Pov's Mirella
Passei o dia inteiro do dia seguinte com a minha avó no hospital. Ela estava tão abatida, os médicos disseram que ela está fraca e provavelmente se ela sair do hospital precisará andar de cadeira de rodas.
O resto da semana eu fiquei ao lado dela e esqueci completamente em conversar com o Sebastian sobre sábado.
Eu teria que cancelar com ele...o Humberto tinha me convidado primeiro, e ainda comprou um vestido para mim.
Pego o celular ligando o mesmo, eu comecei a usar o novo que ganhei, é muito difícil mexer em um IOS, o Vicente teve que me ensinar.
Mando uma mensagem para o Sebastian.
[12:10]Mirella:
"Oi" - entregue.
"Preciso falar contigo" - entregue.
(Figurinha) - entregue.
Fico olhando as mensagens até eu ver que ele ficou online e começou a digitar.
[12:12]Sebastian:
"Oi...é sobre hj?" - lida.
"Não sei se vms poder se ver hj antes da feira, estou preso no trabalho." - lida.
" Pode falar por aqui" - lida.
[12:13]Mirella:
(Áudio): "Sebastian, teve meio que uma confusãozinha e eu não vou poder ir com você a feira de arquitetura. Eu havia esquecido que o Humberto tinha me convidado, me desculpa mesmo" - lida.
Começo a roer a unha, será que ele vai ficar chateado? Eu queria tanto ir com ele, mas eu preciso dar uma chance ao Humberto, por quê tipo...ele é meu pai.
[12:16]Sebastian:
"Ok" - lida.
Só isso? Só um "OK" Sebastian?
Como eu vou saber se ele está puto ou não? Que merda! Eu fiz merda!
[12:16]Mirella:
"Está zangado comigo?" - entregue.
Ele ficou online por mais alguns minutos e saiu sem responder.
Bufo jogando o celular no sofá e encarando a TV ligada em minha frente onde passava Todo mundo odeia Chris.
Sabe quando você liga a TV mas o tédio é tão grande que parece que nem tá passando nada por quê você não presta atenção? Então, estou assim.
Pego meu celular e fico passando os contatos até parar no do Rafael, ou "amante"...por quê ainda estou com esse apelido aqui?
Dou risada entrando nas conversas antigas, fico relendo e bate uma saudade da época em que éramos apenas amigos.
Resolver ficar com ele de novo estragou completamente o que conseguimos em 2 anos. Eu me odeio por isso..fiquei com um fogo que acabou a amizade.
Respiro fundo e digito.
[12:30]Mirella:
"Tô com sdd do meu amigo" - entregue.
Podem me chamar de idiota, eu deixo.
Mas estou com saudades dele, não do idiota que ele está sendo esses meses, mas do amigo retardado de antes.
Meu celular vibra.
[12:31]Rafael:
"Estou indo aí, tô com fome" - lida.
Abro um sorriso me levantando.
Eu já havia feito o almoço, que era um peixe assado, então só preparei um suco de polpa.
Quando eu guardo o suco já pronto na geladeira, ouço a porta se abrir e logo depois se fechar. Me viro encarando o Rafael.
Ele estava com seu fuzil nas costas, a blusa no ombro mostrando as diversas tatuagens dele que cobria quase todo seu corpo. Sua bermuda tactel mostrava um pouco da sua cueca dourada e nos pés um tênis preto sem meia.
Mirella: Oi. - encaro seu rosto vendo sua barba por fazer e seu sorriso ladino.
Rafael: Iai. - dou a volta no banco e me apoio nele de frente ao Rafael. - Resolveu voltar a falar comigo? - cruza os braços.
Mirella: Depende. Estou só esperando seu pedido de desculpas. - cruzo os braços também e levanto uma sobrancelha.
Ele rir humidecendo os lábios, olha para o lado dando um sorriso, nega com a cabeça e depois volta a me olhar.
Rafael: Por quê eu pediria desculpas?
Mirella: Não sei. Talvez pelo idiota que foi? Tu não é assim Rafael. - ele respira fundo.
Rafael: Só estava querendo te proteger.
Mirella: Não, não estava. Já falei com você sobre isso. Agora peça desculpas por quê eu quero muito meu melhor amigo de volta. - imploro.
Ele tira a pose de durão e retira o fuzil das costas deixando em cima da mesa, logo depois abre os braços. Dou um sorriso e corro o abraçando apertado.
Rafael: Tá, chata.
Mirella: Tá o quê?
Rafael: Tu sabe. Eu não vou pedir desculpas explicitamente não. - gargalho e me solto dele.
Mirella: Orgulhoso. - dou um tapa em seu braço. - Vem, a comida tá pronta.
Fomos para a cozinha e fizemos nosso prato, logo depois fomos para a sala já que o Rafael queria ver o jogo que tava passando.
Mirella: Eu te chamei para a gente conversar, não para tu ver o jogo. - falo após o mesmo ficar apenas prestando atenção na TV.
Rafael: Manda o papo que eu tô ouvindo. - coloca a comida na boca.
Reviro os olhos.
Mirella: Como tá na lojinha?
Rafael: Uma merda, os crias tão barrando mercadorias importantes nossa. - arregalo os olhos.
Mirella: E agora?
Rafael: Estamos procurando um novo caminho para trazer a mercadoria para aqui. - me olha de relance. - Não, não! Que porra! - grita com a TV.
Volto a comer.
Rafael: E tu? Como tá com teu pai?
Mirella: Vou ir com ele e a família dele a uma feira de arquitetura hoje. - digo.
Rafael: Aquela que passou na TV?
Mirella: Passou na TV? - ele assente.
Rafael: Só vai gente chique. - ele rir. - Boa sorte.
Engulo em seco.
Mirella: Espero não passar vergonha por tá com ele.
Rafael: Eu não tô entendendo... - se encosta no sofá me olhando. - O Sebastian vai pra lá também, né?
Mirella: Vai.
Rafael: Ué, não tá mais com ele não? Ou ele não te chamou?
Mirella: Chamou, mas o Humberto falou primeiro.
Rafael: Mas tu conheceu o Sebastian primeiro. - levanta uma sobrancelha. - Não tô julgando, até gostei de tu não ir com ele. - reviro os olhos.
Mas o Rafael está certo.
Fiquei com peso na consciência agora.
Depois que acabou o jogo a gente ficou conversando mais um pouco como antigamente e depois ele foi embora.
Resolvo tirar um cochilo antes de ir para esse tal negocio de arquitetura que provavelmente vou ficar entediada.
Antes de me deitar eu vejo uma mensagem, era o Sebastain.
[14:00]Sebastian:
"Estou zangado não, te entendo" - lida.
[...]
Acordo com meu celular apitando várias vezes, me sento na cama sonolenta, pego meu celular e vejo várias ligações perdidas do Humberto.
Mirella: Caralho! - me levanto rapidamente, só faltava meia hora para ele vir me buscar.
Corro para o banheiro me despindo, tomo banho apenas de 10 minutos cronometrados e saio.
Dou graças a Deus de já ter desembaraçado meu cabelo antes, apenas ajeitei mais e fiz um coque alto bem bonito e volumoso. Coloco uns produtos no corpo e algumas jóias que só uso em eventos chiques assim. Visto o vestido azul maravilhoso que o Humberto me deu.
Calço uma sandália de salto que eu nunca tinha usado, faço uma maquiagem baladeira o que ocasionou 20 minutos de atraso e me olho no espelho.
Bixa, pisa menos! Gostosa para caralho!
Sim, minha autoestima é alta.
Meu celular toca e eu já pego o mesmo e minha bolsa de mão indo para a sala.
Vai ser foda descer o morro arrumada desse jeito.
Seguro a ponta do vestido que se consistia de um tecido fino azul transparente e saio de casa trancando tudo.
Enquanto descia o morro eu ouvia várias cantadas me fazendo revirar os olhos várias vezes.
Quando chego na entrada olho para os lados procurando o carro do Humberto, sinto o vento frio bater em meus braços e pernas o que me faz tremer de frio e me odiar por não ter colocado um casaco.
Ouço uma buzina e quando olho para frente encontro um carro preto luxuoso, sigo até lá.
O Humberto sai do carro e sorrir me olhando dos pés a cabeça.
Humberto: Olá Mirella, você está linda! - ele segura a minha mão e beija a mesma. - Tão parecida com o pai.
Dou um sorriso forçado e ele abre a porta do passageiro para mim. Assim eu entro pude ver suas duas filhas me encarando curiosas.
As duas estavam tão fofas, se vestiam iguais com vestidos azuis rodados com um enorme laço na cabeça.
Mirella: Olá meninas. - dou um sorriso e elas retribuem.
Sara: Você parece a princesa Moana. - me elogia.
Lara: Não, a princesa Tiana.
Sara: Tiana Não! Moana!
Lara: Tiana!
Jane: Meninas parem. - assim que ela fala elas se calam. - Que tal a princesa Mirella?
Lara: Não existe princesa Mirella.
Jane: Agora existe. - a Jane me olha do banco da frente e sorrir, eu retribuo.
Ficamos em silêncio a viajem toda.
[...]
Quando me falaram feira, eu achei que ia ser um negócio assim...simples né. Mas não, isso aqui para um daqueles eventos onde as pessoas vão para disputar quem tem mais dinheiro.
O Humberto e sua mulher falavam com todos sorrindo, até suas filhas pareciam saber como se comportar, e eu? Bom ficava atrás apenas sorrindo quando lembravam de me apresentar.
Olho para os lados sempre a procura do Sebastian, mas esse lugar é enorme e está lotado.
Que droga, era para eu ter vindo com ele.
Humberto: Nosso lugar é ali. - coloca uma mão em minhas costas e nos guia até um estande muito arrumado com o nome da empresa dele.
Ali mostrava várias coisas sobre arquitetura e decoração, o que estava mais em alta e tals. Acho bem bonito essas coisas, eu se tivesse uma casa iria querer participar de um evento desses.
Claro, se eu tivesse dinheiro.
Jane: A equipe de televisão. - aponta.
Olho para o lugar que ela apontou encontrando uma repórter e um cara que segurava a câmera, só que o que mais me chamava a atenção era quem eles estavam entrevistando.
Nada mais, nada menos, que o Sebastian.
O admiro de longe, ele está sorrindo galanteador, Sebastian está muito lindo em um terno casual em um tom cinza. Sua calça estava tão apertada que marcava o que ele tinha de maior, ele tentou ficar um pouco despojado usando um tênis tão branco quanto seus dentes alinhados e seus cabelos como sempre arrumados, mas com aquele fio rebelde na testa.
Parece que ele percebeu que alguém o encarava por quê parou de responder o que a repórter perguntava e olhou para os lados até seus olhos azuis encontrarem os meus.
Ficamos uns segundos nos encarando, ele dá um sorriso ladino e eu aceno envergonhada.
Jane: Vamos lá! Ele não pode roubar a cena só para ele. - ele puxa o marido fazendo a atenção do Sebastian ir para eles e seu semblante se fechar. - Meninas, fiquem aí.
Espero que ela não tenha falado comigo, por quê eu estou caminhando com eles até lá.
Humberto: Sebastian Salvatore! - seu tom alto fez a repórter e seu câmera se virarem para ele. - Quanto tempo.
Sebastian: Humberto Ferraz. - coloca as mãos no bolso dando um sorriso falso.
Repórter: Como podem ver, acabamos de encontrar mais um dono de uma das empresas de arquitetura mais renomada. Humberto Ferraz, está feliz em encontrar seu concorrente? - o meu pai finge uma gargalhada.
Humberto: Quero muito ver o seu stande, aposto que estará oferecendo ótimos serviços para os seus clientes. - dá uns tapinhas nas costas do Sebastian.
Sebastian: Digo o mesmo. Na verdade, eu já vi seu stande, não acha que tem muita coisa ultrapassada lá? - levanta uma sobrancelha.
Humberto: Nossos clientes gostam de coisas mais vintage, porém, oferecemos muitas coisas bem atuais também. Sabe, nós variamos muito no mercado, deveria fazer o mesmo.
Sebastian: Vou pegar sua dica. - o Humberto conserta o terno claramente se achando. - Mesmo que claramente vou arquivar junto a aquelas idéias ruins que as vezes temos. - completa fazendo eu segurar o riso.
A repórter ficava atenta a tudo que eles falavam.
Humberto: Não seja orgulhoso Salvatore, você deveria seguir conselho de quem está a mais tempo no cargo.
Sebastian: Meu caro Humberto, eu estudo para isso dês dos meus 15 anos, não preciso dos seus conselhos.
Humberto: Pois deveria. Uma outra dica que dou para você também, é que o senhor poderia começar a ajudar as pessoas de comunidade sabe? - Sebastian fica sem entender. - Soube pela minha bela filha que você tem parentes morando no Complexo do Alemão e na Rocinha.
O Sebastian arregala os olhos me encarando.
Que inferno!
Repórter: Isso é verdade senhor Salvatore?
Sebastian: Sim. Porém saibam que meus parentes não estão em estado de necessidade e não precisam da minha ajuda. - o Humberto rir.
Humberto: Se eles moram lá, sim.
Mirella: Desculpem me intromerer mas, não, não são todas as pessoas que passam necessidade. Não precisamos de dinheiro. Vivemos bem de um jeito confortável. Se quer ajudar, pai, melhor ajudar quem realmente precisa. - todos ficam uns segundos em silêncio, o Humberto me olhava de um jeito indecifrável enquanto sua mulher revirava os olhos.
Humberto: Certo. Obrigada filha. - dá um riso envergonhado.
Repórter: Nunca havíamos visto a filha mais velha dos Ferraz, como se chama?
Ai Jesus, estou sendo entrevistada.
Mirella: Mirella.
Humberto: Ela é minha filha do primeiro casamento.
Primeiro casamento? Primeira traição, não?
Repórter: O senhor já foi casado antes?
Jane: Não casado. Foi apenas um relacionamento, não é amor?
Humberto: Sim, um relacionamento que com certeza não chega perto do nosso. - eles se beijam e eu viro o rosto para não ver essa cena melosa.
Repórter: Vocês fazem um ótimo casal.
Jane: Sim. Igual a Mirella e o Sebastian.
Universo, para!
Humberto: Ah claro, havia esquecido. - meu pai me puxa me colocando do lado do Sebastian. - Minha filha e o Sebastian estão se conhecendo.
Eu e o Sebastian nos encaramos e ele dá um risinho.
A repórter parece ter recebido a notícia da cura do HIV por quê seu sorriso se alargou.
Repórter: Isso sim que é notícia. Teremos em breve a junção da empresa Ferraz com a Salvatore?
Humberto: Ah, isso está fora de questão.
Sebastian: Nunca. - fala firme.
Não sei por quê, mas isso me atingiu.
Repórter: Nem depois do casório? - eita porra.
Sebastian: Não estamos pensando nisso. Na verdade nossa vida pessoal não deve ser levada a público. - encara o Humberto. - Licença. - ele se vira mas antes de sair segura me pulso e me puxa.
Humberto: Mirella, onde vai? - me chama ao me ver seguindo o Sebastian.
Mirella: Eu já volto. - aviso.
...
Dividi esse capítulo em 2 por quê se não, não daria para eu postar hoje.
❤