Quando Eu Ainda Amava Você

By ClaraCasteloQEAAV

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[CONCLUÍDA] Quando as duas ex-melhores amigas e atuais rivais Carla e Adele se reencontram na faculdade anos... More

Quando você ainda me ignorava
Quando eu e você passamos uma tarde constrangedora juntas
#1
Quando você se escondeu no armário
Quando eu conheci você
Quando seu "com quem será?" não foi comigo
Quando eu me senti a pior pessoa do mundo
Quando eu conheci outra pessoa num café
#2
Quando saberemos se foi a escolha certa?
Quando tentei seguir em frente
Quando você a beijou na minha frente
Quando eu aprendi a abrir mão
Comunicado
Quando colocamos um ponto final
Quando trocamos lições sobre o amor
Quando encurtamos a distância
Quando meu pedido começou a se realizar
Quando você devolveu minhas asas
Enquanto eu ainda amar você
Epílogo
Atualizações
(eBook + novo livro + mais novidades)
#3
#4

Quando vi você naquela festa

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By ClaraCasteloQEAAV

Julia e André estavam começando a se preocupar. Adele não havia dito uma só palavra em mais de meia hora. Ao invés disso, encarava o teto com cara de mosca morta e, ocasionalmente, dava longos suspiros. Eles já não aguentavam mais tanta morosidade.

— Você quer falar sobre o que tá te incomodando? — André arriscou, mas Adele apenas balançou a cabeça negativamente.

— Ok, quer saber? Nós vamos sair essa noite — Julia declarou enquanto se levantava — E eu vou me arrumar.

Adele grunhiu. Ao menos estava emitindo algum som. Ela se sentou para encarar os amigos com uma expressão de derrota em seu rosto que era francamente deprimente. Com certeza tinha algo a ver com a tal da Carla, pra variar.

— Eu não vou a lugar algum.

André a empurrou de leve.

— Com todo o respeito, mas pelo menos tome um banho — Ele prendeu o nariz para a dramatização.

Nesse momento, a campainha tocou e os amigos de Adele deram uma pausa na missão de convencê-la a parar de agir feito um zumbi. Atrás da porta estava ninguém menos que Marina, outra amiga do ensino médio, segurando uma caixa de coxinha e uma garrafa de vodka. Ela entrou cumprimentando os amigos, parando apenas para observar Adele murchar no chão do apartamento.

— Ela tá doente? — Marina perguntou.

André segurou as coxinhas e a vodka, e Julia conduziu a amiga para o quarto, onde fechou a porta para que pudessem conversar sobre Adele sem que ela ouvisse.

— A gente acha que isso tem alguma coisa a ver com a Carla — Julia começou, com a voz baixa.

— Carla? Aquela maluca do vôlei?

— É. Elas estão cursando uma matéria juntas na faculdade — André continuou — E isso parece estar afetando muito a Adele.

— Pior que eu não entendo — Julia se sentou na cama, gesticulando exageradamente — Depois do que a criatura aprontou no dia da formatura, como é que ela continua se deixando afetar?

— Hum... O que exatamente aconteceu na formatura, hein? — Marina levantou a mão como se pedisse permissão para falar — Ninguém nunca me explicou isso direito.

Marina não era tão próxima assim de Adele, exceto pelos breves dois meses do terceiro ano quando elas meio que eram ficantes. Depois do que rolou na formatura, Adele não quis contar muita coisa pra ninguém, e era até bem justificável, considerando tudo que veio em seguida com a família dela.

— Eu não sei se a Adele iria querer que a gente contasse. — Julia respondeu com uma expressão de desculpas.

— Por favor. Só por cima. Eu não ligo muito pros dramas dela. Só não quero ficar boiando — Marina juntou as mãos como se implorasse. — Não é como se eu fosse espalhar, né?

Julia e André se entreolharam e deram de ombros. Ela respirou fundo antes de falar:

— De certa forma, a Carla meio que...

— Tirou a Adele do armário pros pais dela — André terminou a frase por ela, com a velocidade de uma metralhadora.

— André!

— Foi mal! Você tava demorando.

Marina deixou eles se encararem enquanto abria a garrafa de vodka em silêncio. Só então eles a olharam enquanto ela dava um gole na bebida, quase engasgando.

— Puuuxa, que merda isso — Marina respondeu, visivelmente desinteressada — Eu não a perdoaria se fosse ela.

— Pois é. Não entendo porque ela ainda liga pra Carla — Julia suspirou.

André pigarreou e se sentou ao lado de Julia na cama.

— Seria insano se eu sugerisse que talvez a Adele...

Na mesma hora, a porta do quarto se abriu e a loira os encarou com suspeita antes de entrar. Os três pararam de falar (e até mesmo de piscar) por alguns segundos. Adele não era tão boba. Ela sabia sobre o que estavam fofocando desde o primeiro minuto.

— A gente vai se arrumar pra sair ou não? Não sabia que você precisava de duas pessoas pra te ajudar — Adele fungou, mas Julia pulou da cama, animada.

— Sério?! Eu posso fazer a sua maquiagem? Posso? Posso?

Julia fez beiço e Adele resmungou, roubando uma coxinha e puxando os outros dois patetas para fora do quarto.

— Só se tu se arrumar logo — Ela respondeu, antes de fechar a porta.

Uma hora e meia depois, os quatro estavam a caminho do bar. Julia sorria vitoriosa depois de passar quilos de sombra preta nos olhos de Adele e um pouco de gloss. Adele vestiu um corpete de renda preto e uma calça jeans de lavagem clara. Já Julia optou por um macacão de short e uma blusa cor de mostarda que contrastava com seu curto cabelo azul repicado de um jeito que arrancava comparações com Coraline. André deixou que Julia também passasse nele um delineador branco, que se destacava em sua pele escura, e Marina roubou um par de brincos da amiga, argumentando que estava muito básica para uma noitada.

Não era um canto glamuroso, apenas um barzinho universitário repleto de rostos familiares, mas bastava para se divertirem um pouco.

Enquanto os amigos dançavam, Adele girava seu copo de vinho barato, sem engajar com os arredores. Julia a puxou pelo braço, fazendo com que ela encarasse a amiga.

— Você não vem dançar? Ó, aquele cara tá te olhando faz um tempão. Ele é bonitinho. Quer dizer, você gosta de caras? Deve ter alguma garota bonita por aqui também...

Adele deu de ombros e virou o resto de bebida em seu copo antes de levantar e dançar sem muito ânimo com os outros. Marina estava aos beijos com o namorado (ou, nas palavras dela, ficante fixo) que havia chegado há alguns minutos, e André estava trocando a música. O tal rapaz de olho em Adele tentou se aproximar, mas ela não estava no clima, nem nunca estaria.

— Eu vou comprar mais uma bebida pra gente. Tô com uma nota de cinco. Você tem dois reais? — Ela teve que gritar para Julia por causa do barulho.

— Aqui.

Julia estava preocupada, porém tinha esperanças de que beber um pouco fizesse Adele se soltar e aproveitar a noite. A garota foi até a pequena janelinha onde o dono vendia as bebidas e aguardou, com a visão já começando a embaçar. Um braço roçou no dela para pegar uma garrafa, e Adele tomou um susto ao se virar e dar de cara com Carla.

— Pra que o espanto? Esse bar fica na frente do campus — A morena respondeu, não hesitando em virar para se afastar.

Adele a seguiu com os olhos, ligeiramente irritada, antes de voltar para onde os amigos estavam. Ela começou a beber da nova garrafa e dançar mais entusiasmada. Não era do seu feitio ser a bêbada chata e deprimente do rolê. Adele sabia que precisava seguir em frente, ainda mais agora que havia constatado que Carla não ligava.

Dentro de pouco tempo, a loira voltou a se sentir ela mesma, dando altas gargalhadas, declarando seu amor pelos amigos e agindo feito boba.

— Galera, eu trouxe ela aqui pra esquecer da Carla e, tipo... — Julia apontou para onde Carla estava sentada com um grupo de amigos — Isso não é nada bom.

— Relaxa, pequena. O plano funcionou de qualquer jeito. Olha como a Adele tá dançando — Marina respondeu — E elas nem tão olhando na direção uma da outra. Tá tudo certo.

O grupo continuou conversando e Julia resolveu deixar a história de lado. Realmente, Adele parecia estar se divertindo de novo e isso era o que importava. Ainda assim, Julia continuou monitorando a amiga visivelmente bêbada para que ela não se machucasse nem fosse machucada pelos outros. Tudo iria ficar bem.

— Eu tenho que ir ao banheiro. Fiquem de olho na Adele por mim — Julia anunciou, entregando os pertences de Adele para André.

Em menos de um minuto, um empurrão acidental bastou para tirar Adele do equilíbrio e ela se estatelou no chão. A embriaguez havia amortecido os efeitos da queda, mas a garota estava tonta demais para se reerguer e começou a rir encarando o braço arranhado. De repente, duas mãos masculinas e fortes começaram a levantá-la por debaixo das axilas. Adele não conseguiu processar até que alguém estapeou o homem atrás dela.

— Solta ela — disse Carla, ajudando Adele a ficar de pé ao envolver um braço em sua cintura.

— Eu só tava ajudando — O homem respondeu, sem graça. Era o mesmo que havia tentado flertar com Adele no começo da noite — Os amigos dela sumiram.

— Tá tudo bem, Carla. Esse é o... — Adele tentava falar, mas as palavras saíam enroladas e numa entonação engraçada.

— Carlos — Ele completou, ciente da coincidência, pela expressão em seu rosto.

— Ah, ótimo — Adele riu — Carla e Carlos. Vocês já podem ser melhores amigos. Só me diz uma coisa... Você tem algum amigo chamado Adélio? Isso é um nome, né?

Adele quase caiu de novo, forçando Carla a reforçar o suporte e revirar os olhos.

— Chega de bebida pra você — disse ela para Adele, já a afastando do amontoado de gente dançando — Vem, antes que tu se machuque de novo.

— Eu sabia que você ainda se preocupava comigo — Adele comentou com um ar convencido, mas não obteve resposta.

Carla colocou a garota numa cadeira de plástico vazia e balançou uma garrafa d'água na frente dela antes de se sentar na cadeira ao lado.

— Bebe isso aqui.

Para a sorte de Carla, Adele não era tão teimosa quanto ela e bebeu metade da garrafa sem reclamar. O cabelo dela havia se soltado na queda. As madeixas sempre haviam sido claras, mas agora estavam platinadas e passavam um pouco dos ombros. Daquele jeito, com aquela maquiagem, Adele parecia mais mulher que menina. Carla a observou bebendo a água como se tivesse acabado de voltar de um deserto e percebeu os novos piercings nas orelhas dela. A mãe de Adele sempre havia dito que só iria permitir modificações corporais quando ela completasse dezoito anos. Da última vez que elas se viram antes daquela aula em comum, Adele só usava um par de brincos.

— Tu se arranhou — disse Carla, apontando para o braço de Adele.

— Ah, isso aqui? Não é nada — Ela parou de beber a água e sorriu ternamente para a ex-amiga.

O rosto de Adele sempre ficava tão vermelho quando ela bebia. Ela parecia uma idiota. Uma idiota adorável.

— Cadê seus amigos, hein? — Carla inspirou fundo, desviando o olhar para as outras mesas.

Adele deu de ombros e começou a comer de um pote de batatinhas que estava em cima da mesa. Quando Carla percebeu, segurou as mãos da loira com um olhar de desaprovação.

— Não. Seja boazinha e fique quieta — Ela suspirou de frustração — Eu não posso te deixar sozinha pra procurar pelos seus amigos tabacudos.

— Então fica aqui. Uma hora eles aparecem — Adele respondeu com a boca cheia.

— Para de falar com a boca cheia! E tenta mandar uma mensagem de texto pra eles.

— Ok.

Ela tirou o celular do bolso e o desbloqueou com o polegar, mas assim que abriu o WhatsApp, Adele ficou encarando a tela por tempo demais sem começar a digitar.

— Que foi? — Carla a encarou com os olhos cerrados.

— É que as letras tão dançando na tela — Adele soltou uma risadinha.

— Me dá aqui.

Rapidamente, Carla digitou uma mensagem e devolveu o celular para Adele. Era inexplicável como ela conseguia ser uma aluna nota dez e uma completa imbecil simultaneamente. Isso lembrava Carla da vez que elas foram visitar o oceanário de Aracaju numa excursão escolar e a única coisa que Adele fora capaz de dizer ao ver os tubarões foi:

— Olha que peixão! Peixão, peixão, peixão!

Depois, a menina ficara reproduzindo sons de baleia contra o vidro.

— Você sentiu a minha falta? — Adele perguntou enquanto se inclinava na direção de Carla.

— Eu vou estourar um aneurisma se você continuar falando.

Quase na mesma hora, Julia, André e Marina apareceram dos fundos do bar até onde elas estavam. As duas garotas estavam aparentemente zangadas, mas o rapaz só estava confuso.

— Eu fui ao banheiro por dois minutos e tu sumiu! — disse Julia antes de se virar pros outros amigos — E vocês! Eu disse pra ficarem de olho nela!

Enquanto André parecia culpado, Marina apenas contornou Julia e ajudou Adele a se levantar enquanto lançava um olhar fulminante para Carla.

— Adele, ela tava te incomodando?

— Com licença? Eu tava ajudando a amiga de vocês a ficar sóbria, já que vocês sumiram — Carla começou a se levantar da cadeira de cara amarrada, mas Adele colocou uma mão em seu ombro.

— Tá tudo bem. Obrigada pela ajuda, viu? — Ela se virou para Marina — Onde tá a minha bolsa?

— Com o André. A gente concordou que é melhor ir pra casa agora. Tudo bem?

— Claro. Por hoje já deu — Adele acenou adeus para Carla, que pareceu surpresa e não acenou de volta.

No Uber para casa, os amigos de Adele ficaram conversando, mas ela apenas repousou encostada contra a porta, observando as luzes dos apartamentos e pensando no encontro breve com a antiga amiga. Parte dela pensava que aquilo era um indício de que, lá no fundo, Carla ainda se importava. Contudo, a outra parte (a mais racional) dizia que a garota teria ajudado qualquer pessoa na mesma situação, o que não tornava Adele especial. Seja como for, Carla nunca negou ter sentido saudade, e isso era o suficiente para ela naquela noite.

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