Sonhos Possíveis [Concluído]

By Reilarand

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Quatro amigos diferentes. Quatro sonhos distintos. Quatro caminhos que podem se cruzar no futuro. Renata, C... More

Apresentação
Personagens
Sonhos Possíveis: Cecília Britto
Sonhos Possíveis: Renata Martins
Dedicatória
Epígrafe
Prólogo
Capítulo 01: Cecília Britto
Capítulo 02: Renata Martins
Capítulo 03: Renata Martins
Capítulo 04: Renata Martins
Capítulo 05: Cecília Britto
Capítulo 06: Cecília Britto
Capítulo 07: Pedro Ferraz
Capítulo 08: Pedro Ferraz
Capítulo 09: Pedro Ferraz
Bônus: Mini-Teatro
Capítulo 10: Pedro Ferraz / Renata Martins / Cecília Britto
Capítulo 11: Renata Martins
Capítulo 12: Renata Martins
Capítulo 13: Cecília Britto
Capítulo 14: Cecília Britto
Capítulo 15: Pedro Ferraz
Capítulo 17: Cecília Britto
Capítulo 18: Renata Martins
Capítulo 19: Parte I: Renata Martins
Capítulo 19: Parte II: Renata Martins
Capítulo 20: Renata Martins / Ricardo Martins
Capítulo Bônus 01 I: Renata Martins
Capítulo Bônus 01 II: Renata Martins
Capítulo Bônus 02: Renata Martins
Capítulo Bônus 03: Cecília Britto
Capítulo Bônus 04: Pedro Ferraz
Capítulo Bônus 05: Entrevista
Algumas manchetes
Agradecimentos e Curiosidades
Memes
PRÊMIOS
Livro Novo: Conflitos de Carolina
Ciúmes de Carolina - Spin-Off de "Conflitos De Carolina"

Capítulo 16: Renata Martins

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By Reilarand

RENATA MARTINS

A lanchonete estava com poucas pessoas. E eu agradecia. Não estava com vontade de sorrir para todo mundo. Não depois de brigar com Pedro. E também com Cecília. A vontade que eu tinha era esconder em meu quarto e chorar até secar todos os meus estoques de lágrimas. Ou de correr atrás de Pedro e lhe pedir desculpas por tudo que eu falei.

Se afaste de Pedro!

Por que essa voz na minha cabeça não desaparece? Mas, não. Ela sempre ficava ecoando em minha mente, me lembrando do que poderia acontecer se eu me rendesse e pedisse desculpas a ele.

Sei que exagerei (e muito). Principalmente com Cecília. Coitada, não tinha nada a ver com a história. Eu não gostei do que eles fizeram comigo. Mas, extrapolei. Entretanto, não podia voltar atrás. E, me manter no papel de melhor-amiga-fria era o melhor para todos nós. Quem sabe, um dia, eles me entendessem e me perdoasse?

Quando um casal de adolescentes entrou, torci para que Joanne atendesse seus pedidos. Mas, eu estava sozinha no momento. Ela havia saído para fazer uma entrega. Ou seja, sobrou para mim. Fui até eles e tentei colocar meu melhor sorriso.

Estava anotando seus pedidos, quando a garota começou a agir de maneira bem estranha. Parecia que havia algo de muito emocionante atrás de mim. Ela começou a se abanar. Pensei que ela estava passando mal. Ou que a Entidade Suprema de Beleza Extrema estava atrás de mim. E, assim que terminei de anotar seus pedidos, olhei para trás. Eu deveria imaginar. John Kerry.

Ele estava diferente dos outros dias que eu vi. Não usava mais óculos, nem a touca que escondia seus cabelos. Parece ter abandonado o disfarce de adolescente normal para se vestir como o astro de cinema reilarandense, como ele realmente era.

John fez um sinal para que fosse até ele. Eu fiz outro, pedindo para que ele me esperasse. Eu estava ciente de que estava pedindo para que um astro de cinema adolescente esperasse. E que, além disso, ele era um cliente. Mas, eu precisava me preparar emocionalmente e psicologicamente para conversar com ele.

Fui até o balcão, onde entreguei a Gabrielle o pedido do casal adolescente. E voltei até onde John estava. A garota do casal estava com ele, tirando uma foto. Esperei que ela desse uma de nostan. E, foi só quando ela voltou a se sentar que eu me aproximei mais.

— John Kerry. — disse com o sorriso que sempre dava aos clientes. Pedro costumava dizer que era o sorriso garçonete. Para de pensar em Pedro! — É um prazer tê-lo de volta a Lanchonete Estrelas Naturais. Já sabe o que vai pedir?

— Sim. Você. Quero dizer, uns minutinhos com você. — ele falou, com o sorriso Lucky Smith.

Além de ter passado o maior vexame no palco da lanchonete da minha família, teria que aturar esse projeto de Kevin Crosby no meu pé. Castigo por ter tratado meus amigos tão mal. Eu merecia.

— Desculpe. Mas, infelizmente, não vai dar. Estou trabalhando.

— Mas, você podia dar um tempo em seu trabalho e sentar aqui para conversarmos. Prometo que não vou tomar muito do seu tempo.

Como eu poderia dizer não de forma educada? Principalmente, para esse garoto, que deveria ser acostumado a ter tudo a sua disposição desde o nascimento?

— Eu realmente preciso trabalhar e ajudar meus pais…

— Não dizem que o cliente tem sempre razão? — ele me interrompeu.

Nem sempre, pensei em dizer. Mas, me mantive calada. Imagine se, por algum motivo, ele fosse fazer uma crítica da lanchonete em algum site ou em suas redes sociais? Tudo que eu fiz teria sido em vão.

— E, você, como garçonete, precisa atender ao meu pedido. Então, por favor, sente aqui comigo. Eu também posso pedir alguma coisa do cardápio.

Por favor! Pelo menos ele era educado e conhecia as palavras mágicas que ajuda em uma boa convivência. Bonito e educado. Duas boas qualidades e… Argrr! O que eu estava pensando?

John pegou o cardápio em cima da mesa e deu uma olhada. Que garoto insistente. E persuasivo. Conseguia entender melhor o motivo de ele ser ator (além de talentoso, não podia mentir). Por isso, concordei, cansada dessa conversa. Quanto mais rápido eu dar a ele uns minutinhos, como pediu, mais rápido eu me livrava dele. Resolveria a situação. Ele iria embora. E me deixaria em paz.

— Mas, não pode ser por muito tempo. — alertei, pegando o bloquinho e a caneta — O que você vai querer?

— Além de uma conversa com você? Hum… o que você sugere?

— Temos uma variedade de sucos naturais. — disse, fazendo o discurso que sempre faço quando chegam pessoas novas — Além dos nossos sanduiches. Eles são super saudáveis. O sanduiche mais pedido aqui é o “Sanduiche Nature”. Natural. Saudável. Saboroso. Ainda ajuda a manter a boa forma. No cardápio tem suas principais informações e também de outros lanches que vendemos aqui.

John observava atentamente o cardápio. Esperei com paciência. Fiquei olhando para a calçada através dos vidros que rodeavam o estabelecimento. Logo na frente estava a Papelaria Sonhos e Cores. E foi impossível não me lembrar do dia que Pedro me contou sobre a EEEA. No dia do show de Cecília. E o meu medo dele ir para Corellias e nunca mais se lembrar de mim.

— Acho que preciso de um desses. — John falou, me tirando de meus devaneios — Então, traga dois Sanduiches Nature. E dois sucos naturais. Um de abacaxi. E outro da sua escolha, já que é para você.

— Não precisa se preocupar comigo. — falei, enquanto anotava — Afinal, será uma conversa rápida.

— Mesmo assim. Você não pode negar um pedido de um cliente. E, não se preocupe. Eu vou pagar pelos dois.

— Não duvido. — murmurei, me virando de costas.

— Você anotou todos os meus pedidos, não é? — ele perguntou. Voltei a olhar para ele — Inclusive a conversa com você, não anotou.

Dei um sorriso fraco a ele. E voltei a me virar de costas. Revirei os olhos. Gabrielle, que estava no balcão, provavelmente babando por John, como a menina da mesa ao lado, viu minha reação. E sorriu.

— Me dê licença. Já voltou com o seu pedido.

— Claro. Fique a vontade.

Revirei os olhos novamente e vou para o balcão. Se ele estava achando que essa tentativa ridícula de tentar flertar comigo iria dar certo, estava bem enganado. Entreguei a Gabrielle o pedido de John. Ela me entregou a bandeja com o pedido do casal de adolescentes.

— Você poderia chamar o meu irmão para trabalhar? Vou ter que conversar com John e resolver a enrascada que meus amigos e meu irmão me colocaram.

— Conversar com John não é uma enrascada. É um sonho. — Gabrielle piscou os olhos, sonhadora.

Será que Gabrielle não percebia que agir como uma boba encantada por um ator adolescente apenas levantava a moral dele, e incentivava a continuar com o comportamento de tentar conquistar todas as meninas com o sorriso Lucky Smith?

— Para você, não é?

— Nat, você não está percebendo? Ele está flertando com você.

Queria dizer a ela que ele flertava com qualquer uma que aparecesse em sua frente (ou qualquer um, vai saber). Ou que ele não estava flertando comigo. Só queria ser persuasivo o suficiente para ter uma conversa comigo.

— E você não acha que é velha demais para ficar babando por um garoto de dezessete anos?

— Uhm, você sabe tudo sobre ele, hein? Além disso, não sou tão velha assim. Estou no auge dos meus 22 anos. E consigo facilmente me passar por uma garota de 17. E, não há nada de mais em admirar. — ela se inclinou na minha direção e abaixou a voz — Eu vi o último filme que ele fez. E me lembro bem da cena em que ele deu uma festa na piscina na mansão que seu personagem morava.

Gabrielle olhou para John. E eu me peguei olhando para ele também. Sorte que ele estava distraído com o celular. E a imagem dele, na festa da piscina, me veio à cabeça. Sabia que minhas bochechas ficaram vermelhas no mesmo instante.

Tentei substituir a imagem. E, dessa vez, quem apareceu foi Pedro. No dia que nós quatro fizemos um piquenique perto do rio Jenfery. E nadamos também. A lembrança fez com que eu ficasse mais vermelha ainda.

— Você pensou na cena, não foi?

Revirei os olhos para Gabrielle. Com a bandeja em mãos, fui até o casal adolescente. A menina olhava para John e suspirava. O garoto olhava para ela, como se quisesse dizer “deixa de fazer papel de boba nostan”. Entreguei eles o lanche e voltei ao balcão.

Peguei a bandeja com o lanche de John.  Pedi a Gabrielle para colocar um sanduiche e um suco para mim. Eu não estava com fome. Mas, era melhor, antes eu John começasse a falar demais na minha cabeça sobre clientes terem sempre razão.

Vou até a mesa do ator adolescente. Coloquei os pratinhos com o sanduiche em cima da mesa e também os sucos. Sentei na cadeira, colocando a bandeja em meu colo.

— Que bom que você voltou. Pensei que não voltaria mais.

Ele deu uma mordida no sanduiche no sanduiche, revirando os olhos. Não consegui não dar um sorriso convencido. Eu sabia que ele teria essa reação. Afinal, os lanches da Estrelas Naturais eram os melhores. Feito pelas melhores mãos, as dos meus pais.

— O que você quer comigo? — perguntei.

— Você é rápida, hein? Gosta de ir direto ao assunto. Gostei disso. — ele deu mais uma mordida no sanduiche.

— Eu preciso voltar ao trabalho.

— Tudo bem.

John tomou um gole do seu suco de abacaxi. Fiz o mesmo com o meu de morango. Estava muito bom. E em uma boa temperatura para mais um dia de inverno.

— Entendo seu lado. — ele continuou — Também não gosto quando me interrompam em meu trabalho.

John tomou mais um gole do suco de abacaxi. Em seguida, limpou o canto da boca com um guardanapo. E ficou mais sério. Qualquer tipo de personagem que ele estava interpretando foi embora. Deixando aparecer o verdadeiro John Kerry.

— Indo direto ao ponto. Eu vim aqui falar daquele assunto que eu e meu pai falamos com você no sábado.

— Então. Sobre isso…

Eu não fazia ideia de como abordar o assunto. Mas, ele precisava ser resolvido. E logo. Então, nada melhor do que ir direto ao ponto. John deu um sorriso. Era diferente dos demais. Parecia mais sincero. Mais verdadeiro. Nada de Lucky Smith.

— Houve um grande mal entendido. Soube que falaram de mim para o seu pai. Mas, na verdade, não passou de uma brincadeira dos meus amigos.

Não sabia se eu tinha o direito de chamá-los de amigos. Depois de tudo que eu falei. De como os tratei. Havia perdido totalmente privilegio de ter a amizade com qualquer um deles. Pedro não era mais meu amigo. E, essa constatação me abalou um pouco. Sorte que John não percebeu. Estava se deliciando com o sanduiche do estabelecimento.

— Um dos meus amigos é filho de Paulo, o empresário amigo do seu pai. — falei. Ele assentiu, com a boca cheia — Então, Pedro falou de mim para o pai. Era uma brincadeira. E Paulo acreditou.

Menti. Na verdade, nem sabia ao certo o que Pedro contou a Paulo. Mas, para me livrar de John e sua insistência, eu apelaria para qualquer coisa. Mesmo que fosse mentira. Ou algum fato que eu não tinha conhecimento.

— Eu não vi nenhuma brincadeira. Apenas o talento que você tem.

— Você só pode está querendo zombar de mim. Um dia, foi à escola, fazer um teste para uma peça de teatro. A Única Princesa. A professora não me escolheu. Para nenhum dos papéis. E agora você vem aqui, me dizer que eu sou talentosa? — dou uma risada sarcástica — Fala sério. Cadê as câmeras?

— Não estou zombando. E essa sua professora não sabe atuação.

— Ela é a melhor professora de teatro da escola. E super reconhecida no ramo e bem recomendada. Carmem Avelar.

Ele deu de ombros, como se não se importasse com ela. Ou como se dissesse que não conhecia. E nem fazia questão de conhecer. Eu também preferia não ter conhecido ela. Por que a antiga teve que ir para uma companhia de teatro? Mas, se ela tivesse ficado, eu continuaria me iludindo.

—Aposto que tinha combinado os papéis com outros alunos. Ou simplesmente é uma idiota, que não sabe o que diz. — ele se inclinou na minha direção — Renata, me escute. Eu atuo desde meus cinco anos. Recebi inúmeros prêmios super conceituados ao longo dos meus doze anos de carreira. Meu pai é diretor e autor.  A Escola Artística Jovens em Ascensão, dele, forma os melhores atores da Maghycals. Alguns deles são famosos no mundo inteiro. Em quem você prefere acreditar?

Fui, realmente, muito boba por acreditar que iria passar. A peça que a escola iria fazer era de muita importância. A professora só escolheria os melhores. E eu não estava entre eles.

Mas, Henry e John insistiam em dizer que eu tenho talento. Eles sabiam do que estavam falando. Eles têm experiência, como o próprio John citou. Ou talvez, eles eram tão amigos de Paulo que tentariam me fazer realizar o meu sonho a qualquer custo.

— De boba você não tem nada. — ele falou. Não acreditava que eu pensei alto — Você é esperta. Inteligente. Educada. Linda…

— Não tem como você saber. Você nem me conhece.

John não tinha como me julgar. Havíamos trocado apenas poucas palavras. E não era nada do tipo para conhecer um ao outro. O máximo que ele deveria saber era que eu não tinha talento para ser atriz.

Péssima! Você é péssima!

— Conheço o suficiente. — ele deu outra mordida no sanduiche — E, se você aceitar ir para a EAJA, eu poderia te conhecer mais e descobrir novas qualidades.

— E defeitos também.

— Duvido. Talvez um, por causa daquela velha frase clichê “ninguém é perfeito”. Mas, ainda assim, eu duvido.

Era impressão minha, ou John estava flertando comigo? Quero dizer, o John de verdade, não o personagem galanteador que estava interpretando na maior parte de nossas conversas. Não. Claro que não. Ele era um astro de cinema adolescente. Tinha várias garotas aos seus pés. Não precisava de uma garçonete.

Qualquer outra garota faria qualquer coisa para estar em meu lugar. Eu não. Só queria que apenas um garoto flertasse comigo. E esse sim eu corresponderia. E era esse mesmo menino que eu briguei e deixei ir embora. Para sempre.

— Voltando ao assunto. — ele voltou a dizer, para a minha felicidade. Não aguentaria ver ele (de verdade) tentando flertar comigo — Você tem a resposta para o convite que te fizemos no sábado?

— Tenho.

John abriu aquele sorriso, que eu classifiquei como o sorriso verdadeiro do John de verdade. Deveria pensar que minha resposta seria sim. Ele levou o copo de suco à boca ao mesmo tempo em que respondi.

— Minha resposta é não!

— O que? — ele quase engasgou com a bebida — Por quê?

Por quê? Ele ainda pergunta? Será que não deixei bem claro desde nosso primeiro encontro? Por que ele não conseguia entender o óbvio? Por que ele simplesmente não desistia de uma fracassada e iria embora, procurando alguém realmente talentoso?

— Eu já disse. Eu não tenho talento que é preciso para entrar na EAJA.

— Renata! — ele me repreendeu — Acho que aquela velha frase clichê é verdadeira. Acabei de achar seu defeito. Você desmerece seu potencial. Se eu vim até aqui é porque o que eu estou falando é verdade. Eu não perderia tempo com alguém incompetente.

— Mas, perdeu.

John inclinou para trás e fechou os olhos, passando a mão pelos cabelos. E suspirou em seguida. Deveria está perdendo a paciência comigo. Ótimo! Assim, ele iria embora e me deixava em paz. E eu poderia continuar minha vida como antes. Ou melhor, reiniciar ela.

— Ok! Vamos supor que você não tem talento, o que é mentira. Na EAJA tem de tudo. Aulas da educação secundária. Aulas para aprimorar seu talento como atriz. Você vai ver.

Deve ser bem legal estudar na EAJA. Mas, ela não era para mim. Eu já desistir do meu sonho. E, mesmo se eu estudasse muito, seria perda de tempo. O melhor era eu continuar trabalhando na lanchonete. Ajudando meus pais. Eles precisavam de mim. Essa escola não.

— É bem legal mesmo. — ele falou. Sério que eu pensei alto, de novo? Eu precisava parar com essa mania e controlar minha língua — Foi lá que eu comecei. Estudo lá desde que… desde que eu nasci, praticamente. E é lá que eu vou terminar meus estudos esse ano. — ele voltou a se inclinar na minha direção — Aceite meu convite. Por favor!

— Mesmo se eu quisesse, não teria jeito. Essa escola deve ser bem cara. Meus pais não têm dinheiro o suficiente para pagar para mim. Eles precisam de mim aqui.

— É um convite. Você não vai pagar nada, nem mesmo os materiais. E, sinceramente, você vai ajudar eles bem mais se aceitar meu convite. Você pode ganhar muito dinheiro. Pode abrir várias lanchonetes dessa por toda a ilha.

Eu não conseguia encontrar mais argumentos para negar. Era uma proposta irrecusável. Eu tinha noção da sorte que eu tinha por receber esse convite. Mas, eu não podia sair de Traunge. Não com Fernanda solta. E com ódio de mim.

— Pensa no assunto. Mas, pensa de verdade. Depois, você me diz o que acha.

Ele colocou a mão em um dos bolsos da jaqueta preta. Tirou dois cartões e estendeu para mim. Peguei eles de sua mão.

— Um é meu e o outro do meu pai. Ele não pode vir, mas concorda com tudo o que eu te disse. Qualquer coisa que você precisar, me ligue. Talvez… não. Talvez não. Eu vou voltar aqui novamente. Eu não quero te pressionar. Mas, queria muito que você aceitasse. — ele pediu. Abaixei os olhos para os cartões em minhas mãos — Você vai pensar, não vai?

— Vou. — disse, com um pequeno sorriso.

— Ótimo. — ele bebeu a última golada do suco — Então, eu já vou. — ele levantou — Espero que você aceite.

John colocou a mão no bolso da calça jeans. E tirou uma nota de cem galéns. Ele deixou em cima da mesa e começou a sair. Eu me levantei, percebendo o valor do dinheiro que ele deixou.

— Espere. — pedi e ele parou e olhou para mim — Tenho que pegar o seu troco.

— Para isso? — ele olhou para o dinheiro com desdém — Se você aceitar nosso convite, isso será pouco para o prejuízo que vamos dar a lanchonete por tirar a garçonete mais linda.

John piscou para mim e deu o seu sorriso galanteador. O sorriso Lucky Smith. E saiu por uma das portas.

Olhei para Gabrielle, que sorria para mim. Apenas revirei os olhos. Coloquei os pratos e copos em cima da bandeja. E segui para o balcão. Coloquei meu lanche em cima da pedra e entreguei a Gabrielle os outros. E também o dinheiro, pedindo a ela que descontasse apenas do lanche de John. O resto seria colocado na caixinha de gorjetas para os garçons.

Aproveitei que o local estava sem movimento e terminei o meu sanduiche, junto com o suco, sossegada. Ou quase. Se não fosse os olhares maliciosos que Gabrielle me lançava.

Eu mereço!

♡♡♡♡♡

Entidade suprema de beleza extrema: alguém muito bonito/bonita.

Nostan: muito fã.

Galéns: moeda reilarandense.

♡♡♡♡♡

Gostaram do capítulo? Me contem o que acharam.

Será que Renata vai aceitar ir para a EAJA? O que será que ela está escondendo? Qual será o real motivo da briga dela com os amigos? São muitas as perguntas.

Não se esqueçam de votar e comentar. Quero saber a opinião de vocês.

O próximo capítulo será narrado pela Cecília. O que ela tem a nos dizer?

Syo.

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