Quando Eu Ainda Amava Você

By ClaraCasteloQEAAV

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[CONCLUÍDA] Quando as duas ex-melhores amigas e atuais rivais Carla e Adele se reencontram na faculdade anos... More

Quando você ainda me ignorava
#1
Quando você se escondeu no armário
Quando vi você naquela festa
Quando eu conheci você
Quando seu "com quem será?" não foi comigo
Quando eu me senti a pior pessoa do mundo
Quando eu conheci outra pessoa num café
#2
Quando saberemos se foi a escolha certa?
Quando tentei seguir em frente
Quando você a beijou na minha frente
Quando eu aprendi a abrir mão
Comunicado
Quando colocamos um ponto final
Quando trocamos lições sobre o amor
Quando encurtamos a distância
Quando meu pedido começou a se realizar
Quando você devolveu minhas asas
Enquanto eu ainda amar você
Epílogo
Atualizações
(eBook + novo livro + mais novidades)
#3
#4

Quando eu e você passamos uma tarde constrangedora juntas

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By ClaraCasteloQEAAV

O silêncio já reinava na sala de estar de Carla há vinte minutos quando Adele soltou um suspiro frustrado e foi até a cozinha. Ela estava terminando de revirar a geladeira da ex-amiga em busca de uma lata de refri no momento em que Carla apareceu na porta, intrigada.

— O que tu tá fazendo?

Adele abriu a lata em resposta e deu um longo gole antes de oferecer a bebida.

— Quer Coca?

— Não — Carla levantou a sobrancelha, estranhando o nível de intimidade de Adele. Para a maioria das pessoas, invadir a geladeira da sua rival sem permissão é falta de noção ou de vergonha na cara — Vamos andar com a pesquisa pra que isso termine logo.

As duas voltaram para a sala e sentaram em lados opostos do sofá. Carla abriu o notebook e cruzou as pernas. Os poucos segundos de concentração foram interrompidos por um telefonema. Adele olhou rapidamente para o celular da outra garota e viu o nome "Luana" na tela, com um coração vermelho ao lado.

— Amor? Aconteceu alguma coisa? — Carla atendeu — Ah, ufa. Eu? Nada, só tô fazendo um trabalho da faculdade.

Adele não sabia o que fazer então fixou seus olhos em seu próprio celular e ficou rolando a tela como se estivesse realmente lendo alguma coisa. A lata de refrigerante em sua mão parecia ainda mais gelada.

— Eu te ligo quando eu acabar, então. Beijo — Carla desligou e colocou uma mecha atrás da orelha, inquieta.

Adele ainda estranhava o novo corte de Carla. Ela sempre manteve o cabelo ondulado extremamente longo e selvagem, daí, quando passou no vestibular, resolveu cortá-lo rente à nuca, e só agora ele voltava a alcançar o queixo.

— Então... — Adele tentou quebrar o gelo — O nome da tua namorada é Luana?

Carla só balançou a cabeça em afirmação, sem tirar os olhos do notebook. Ela não parecia interessada em nenhum papo. Pelo visto, seria uma longa tarde.

Depois de mais dez minutos de silêncio, Carla finalmente virou o rosto para encarar Adele, tão concentrada em suas anotações que não notou estar sendo observada. Carla suspirou. Fazia mais de um ano que ela não via aquela expressão no rosto de Adele e, apesar do clima estranho, a familiaridade era reconfortante. O hábito de morder a ponta do lápis ainda estava lá. Adele era tão idiota, deixando a borracha coberta de baba.

— O que foi? — Adele perguntou, fazendo Carla tomar um susto.

Ótimo, agora estava esquisito porque ela ficou encarando ao invés de falar o que tinha pra falar.

— Ah, hum... Mainha vai chegar de oito horas e disse que pode te deixar em casa, se você ainda estiver aqui quando anoitecer — Carla prontamente desviou o olhar dessa vez.

Adele abriu um leve sorriso, mas o substituiu por uma expressão de deboche para perturbá-la como costumava fazer no passado.

— Ótimo. Uma pena que vai ser bem desconfortável já que ela terminou com o meu pai, hein?

Foi a vez de Carla segurar um sorriso.

— A culpa foi toda do seu pai por ser grudento.

Sem aviso, Adele deu um chute de leve em Carla, que foi pega completamente desprevenida. Após um instante de choque, as duas engataram numa breve guerra de almofadas, como se tivessem catorze anos de novo. Carla teve que botar o notebook na mesinha de centro para se dedicar à vitória sem medo. Porém, quando parecia estar com a vantagem, parou.

— A gente não tá aqui pra ficar de brincadeira — Carla fechou a cara. Adele pareceu finalmente se recompor, um tanto quanto envergonhada.

— É... Bem, quer ler o que eu anotei?

Carla pegou o caderno de Adele e passou o olho pelas anotações extremamente organizadas e coesas. Mesmo sendo tão cabeça de vento, Adele sempre foi eficiente e disciplinada. Era por isso que elas sempre faziam dupla no passado. Carla olhou para as próprias anotações em seu celular. Apenas palavras soltas e um lembrete para si mesma de que ela tinha que comprar ovos.

— Bom, tá ótimo — Carla devolveu o caderno.

— Então eu posso ler as suas?

— Não precisa! — Ela respondeu rapidamente enquanto sentia o rosto enrubescer de vergonha — Eu anotei praticamente a mesma coisa.

Adele deu de ombros e continuou a trabalhar em silêncio. Carla a observou por alguns instantes e começou a sentir que era ela própria quem não havia prestado atenção suficiente nas aulas durante todas aquelas semanas.

— O que é isso? — Carla perguntou.

— Ah, apenas o backlog. Depois a gente monta a Matriz CSD, faz um Crazy Eights e eu tava pensando que talvez você devesse ficar com o Benchmarking. Que tal?

Carla a encarou como se ela tivesse acabado de inventar um idioma.

— Eu entendi um total de três palavras que saíram da sua boca.

Adele caiu na risada quase que instantaneamente. Carla não conseguiu conter algumas risadinhas também.

— Cara, pra que tanto nome em inglês, né? Que palhaçada. Vem cá, eu vou te explicar e tu vai lembrar rapidinho.

Antes que Carla percebesse, as duas estavam estudando deitadas na cama dela. Ela estava com os pés no travesseiro, com o cabelo caindo pra fora da outra ponta. Já Adele estava deitada na posição tradicional e normalmente teria mordido o pé de Carla, mas elas já não eram mais amigas. Disso não haviam se esquecido.

— Ok, ok, acho que isso conclui por hoje — disse Carla enquanto se sentava. Uma expressão de decepção quase imperceptível tomou conta de Adele — Você pode ir embora agora se quiser e a gente continua online.

Adele segurou um dos pés de Carla e começou a massageá-la enquanto encarava uma das paredes, sem foco. Ela não falou nada, só permaneceu naquela posição enquanto a outra a olhava confusa. Carla pensou em falar alguma coisa, mas só voltou a deitar, porque as massagens de Adele eram boas demais para se recusar.

— Eu lembro de quando tu ganhou aquela medalha — Adele apontou com a cabeça para a parede — A tua primeira de ouro.

— É. Só porque tu tinha torcido o tornozelo, senão seria tua — Carla colocou um braço cobrindo os olhos e Adele a observou, sem saber o que responder.

— Lembra de quando a gente ficou bêbada pela primeira vez? Era véspera de um jogo — Adele sorriu — Você fez uma batida de amendoim com uma bebida da sua mãe. A gente competiu pra ver quem ficava bêbada mais rápido e nós nos-

— Adele — Carla a interrompeu seca — O que tu tá fazendo?

— Oi?

Carla retirou o pé das mãos de Adele e se levantou da cama.

— Nós não somos amigas. Você não lembra?

Adele franziu as sobrancelhas irritada.

— Claro que eu lembro. Eu não bati a cabeça.

— Então para de agir como se estivesse tudo bem. Eu entendo a gente se tolerar pra nossa nota não sofrer, mas não força a barra, ok? A gente escolheu esse caminho há muito tempo.

— Correção, — Adele se levantou da cama com o rosto contorcido em raiva — Você escolheu esse caminho. Eu nunca quis te perder.

As duas se encararam. Carla arregalou os olhos, surpresa com a confissão repentina. Seus braços se cruzaram, numa tentativa de reforçar a barreira entre elas.

— E eu com isso? Você tá tentando me dizer que tá ok com tudo que eu fiz e disse?!

— Bom? Sim! — A voz de Adele quase falhou.

Querendo ou não, tudo que Adele mais queria era ter Carla de novo em sua vida, não importava o que tivesse para ser perdoado. Elas só precisavam conversar.

— Tu é idiota?! Tu não deveria estar ok! — Carla devolveu mais alto. E então, ao ver Adele segurando lágrimas, controlou seu tom para continuar — Tenha só um pouco de amor próprio, Adele. Eu não quero ser perdoada por você. Nem quero te perdoar.

Com isso, Carla saiu do quarto e se trancou em um banheiro. Adele podia ter ultrapassado vários limites, mas ela sabia que a coisa mais sensível a se fazer era ir embora, sem nem ao menos esperar pela carona da mãe de Carla. Tudo bem. Pelo menos o dia ainda não havia começado a escurecer.

No ponto de ônibus, Adele desabou. Ela precisava chorar. Bem lá no fundo havia a esperança de que aquele trabalho fosse reaproximar as duas. Talvez Carla finalmente percebesse como toda aquela rivalidade foi idiota e que não valia a pena jogar o laço delas fora por causa daquilo. Ela havia sido boba ao criar expectativas.

Adele começou a lembrar do dia da batida de amendoim. As duas ainda suadas depois do treino de vôlei, em seus uniformes, bebendo da garrafa térmica de Carla como se fosse um suco. O rosto de Adele ficando vermelho como um tomate e ela sendo zombada pela melhor amiga, que por sua vez mal conseguia ficar de pé. Então, as duas se sentaram atrás das arquibancadas e ficaram encostadas uma contra a outra, até que Carla virara o rosto de Adele e a beijara.

Elas tinham catorze anos, e não fora a primeira vez que se beijaram, mas fora a primeira usando as línguas. Era um beijo desajeitado, cheio de dentes se esbarrando e mãos estabanadas e risadinhas nervosas. Além, é claro, do risco de serem flagradas por alguém da escola. Mas Carla continuara a beijá-la, de novo e de novo, até que Adele sentira falta de ar. Ela jogara a cabeça para trás, respirando fundo antes de começar a rir. Seu rosto ardia muito, e ela não sabia se era por causa do álcool ou da vergonha. Provavelmente ambos.

Carla pegara a garrafa e bebera o resto antes de se encostar contra a arquibancada, exausta. Sua mão livre procurara pela de Adele e elas ficaram de mãos dadas, recuperando o fôlego enquanto olhavam o sol se pôr atrás dos prédios.

— Agora você vai saber o que fazer quando Henrique te beijar — Carla quebrara o silêncio e levara uma cotovelada de Adele em resposta, fazendo as duas rirem — De nada.

— Eu não quero ficar com Henrique — Adele revirara os olhos.

— Todas as meninas querem.

— Você quer?

— Claro que não. E todo mundo sabe que ele quer ficar contigo — Carla devolvera, fazendo Adele se calar. Elas apenas continuaram a assistir o pôr-do-sol, sem mais palavras. Nada que pudesse estragar aquele momento.

Quando Henrique a beijou, ele tinha mais experiência e sabia o que deveria fazer com os lábios, a língua e as mãos. Ainda assim, Adele não conseguira deixar de torcer para que eles esbarrassem os dentes e ela pudesse se imaginar beijando Carla de novo. E de novo, e de novo.

Adele suspirou, colocando os fones de ouvido assim que subiu no ônibus. "Que perda de tempo," ela pensou, ciente de que faria tudo exatamente igual se tivesse a chance.

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