Red Roses and a Little Bit of...

By biggerthanfuture

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Em meio à Guerra Fria, Harry, um consumista desenfreado, se apaixona por Louis, o garoto com quem sempre esba... More

📼 avisos 📼
1. Cold War
2. Bohemian Rhapsody
3. Essay
4. E.T. - The Extra Terrestrial
6. Somebody to Love
7. Hallway
8. Lovers
9. Time After Time
10. Purple
11. Popcorn & Cuddles
12. Crazy Little Thing Called Love
13. Hammer to Fall
14. Support
15. Love Of My Live
16. Library
17. Back to Routine
Epilogue

5. We Will Rock You

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By biggerthanfuture

Em março, Harry estava uma pilha de nervos. As provas do bimestre haviam começado e estava apreensivo com suas notas, seus pais eram exigentes e não aceitariam nada abaixo da média. Para completar seu estado de ansiedade, Louis agia normalmente depois do beijo. Havia passado quase um mês desde o momento que compartilharam e ele não tinha dito nada sobre o ocorrido, tampouco ido na casa de Styles. O professor de Ciências Sociais não passou mais trabalhos para serem feitos fora da classe, apenas análises de textos e discussões breves durante as aulas.

Harry não costumava conversar com Tomlinson em áreas comuns da universidade, era raro vê-los juntos em lugares que não fossem a sala de aula ou a biblioteca. Geralmente Louis estava com seus amigos e Styles se sentia desconfortável sob os olhares dos outros garotos, preferia ficar com Niall, que não sabia exatamente sobre o que acontecia entre os dois.

Após sair da sala de Contabilidade com o coração apertado, Harry se apoiou na parede e respirou fundo. Sabia que tiraria um zero grande e redondo. Lembrou-se dos erros que cometeu quando estava fazendo os razonetes e quis chorar, já que aquela era uma parte importantíssima. Errar os razonetes significava que errou tudo. Passou as mãos pelos cabelos e se recompôs, agarrando a alça da bolsa e caminhando pelo corredor.

Comprou um lanche natural na cantina e comeu a caminho da biblioteca. Jogou o papel no lixo e cruzou as portas de vidro. Cumprimentou a bibliotecária e foi até a prateleira desejada, procurando os livros de Micro e Macroeconomia. Apanhou alguns e procurou uma mesa, mas a única que encontrou com um lugar vazio era a que estava Louis, com seus dois amigos inseparáveis. Zayn - ou pelo menos achou que era ele, já que não haviam sido apresentados - sorriu para Styles e se ergueu, puxando o namorado consigo.

Vendo o caminho livre, Harry se aproximou e sentou-se de frente para Louis, que resumia rapidamente o que quer que estivesse estudando. Pigarreou e ele levantou o olhar. Sorriu para Styles, notando como ele estava lindo com sua calça folgada vermelha, camiseta justa branca e jaqueta jeans.

- Oi. - Tomlinson falou.

- Oi. - mordeu o lábio, pegando seu caderno dentro da bolsa. - Não conversamos há um bom tempo.

- Nem tanto. - deu de ombros. - Temos aulas juntos.

- Louis, você sabe o que quero dizer. - suspirou. - Não fizemos mais nenhum trabalho na minha casa e não costumamos nos falar em outros períodos, então...

- Entendo. Como estão suas provas?

- Nem me lembre. - soltou um gemido frustrado. - Tenho certeza que acabei de tirar um zero em Contabilidade. E você?

- Ah, estou estudando para Climatologia. - mostrou seu resumo. - Por enquanto, acho que estou indo bem em minhas provas.

- Não vai trabalhar hoje, vai?

- Não, só amanhã. - voltou a escrever em seu caderno. - Tenho que aproveitar o tempo que tenho para estudar para as provas e fazer trabalhos pendentes.

- Louis, eu queria conversar com você sobre um assunto... um assunto pessoal e íntimo. - murmurou, inclinando-se para a frente. - O nosso beijo.

- O que tem o nosso beijo? - seu coração acelerou ao se lembrar dos momentos que tiveram. Supunha que teriam ido além se Anne não tivesse interrompido e ele agradecia a ela por isso, não era o cara certo para tirar a castidade de Harry e nem queria alimentar falsas esperanças. - Você não está pensando em repetir, está?

- Credo, eu beijo tão mal assim? - fez uma careta.

- Não! Não, foi delicioso! - passou as mãos pelos cabelos ao perceber o que tinha dito. - Eu gostei muito de te beijar, foi realmente bom, mas não acho que devemos continuar com isso. Sabe, não quero te machucar e está mais do que óbvio que não sou o cara certo para você.

- Louis, eu não sou feito de vidro. - arqueou a sobrancelha. - Pode ser sincero comigo.

- Eu estou sendo sincero com você!

- Além disso, quem decide quem é o cara certo ou não para mim sou eu. - sorriu.

- Não pode estar achando que eu sou o homem ideal para você! - balançou a cabeça, incrédulo. - Veja nossas diferenças, Harry, qualquer coisa entre nós é impossível!

Styles murchou com aquilo. Desde o primeiro dia de aula que se sentia atraído por Louis e queria muito ter uma chance com ele, apesar de suas divergências. Seu coração acelerava toda vez que Tomlinson se aproximava e jurava que borboletas tinham voado de seu estômago quando o beijou. Achava o outro muito sensual e acreditava que ele era o cara certo para muitas coisas, inclusive namorar e tirar sua virgindade. Esperou anos para sentir algo por alguém e não jogaria a chance no lixo.

Ele sabia que Louis estava querendo negar seus sentimentos, embora não soubesse com exatidão o que era. Nem Harry conhecia o que passava em seu peito, mas sabia que não estava sozinho naquele barco.

- Desculpe-me se acabei te dando esperanças. - Tomlinson disse baixinho, evitando contato visual. - Sei que fui um babaca. Eu te beijei e agi como se nada tivesse acontecido. - rabiscou a folha de seu caderno, fazendo bolinhas sem sentido. - Eu não deveria ter feito isso.

- Quem te beijou fui eu. - afirmou. - E eu não me arrependo de nada. Se estivéssemos naquela situação novamente, teria te beijado outra vez. - suas bochechas coraram ao confessar tal coisa. - Estou te atrapalhando, não estou?

- Não. Não, estou quase terminando meu resumo. - sorriu pequeno, continuando a escrever.

Harry manteve-se calado e começou estudar para suas próprias provas. Em certo momento, Louis fechou o livro de Climatologia, colocou os fones de ouvido e ligou o toca-fitas, apreciando as músicas. Apoiou seu queixo em uma mão e não evitou batucar os dedos da outra na mesa. Parou quando Styles segurou seu punho o olhou sorrindo.

- Pare de batucar We Will Rock You na mesa ou vou ser obrigado a cantar. - riu baixinho.

Louis sorriu e compartilhou um dos fones. Harry colocou em uma orelha e moveu a cabeça de acordo com as batidas da música.

Buddy, you're a young man, hard man
Shouting in the street, gonna take on the world someday
You got blood on your face, you big disgrace
Waving your banner all over the place

- We will, we will rock you! - moveram suas bocas, sem escapar nenhum som. - We will, we will rock you!

Buddy, you're an old man, poor man
Pleading with your eyes, gonna get you some peace someday
You got mud on your face, big disgrace
Somebody better put you back into your place, do it!

Styles continuou a estudar, embora não estivesse tão concentrado na matéria e sim no momento alegre que compartilhava com seu paquera. Não tardou para outra música começar a tocar e ele sorriu com o som de Under Pressure, de Queen e David Bowie.

- Céus, eu amo essa música! - comentou. - Não acredito que conseguiu gravar tão bem, sempre tem um grito da minha mãe nas gravações.

- Ah, eu gravo de madrugada. - contou seu segredo. - Com a família toda dormindo a qualidade fica melhor.

Louis observou Harry escrever seu resumo, ainda compartilhando o fone. Decidiu ficar na biblioteca até que o cacheado terminasse de estudar, não queria deixá-lo sozinho. Sabia que no fundo - bem no fundo - estava ali para evitar que outros caras se aproximassem dele com segundas intenções, embora soubesse que Styles se defenderia muito bem sozinho caso fosse preciso. Além disso, insistia em dizer que não dariam certo juntos, mas ele mesmo não conseguia se afastar do rapaz de belos olhos esverdeados.

Um traço animal de querer marcar território, concluiu ao assistir o outro escrever com rapidez em seu caderno.

Assim que Harry terminou seu estudo, já perto do pôr-do-sol, sorriu para Louis. Havia escrito inúmeras páginas. Devolveu o fone para o outro, haviam escutado cerca de três fitas sem interrupção. Guardou seus materiais e saiu da biblioteca na companhia de Tomlinson.

Coincidentemente ou não, o Porsche de Styles estava ao lado da Kombi azul-calcinha de Louis. Harry deixou sua bolsa no banco do passageiro e sorriu para seu acompanhante, que já destravava o seu veículo.

- Obrigado por me esperar. - segurou sua mão e as bochechas do outro coraram. - Sabe que gosto muito de sua companhia, não sabe?

- Sei, você já me disse. - sorriu. - Eu também aprecio ficar com você, mas...

- ... acha que não é o cara certo para mim. - completou e afagou suas bochechas. - Ah, Louis, se você pudesse se ver como eu te vejo, perceberia que não é esse cara que acha que é.

- Harry, eu sei muito bem quem eu sou. - fitou suas íris esverdeadas. - Não sinta pena de mim, eu odeio isso. Sou pobre, mas não preciso que me olhe com dó.

- Não estou sentindo pena de você. - disse com seriedade. - Estou me perguntando como uma pessoa consegue ser tão teimosa feito você. Uma porta consegue ser mais maleável que sua cabeça dura, Louis!

- Digamos que sou uma pessoa de convicções fortes. - riu.

- Teimoso, isso sim. - aproximou mais seus corpos. - Não sei como te aguento!

- Para ser sincero, eu também não sei. - balançou a cabeça e se encostou na Kombi, ficando encurralado. Harry tinha intenções claras e ele não sabia como proceder. Desejava beijá-lo, mas não queria dar a entender que pretendia ter algo a mais. - E-Eu...

- Está esperando o que para me beijar?

- Você sabe que não podemos... - engoliu em seco. - Somos muito diferentes, eu sou...

Harry o calou com sua boca. Selou seus lábios, amassando os seus carnudinhos nos finos de Louis, que segurou sua cintura e fechou os olhos. Por mais que tentasse, não conseguia resistir a Styles.

Não se importavam se estavam no estacionamento da faculdade, à vista de todos. Beijaram-se calmamente, apenas o mordiscar dos lábios, até que o cacheado aprofundou o ato, deslizando a língua em sua boca com timidez. Tomlinson agarrou os cabelos de sua nuca e os puxou com certa força, colando-o ao seu corpo com a outra mão.

O sol baixava no horizonte, iluminando seus corpos com os tons de amarelo e laranja, banhando-os com o resquício do calor do fim de tarde, mesmo que ainda fosse inverno. Louis não resistiu e desceu a mão, chegando em sua bunda. Espalmou-a na carne macia e desejou apertar, mas manteve o recato por estar em local público.

Harry gemeu em sua boca e puxou sua jaqueta com fervor. Apreciou a pegada de Tomlinson, como ele segurava seus cabelos e do leve aperto em sua nádega. Tinha certeza que se estivessem em sua casa, já estariam nus em sua cama. Grunhiu e separou seus lábios com selinhos demorados.

- Agora a faculdade toda sabe sobre nós. - Louis resmungou.

- Pare de reclamar, quase não tem alunos aqui, a maioria foi embora! - riu, abraçado ao seu corpo. - As únicas pessoas aqui fora além de nós são aqueles dois ali. - indicou um casal se beijando sob a sombra de uma árvore. - E eles estão concentrados demais para prestar atenção em nós.

- Você é tão atrevido, Styles. - balançou a cabeça e o soltou. - Agora realmente precisamos ir, sei que seus pais não gostam que chegue em casa depois do anoitecer.

- Oh, é verdade. - mordeu o lábio e viu Louis abrir a porta da Kombi. - Mas antes...

- Hm?

- Boa noite, Lou. - desejou e selou suas bocas mais uma vez, contornando o Porsche e entrando no carro.

De bochechas coradas, Tomlinson entrou no veículo e deu partida, acompanhando Harry até certo ponto. Buzinou quando tiveram que se separar e acenou, pegando a via oposta para Tottenham.

Chegou em casa poucos minutos depois e estacionou a Kombi do jeito que podia na pequena garagem. Saltou do veículo com sua mochila e entrou em casa, ouvindo os gritos na sala. Estava uma zona e para sua infelicidade, sua mãe não estava em casa.

- Que merda está acontecendo aqui?! - gritou mais alto que todos os seus irmãos e eles se calaram. - O que é isso? Por que estão gritando feito loucos?

- O Ernie riscou minha boneca. - Doris chorou.

- A Daisy ficou com o meu namorado. - Phoebe estava de braços cruzados, longe da irmã gêmea.

- E a Fizzy não quer me deixar fazer o jantar! - Lottie resmungou.

- Toda essa gritaria por esses motivos idiotas? - jogou sua mochila no sofá e colocou as mãos na cintura. - Ernest, pegue um pano e limpe a boneca de Doris. - começou a delegar tarefas e viu que seu irmão caçula quis reclamar. - Sem contestação! Você errou e vai assumir as consequências de seus atos. - arqueou a sobrancelha.

- Lou...

- Ernest. - abaixou o tom de voz e o menininho correu para a cozinha. - Phoebe, você não tem namorado. - olhou para a outra irmã. - Daisy, sabe que é horrível beijar a pessoa que sua irmã ou melhor amiga gosta, é uma traição. - balançou a cabeça. - Sua punição vai ser limpar o quintal e lavar a louça por três semanas.

- Louis! - ela reclamou. - A mamãe vai saber disso!

- Eu sei que vai, eu mesmo direi à ela. - suspirou. - Sabem que na ausência da mamãe, o controle é meu. Ou seja, tenho poder absoluto até que nossa mãe volte. - analisou suas unhas. - Fizzy, você já fez o jantar ontem, hoje é a vez de Lottie.

- Louis, eu vi uma receita nova no folheto! Deixe-me fazer, por favor.

- Quando for o seu dia, você faz. - sorriu. - Onde a mamãe foi?

- Ela não disse. - Lottie respirou fundo. - Falou que voltaria antes do anoitecer.

- Ah. Bem, eu vou para o meu quarto. - apanhou a mochila e caminhou para a porta dos fundos. - Daqui a pouco voltarei e se eu ver essa zona outra vez, deixo todos de castigo.

- Somos grandes demais para castigos, Louis. - Fizzy arqueou as sobrancelhas.

- É? Mas eu sou o irmão mais velho. Se eu quiser que tenha castigo, vai ter castigo e ponto final. - arqueou as sobrancelhas. - Sem gritaria e tudo fica resolvido. Se eu ouvir um grito, de qualquer um que seja, todos vão ficar uma semana sem TV e sem as fitas cassete.

Lottie lançou-lhe um olhar mortal e ele sorriu em ironia. Sabia como as fitas cassete eram importantes para as duas mais velhas e com a ameaça de tirá-las, manteria a ordem na casa até o retorno de sua mãe. Saiu pela porta dos fundos e entrou em seu quarto de madeira. Deixou a mochila na cama e tirou a jaqueta.

Removeu a camiseta e pegou uma muda de roupas limpas e a toalha. Saiu do local e sentiu sua pele se arrepiar com o frio. Correu para dentro de casa e entrou no banheiro. Tomou um banho rápido e quase se afogou com a água do chuveiro ao se lembrar de quando estava no quarto de Harry e viu a camisola de cetim.

- Ah, não, não me venha com isso agora. - resmungou para si mesmo e passou o shampoo outra vez.

Estava deitado na cama de Styles, observando-o caminhar até si vestindo nada além de uma camisola de cetim clara, que mal cobria o início de suas coxas, expondo a pele leitosa e de aparência macia. Harry engatinhou na cama e se acomodou no colo de Louis, que não tardou a apertar sua bunda com força, percebendo que ele não usava nada por baixo.

Ele tinha um olhar sensual e grunhiu ao molhar seus dedos em um pote de lubrificante e acomodar a extensão rubra de Tomlinson em suas mãos. Logo guiou-a até sua entrada e desceu sem pudor algum, gemendo ao ser deliciosamente preenchido.

- Louis, está tudo bem? - batidas na porta do banheiro interromperam sua imaginação fértil e ele passou a mão pelos cabelos, desnorteado. Não sabia quanto tempo havia se passado, aquela certamente era a voz de sua mãe e não fazia ideia de quando ela tinha chegado. - Louis?

- Oi, mãe! - falou, ensaboando seu corpo com pressa e vendo o que tinha entre as pernas. Uma constrangedora e vergonhosa ereção. - Eu j-já vou sair.

- Certo. Não demore muito.

- Porra, a conta de água vai custar uma fortuna! - ele disse para si mesmo e olhou para baixo. Não podia ignorar aquilo e nem sair do banheiro naquele estado. - Inferno, Styles. - resmungou e apoiou a testa na parede, guiando sua mão para seu falo rígido. - Não acredito que vou ter que fazer isso...

Saiu do banheiro minutos depois, frustrado e envergonhado. Já vestido com seu conjunto de moletom velho e esfarrapado, sentou-se na ilha da cozinha e respirou fundo, vendo Lottie terminar o jantar e Jay auxiliando a jovem. Sua mãe notou sua tristeza e se aproximou, dando um beijo em seus cabelos.

- O que houve, meu anjo? - acariciou suas bochechas e ele suspirou.

- Nada. - suspirou. Ele não poderia falar para ela que seu desempenho foi horrível, mesmo que estivesse sozinho. Sentia-se envergonhado por ter se masturbado pensando em Harry e mais triste ainda pelo fato de não ter gozado porque sua mente estava concentrada no valor da conta de água. - Só ando confuso.

- Apaixonado, ele quer dizer. - Lottie falou e ele lhe mostrou o dedo do meio. Jay deu um tapa em sua mão e o olhou.

- Apaixonado? Você?

- Não estou apaixonado! Mãe, isso é conversa da Charlotte, é mentira! Não quero namorar ninguém, estou focado em meus estudos.

- Seu olhos brilhavam quando voltou da casa daquele garoto. - sua irmã expôs os fatos. - Ficava todo bobinho. E hoje está assim, seus olhos estão brilhando e demorou anos no banheiro, aposto que estava...

- Batendo punheta, é claro. - Fizzy entrou na cozinha e deixou uma xícara na pia.

- A boca, menina! - Johannah repreendeu. - Bem, eu concordo com Lottie. Você está diferente utimamente.

- Não estou! - saiu da banqueta, bravo por estar sendo contestado. - Sei muito bem o que estou sentindo, que coisa chata!

- Bem, em uma coisa ele continua o mesmo. Teimoso feito uma porta. - Fizzy riu.

Louis revirou os olhos e pegou um pacote de bolachas no armário. Desistiu de discutir com sua mãe e irmãs e foi para o seu quarto, confinando-se no pequeno cômodo de madeira.

Elas estão erradas, insistia.

~•~

No dia seguinte, Louis chegou na faculdade querendo fugir de Harry. Não aguentaria olhá-lo sem se lembrar de seu momento vergonhoso na noite anterior, mas Styles foi mais rápido. Veio até ele sem se importar com os olhares dos outros alunos do campus, que naquele horário estava lotado. Tomlinson arregalou os olhos e quis correr, mas suas pernas se assemelhavam a gelatina, tinha certeza que se estatelaria no chão caso tentasse se mover.

Além de seu visível desconforto, Harry não ajudava. Usava um casaco azul-claro fechado e botas pretas de cano alto e a inseparável bolsa de grife. Para muitos, não era uma combinação tão bonita, mas Louis acharia o outro lindo até enrolado em um lençol esburacado. Ele engoliu em seco e sorriu.

- Oi, Lou. - Styles beijou sua bochecha barbada. - Como vai?

Nervoso. Envergonhado.

- Estou bem, e você? - caminhou com ele para dentro do prédio da faculdade e notou Niall em um canto, observando-os de um modo infeliz e até invejoso. Louis lançou-lhe um olhar mortal. Harry estava alheio ao que acontecia, apenas sentia uma leve satisfação por andar com seu paquera pela faculdade, mesmo que atraísse olhares de outros estudantes.

- Estou bem. - disse, parando em seu armário particular. Poucos tinham o privilégio de ter um só para eles, já que o aluguel anual não era barato. Louis dividia um com Liam e Zayn e mesmo assim achava caro. - Você já tomou café?

- Sim, por quê?

- Bem, estava pensando em tomar café na cantina. Eu ia te convidar, mas já tomou. - suas bochechas coraram.

- Eu te faço companhia. - esperou que ele pegasse alguns livros e foram para o refeitório. Viu como Zayn o olhou e fez uma expressão de poucos amigos, para que ele se mantivesse em silêncio. - Conseguiu estudar para suas provas?

- Depois que cheguei em casa, fui direto para a cama. Eu leria agora, mas não acredito que estudar aos quarenta e cinco do segundo tempo vai adiantar. Não vou absorver em vinte minutos o que deveria ter aprendido em dois meses. - deu de ombros e pediu um lanche natural. Sentaram-se em uma das mesas e ele ofereceu o sanduíche a Tomlinson, que negou educadamente. - E você? Tem prova de Climatologia hoje, não?

- Sim. Estou preparado, é a matéria que mais gosto. - murmurou.

- Louis, posso te perguntar algo? Vou compreender se não quiser responder agora.

- Eu tenho medo quando você vem com esses papos. - disse. - Você fica todo acanhado e abaixa o tom de voz quando quer saber algo íntimo. Eu tenho medo do que passa em sua mente.

- Bobo! - riu. - Louis, você não me engana. - suas expressões ficaram sérias. - O que nós temos?

- Nós? Nós não temos nada.

- Os beijos que trocamos não tiveram importância para você? - questionou tão baixo e com tanta tristeza que Louis se sentiu mal.

- Harry, escute. - segurou suas mãos sobre a mesa e afagou suas palmas. Seu olhar azulado encontrou o esverdeado, que já estava úmido devido à aparente decepção. - Eu não sou o cara certo para você, por mais que diga que a decisão é sua. Olhe para nós. O que você vê?

- Um cara que desde o início me alertou e um idiota que se iludiu sozinho. - sua voz saiu trêmula.

- Não, você não se iludiu sozinho, Harry. - respirou fundo e beijou sua mão. - Mesmo sabendo que não deveria, eu te dei esperanças porque não consigo me afastar de você. - foi sincero. - Eu não sei o que está acontecendo entre nós e, para ser franco, não sei se quero continuar.

- Por que não?

- Harry, eu sou pobre, você é rico. - começou. - Pertencemos a realidades completamente diferentes, os seus pais não gostam de mim e não tiro a razão deles. - suspirou. - Apreciei cada momento que passamos juntos, foram especiais para mim. Nossos beijos tinham uma sincronia incrível, mas...

- Louis, você é preso demais às classes sociais. - comentou. - Qual é o problema das nossas diferenças?

- Harry, o problema são as nossas ideologias. - desviou o olhar para a mesa. - São opostas. Você é um burguesinho consumista e eu um esquerdista radical.

- Eu não vejo problema nisso.

- Você não vê problema em seu paquera querer acabar com a burguesia? - arqueou as sobrancelhas. - Um cara que apoia uma revolução na Inglaterra não é problema para você?

- Eu não gosto de sua opinião, é claro, mas o que posso fazer se pensa dessa maneira? - deu de ombros. - Não pretendo discutir política com você.

- Não é só uma questão política!

- Louis, seja objetivo. - falou com firmeza. - Diga porque não quer continuar com isso. - indicou os dois.

- Eu não sei se quero. - passou as mãos pelos cabelos. - Deixe-me pensar, sim? Nunca fui encurralado desta maneira antes, então tenha paciência. Estou pensando no todo, não só em nós.

- E o que o todo tem a ver com nós?

- Harry, já pensou como sua família vai reagir ao saber que está comigo? O que seu pai poderia fazer, dependendo da intensidade do ódio que tem de mim? Tirá-lo da faculdade, como já fez? Ameaçar a mim e à minha família? Expulsar o filho de casa?

- Você é muito exagerado. - balançou a cabeça, mesmo não duvidando da capacidade de Desmond.

- Não é exagero, estou pensando em você. - disse baixinho. - Eu não quero que sofra.

- Ah, Lou... - sorriu e entrelaçou seus dedos sobre a mesa. - Vou esperar sua decisão, sim? Pense com carinho.

- Eu vou. - mordeu o lábio e assistiu Harry terminar de comer seu lanche. Logo deu o horário de início das aulas e Tomlinson o acompanhou até a classe de Macroeconomia. - Fique calmo. - disse quando o abraçou. - Você vai arrasar nessa prova.

- Espero. - roubou um beijo casto antes de entrar na sala e viu as bochechas de Louis corarem.

Ele caminhou para a classe de Climatologia e sentou-se em sua carteira habitual. Aproveitou que o professor não estava na sala para revisar a matéria e encontrou algo estranho em sua mochila. Pegou o papel dobrado e com um bombom amarrado a uma fita. Abriu a carta e sorriu bobo.

Mordeu o lábio e pegou o bombom. Comeu o chocolate com calma e não conseguiu fechar seu sorriso, seu coração quentinho pelo cuidado e incentivo demonstrado por Harry.

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