3. Essay

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Desmond Styles não acreditava no que via. Encarou seu filho, que parecia extremamente desconcertado e olhou para o rapaz desconhecido, que tinha um ar de deboche natural e estava ansioso para sair dali. Tragou de seu charuto cubano e arqueou as sobrancelhas para Anne, que tinha parado de ler sua revista.

- Louis Tomlinson. - ela sorriu cortês e se ergueu da poltrona. - Seja bem-vindo.

- Obrigado, Sra. Styles. - não sabia como reagir e fez uma espécie de reverência, completamente desajeitado.

- Hm, nós vamos fazer o trabalho. - Harry murmurou. - Estaremos lá em cima, caso precisarem de nós.

- Mantenha a porta do seu quarto aberta. - seu pai alertou, sua voz baixa e ameaçadora. Harry sabia que ele estava fervendo de raiva por seu colega ser um comunista declarado.

O rapaz apenas assentiu e subiu as escadas com Louis. Abriu a porta de seu quarto e permitiu sua entrada. Tomlinson arregalou os olhos com o cômodo de paredes em um tom azul-claro. Haviam prateleiras repletas de livros e discos de vinil, todos organizados em ordem alfabética. As fitas cassetes estavam em caixas, separadas por artista e ele conteve a vontade de mexer, não seria educado.

Harry tinha uma escrivaninha grande na cor branca, com máquina de escrever e tudo de mais moderno dos anos 80. Diante da cama grande, havia uma TV de tubo conectada a um reprodutor de fitas VHS. Por perto, um toca-discos. Além de tudo isso, havia um sofá na janela repleto de almofadas coloridas e uma porta que guiava ao closet e ao banheiro.

Louis olhou para o seu colega com surpresa e Styles mordeu o lábio, aproximando-se da escrivaninha e pegou seu caderno. Sentou-se no tapete felpudo que havia no chão e o convidado fez o mesmo.

- Bem, temos que fazer uma redação sobre o tema "a influência do meio na formação do indivíduo". - murmurou. - O que achou do tema?

- Pertinente. - cruzou as pernas. - Acho que ou saímos desse trabalho como amigos ou como inimigos. - sorriu. - O professor pediu manuscrito, certo?

- Sim. - suspirou. - Bem, podemos começar escrevendo as diferenças dos meios. Você pode me dizer como é morar em... onde você mora? - indagou.

- Tottenham. - respondeu. - É um lugar perigoso. Não como Brixton, mas ainda tem um grande número de criminosos. - tomou a liberdade de tirar seus tênis, revelando suas meias listradas. - Quem cresce lá tem poucas opções. Se quiser dinheiro rápido, o mundo do crime oferece isso e é tentador para um adolescente com muitos irmãos, às vezes sem pai porque este foi morto em uma briga de gangues. - disse baixinho. - Depende da criação da pessoa também. - deu de ombros. - Minha mãe me criou bem, apesar de meus defeitos. Sempre me disse que o melhor caminho é querer as coisas corretas, mesmo que demore para conseguir os resultados. Sem esforço, sem ganhos.

Fez uma pausa e viu que Harry não planejava dizer nada, dando espaço para que continuasse.

- Como deve ter percebido, sou uma pessoa naturalmente revoltada. - riu. - Se você tivesse crescido vendo seus amigos passar fome e tendo que ficar com o estômago roncando para que seus irmãos pudessem se alimentar, também seria. - suas expressões ficaram sérias. - Eu fico puto ao ver esses burgueses andando com carro de luxo enquanto ainda existem pessoas que passam fome! Trabalhamos como condenados para ganhar uma merreca e sustentar a burguesia! - agora que tinha ganhado corda, seria difícil pará-lo. - O sistema ajuda quem tem dinheiro, quem é pobre sempre se fode. Temos a educação básica, mas também queremos cultura. Queremos arte. Os ricos acham que somos sem cultura e sem conhecimento, mas é porque não temos dinheiro para ir a um museu, a um teatro ou qualquer coisa. Mal temos dinheiro para comprar uma fita cassete!

Red Roses and a Little Bit of Queen | Larry Stylinson Where stories live. Discover now