A outra [FINALIZADO]

By AutorBeatriceBrandao

247K 28.6K 23.8K

Livro I da trilogia "Amores inimigos" "Amar ela era como caminhar de encontro a minha própria condenação." A... More

Mensagem da autora
Elenco e Book Trailer
Prólogo - A morte marca
Capítulo Um - Tudo é uma questão de aparência
Capítulo Dois - A cor traçará seu destino
Capítulo Três - Os deveres nunca acabam para uma mulher
Capítulo Quatro - A chegada é sempre mais difícil
Capítulo Cinco - Uma ferida que não cicatriza
Capítulo Seis - A mudança vem do coração
Capítulo Sete - Uma ideia não tão estúpida assim
Capítulo Oito - Os segredos também nos unem
Capítulo Nove - Grandes mudanças requerem coragem
Capítulo Dez - As vezes é preciso se aliar ao inimigo
Capítulo Onze - Primeira lição
Capítulo Doze - Um chamado dos céus
Capítulo Treze - Segunda lição
Capítulo Catorze - É importante se importar
Capítulo Quinze - Força
Capítulo Dezesseis - O poder que habita na mulher que sabe jogar
Capítulo Dezessete - A maldade é um carma que sempre volta
Capítulo Dezoito - A indomável lady Lili
Gosta do livro leitor? Então leia isso, por favor!
Capítulo Dezenove - O perdão não se vem facilmente
Capítulo Vinte - Terceira lição
Capítulo Vinte e Um - Uma noite de provas
Capítulo Vinte e Dois - A força de um igual
Notícia boa... Mas, notícia não tão gostosa assim. LEIAM!
Cuidado, a idiotice presente nesse capítulo pode ser contagiosa.
Capítulo Vinte e Três: Um desafio para a lua
Capítulo Vinte e quatro - Uma emoção para o sol
Capítulo Vinte e Cinco - O impossível é alcançável
Capítulo Vinte e Seis - Um homem apaixonado
Capítulo Vinte e sete - Quarta lição
Capítulo Vinte e Oito - Não se pode fugir do passado
Capítulo Vinte e Nove - Mentiras e fachadas
Capítulo Trinta - Mentiras e fachadas (parte dois)
Capítulo Trinta e Um - O amor não se ausenta em tempos difíceis
Capítulo Trinta e Dois - Recomeço
Capítulo Trinta e Três - Quinta e sexta lição
Capítulo Trinta e Quatro - Distantes, mas nunca separados
Capítulo Trinta e Cinco - Dois passos para trás
Capítulo Trinta e Seis - Então talvez seja amor
Capítulo Trinta e Sete - Conexões e conflitos
Capítulo Trinta e Oito - Resgate
Capítulo Trinta e Nove - Adeus dama estimada
Capítulo Quarenta - Segredos
Capítulo Quarenta e Um - Adika
Capítulo Quarenta e Dois - Eclipse
Capítulo Quarenta e Três - Eclipse (parte 2)
Capítulo Quarenta e Quatro - Aproximação
Capítulo Quarenta e Cinco - Passados e outras correntes mais
Capítulo Quarenta e Sete - Gaiola dourada
Capítulo Quarenta e Oito - Batalhas internas
Capítulo Quarenta e Nove - Laços por um fio
Capítulo Cinquenta - Renegados
Capítulo Cinquenta e Um - O mistério da condessa libertina
Capítulo Cinquenta e Dois - Luz e escuridão
Capítulo Cinquenta e Três - Anne
Capítulo Cinquenta e Quatro - Gênese
Capítulo Cinquenta e Cinco - Sacríficios de sangue
Capítulo Cinquenta e Seis - Por um bem maior
Capítulo Cinquenta e sete - A dança do destino [RETA FINAL]
Capítulo Ciquenta e Oito - A dança do destino(parte 2) [RETA FINAL]
Capítulo Cinquenta e Nove - A dança do destino, parte 3 [RETA FINAL]
Capítulo Sessenta - Miserável solidão [RETA FINAL]
Capítulo Final - O começo de um recomeço
༺ Agradecimentos༻
Epílogo - Entre a vingança e o coração (Livro II)

Capítulo Quarenta e Seis - Reparação

3.5K 401 282
By AutorBeatriceBrandao

- Vitor, pegue minha arma! 

Revelando um novo esconderijo abaixo do sofá a condessa apanhou a pistola jogando nas mãos hábeis do mordomo que rapidamente verificou o coldre antes de guarda-la atrás da calça. Os olhos das mulheres ganharam ainda mais dimensão quando a mesma, logo mais se aproximou da lareia agarrando a espingarda do falecido marquês. 

- O que vai fazer com isso? - Questionou a loira tentando ser compreendida no meio da confusão.  

- Vá para o quarto de Adika, leve a duquesa e as outras com você. - Continuava ela ignorando-a.

- Ninguém precisa ir a lugar nenhum! - Em confusão as criadas inquietas olhavam as duas mulheres sem saber qual ordem deveria seguir.  - Acalme-sem todos de uma vez! Não há motivos para precisarmos de armas!

- Vá com Vitor entendeu? Ele quer a mim não você. - Aqueles olhos azuis fitando-a como se fosse uma peça de porcelana prestes a quebrar só fizera sua raiva aumentar em tamanho. 

- Ele não veio atrás de ninguém! - Gritou gesticulando em direção a entrada onde a cada segundo o conde de Bath se aproximava. - Está aqui porque eu o convidei!

De uma só vez todos pararam encarando a duquesa como se ela tivesse criado membros extras no seu corpo. 

- Você o que? - Guinchou fazendo ela encolher.

- Vocês precisam tirar isso do peito Celine, são uma família e uma família deve estar unida.

- O que diabos você fez, Cibelle? - Sussurrou a condessa com um tom sombrio que invocara arrepios na sua pele. 

- Eu peguei a carta do seu falecido marido e enviei para seu enteado como se fosse uma mensagem minha. - Para sua felicidade a voz não transmitia metade do pavor que sentia. - Imaginei que ele não ignoraria o brasão dos Crawford's e a leria. 

Uma frieza que nunca vira naquelas íris escuras a fitou enquanto seu semblante traído terminou de amedrontar seu interior.

- Não era seu direito. 

Sua tentativa de aproximação só fez ela recuar olhando para o teto como se rogasse por calma. 

- Sabe a quantos anos Heitor está morto? - Continuou ainda sem fita-la. - Já pensou que por Richard guardar ressentimentos as palavras do pai podem não valer mais nada para ele? - Ela não tinha como argumentar contra isso. Admitia que seu plano não passava de um tiro no escuro. - Chega, não temos tempo. Vá com Vitor e se isso não se tornar um banho de sangue conversaremos depois.

Antes que a mão cautelosa do mordomo tomasse por completo seu braço ela o puxou violentamente. 

- Na fazenda quando escutei aquele tiro e não vi você, pensei que havia sido morta. Mas, algo pior do que o desespero que senti quando não a vi ao meu lado fora o de pensar que não estava lá para protegê-la. - Começou encarando com a mesma frieza no tom. - Não ficarei escondida enquanto está em perigo por aí! Estamos juntas nisso e se for necessário arrisco-me como fez  dezenas de vezes por mim também!

- Você quem pediu. - Rosnou ela escancarando a porta e destravando a espingarda a metros de distância do peito do enteado. - Dê mais um passo e não exitarei em atirar.

- Não será preciso. - Livrando-se do casaco Richard lentamente girou mostrando estar desarmado.  - Celine, eu só quero a segunda parte da carta. - Sob o olhar atento dela ele também tirou do bolso o papel antigo com a letra de Heitor. - Lady Herveston me disse que se eu quisesse a segunda parte ela estaria com a pessoa a quem devo pedir perdão. 

"Perdão?" Pensou olhando ligeiramente para a loira que acenou confirmando. 

- Por favor... Eu imploro... Me deixe saber as últimas palavras do meu pai. 

- Eu tentei da-las a você desde o início!

- Meus parente envenenara minha mente dizendo que não deveria confiar as últimas palavras do meu pai a você. - Explicou parecendo angustiado. - Que garantias eu tinha de que não eram falsas? Que não se tratavam de uma engenhosa manipulação para mantê-la no poder?

- E agora não são mais?

- Há coisas aqui que não da para falsificar... Por favor, Celine. 

Levou-se segundos mais poderia ser julgado como uma eternidade devido a tensão que perpetuou o ambiente até a condessa lentamente baixar a arma e o conde respirar aliviado.

- É seu direito, mas um movimento suspeito e a arma que Vitor está apontando para você será disparada. 

Um olhar medroso passeou pelas janelas encontrando no primeiro andar uma pistola mortalmente direcionada a sua cabeça. No mesmo instante em que seus olhos se encontraram uma expressão desafiadora decorou o rosto do mordomo demonstrando sua determinação de proteger a amiga - e pelo modo como a mantinha firmemente atrás dele - uma linda mulher negra também.

- De acordo.

- Não entrará. - Avisou impedindo-o de dar um passo mais perto de Cibelle. - Se você deseja realmente essa carta vá para os fundos do casarão e me espere. 

Acenando ele fora na frente. 

- Celine. - Chamou a loira baixinho. 

- Não comece, estou brava demais agora e prefiro me ocupar em subir para pegar essa maldita carta do que gritar coisas das quais me arrependerei depois. - Despejou rudemente.  

- Não será preciso. - Enfiando a mão nos bolsos do vestido ela timidamente estendeu a parte que faltava. - Eu estou com a carta.

- Parece-me uma piada. - Bufou arrancando o pedaço de papel das suas mãos. - Não me siga. 

- Ainda levará essa arma? - Sua resposta foi nada mais que uma expressão azeda insistindo na desconfiança. - Apenas não deixe que sua raiva fique entre vocês. - Continuou abalada. - E por favor, tenha em mente de que fiz isso pensando no melhor para você. 

- Eu não pedi-lhe nada. - Disparou amarga. - Só porque confiei-lhe meus segredos não significa que agora pertencem a você... Nunca mais tome decisões por mim de novo.  

Embora soubesse que Celine dissera aquilo no calor do momento, isso não impedira seus olhos de lacrimejarem com uma estúpida vontade de chorar pela mágoa que aquelas palavras causaram em seu coração. Nos últimos dias era assim que seu interior estava. Um bagunça caótica.

Já não tinha mais a capacidade de controlar suas emoções, porém, havia passado por tantas coisas naquelas últimas semanas que não se repreendia por negligenciar mais um dos aspecto que a tornava uma dama exemplar. Não desejava mais ser controlada por esse estigma e por esse motivo não ficou parada mesmo que a razão da típica "dama estimada" lhe dissesse que era o correto a fazer. 

- Minha senhora, onde vai? - Ignorando-as Cibelle correu em direção a um corredor que dava acesso a cozinha escutando três conjuntos seguindo-a. 

Suas pernas pretendiam continuar aquela corrida até que encontrasse um local onde pudesse ouvir a conversa e intervir caso fosse necessário, quando um fantasma de repente ganhou vida e começou a atrai-la com o magnetismo de  um amaldiçoado imã. Cabelos dourados como ouro, bochechas coradas como um botão de rosas e um sorriso cheio de travessuras olhavam para ela da parede como se dissesse um irônico e divertido "Olá."

- O que esse quadro está fazendo aqui? Acaso não ordenamos que retirasse todas as pinturas em que ela estava? 

- A culpa é minha senhora. - Disse Hadiya tomando a iniciativa pelas amigas. - A lady era tão bonita que achei um desperdício manter o quadro escondido no porão somente acumulando poeira. 

Enfeitiçados seus dedos tocaram a moldura desejando poder alcança-la. Em seus olhos castanhos ainda permanecia uma vivacidade que nem o pintor conseguira apagar. A presença desleixada de seu eu mais novo no quadro ao lado dela era facilmente ofuscada pela beleza adicional de Ethan na sala retrarada.

Pouco recordava daquele dia, além do pintor enlouquecido com as brincadeiras deles para livra-la do tédio. Mas, se soubesse o que aconteceria teria aproveitado aqueles momentos como todo seu ser, pois algumas semanas depois a felicidade deixaria para sempre sua família. 

"Por que nos deixar assim?" Pensou relembrando cada detalhe do dia fatídico.

Uma vida ao qual Cibelle achava ser invencível, havia sumido do mundo, jogando para uma menina de dez anos o peso de assumir as responsabilidades que Anne covardemente deixou para trás no momento em que tomou a decisão de abandonar Ethan e ela para fugir com outro homem. 

"Você sabe a resposta." Foi tão claro que era como se a voz alegre dela estivesse ao seu lado. "Eu não tinha escolha, querida irmã."

Antes que ficasse completamente louca, a duquesa em tropeções se afastou. 

- Coloque-o no lugar em que estava! - Ordenou com a respiração irregular. - Não quero ver o quadro dela em lugar algum enquanto estiver aqui!

"Somente alguns minutos atrás você dava sermões sobre perdão e família, mas ainda age como uma criança imatura quando se trata de Anne. " Como se de fato fosse uma maluca Cibelle estava tentada a mandar os últimos fragmentos da "dama estimada" calar a boca.

Afinal, aquela bendita parte em seu cérebro fizera exatamente como o "trio de megeras" agiu no instante em que tudo mudou. Fora sua amiga e aliada por toda a vida, mas no momento em que decidira fazer algo para mudar sua infelicidade ela se transformara em sua inimiga.

Se o jovem conde demonstrava incomodo pela espingarda fazendo companhia a eles nos bancos ao fundo do casarão o nobre tivera a inteligência de não demonstrar se concentrando em vez disso a tarefa de devorar a parte da carta que faltava. A cada parágrafo a atenção dele migrava do papel para o rosto da madrasta como se estivesse assombrado com as revelações que ela sabia serem capazes de arrancar o chão amargurado ao qual Richard se sustentava. 

- Então foi isso que aconteceu. - Em seu olhos residiam surpreendentes lágrimas grossas. - Por que ele não me dissera nada?

- Teria ouvido-o?

Havia sonhado com esse momento diversas vezes, mas ele sempre parecera tão inalcançável para suas mãos que mesmo a oportunidade estando a metros dela, Celine sentia o medo de que a qualquer momento ele fosse lançar ofensas e expulsa-la como fizera uma vida atrás. 

- Sei que acredita que tudo não passou de um plano ardiloso, mas seu pai e minha mãe se amavam verdadeiramente, Richard. - Celine respirou fundo se abrindo para que ele pudesse ver a fragilidade que compartilhavam. - Você se ressente de mim por ter tomado o lugar da condessa, mas sua mãe sempre tivera conhecimento de tudo e antes da sua morte ela permitiu que esse casamento de fachada acontecesse, porque entendia a intenção de Heitor em me proteger. 

Lentamente ela se desfez da arma num gesto de boa fé.

- Ai diz que o único arrependimento dele foi o de ter se afastado quando a condessa partiu, mas a verdade é que Heitor não tinha muito tempo com minha mãe e quando ele descobriu a doença já era tarde demais para reparar os erros com você. 

- Eu precisava dele... Mas, sua mãe estava morrendo e ele necessitava dela. - Finalizou recolocando a carta ao lugar que pertenciam. - Eu compreendo agora.

- Heitor acreditava que tinha todo o tempo do mundo para se dedicar a você.... Embora seus pais não se amassem, eles se respeitavam e o estimaram incondicionalmente.

No momento em que o rosto dele se virou e ela pôde reconhecer seu antigo protetor na semelhança assustadora que dividam, Celine segurando a própria emoção entendeu que nada mais havia entre eles. 

- Eu sinto muito por tudo que disse, você só não foi mais vítima que eu nisso. - Desculpou-se parecendo genuinamente arrependido. - Fora injusto faze-la pagar pelas escolhas do meu pai e quero que saiba que farei tudo que estiver ao meu alcance para merecer o seu perdão.

- Por Deus, não precisa fazer mais nada! Chega de tantos dramas, o que mais desejo é acabar logo com isso. - Despejou num tom que o fez rir sem muito humor. - Vamos apenas fingir que não tentávamos matar um ao outro e dar um descanso as almas dos nossos pais.

Sentindo um peso descomunal sair de seus ombros eles se demoraram apreciando de maneira silenciosa a paz que os uniu como uma bizarra e confusa família. 

- Celine a perdoe também. - Recomeçou pensando na mulher que eles fingiam não ver. - Não sei como diabos vocês se tornaram próximas sendo tão diferentes, mas a duquesa fez isso porque desejava seu bem. Disse a você, que ela havia escrito sobre encontrar a segunda parte da carta com a pessoa a quem deveria pedir perdão, mas a verdade é que as palavras dela foram bem mais duras que isso. - Revelara rindo com sinceridade. - Fiquei bem surpreso... Acreditava que lady Herveston não fosse mais que um bichinho domesticado, porém ela revelou-se alguém incrivelmente interessante.

"Você nem imagina." Um habitual sorriso brincava no rosto mais leve.

- Eu sei que será complicado e entenderei se não for de sua vontade, mas é bem-vinda aos Ellsworth para voltar quando desejar. 

- Obrigada Richard, mas vou permanecer no Lune. 

- Mas há anos você tenta voltar para Bath. - Protestou surpreso. - Por semanas expressou seu desagrado com o inferno social da nobreza e do quão sufocada se sentia na cidade e agora está me dizendo que vai voltar?

- Estranho não? - Zombou rindo suavemente para a cabeça loira atrás da janela. - Acredito que a resposta seja mais simples do que pode pensar. - Daquela distância ela não era capaz de ouvi-los, mas a preocupação não fazia sua determinação ruir um milésimo sequer. - Eu só acho que finalmente encontrei um motivo para ficar. 

- Onde ela está? - Entregando o cordeiro para o abate, Anaya trocou olhares temerosos com as amigas antes de Celine seguir a direção que o dedo dela indicava chegando a sala de visitas onde a loira correra para se esconder. 

Suportando a vontade de realmente procurar um esconderijo como fazia quando era criança e gostava de enlouquecer suas preceptora, Cibelle preservou a dignidade sentando-se no sofá de um modo estático demais para ser considerado natural. 

- Levante-se. - Ordenou fechando a porta. - Prefiro que esteja de pé para o que eu desejo fazer. 

Seu cérebro medroso imediatamente enviou imagens dela levando o tapa que com certeza merecia por sua audácia. Ou uma imagem pior ainda, Celine querendo acabar o que tinham por sua causa logo após isso.

- Não fique brava por favor. - Rogou com aquela marejar irritante de novo. - Eu reconheço que estava errada por mexer em suas coisas, roubar algo de valor inestimável para você e fazer tudo isso as escondidas, mas Celine eu não poderia ficar parada apenas observando sua vida ser ameaçada. 

- Não estou brava, estou furiosa. - Corrigiu fazendo a garganta dela engolir em seco.

- Eu só queria ajudar. 

- Levante-se, Cibelle.

Cedendo a expressão severa exigindo movimento, a duquesa ignorando suas pernas fracas levantou sendo surpreendida quando Celine em poucas passadas diminui a distância e a abraçou.

- Estou muito furiosa! Verdadeiramente zangada! Fora tudo tão ridiculamente fácil! Como anos de remorso é resolvido com só uma estúpida conversa? - Disparava Celine enterrando o nariz no espaço entre o pescoço e o ombro delicado. - Eu só precisava de você esse tempo todo.

- Não veio terminar comigo? 

- Do que está falando? - Perguntou estupefata. - É claro que não.

Sentindo uma fraqueza súbita vacilar seus membros, sua consciência desestabilizou e Cibelle temendo se machucar se desmaiasse sentou no chão enfraquecida.

- Devo ter ficado tão aliviada que meus nervos cederam. - Brincou numa mistura de risada nervosa com choro. - Me olhava de um jeito tão terrível que pensei ser o fim para nós duas. 

- Está bem? Quer que eu chame o doutor Hall? - Se unindo ao chão com ela Celine beijou delicadamente cada ponto do seu rosto até que a tensão se desfizesse e ela alegando estar bem a presentou com seu sorriso brilhante. - Algum dia você me matará de preocupação, estou certa disso.

- A conversa correu bem?

- Eu não estou morta e não há nenhum sangue em mim, então isso deve ser um bom sinal.

- Não caçoe disso. - Ralhou fazendo-a rir baixinho. 

- Me desculpe pelas coisas que disse, estava zangada e não pensei direito. - Falou entrelaçando a mão na sua.

- Não é como se já não houvesse magoado-a antes. Vamos só assumir que isso nos deixa quites. - Apaziguou aliviada. - Mas, Celine, eu não quero brigar com você... Nunca.

- Também não desejo isso. - Sussurrou elevando seu queixo com os dedos e tomando seus lábios num beijo lento que lhe tirou o fôlego. - Obrigada por se importar. 

Uma súbita vontade de demonstrar com seus lábios o quanto aquela mulher era preciosa para si a fez se aproximar mais  buscando conforto nas curvas tão compatíveis com as suas. Atendendo a essa vontade seus lábios reivindicaram a maciez tentadora com tanta gana que o pescoço da francesa curvava para atender a animação do corpo parcialmente erguido de Cibelle.

- Vamos brigar pelo controle de novo? - Instigou provocando o lábio inferior da loira.

- Só pensa nisso? - Resmungou corando. 

- E há coisa melhor para tomar meus pensamentos que imaginar despindo-a enquanto sua voz clama por mim? - O tom rosado passou para um vermelho rabugento.

- Sem sexo hoje. - Decretou escondendo por dentro o quanto estava feliz. 

- Vamos, não seja uma estraga prazeres. Quero comemorar o fato de que há uma pessoa a menos desejando meu fim. - Diferente dela a duquesa não conseguia achar graça naquela injustiça.

- Se todos a conhecessem como eu conheço, ninguém se atreveria a pensar mal de você. 

- Uau, essa foi uma escolha de palavras realmente incríveis! Está me elogiando assim porque está encrencada? - Mesmo que a francesa usasse do humor sarcástico para tentar disfarçar Cibelle podia ver cada buraco na fachada que ela punha. - Inclusive posso assegurar de que já pensara mal de mim também. 

- De fato, mas eu tinha meus motivos e isso era antes de conhecê-la.

- E o que pensa quando olha para mim agora?

A loira tirando a seda rebelde do caminho, observou o rosto imaculado que ligeiramente sorriu para ela mostrando tantas virtudes em uma simples mirada que seu coração se encheu daquele sentimento caloroso. 

- Você vai descobrir um dia. 

Nota: Feliz dia dos namorados para vocês e para nossos casais de "A outra". Alguém mais fica toda rendida com os momentos Belline?

Continue Reading

You'll Also Like

210K 10.2K 38
Katherine Beauffort ou Kate para os próximos, é uma mulher forte, Alegre e uma excelente advogada criminalista que veio morar na Itália por alguns mo...
195K 11.6K 91
Eu sempre fico atrás de um imagine que consiga prender a minha atenção na madrugada, então eu decidi ajudar os que também querem se iludir um pouquin...
250K 15.1K 59
Jeff é frio, obscuro, antissocial, matador cruel.... sempre observava Maya andando pela floresta, ela o intrigava de um jeito que ele mesmo não conse...
65.4K 6.9K 42
MELLISSA BORGES É UMA GAROTA QUE POSSUI INFANTILISMO UMA CONDIÇÃO PSICOLÓGICA E É CONSTANTEMENTE REJEITADA PELAS PESSOAS, SERA QUE O AMOR PODE CURA...