Eu voltei a me sentar onde estava e voltei a olhar para Alice que agora conversava com Maria.
Eu estava me sentindo estranho. Queria falar de uma vez para Alice o que eu sentia por ela, mas eu não conseguia.
O olhar dela, toda vez que se encontrava com o meu, me fazia paralisar. Eu não devia sentir aquilo! Alice gostava de mim, ela mesmo já havia me dito, não tinha como aquilo ser medo de rejeição.
Eu estava olhando pra elas quando uma garota de cabelos pretos que batiam na sua cintura se aproximou de mim.
- Oi! Miguel né? - Ela sorriu e eu notei que seus olhos eram bem negros, o que contrastava com sua pele branca.
- Sim. - Assenti e a mesma sorriu.
Ela se sentou ao meu lado com um sorriso e se inclinou um pouco.
- Me fala, aquela garota que chegou com você, é sua namorada? - Ela perguntou apontando para Alice.
- Não. - Neguei sem sorrir. - Por que?
- Curiosidade. - Ela sorriu.
A garota permaneceu ao meu lado enquanto eu apenas olhava as pessoas na festa. Ela estava em silêncio até que catucou o meu ombro me fazendo olha-la.
- O que foi? - Perguntei confuso.
- Ela namora alguém? - Ela perguntou com um sorriso maroto e só ai eu entendi.
- Não. - Neguei com um sorriso. - Por que?
- Ela é muito gata! - A garota mordeu os lábios. - É sua amiga?
- É. - Assenti.
- Pode me apresentar? - Ela sorriu erguendo as sobrancelhas rapidamente diversas vezes. Aquilo acabou me fazendo rir.
- Vai ser difícil... - Sorri convencido olhando para Alice. - Eu também to interessado nela.
- O que? E por que ta aqui então? Ela não é sua amiga? - Ela me encarou confusa.
- É. - Dei de ombros.
- Deixa eu ver se entendi. Você é amigo daquela gata, gosta dela, chegou junto com ela, ta na mesma festa que ela mas ta aqui a 5 metros de distância? Qual o seu problema? - A garota me deu um tapa no braço. - Chega nela idiota! Se não, outros chegam. - A encarei. - E eu sou uma.
A menina piscou e saiu andando com um sorriso.
Aquilo foi meio aleatório pra mim, mas me fez entender que eu realmente estava sendo um idiota.
Alice estava ali, a poucos metros de mim, eu sabia de seus sentimentos mas era muito covarde pra falar dos meus.
Eu acabei não pensando muito, apenas me levantei e caminhei até a mesma. Infelizmente, Vitor chegou primeiro.
- Alice! - Ele sorriu para a mesma, se inclinou, lhe deu um beijo na bochecha que foi demorado demais pro meu gosto, e se sentou ao seu lado. - Estou realmente surpreso que tenha vindo.
Alice apenas sorriu para o mesmo.
Vitor começou a falar um monte de coisas pra ela e a cada palavra que ele falava, mas perto ele ficava dela.
O mesmo estava nitidamente se aproximando dela com outras intenções, e Alice estava percebendo isso.
Alice estava incomodada com aquilo, eu podia notar.
Mas, a gota d'água, foi quando Vitor direcionou uma de suas mãos a coxa de Alice, coisa que a fez olhar pra ele com os olhos arregalados.
Vitor não pareceu se incomodar com o olhar de Alice. Pelo contrário, o mesmo sorriu com aquilo e segurou o rosto da mesma tentando beija-la.
Eu não me aguentei. Quando eu vi, eu já estava puxando o braço de Vitor para que o mesmo se levantasse.
Quando ele parou na minha frente, eu lhe dei um soco no rosto com toda a força que eu tinha.
Eu não consegui gritar, não consegui xinga-lo e nem dizer mais nada. Eu estava com raiva olhando para Vitor que agora estava sentado no chão com uma das mãos no nariz que sangrava.
- Você ta ficando louco?? - Vitor se levantou e me encarou com o peito estufado.
- Fica longe dela. - Cuspi as palavras e Vitor abriu um sorriso sarcástico.
- Se não o que? - Ele me encarou.
- Quer pagar pra ver? - O encarei e só voltei a mim quando Davi e João apareceram e nos puxaram para longe um do outro.
- O que ta rolando aqui? - Davi me perguntou preocupado depois de ver que o nariz de Vitor estava sangrando.
Eu não o respondi, eu apenas olhei para Alice que estava, obviamente, assustada com tudo aquilo.
Sem pensar duas vezes, eu segurei o seu braço e a puxei para que saissemos dali.
Alice não relutou, ela apenas pegou sua bolsa e veio atrás de mim enquanto eu ainda segurava seu braço.
Eu a levei para trás da casa onde eu sabia que tinha um pequeno jardim. Ali não tinha muita gente, o que me fez agradecer.
Eu parei de puxar Alice quando chegamos lá e me virei para a mesma que me olhava totalmente confusa.
Eu ainda estava com raiva. Com muita. Ver Vitor tocar nela e tentar beija-la daquela forma fez o meu sangue ferver, e o mesmo não tinha voltado ao normal ainda.
- Miguel? - Alice me chamou me fazendo parar de me corroer por dentro relembrando o que havia acontecido e olhar pra ela. - Você ta bem?
- Estou. - Passei a mão no rosto e respirei fundo. Eu estava disposto a contar. Seria agora ou nunca. Ou eu contava de uma vez o que eu sentia por ela, ou alguém contaria antes de mim. E eu não podia perde-la assim.
- Obrigada. - Ela falou olhando pra baixo.
- Por que?
- Pelo que fez. Eu não concordo com a violência, mas Vitor estava me incomodando muito. - Ela olhou pra mim.
Eu estava ficando louco. Alice havia se tornado todo o meu foco. Eu precisava dela comigo.
- Alice eu to apaixonado por você. - Descarreguei tudo de uma vez e pude ver a mesma mudar sua expressão para uma totalmente surpresa.
- O-o que? - Ela me encarou.
- Eu to apaixonado por você. Eu não sei quando e nem como aconteceu... mas eu não consigo mais ficar tão perto de você e não poder lhe beijar. - Eu dei uns passos pra trás assim parando bem perto da mesma.
Alice inclinou a cabeça para cima para poder olhar diretamente para meu rosto e eu pude ver um brilho no olhar dela que quase me arrancou um sorriso.
- Você... ta falando sério? - Ela perguntou com a voz meio trêmula. - Você não está brincando comigo, está?
- Eu jamais faria isso. Alice eu gosto de você. E ... deveria ter dito isso antes. - Eu direcionei minhas mãos até seu rosto tocando suas bochechas e pude vê-la corar aos poucos com a minha aproximação.
Eu queria analisar mais o rosto dela, mas não me aguentei. Apenas aproximei o meu rosto do seu e nos uni num beijo.
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Continua...