Coisas de tradição: Um amor a...

By Diocleciana_Faife

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Desde tempos remotos, África é um continente que tem uma tradição que me é estranha. As vezes penso que não s... More

Nicholas de Eduardo Aguiar
Meu primeiro dia na escola
Meu primeiro dia na escola (cont...)
O acidente da Esmeralda
A tentativa de violação
Nossa esperança: Telaisa♡
A grande descoberta.
Uma súbita doença
Decepção...
Sinais
O rio proibido
O rio proibido... 2
Aparição da maldição
Pedido de Desculpas
De novo, os mesmos erros: MEU PRIMEIRO BEIJO
A pior decisão: Como mãe?
A mudança
Pôr do sol
Deslize
Confissão
Fuga
Primeira menstruação.
...
...
As consequências

Luana Aguiar

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By Diocleciana_Faife

Mweti!?
Assim me chamam meus pais e meus avós em casa. Meu verdadeiro nome é Luana. Sou LUANA AGUIAR, tenho 23 anos.

Diferente de muitas meninas, eu  não fui iniciada,nem mesmo com 16 anos - quando tive minha primeira menstruação. As meninas da comunidade costumam ser iniciadas no intervalo de 10-16 anos. A faixa de 12-14 tem a maior percentagem, porem, eu nunca fui iniciada. Após iniciadas, ficam prontas para o casamento e muitas delas casam-se cedo e ficam mães, tal como minha mãe que me teve aos 17 anos e casou aos 15.

No meu bairro ninguém ne chamava de Luana, todos me chamavam Mweti, eu não gostava tanto do nome, mas conta minha mãe que quando nasci, fiquei muito doente e como eles optam mais pelo tradicional que pelo moderno, foram a um curandeiro que os disse que para que eu ficasse bem deveria  herdar o nome da minha bisavó Mweti e então assim o fizeram.
Por mais incrível que pareça, eu fiquei bem.

Meus pais procuraram um nome aproximado ao da minha avó para usar na escola e Luana foi o mais próximo. Acredito eu.

Meu pai não é Aguiar, mas quando nasci eu fui apelidada pela minha madrinha que convenceu minha mãe que um apelido "branco" sempre cabia bem a uma criança. Prometia um futuro bom e de menos  sofrimento pois poucos no mundo eram como ela, muitos odiavam os negros.

Nada disso conseguiu acabar com minha negritude! Eu sou profundamente negra, mas, fui criada por minha madrinha, como uma menina da corte e mesmo assim as de mais meninas faziam questão de me mostrar que eu... eu sou negra.
E com passar do tempo virei negra, não só de pele assim como de costumes e vivência.

Minha madrinha garantiu que eu tivesse escola, então eu tive uma dupla vida pois minha mãe, garantiu que eu tivesse princípios de uma boa moça Africana, aquela que se traja de capulana, amara lenço e sua maquilhagem é o muciro. Aquela que pila, moe e coloca água para o marido se banhar.

Minha madrinha me educava para intelectualidade e minha mãe me educava para vida real em África.

Na escola eu era uma das mais oprimidas e uma das mais destacadas. Não era um talento, eu fazia por raiva. Eles deveriam saber que Africanos, negros principalmente, também poderiam ser o que eles são. E com isso eu meti na minha cabeça que eu odiava a minha tradição.

Mas ninguém foge das suas raízes😪. Impossível em sementes de mangas, brotarem larangeiras. E obviamente que de Africanos, deveria sair uma Africana.

A tradição de Moçambique é muito complicada, difícil de se driblar, mesmo quando queremos. O que nos dizem parece mito, descobrimos que não é quando vivemos.

Começo a perceber porquê os Mulatos ou Mistos da minha comunidade também eram educados com base nas nossas maneiras. Percebo que até o branco que dizia que os ditos não se passavam de Falácias, sabiam o que acontecia apenas ignoravam.

Hoje, se diz que mitos são para regir a sociedade, já eu acredito que são para preservar a espécie humana.

Pois muitas coisas são mitos e outras não são, para todos efeitos devemos respeitar pois "i mi ntxumu ya tradição - traduzindo: são coisas de tradição".

Então hoje eu sou Mweti, e assim que eu puder...

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