Uma família para o mafioso...

By ManueleCruz

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O LIVRO 1 E 2 SERÃO POSTADOS AQUI! A história de Bruno Rodriguez e Pamela De La Torre Sinopse livro 1: Bruno... More

Sinopse
Para ler os capítulos atualizados
Livro 1
Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Epílogo
LIVRO 2
Primeira fase
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 16
Segunda fase
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capitulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Terceira fase
Capítulo 36

Capítulo 15

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By ManueleCruz


**REPOSTADO NOVA VERSÃO**

Moisés De La Torre


— Melina é a garota mais incrível da face do universo! — Bruno entra na sala onde estou, à espera da minha extradição. — Sério, agora estou preocupado com Pamela, provavelmente desmaie de emoção. Antes ela tinha medo de Melina não a amar, mas a garota é completamente louca pela mãe. E por mim também.

— Eu inseri todos vocês a vida dela. — olho para Bruno nesse momento. — Preparei o terreno para as novas pessoas em sua vida. E se possível, não separe a Crô de Melina, ela não trata como mãe, caso tenha essa preocupação. Mas é que estão juntas há anos, e Crô também tem licença para dar aulas em casa, então...

— Não, claro. — Bruno concorda comigo. — Não vamos separar as duas, quer dizer, os três, tem o Mauricio também. E creio que Pamela precisará de ajuda, ou melhor, todos nós. Ainda não conhecemos Melina por completo, seus gostos, suas alergias, remédios...

— Antes de Melina dormir, verifique debaixo da cama, ou ela mesma vai verificar e bagunçar tudo.

— Medo de monstros?

— Não, ela nunca acreditou em tal coisa. Melina tem muito medo de barata. Ela não tem medo de aranha, por exemplo, mas morre de medo de barata. Depois que uma subiu em sua perna, enquanto dormia, ela criou trauma e verifica sempre debaixo da cama e das cobertas. E, infelizmente, ainda não tiramos esse trauma dela.

Lembro o seu escândalo quando a barata subiu na sua perna, na verdade, mordeu. Mas para ela não ficar mais apavorada, eu disse que baratas não mordem.

— O que mais Melina faz?

— Ela vai fazer uma aposta a qualquer momento, e mesmo que ela perca, ela vencerá, porque ela pode falar algo do tipo ''Se eu perder, eu como beterraba durante dois meses'', ela ama beterraba. Então aposte berinjela, ela vai recuar na hora.

— Odeia berinjela. Anotado.

— Odeia peixe, mas ama pizza de atum.

— Sério? — confirmo. — Eu e Pamela amamos pizza de atum.

— Eu dei a pizza para Melina falando que atum é uma parte da carne de boi, ela comeu, depois contei que é peixe, mas ela apenas ignorou esse fato. Ela vai ler o dicionário inteiro, mas regre, porque ela pode ficar louca com tanto conhecimento adquirido. Ela odeia a Barbie e qualquer boneca menor que um bebê. Ela também odeia desenhos de heróis, acha entediante, mas é louca por uma tal ''Kim Possible'' e ''Três espiãs demais'', e ela vai assistir tudo, várias vezes. Também ama história e detesta geografia... — respiro fundo, não conseguindo explicar tudo. — Tem muita coisa sobre Melina, aos poucos vão descobrindo.

Bruno arrasta a cadeira e senta a minha frente.

— Você acha que é psicopata?

— Me diagnosticaram dessa maneira.

— Eu fiquei nessa dúvida por semanas. — encolhe os ombros. — Você precisa matar porque tem raiva, Pamela se drogava porque tinha raiva. Tem gente que bebe quando tem raiva. Tem gente que tem saco de pancada para canalizar a sua raiva. Já pensou que você pode ser uma pessoa que não consegue controlar a raiva por algum outro transtorno?

— O que explica o fato de pensar em matar a minha mãe desde criança?

— O fato que você não foi tratado. Existem vários psicopatas pelo mundão, e nem todos vão matar ou fazer algum mal. Mesmo assim, não consigo enxergar você desse modo. Você é calculista. É frio quando se trata de alguém que você quer matar. Pamela contou que quando ainda estavam naquela casa, você falou algo sobre ela não ser sua filha, mas é sua sobrinha, e não faria mal a ela. Você fez questão de enfatizar tal coisa. É como Gallardo falou, o problema é que você matou pais que apenas batiam nos filhos.

— Porque bater não é a solução. Minha mãe bateu no meu irmão quando viu o cachorro sangrando e chorando, e pronto, acabou. Ela batia quando ele a agredia, batia quando ele chorava de fome. Ela só batia, nunca conversou, nunca procurou entender e nem ajudar. Então eu escutava pais dizendo que bateram nos filhos porque eles tiraram nota baixa, bateram nos filhos porque eles tomaram cerveja escondido. Eu não matei quem castigou o filho deixando sem algo que gostasse, mas bater, surrar por algo que uma conversa adiantaria? Ver como eles falavam sobre a agressão dando risada? Lembrou minha mãe. E sei bem que foi extremo, mas fiz mesmo assim.

— Você não é psicopata. — repete. — E sabe por que eu afirmo?

— Por que amo alguém? — suponho.

— Não, porque você odeia esse diagnóstico e seu maior medo é ser psicopata. Você tem medo, você tem fraquezas, você tem pessoas que ama ou gosta. O seu medo era que duas garotas fossem como a doida da sua mãe. Isso demonstra seu sentimento. Introduzir uma família para Melina, prestar tanta atenção em cada detalhe dela.

— Se eu só tivesse matado abusadores. Dos cento e quinta e seis, dois foram inocentes, os psiquiatras.

— E por que matou?

— Porque eles disseram que não amo ninguém, e disseram que eu jamais morreria por Melina. Eles minimizaram meu amor por minha neta.

— E por que sequestrou?

— Para eles falarem o que sou.

— O que queria escutar?

— ''Você não é psicopata. Tudo o que faz por sua neta, mostra que ama alguém''. Mas eles não disseram o que eu queria escutar, eles apenas falaram que eu jamais amaria alguém, e que, por isso, eu tenho tanta raiva e sou um ser desprezível.

— Você quer mais amar do que ser amado.

— Melina foi a primeira pessoa que amei. Passei quatro décadas não amando, sendo saco de pancadas. Meu jeito quieto era apenas para zombarem de mim. Se sou educado, sou patético. Se sou quieto, sou tonto. Se sou enraivado, sou psicótico. — respiro fundo. — Mudando de assunto, na casa onde estávamos quando prenderam Gianluigi, vá até lá, nas paredes da sala e da academia tem dinheiro. É só quebrar, o único dinheiro que restou ficou naquele lugar. E sobre o dinheiro que roubei de Gioconda, não tem mais nada. Usei tudo para pagar os meus ajudantes. O meu dinheiro eu já passei para as garotas, e passe para o Abel, eu gostei da coragem dele.

— Espera, deixou o dinheiro para todos?

— Uma pessoa da minha confiança vai me entregar uma quantia de dinheiro na prisão, porque precisarei para sobreviver lá dentro. Mas não quero advogado, não gastarei com isso. Então meu dinheiro vai para as garotas e para o Abel, porque sei que a família dele é pobre.

— Vai olhar na minha cara e dizer que é psicopata?

Dou risada nesse momento.

Não dá para mudar quem sou...

Levanto da cadeira, Bruno também.

Estendo minha mão para Bruno, ele aperta.

— Cuide bem da minha neta. Sabe o que sou capaz de fazer para defendê-la.

— Ela me chamou de pai, jamais foi decepcioná-la.

— Seja um pai incrível.

— Serei, farei de tudo para ser.

Fecho os olhos.

Respiro fundo.

Bruno abre a porta.

— Finalmente! — a voz mandona de Melina me faz abrir os olhos. — Não via a hora de te ver! — ela corre e agarra minha perna. — Amei meu ursinho, vô.

Mostra o urso que pedi para Crô comprar e entregar.

— Senti sua falta, garotinha. — ajoelho-me na sua frente. — Gostou do Bruno?

— Sim! Ele é incrivelmente incrível! E tem tatuagens, vou fazer um montão também, o senhor vai ver!

Acaricio seu rosto, presto atenção em cada detalhe dela, da sua voz, para que eu nunca esqueça. Porque não sei se a verei novamente.

Minha garganta tem um nó formado, não consigo falar nada. E Melina fala e fala, eu apenas olho para tudo o que estou perdendo, o seu futuro, a sua vida...

Eu dei tudo por ela, e perderei tudo por ela.

Estou praticamente me matando por Melina.

E eu não me importo. Eu me importo porque vou perder sua vida, mas não voltarei atrás da minha decisão.

— Por que está chorando? — pergunta, tocando meu rosto. — Se chorar eu choro junto. — seu semblante muda por completo. — Não chora...

Melina chora junto.

Abraço apertado, guardando na memória o nosso último momento juntos.

— Eu te amo, Melina. — sussurro. — Você foi a melhor pessoa que apareceu na minha vida. — faço com que olhe para mim. Seu rosto todo molhado, e ela nem sabe por que chora, apenas faz porque é emotiva. — Nunca vou esquecer quando te carreguei pela primeira vez. Um bebê todo corado, bochechuda e muita cabeluda. Chorava tão alto que eu nem sei como não desconfiei que você seria uma escandalosa...

— Extro... — soluça. — Ver... — soluça. — Tida.

— Sim, extrovertida. — enxugo suas lágrimas. — E você sorriu para mim pela primeira vez, na hora parou de chorar. E eu sabia que, a partir dali, eu amaria alguém, e que faria de tudo por ela. Você sempre será a pessoa mais especial da minha vida. Quando crescer, não esqueça o que fiz por você, os nossos momentos juntos. As nossas conversas e brincadeiras...

— Vamo pra casa. — soluça. — Vamos...

— Eu não vou, Melina.

Começa a chorar ainda mais alto, soluça ainda mais alto e me preocupo como seu corpo treme.

Abraço apertado. Tento acalmá-la. Tento falar palavras mais doces possíveis. Depois de minutos, ela apenas soluça.

— Sua mãe está curada, Melina. — volto a falar. — Pode viver com ela.

— E você? O senhor?

— É a minha hora de ter um tratamento. Por isso vai para a sua mãe. Ela está curada, eu não.

— Eu não quero que vá...

— Eu tenho que ir, Melina. Preciso ir.

— Mas você o verá em breve, Melina. — Bruno fala nesse momento. — Seu avô não está indo embora para sempre, vocês se encontrarão novamente, só teremos que viajar para vê-lo.

Esperança.

Esperança é o que sinto quando escuto Bruno falando isso.

— Está indo embora para se curar?

— Sim, para um lugar para pessoas como eu, em outro Estado. — beijo seu rosto. — No futuro, saberá de coisas que fiz, mas apenas foque no meu amor por você. — beijo sua testa.

Nos abraçamos, ficamos algumas horas juntos, aproveitando nossos últimos momentos.

Bruno me deu esperanças de um reencontro, mas e Pamela? Então aproveito como se nunca mais fosse vê-la novamente.

— Te amo, garotinha. — mas preciso ir. — E pare de ler o dicionário.

— Também te amo, vô. — beija meu rosto e me abraça, agarrando o meu pescoço. — E se cure logo, para voltar para casa.

— Te amo. — nunca voltarei para casa.

— Também te amo, vô. — talvez o último beijo.

Melina já se foi, ao lado de Bruno. Melina vai saltitando, falando sobre sua mãe.

Meu peito aperta, a saudade tomando conta.

Respiro fundo, tento controlar a vontade de chorar.

— Um dia você a verá novamente. — Crô fala comigo. — Tenho certeza disso.

— Obrigado por tudo o que fez, por deixar sua própria vida de lado para cuidar da minha neta.

— Eu entendi tudo o que fez. — beija meu rosto. — Sinto muito.

— Eu sentirei falta de todos vocês.

— Eu sinto muito que não viverá ao lado de Melina.

— Não sou apto para viver em sociedade.

— Tem gente pior do lado de fora...

— Não minimize minha crueldade. Cento e cinquenta e seis pessoas não é pouco.

Crô se aproxima de mim e sussurra em meu ouvido:

— O cartel mata muito mais, e por muito pouco. — beija meu rosto. — Procurarei um advogado.

— Não precisa...

— Você não manda em mim. — toca o meu rosto. — Eu poderia desejar que você apodrecesse na prisão se você tivesse matado um bando de inocentes...

— Eu matei pais que bateram em seus filhos...

— Você precisa de tratamento, o presídio não é tratamento, Moisés! Pelo amor de Deus! Olha o que Gianluigi fez, tirou crianças das suas famílias para vendê-las a pedófilos. O que fez? Matou abusadores!

— Matei pessoas que bateram em seus filhos.

— Falei com Gallardo, a minoria foram pais que bateram em filhos. Na verdade, pais tão amados que a família nem se preocupou tanto em pegar culpados.

— Para de me inocentar, de minimizar meus crimes.

— Matou dois psiquiatras, esses sim eu sinto muito.

— Adeus!

— Você precisa de tratamento...

— Sou velho, não tenho mais tratamento.

— Nem por Melina? — ela sabe que me atingiu em cheio. — Você precisa superar os traumas, você precisa terminar com esses gatilhos emocionais, precisa controlar a raiva. Eu pesquisei, tem tratamento, tem avaliações e consultas periódicas. E você não é psicopata! Fez coisa ruim? Sim. Mas olha o que fez! Quantas pessoas você não libertou?

— Eu matei outras porque senti raiva. Já estou na perpétua.

— Moisés, entenda que não minimizo o que faz, mas o que quero que entenda, o presídio só te fará ficar pior! Sei que acredita que lá é o seu lugar. Acredita que ver seus inimigos sofrendo será um modo de se controlar. Mas ficando lá, você nunca verá Melina novamente, sabe por quê? Porque lá você ficará ainda mais violento, lá você entrará de vez nesse mundo...

— Eu já sou desse mundo, Clotilde. Já sou. Não adianta tentar me mudar.

— Ok! — grita, mas sei que não dará o baraço a torcer. — Boa sorte então.

— Obrigado por tudo.

Clotilde se afasta, dando a mão para seu filho, que estava sentado ali no banco. Mauricio acena para mim, dando tchau. Aceno para ele também.

E ali na frente Melina está com Bruno.

Melina sorri e acena.

Eu sorrio e aceno, mas eu também choro junto. Porque Melina acredita que me verá novamente.

Agora eu não sei vou querer vê-la novamente.

Sei que o presídio não é um lugar para que Melina vá me visitar.

Eu perdi tudo em um único dia.

Eu perdi Melina e a chance de ter uma família.

Entro na sala novamente.

Dou um soco na mesa de ferro, minha mão dói, mas soco de novo. Várias vezes seguidas, minha mão sangra.

Quero alguma dor para amenizar a dor que sinto no meu peito.

Eu não deveria ter matado tanto! Eu deveria ter procurado ajuda, não ter esperado a ajuda de outro alguém!

Eu deveria ter me controlado, deveria ter balanceando as culpas, não deveria ter matado a todos...

Eu não deveria!

E pela primeira vez na minha vida, eu sinto algo que nunca senti antes: Arrependimento.

O arrependimento vem com força quando penso que fiz muito por crianças, jovens como eu, mas passei dos limites.

O arrependimento não vem porque matei abusadores, e sim porque matei pais que bateram em seus filhos e falaram disso com orgulho.

Se só fossem abusadores...

Eu não me arrependo dos dois psiquiatras que debocharam, que gritaram que não amo Melina.

Porque amo Melina.

Me entreguei por ela.

Perdi minha vida por ela.

Mas dei uma vida nova para Melina e Pamela.

Pela primeira vez sinto remorso, mas também sinto alívio pela vida que posso dar as duas.

Dei minha vida por Melina.

Agora já é tarde para mim.

Melina... Agora apenas em minhas lembranças.

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