contra mim!

Por que é tão difícil ser amiga das duas? Meus ombros caíram, derrotados. Tudo que eu mais queria era colocá-las amarradas uma na frente da outra e juntar suas cabeças. Era para Jennie ficar emocionada e pensar "nossa, por que Lalisa está tão preocupada comigo?" mas a mente delas nunca funciona do jeito certo.

— Ela pode ter mudado. — Jisoo ainda estava alimentando a discussão. Jennie parou de andar só para lançar um olhar de "fala sério" antes de voltar a caminhar de lá para cá.

— Tínhamos 16 anos na última vez que Lalisa se preocupou comigo. Ela ficou toda feliz no meu aniversário... feliz ao ponto de me dar um presente. — Jennie parou na minha frente. — Conte a ela o que aconteceu, Rosé.

— O que aconteceu? — Jisoo me perguntou, curiosa.

— Ah, foi... foi há muito tempo, eu nem me lem-

— O BOLO EXPLODIU NA MINHA CARA! — Jennie gesticulou uma explosão com as mãos.

— Tínhamos 16 anos... — Massageei as pálpebras.

— Um pedaço do bolo entrou na minha garganta, eu engasguei e QUASE MORRI! EU SOU ALÉRGICA A COCO E O BOLO ERA DE COCO! — Jennie levantou as mãos para o alto, como se pedisse Deus para levá-la. — Lalisa tentou me matar, aquilo poderia se enquadrar em homicídio doloso! Eu passei o meu aniversário em um hospital, entalada e com a cara aparecendo a do Bob Esponja ressecado naquele filme e... Jisoo? Você está rindo!?

— Foi mal! — Ela tentou tapar o riso com a mão, mas não adiantou. — É muito engraçado!

— Calem a boca! Calem a boca vocês duas! — Joguei um travesseiro em Jisoo e ameacei jogar o outro em Jennie. As duas fizeram silêncio, me olhando com a mesma dedicação de um golfinho ao receber petisco. — Foi uma brincadeira. Lisa não sabia da sua alergia a coco e, se eu me engano, ela só fez isso porque você estragou o lance dela com a Miyeon e elas terminaram por sua causa.

Jennie cruzou os braços e fez aquela cara, aquela sabe? Com um biquinho ressentido e os olhos maiores que o normal.

— Continue passando pano para Lalisa, qual vai ser o próximo passo? Votar 17? Abandonar cachorrinhos na rua? Assistir Riverdale? Vocês sempre foram amiguinhas do tipo "ooh, perdemos a virgindade juntas" e... e... aposto que você não sabia, mas eu fiz aquilo para proteger Miyeon de Lalisa.

— Nem você acredita nisso... — Jisoo maneou a cabeça, incrédula.

— Mas é a verdade! — Ela contra atacou. — A menina não merecia tanto desgosto, namorar Lalisa... pff, Lalisa Tobogã de Piolho Manoban... Lalisa pau de sebo Manoban... Lalisa...

Não falei do lance dos "Lalisa"? Jennie passou os próximos dez minutos recitando o nome dela.

— Tá, tá! — Me levantei, interrompendo as ofensas gratuitas. — Vocês duas tem muita criatividade para apelido, mas sabe o que mais vocês são boas?

Esperei a resposta.

— Brigar? — Jennie respondeu.

— Não! Ir às festas! — Dei um pulinho pseudo-animado.

Talvez fosse um sinal divino, como o que Maria recebeu de Gabriel avisando que estava esperando o filho do Senhor. O meu sinal era Sehun me falando sobre a festa das atléticas de medicina que aconteceria hoje, e pensando melhor, seria uma boa oportunidade para seguir com o plano. Jennie trocou o peso de um pé para o outro, pensando na possibilidade, o que era um bom começo. Já Jisoo me olhou incrédula.

— Acho que você não percebeu ainda, mas eu nem consigo andar direito!

— Relaxa, Soo, vai ser perfeito! Podemos customizar suas muletas e arrumar um look que combine com as ombreiras.

Jisoo rolou os olhos e se deitou novamente na cama, soltando um "aí" que eu sabia, era uma resposta positiva.





(...)





A festa era na casa dos pais de um dos amigos de Sehun, um tal de Kris. A construção era em estilo colonial e se assemelhava a mansão do Gusttavo Lima, com um grande gramado e uma piscina imensa no centro. Tinha tanta gente nadando que eu poderia ver a sujeira daquela água, cheia de sapinho e DST. Aliás, estava tocando "Piscininha amor" quando chegamos, o que era uma coincidência engraçada.

Lisa não estava tão animada assim, mas convencê-la a ir foi fácil, só dei a entender que Jennie também viria. Ela usava o de sempre: uma calça larga, tênis que mais pareciam duas lanchas em cada pé, pochete atravessada nos ombros e uma blusa curta demais que mostrava metade da barriga (percebi Jennie olhando durante todo o caminho). Já Jennie, ainda retocava a maquiagem que começou dentro do carro, passando mais uma camada de batom vermelho enquanto abaixava o vestido colado que vivia subindo pelas coxas. Ao sairmos do carro, ela deu pulinhos para me alcançar e segurou o meu ombro com a mesma dedicação de um filho, porque seus saltos afundavam na grama molhada e ela não conseguia andar sem apoio.

O problema era que Jisoo também se sustentava nos meus ombros e porcamente na muleta (lotada de strass que preguei durante o dia). E era a única que não parecia estar indo para uma festa na piscina, ela vestia um moletom verde oliva do Pokémon com os óculos redondinhos na ponta do nariz. Levantei eles com o dedo, já que as mãos dela estavam ocupadas no lance das muletas, e entramos na propriedade dos pais de Kris. A festa rolava mais a frente e o gramado era quase do tamanho de um estádio de futebol.

— Sua calcinha está aparecendo nesse vestido transparente. — Jisoo me olhou ofendida. — Isso é um tipo de tortura? Você incapacita todos os meus membros e depois coloca esse biquini?

Sorri maliciosa para Jisoo, enquanto, pelo canto de olho, vi Lisa tirar um cigarro de palha da pochete, mas quando ela estava prestes a acender Jennie o tomou e o jogou no chão, pisando em cima do fumo com toda a força contida nos saltos altos.

— Qual é o seu problema, porra? — Lalisa parou de andar e todas nós paramos também, para acompanhar o drama. — Calçou salto alto e já acha que é gente?

— Seu pulmão vai morrer dez anos antes de você, testuda. — Jennie jogou os cabelos para trás dos ombros, rolando os olhos.

— Preocupada com a minha saúde, nanica?

Jisoo se intrometeu na conversa, sustentando nas muletas para levantar o indicador.

— Estudos comprovam que pessoas que convivem com fumantes também possuem deficiências pulmonares.

— Viu só? Gostei de você, Jisoo. — Jennie deu um tapinha no ombro deslocado de Jisoo. — Eita, foi mal. — E depois alisou onde havia batido.

— Ninguém está te obrigando a conviver comigo, então não enche, smurfette. — Lisa tirou outro cigarro da pochete.

— E lá vamos nós... — suspirei, voltando a andar e as deixando para trás. Jisoo preferiu ficar e acompanhar o espetáculo.

— E quem disse que eu quero conviver com você? Sua... sua... — Jennie fez um biquinho. —... Cara de coruja! — As bochechas dela mudaram para um tom de vermelho ao passo que Lisa gargalhava até perder o fôlego.

— Você consegue mais que isso, Kim!

Nem precisei me virar para saber que Jennie se aproximava de mim, o barulho dos seus saltos afundando na grama foram o suficiente.

— Vai a merda, Lalisa! — Ela rebateu, emburrada, e apressou o passo.

— Se continuar rebolando desse jeito pra mim sua cintura vai quebrar, morena!

— Ah! — Jennie parou abruptamente, cerrando os punhos. — Do que você me chamou!?

— Chega de briga! — gritei. As duas se calaram, Jisoo engoliu o riso. — Jennie, nada de ser estraga prazeres hoje, ok? Estamos aqui para perder pelo menos uns 20 anos de vida, e Lisa, pega leve, você já está tossindo como uma tia fumante de 50 anos e seus dentes precisam de um clareamento urgente. — Ela esfregou o dedão nos dentes, ofendida. — E Jisoo, fique perto de mim. Dado os avisos, vamos curtir a feeesta! — cantarolei.

Jennie e Lisa se acotovelaram, e tive que parar na porta da casa para esperar Jisoo chegar com as suas muletas. Fora isso, eu estava com um bom pressentimento, finalmente, eu sentia que estava tudo certo.

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