Jikook - Atitudes Valem Mais...

By Kawaii_cookie13

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[FINALIZADA] Park Jimin continua receoso com a ideia de que uma família irá se mudar para a casa ao lado, qu... More

Capítulo 1 - Os novos vizinhos
Capítulo 2 - Uma festa, um pai bêbado e uma descoberta
Capítulo 3 - O conselho do melhor amigo
Capítulo 4 - O pedido de desculpas
Capítulo 5 - A primeira aula de libras
Capítulo 7 - A Bicicleta
Capítulo 8 - Posso te levar para casa?
Capítulo 9 - 26 de setembro
Capítulo 10 - Petúnias
Capítulo 11 - Precisamos falar sobre Shelly
Capítulo 12 - O que foi aquele áudio?
Capítulo 13 - Explicações no Hospital
Capítulo 14 - As várias maneiras de dizer que te amo
Capítulo 15 - Música não só se escuta, também se sente
Capítulo 16 - Promete cuidar dele?
Capítulo 17 - Jantar em família
Capítulo 18 - Gira-gira
Capítulo 19 - Batalha contra Tinker Bell e os Piratas
Capítulo 20 - Como aprendi a sentir as coisas

Capítulo 6 - Quer vir aqui em casa?

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By Kawaii_cookie13


As gotas de água chamuscavam o vidro da janela do meu quarto, enquanto eu apenas observava da minha cama o céu escurecendo. Pode parecer muito estranho, mas eu prefiro dias de chuva a dias de Sol. Eu não sei exatamente o porquê, acho que a sensação de que alguma coisa está acontecendo lá fora dá um certo ânimo, ou quando o céu fica acinzentado, pelo menos em mim, me dá uma sensação de conforto. Espero que não seja somente eu, não quero parecer estranho.

No tempo que passei sem fazer absolutamente nada, apenas olhando através da janela a chuva que se formava do lado de fora, fiquei escrevendo frases completamente aleatórias no aplicativo tradutor de libras, e definitivamente aquilo vai ser muito útil para mim. Começaram com coisas normais como "qual tipo de filme você gosta" e terminou com "eu acho que vou vender meu cérebro para a NASA". E acho que farei isso de fato, porque eu não sei quais os tipos de neurônios que existem na minha cabeça.

Meu celular só estava funcionando para ouvir Lo-fi (mais um ponto positivo: Lo-fi + dia de chuva = perfeição absoluta da vida) e já havia perdido as esperanças de que o sinal iria voltar cedo. Desci umas duas vezes para ver se não tinha como ajustar o aparelho da sala, mas era a mesma coisa que enxugar gelo. Da segunda vez, meu pai estava agachado, atrás da mesinha da televisão, tentando ver se tinha algo que pudesse ser feito, mas ali atrás era um labirinto, e daqui que ele conseguisse diferenciar os fios da TV com os do aparelho de sinal, eu já teria trocado de telefone.

-Por que você está tão ansioso com isso? – minha mãe perguntou, enquanto colocava mais um prato no escorredor. – Está tão dependente assim da internet?

-Não, não é isso. – repondo, um pouco irritado. – É que eu preciso enviar uma mensagem para uma pessoa, mas não chega.

-Do jeito que você fala, é como se estivesse tentando passar um arquivo confidencial para o FBI.

-Não seja tão dramática, mãe. É uma mensagem importante, e eu queria que a pessoa visse logo. – suspirei.

-Paciência, seu pai está fazendo o possível. E essa chuva não vai durar uma eternidade.

Dei mais um longo suspiro e voltei para meu quarto. Fiquei pelo menos uns 5 minutos olhando para o teto fazendo absolutamente nada, só piscando, e ouvindo a chuva lá fora. Em determinado momento ficou frio, do nada, e eu não tive outra escolha se não me enfiar debaixo de um cobertor guardado nas gavetas do meu guarda-roupa. Fiquei enrolado nele, parecendo um fantasma. Para completar a seção de "dia chuvoso", desci as escadas, ainda enrolado no cobertor, apertando-o contra meu corpo, e fui até a cozinha pegar um pacote de salgadinhos que estava guardado no fundo do armário, atrás dos potes de biscoito e do saco de farinha.

-Meu Deus, que coisa triste. – disse minha mãe, olhando para mim e fazendo um sinal de negação com a cabeça, o rosto apoiado num dos braços.

-Não me julgue, por favor. – falei, e fiz um movimento com o cobertor de forma dramática, imitando uma capa de super-herói.

-Tudo bem, Gasparzinho. – ela responde, e dou aquela risada que se resume a soltar ar pelo nariz.

E lá fico eu, deitado, embrulhado num cobertor branco, comendo salgadinhos e ouvindo Lo-fi. Definitivamente o estado máximo de deploração que eu poderia estar vivendo. Constantemente esfregava minhas mãos, ora pela ansiedade, ora pelo frio que não se mantinha apenas do lado de fora. Terminei todas as tarefas tão rápido que nem acreditei de primeira que fosse possível. Nunca havia feito isso antes. Isso provava que realmente havia muita pouca fonte de entretenimento. Além disso, aquele ambiente criava uma espécie de conforto, algo que me deixava relaxado sobre o colchão. E eu quase consegui dormir.

Mas então, como um milagre entrando pela minha porta, meu celular vibrou.

Abri as pálpebras rapidamente ao sentir a vibração perto de mim. Me arrastei, quase derrubando o saco de salgadinhos no chão, e peguei o aparelho que por pouco também não cairia da cama. Desbloqueei a tela e arregalei os olhos:

Jungkook: Eu não acredito que essa já é a sua evolução. Estou chocado. E... Senhor, o que aconteceu com seu cabelo?

Li aquela mensagem, e me ajoelhei na cama, joguei os braços para cima e gritei "Obrigada!" extremamente alto. Parecia até mesmo uma cena de filme, onde o personagem conseguia uma grande conquista e agradecia aos céus por tudo aquilo. Nem sei por que fiquei tão feliz. Era só uma mensagem do meu vizinho, não um e-mail falando que eu ganhei na loteria.

 Não pergunte sobre o meu cabelo, culpe a chuva.

Jungkook: Não acredito que só vi isso agora. Eu culpo a chuva com certeza.

Faz tempo que eu te enviei, só chegou agora porque o mundo me odeia.

Jungkook: Isso é porque você consegue ouvir.

Me esforcei para não rir, embora ele mesmo tivesse dito isso.

 Lembre-se que foi você que falou isso.

Jungkook: Não se preocupe, faço isso com todo mundo.

Jungkook: Como foi no curso?

 Ah, foi legal.

 Minha professora explica bem.

Jungkook: Sortudo. Quando eu estava aprendendo, eu tinha só 7 anos, e aí a gente trocou de professor muitas vezes. Um porque não explicava direito, outro porque era muito rabugento, e finalmente chegou O cara para me ensinar.

Jungkook: Mas também, eu comecei a parar de ouvir com 3 ou 4 anos.

Jungkook: E agora eu só escuto uns ruídos muito baixos.

Jungkook: Então...pensa como foi pra mim...

Nem consigo imaginar...

Ocorreram uns segundos em que nem eu nem ele digitamos nada. Ele colocou espontaneamente uma coisa muito sensível pra fora, e eu nem esperava por isso. Claro que eu queria saber se ele havia nascido surdo ou se acontecera depois de um tempo. Mas eu sabia que perguntar isso para ele seria mais uma razão para me xingar de idiota por umas 2 semanas.

Jungkook: Desculpa...por soltar isso assim.

 Não, não, tudo bem, não se preocupa.

 Valeu por me contar

Jungkook: :)

Jungkook: Ei, pode ser estranho, ignorando que está chovendo, mas eu queria te pedir uma coisa.

 Ai, ai, medo.

Pode falar.

Jungkook: Quer vir aqui em casa, ficar só um tempinho?

...

 Normalmente eu diria que não, mas você mora do meu lado, então...

Jungkook: Ok. Preciso arrumar meu quarto?

 Por favor, não sou tão importante a esse ponto.

Não necessita ter esse trabalho todo.

Jungkook: Vai por mim, você é importante.

Jungkook: Mas se insiste, me pouparei de colocar as roupas em seus devidos cabides.

Dei um sorriso besta, e pela primeira vez em 20 minutos eu me desembrulhei do cobertor e joguei o pacote de salgados no lixo do banheiro. Calcei o primeiro tênis que vi jogado no rodapé e desci apressado.

-Mãe, vou para a casa do vizinho, prometo não demorar, e o sinal voltou. – disse, impossivelmente rápido, ao que ela respondeu somente com um "Ok", e me impressionei com o tanto de confiança que minha mãe deposita em mim. Peguei apressado um guarda-chuva e já ia saindo de casa, mas me lembrei de uma coisa: voltei para meu quarto bem rápido e levei o caderno junto comigo.

A chuva já não estava mais tão forte, mas ainda marcava presença. As gotas escorriam pelo náylon do guarda-chuva e pingavam das pontas curvas do arame. Sentia a pressão da água acima de mim, mesmo que não estivesse encostando. Saí do jardim e andei pela calçada marcada por pequenos "tiros" da chuva, que escorriam pela rua e acabavam nos escorredores. Um barquinho amarelo ali não faria falta. Cheguei no jardim vizinho, e a grama estava muito mais viva do que o normal. Subi a escada da varanda e apertei a campainha, enquanto fechava o guarda-chuva e deixava a água pingar no chão amadeirado.

Dessa vez não foi o JK que abriu a porta, mas a mãe dele, que me recebeu com um sorriso.

-Olá, querido, como você está? – ela perguntou, me cumprimentando.

-Eu vim visitar o seu filho. – respondi. – É uma hora inapropriada?

-Não, não se preocupe. Vamos, pode me dar o guarda-chuva.

-Ah, muito obrigado.

-O Jeon avisou agora há pouco que você vinha, nem tive tempo de preparar alguma coisa para vocês comerem.

-Não, não, tudo bem, eu acabei de almoçar e... Oi, Jungkook.

Ele acenou de volta, chegou perto de mim e me deu um abraço rápido. Eu não sabia que ele ia fazer isso, não imaginei que nossa intimidade já tivesse chegado nesse nível, levando em conta que ele havia me contado que realmente era tímido. Então, de certa forma, ele me abraçar era grande coisa. Mas acho que ele nunca estava muito acostumado a fazer isso, porque durou uns 3 segundos e ele rapidamente se afastou, e pareceu até um pouco envergonhado quando voltou de frente para mim.

"O que aconteceu com seu cabelo?" ele perguntou, e logo em seguida passou as duas mãos de leve, tentando arrumar. Pelo visto havia mais alguém além de mim que cismava com meu cabelo.

"Nem me pergunte." respondi, dando uma risada pela cara de concentração dele enquanto ajeitava meu cabelo

"Vamos para o meu quarto?" ele perguntou, e eu assenti com um movimento de cabeça

"É claro." respondi. Ele me guiou escada acima, e paramos no corredor. Ele continuava o mesmo, mas estava muito mudado. Lembro quando ele tinha cheiro de canela, e como eu me entretinha vendo as partículas de poeira sendo visíveis quando passavam pelas faixas de sol atravessando os vidros. Ele era o mesmo, mas estava diferente.

"Esse aqui." apontou para uma porta trancada, que antes era onde a senhora Chin guardava os materiais de costura e os antigos manequins e roupas.

Ele girou a maçaneta e a abriu, e eu entrei logo em seguida. As paredes estavam pintadas com um tom de rosa claro, e a cor marrom do chão parecia mais viva. A cama tinha a cabeceira encostada na parede, com dois criados mudos nas laterais, ambos com abajures combinando. Uma escrivaninha encostada na parede paralela à cama estava cheia de livros, papeis, bonequinhos, uma lâmpada azul e alguns porta-retratos. Nessa mesma parede havia vários pôsteres de filmes, séries, desenhos animados que eu não conhecia e mais fotos. Ao lado da escrivaninha, uma estante estreia, porém alta, com livros organizados por ordem alfabética. Por fim, perto da janela, uns puffs largados e um tapete colorido.

"O que achou?"

"É muito bonito." Respondi. Fui até a cama e me sentei, e dei um tapinha no colchão para que ele viesse também. Então ele sentou-se do meu lado, peguei o caderno e comecei a escrever.

"Ok, você tem que rever os seus conceitos de "Bagunça", Jeon, Jugkook, esse quarto está mais organizado que o meu."

Ele leu, e balançou a cabeça como quem diz "É verdade"

"Eu não resisti, acabei tirando as roupas do chão."

Dou uma risada, porque de fato ele parece o tipo de pessoa que faria isso.

"Nem acredito que sou dessa importância."

"Vai por mim, você é. Só de ter começado a fazer um curso de libras por minha causa já é muita coisa."

E assim se seguiu a nossa conversa. Oras falávamos em libras, ora escrevíamos no caderno e era incrível como as conversas sempre fluíam normalmente. Era a primeira vez que conversava de verdade com ele, sem ser pelo celular. E era muito melhor quando eu podia ver as reações dele (abre parênteses para falar como o sorriso dele era muito bonito). Era tudo muito espontâneo, e acho que, além do Tae, só ele fazia eu ter esse tipo de conversa. Talvez isso explicasse o motivo de eu sempre querer que as mensagens cheguem logo até ele.

Para minha felicidade, ele também havia assistido Koe no Katachi.

Ficamos debatendo sobre o filme durante um longo tempo, e comentei que, na época em que eu tinha conhecido ele, eu fiquei aliviado por um personagem ter feito coisas mais estúpidas do que eu.

"Eu fiquei meio mal quando você fugiu, confesso. Mas quando você passa por isso e coisas piores a sua vida toda, mais uma pessoa que faz isso não muda muita coisa. Mas você pediu desculpas, e isso já é mais do que o suficiente."

Fico imaginando quantas vezes ele já tinha passado por isso. Quantas pessoas já tinham feito isso com ele, e não haviam pedido desculpas nem nada. Ele já era tímido, e ainda tinha que enfrentar esse tipo de gente. A sorte era que ele não usava o aparelho, porque senão a cena de Koe no Katachi podia se concretizar de verdade, caso aparecesse alguma pessoa babaca naquele nível ali.

Percebi que ele ficou meio triste nessa hora, e estava tentando disfarçar. Eu sabia por experiência própria com outras pessoas que se eu perguntasse "O que foi?", ele responderia "Não, não é nada.", então apenas coloquei meu braço ao redor dele, pousando minha mão em seu ombro esquerdo.

Sabe quando dizem que às vezes você consegue conversar com uma pessoa somente por expressões faciais? Então, foi isso que aconteceu.

Primeiro ele permaneceu os olhos baixos e tristes, e eu continuei observando-o. Depois ele virou o rosto para mim, e dei um sorriso discreto, como quem diz "Vai ficar tudo bem, eu estou aqui", ao que ele respondeu com um sorriso calmo, e logo depois o olhar dele mudou também. Mas para um bom sentido.

Para aliviar o clima de tensão que sem querer fora formado ali, eu escrevi uma coisa no papel que definitivamente eu precisava fazer:

"Então...é verdade que não sabe andar de bicicleta?"

Hora de abrir a minha garagem outra vez.

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