Quando ela sentiu Mweti estava com ela.
Mweti narrando:
Eu corri atrás da enfermeira. Ao se deparar com a cena expulsou todos do quarto. Eu fui imediatamente procurar o Nico.
Quando o achei, ele estava acompanhado de outras crianças.
- Nico, Nico... Chamei eu sem fôlego.
- Mweti, o que se passa agora!?
- A Madrinha vai dar parto, eu acho.
- Só achas?
- Sim. Ouvi a enfermeira dizendo: tragam bacias com água depois dela ter expulsado eu e Efraime do quarto.
- Sr Efraime, para ti.
- Que seja. Vamos
Nós saímos correndo até a casa e quando chegamos, ela já tinha nascido.
Choros me chamavam atenção, pelo grito parecia menina. A enfermeira desceu com a menina. Ela era linda.
Todos ficaram ali, cortejaram-a e eu subi para ver Esmeralda. Minha madrinha estava fraca mas como era uma mulher forte, estava bem só precisava descansar um pouco. Enquanto eu apreciava aquele rosto, ela abriu os olhos. Com a voz suave ela conversou comigo...
-Mweti!
- Mãe Esmeralda.
- Você já viu o bebê? É um menino não é? Ela desmaiou logo após ao parto. De tão forte que é, mãe Esmeralda suportou o parto para não matar a bebé e desmaiou logo a seguir.
- Mãe Esmeralda, é uma menina.
Ela se desesperou. Eu não percebi o deserpero dela uma vez que ela já tinha um filho (NICO). Havia muita coisa estranha naquela família que só Deus sabe. Os pais privilegiam filhos pois eles são herdeiros das suas terras e criam as filhas para serem verdadeiras rainhas sem reino. E assim seria com o Nico e a bebé.
- Não. Não pode ser, ele tinha que ser um menino, um menino era tudo que eu queria.
- Mas mãe Esmeralda já tem o Nico.
- Pois é. Mas, eu queria outro menino. Senti ela se enrolando em suas próprias palavras como quem escondia algo.
Depois disso, instalou-se um silêncio sombrio no quarto.
Muita coisa passou pela minha cabeça.
*Seria Nico um filho bastardo?*
*Será que Nico não é filho da mãe Esmeralda ou do Sr. Efraime?*
*Porque é que a madrinha queria tanto um menino?*
Depois de um instante, mãe Esmeralda quebrou o silêncio.
- Mweti, podes dar um nome bonito a menina.
Impogada respondi: sério.
- Sim, Mweti.
- Ela pode ser Laura. Como eu antes de ser Luana.
- Não, Mweti, seja criativa filha.
- Deixa pensar um pouco mãe Esmeralda.
Nicholas Narrando:
Eu estava enfeitiçado com olhos dela. Eram azuis como os meus. Seus lábios eram rosados. Meu pai estava contente de mais com ela... ela fazia movimentos singelos que encatavam mais... Estavamos todos contentes e eu também. Estavam todos falando, eu em silêncio. A primeira brecha que tive eu...
- Pai, ela não é linda!
- Muito linda, minha única filha.
Como assim única filha? Indaguei-me. Não liguei porque fazia todo sentido. Ela era a única menina. Então ela era única e eu único.
- Posso dar o nome para ela, pai?
- Claro claro.
- Vou chamar ela de Heloísa
- Bonito nome.
Eu subi animado para o quarto ver a mamã. Deixei a Heloísa com o pai e os outros.
Luana Narrando:
Eu e mãe Esmeralda estávamos ali discutindo os nomes. Mulheres são complicadas, tudo que precisam decidir envolve debates e discussão. Agora homens basta um falar, por mais que não faça cabimento eles concordam. Por ex: se mulheres precisam de uma roupa para festa uniforme, elas vão discutir até chegar consenso, se é que chegam. Se homens precisam um diz usamos calças azuis, concordam todos; o outro diz camisas laranjas, concordam todos; o outro diz calçado vermelho, concordam todos e nem se dão conta que algumas combinações são bizarras. Eles não ligam. Por isso Nico e Efraime não tiveram problemas em escolher nomes para ela.
Quando finalmente íamos chegar a um consenso, uma voz irritante interrompeu nosso debate com gritos...
- Mãe, mãeeeee!
- Calma filho. O que se passa.
- Dei um nome para bebé.
Interrompendo a conversa eu disse: Calma menino. Eu que darei o nome e já tenho o perfeito. "Tela", esse será o nome dela.
Nico: Haaa não. Empregada, Tela é nome de pessoa? Aliás quem é você para dar nome a minha irmã? Você não é ninguém da família, é só a afilhada da minha mãe e minha irmã não vai ter nome de Empregada.
Lu: Claro!
Eu deveria imaginar. Essa seria reacção do senhor Efraime também, então me retirei do quarto. Eles precisavam tratar de "assuntos de família".
Nicholas narrando:
Mweti retirou-se do quarto e minha satisfação foi maior. Minha mãe ficou irritada comigo como se toda educação que me tinha dado tivesse se despejado num nada.
Com lágrimas nos olhos ela me disse:
- Nico, porquê você trata as pessoas assim? Já se deu conta que os empregados inúteis cuidam de ti e tecelam o que vestes? Quem cozinha o que comes? Filho, sua vida depende deles. Porquê você chama eles de inúteis?
Depois dela ter dito aquilo, tudo que eu não tinha eram palavras para responder. De cabeça baixa saí do quarto e procurei Luana.
Procurei por todos lados e não achei em lugar algum.
Luana narrando:
Eu não tinha como ficar naquela casa. Então saí pela comunidade e acabei encotrando Jonathan. Ele estava distante então eu gritei.
- Jon! Ele parou e então eu fui correndo ao encontro dele.
- Pareces triste. Disse Jonathan.
- Eu estava em casa da minha madrinha, ela deu parto, e então disse que eu poderia dar um nome. Eu até dei o nome, mas Nico não gostou e disse que era nome de empregada fora que ele já tinha dado nome e ela é irmã dele ele tem... Ele me interrompeu
- Não senhora, ele não tem mais direito sobre ninguém. Isso é o que elés pensam e muitos também pensam. Que nome deste?
- Tela.
- Nome bonito, nome de princesa.
- Lol. Obrigada. Você é única pessoa que me chama de Luana quando estou fora da escola.
- Como te chamam?
- Mweti.
- Diminutivo de Mwtine!?
- Sim. Como sabes?
- Meu pai foi criado aqui por uma senhora chamada Mwetine, ele sempre fala dela.
- Mwetine era minha avó. Que Deus a tenha.
- Interessante. Está ficar tarde deves ir para casa.
Ele tinha razão então voltei para casa grande!
Nicholas Narrando:
Eu não conseguia ter paz. Os homens daqui não descansam até conseguirem o que querem e já tinham tentado estuprar Mweti.
Eu não sabia para onde Mweti tinha ido, se algo de mal acontecesse eu não me perdoaria. Nunca!
No meio da minha aflição alguém abriu a porta. Era...
- Mweti, onde você esteve?
- Não deverias se preocupar tanto com empregados. Eu estava andando.
- Não deverias estar aprendendo algum trabalho dos negros.
- Claro, preocupado não estavas. Estás a garantir que existam escravos no futuro.
- Não é isso. Eu me expressei mal lá no quarto, eu peço...
- Pedes?
- Você sabe!
- Não.
- Desculpa. Disse em voz baixa porque não gosto de me desculpar.
- Não percebi!? Repita
- Desculpa. Repeti em voz baixa gaguejando.
- Haaaa tchau, nada queres tu dizer.
Segurei ela pelo braço e pensei em como era danada aquela menina. E disse em voz alta:
DESCULPA.
Mweti sorriu, poucas vezes a fazia sorrir. O normal era eu apagar o sorriso da cara dela mas aquela experiência foi a melhor da minha vida.
- Eu aceito seu pedido na condição de aceitares o meu nome para tua irmã. Disse Mweti convencida.
- Nossa irmã!? Façamos assim juntamos os dois nomes e obtemos um só.
- Tipo Telaisa?
- Telaisa, gostei. Taí algo que preste que saiu da cabeça de uma filha de empregada.
- Estava bom de mais para ser verdade. Disse Mweti retirando-se para sua casa.
Eu não podia deixar ela ir sozinha, pois ela estava na mira dos homens do campo. Tive que acompanhá-la.