Red Roses and a Little Bit of...

By biggerthanfuture

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Em meio à Guerra Fria, Harry, um consumista desenfreado, se apaixona por Louis, o garoto com quem sempre esba... More

📼 avisos 📼
1. Cold War
2. Bohemian Rhapsody
4. E.T. - The Extra Terrestrial
5. We Will Rock You
6. Somebody to Love
7. Hallway
8. Lovers
9. Time After Time
10. Purple
11. Popcorn & Cuddles
12. Crazy Little Thing Called Love
13. Hammer to Fall
14. Support
15. Love Of My Live
16. Library
17. Back to Routine
Epilogue

3. Essay

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By biggerthanfuture

Desmond Styles não acreditava no que via. Encarou seu filho, que parecia extremamente desconcertado e olhou para o rapaz desconhecido, que tinha um ar de deboche natural e estava ansioso para sair dali. Tragou de seu charuto cubano e arqueou as sobrancelhas para Anne, que tinha parado de ler sua revista.

- Louis Tomlinson. - ela sorriu cortês e se ergueu da poltrona. - Seja bem-vindo.

- Obrigado, Sra. Styles. - não sabia como reagir e fez uma espécie de reverência, completamente desajeitado.

- Hm, nós vamos fazer o trabalho. - Harry murmurou. - Estaremos lá em cima, caso precisarem de nós.

- Mantenha a porta do seu quarto aberta. - seu pai alertou, sua voz baixa e ameaçadora. Harry sabia que ele estava fervendo de raiva por seu colega ser um comunista declarado.

O rapaz apenas assentiu e subiu as escadas com Louis. Abriu a porta de seu quarto e permitiu sua entrada. Tomlinson arregalou os olhos com o cômodo de paredes em um tom azul-claro. Haviam prateleiras repletas de livros e discos de vinil, todos organizados em ordem alfabética. As fitas cassetes estavam em caixas, separadas por artista e ele conteve a vontade de mexer, não seria educado.

Harry tinha uma escrivaninha grande na cor branca, com máquina de escrever e tudo de mais moderno dos anos 80. Diante da cama grande, havia uma TV de tubo conectada a um reprodutor de fitas VHS. Por perto, um toca-discos. Além de tudo isso, havia um sofá na janela repleto de almofadas coloridas e uma porta que guiava ao closet e ao banheiro.

Louis olhou para o seu colega com surpresa e Styles mordeu o lábio, aproximando-se da escrivaninha e pegou seu caderno. Sentou-se no tapete felpudo que havia no chão e o convidado fez o mesmo.

- Bem, temos que fazer uma redação sobre o tema "a influência do meio na formação do indivíduo". - murmurou. - O que achou do tema?

- Pertinente. - cruzou as pernas. - Acho que ou saímos desse trabalho como amigos ou como inimigos. - sorriu. - O professor pediu manuscrito, certo?

- Sim. - suspirou. - Bem, podemos começar escrevendo as diferenças dos meios. Você pode me dizer como é morar em... onde você mora? - indagou.

- Tottenham. - respondeu. - É um lugar perigoso. Não como Brixton, mas ainda tem um grande número de criminosos. - tomou a liberdade de tirar seus tênis, revelando suas meias listradas. - Quem cresce lá tem poucas opções. Se quiser dinheiro rápido, o mundo do crime oferece isso e é tentador para um adolescente com muitos irmãos, às vezes sem pai porque este foi morto em uma briga de gangues. - disse baixinho. - Depende da criação da pessoa também. - deu de ombros. - Minha mãe me criou bem, apesar de meus defeitos. Sempre me disse que o melhor caminho é querer as coisas corretas, mesmo que demore para conseguir os resultados. Sem esforço, sem ganhos.

Fez uma pausa e viu que Harry não planejava dizer nada, dando espaço para que continuasse.

- Como deve ter percebido, sou uma pessoa naturalmente revoltada. - riu. - Se você tivesse crescido vendo seus amigos passar fome e tendo que ficar com o estômago roncando para que seus irmãos pudessem se alimentar, também seria. - suas expressões ficaram sérias. - Eu fico puto ao ver esses burgueses andando com carro de luxo enquanto ainda existem pessoas que passam fome! Trabalhamos como condenados para ganhar uma merreca e sustentar a burguesia! - agora que tinha ganhado corda, seria difícil pará-lo. - O sistema ajuda quem tem dinheiro, quem é pobre sempre se fode. Temos a educação básica, mas também queremos cultura. Queremos arte. Os ricos acham que somos sem cultura e sem conhecimento, mas é porque não temos dinheiro para ir a um museu, a um teatro ou qualquer coisa. Mal temos dinheiro para comprar uma fita cassete!

- Louis, respire. - Harry tocou sua perna com suavidade e ele fechou a cara. - Posso contar o meu ponto de vista? - ele assentiu e Styles continuou. - Nasci e cresci em Kensington, sempre frequentei os melhores colégios, os melhores eventos e festas. Nunca conheci alguém de outro círculo social até entrar na Universidade de Londres. - suspirou. - Fui criado para ser um menino fútil e superficial, mas implacável nos negócios. Felizmente sou muito curioso e comecei a ler livros de História ou Sociologia, para entender como o mundo funciona. O sistema é injusto, sim, mas não vai mudar.

- Para você é fácil falar, Harry. - resmungou. - Cresceu nadando no dinheiro, sempre com a barriga cheia.

- Sim, eu cresci com muito dinheiro. Eu ganho uma mesada absurdamente alta. - confessou. - Eu sei que somos muito diferentes, Louis, mas concordamos em algo. O mundo é injusto. É injusto o proletariado trabalhar demais e receber de menos? Sim, mas isso não vai mudar por muito tempo. Particularmente, não acho que a Guerra Fria vai se tornar um conflito armado no futuro, com a União Soviética e Estados Unidos se enfrentando diretamente. Caso isso acontecer, o mundo vai acabar, as duas potências tem bombas nucleares suficientes para destruir a Terra.

- Você está desviando do foco.

- Deixe-me terminar, homem! - sorriu. - Acredito que o mundo só deixaria de ser capitalista caso a União Soviética ganhasse e convenhamos que ela anda enfraquecida devido à Guerra do Afeganistão. - olhou para o colega. - Como filho de burguês, eu, Harry Styles, acredito que os operários deveriam receber um salário melhor e gratificações. Sempre ouvi que trabalhadores satisfeitos produzem mais.

- Estava bom demais para ser verdade. - riu sem humor. - Ah, Harry, você nunca vai deixar de ser um burguesinho consumista. E eu nunca vou deixar de ser um comunista. Às vezes radical. - balançou a cabeça. - Vamos escrever essa redação, quero vazar daqui logo.

- Calma, meu querido, ainda vamos jantar. - usou o apelido em ironia e Louis deu um soquinho em seu ombro. - Não vou deixar você sair daqui sem comer.

- E o que tem para comer? - colocou as mãos sobre sua barriga. Viu o anfitrião corar violentamente e riu com o sentido ambíguo da frase. - Então além de burguesinho, ainda é safado? - arqueou a sobrancelha. - Ah, Harry, você me surpreende demais. Achei que era ultra recatado.

- Eu sou recatado! - defendeu-se e escondeu o rosto com as mãos. Louis segurou seu pulso e puxou para baixo, se divertindo com sua inocência. - Você é insuportável! - riu e se jogou no tapete a fim de evitar que ele tirasse as mãos de seu rosto.

Tomlinson era a teimosia em pessoa e não desistiria fácil. Viu uma oportunidade de provocação e se ajeitou, segurando seus pulsos e revelando seu rosto vermelho.

- Ha! Te peguei! - sorriu e Harry fez menção de afastá-lo com os pés, rindo baixinho. Louis o imobilizou com seu corpo e o rapaz arregalou os olhos ao tê-lo sobre si. - Safadinho.

- Não sou safado, Tomlinson. - mordeu o lábio, seu olhar descendo das íris azuladas para a boca fina e rosada. - Você que diz frases ambíguas.

- Suas expressões dizem o contrário, burguês. - segurou seus pulsos ao lado de sua cabeça e percebeu a respiração de Harry acelerar com a proximidade. - Algo me diz que sua carinha doce esconde muitos segredos.

- Não escondo. - lambeu os lábios. Seu coração batia com mais intensidade e um frio tomava conta de sua barriga. Não ia negar que queria beijar Louis desde o primeiro momento que o viu, mas não sabia se era recíproco. - Por que acha isso?

- Um rapaz tão bonito como você deve atrair olhares de outros garotos. - passou o olhar por seus lábios rechonchudos e imaginou como seriam macios durante um beijo. - Eu não me surpreenderia se fosse aquele tipo de cara que seduz os outros, transa e os esquece.

- Você tem uma ideia tão errada de mim! - balançou a cabeça, rindo em desdém. - Para começar, nunca namorei. Só beijei uma vez na vida e porque estava meio alto. Se eu estivesse sóbrio, certamente não teria beijado. Alguns shots de tequila que tomei não me permitem lembrar do rosto do rapaz.

- Nunca imaginei que beberia nada além de leite. No máximo um suquinho. - provocou.

- Já sou crescido, seu idiota. - sorriu. - Não costumo beber, mas às vezes acontece. Prefiro um bom vinho, para ser sincero. - fitou-o e sentiu seu corpo esquentar com o olhar sensual. - E só para constar, não sou o tipo de cara que transa e esquece o outro. Para ser sincero, não devo abrir minha boca sobre o assunto sexo, já que sou...

- Virgem?

- Sim. - desviou o olhar, sentindo-se envergonhado por nunca ter transado. Se um dia já teve esperança de poder paquerá-lo, havia acabado de descer pelo ralo. Certamente ele quer alguém experiente, pensou. - E-Eu...

- Está tudo bem. - deu um sorriso calmo, deixando suas provocações de lado. - Não há nada de mal nisso.

- Louis, tenho vinte anos e nunca fiz sexo! - disse baixinho, temendo que alguém passasse no corredor e ouvisse aquela conversa. Ou pior, que visse Louis em cima de seu corpo. - É vergonhoso!

- Não, não é. - falou. - Não é uma lei perder a virgindade antes dos vinte. Talvez esteja esperando o cara certo ou talvez simplesmente não teve oportunidade. Algumas pessoas preferem continuar virgens. - conectou seus olhares e sorriu. - Está tudo bem, Harry. Você vai perder sua virgindade quando chegar a hora. Quando você se sentir preparado.

- Você já... você já transou? - questionou com timidez.

Não poderia falar sobre sexo com outras pessoas e acreditava que era importante dialogar sobre o tema. Sua irmã, por mais liberal que fosse, não gostava de entrar em assuntos como aquele. Seus pais eram conservadores demais e a única coisa que diziam era para usar preservativo. Não tinha um amigo com quem se sentisse confortável o suficiente para fazer perguntas. Mesmo não sendo amigo de Louis, gostava de conversar com ele. Suas ideias divergiam, é claro, mas ele era compreensivo na maioria das vezes, desde que não fosse o conflito de comunismo e capitalismo.

- Já, bastante. - respondeu.

- E é bom?

- Muito bom. - sorriu.

- Você fez com homens ou com mulheres?

- Homens.

- Você já deu o...

- Não. Essa ideia não me agrada. - riu baixinho.

- Você sabe se dói? - estava curioso para saber detalhes. - Estou sendo enxerido, não? Desculpe-me, vou parar com isso.

- Ei, pode perguntar o que quiser. - acariciou seus pulsos. - Vou responder, ok? É importante que você saiba.

- Eu tenho medo da dor. - confessou. - Não consigo me imaginar com um homem sem pensar em tê-lo dentro de mim. Sei que eu poderia ser o ativo, mas... a ideia de ser passivo me agada mais. - seu rosto voltou a ficar vermelho de vergonha. - Eu...

- Bem, eu não sei se dói. - deu de ombros. - Com jeitinho, tudo se ajeita. - sorriu.

- Quais foram os locais mais diferentes em que já transou?

- Harry, não sou sexólogo! - riu. - Só transei na casa dos rapazes que peguei. - sentiu seus joelhos doerem como atrito da calça jeans e sentou-se no colo do colega. Mordeu o lábio ao sentir que ele estava excitado e arqueou a sobrancelha. - Sr. Styles, eu desperto algo em você?

- Lo-Louis... - fechou os olhos e logo sentiu a respiração de Tomlinson em seu pescoço. Estremeceu e desejou tirar suas roupas, mas manteve-se quieto.

- Que indecência. - sussurrou. - O que seus pais diriam ao saber que você se sente atraído por um cara que além de ser pobre, ainda é comunista? - inspirou seu perfume floral. Queria beijá-lo, arrancar suas roupas e estimular lugares que nenhum outro homem teve o prazer de conhecer, porém não podia.

- Louis... - soltou um ofego e abriu os olhos para fitá-lo. Seus rostos ficavam cada vez mais próximos, se preparando para o beijo.

- Meninos, o jantar! - ouviram Anne chamar e se afastaram de abrupto, respirando acelerado.

Entreolharam-se e Harry sorriu tímido para Louis, que mordeu o lábio e se ergueu. Estendeu a mão para que ele se levantasse e saíram do quarto, descendo para a sala de jantar.

Quase, a mente de Styles resmungou. Na próxima você tasca um beijo nele!

~•~

No dia seguinte, Harry queria morrer. Não sabia o que tinha dado em sua mente na noite anterior para encher Louis de perguntas referentes a sexo. Disse-lhe que era virgem! Não acreditava que tinha se exposto tanto, embora tivesse gostado de ser seus corpos colados, mesmo que não fosse do jeito que desejava.

Estava gamado em Louis. Queria aquele homem mais do que quis qualquer um em sua vida, almejava beijá-lo e mergulhar seu quarto em gemidos quando o outro finalmente estivesse dentro dele. Não sabia o que estava acontecendo com seu corpo ou o que Tomlinson despertava em si, mas sabia que morreria se não o tivesse.

E sabia também que estava fazendo drama, porque viveria muito bem sem Louis, mesmo que o desejo sexual permanecesse. Não sabia como encararia o colega depois da noite anterior. Certamente se Anne não tivesse os chamado para jantar, teriam se beijado ardentemente e talvez atingido outras etapas.

Optou por dispensar seu motorista e dirigir seu próprio carro. Assim que chegou na universidade, estacionou o veículo, atraindo olhares de alguns alunos, principalmente os do lado vermelho. Caminhou para dentro do prédio e suas pernas tremeram ao ver Louis encostado em um dos armários, chupando um pirulito de bola vermelha.

Harry parou no corredor e olhou ao redor, aproveitando que Tomlinson não tinha reparado em sua presença. Escondeu-se no banheiro feminino, atraindo olhares de algumas moças, que ficaram escandalizadas com sua presença.

- Por favor, não me expulsem daqui agora. - implorou e espiou pelo vitral da porta. Viu Louis passar pelo corredor na companhia de seus amigos e respirou aliviado. - Obrigado pela hospitalidade, juro de pés juntos que nunca mais entrarei aqui. Era uma questão de vida ou morte. - deu um sorrisinho e saiu do banheiro, andando rápido pelo corredor e indo direto para a sala de aula.

Sentou-se em seu lugar habitual e estremeceu quando um rapaz se aproximou dele. Era visivelmente rico, usava roupas de marca e tinha um ar de superioridade. Ele ficou ao lado de Harry e se agachou.

- Oi. - sorriu.

- Oi. - Styles respirou fundo. - Em que posso ajudá-lo?

- Eu te achei muito bonito, estava pensando se gostaria de sair comigo. - falou.

Ele era um homem bonito, deveria ter no máximo vinte e cinco anos. Cabelos castanhos e olhos escuros, corpo magro e levemente musculoso. Harry ponderou se era uma boa ideia. Mesma classe social, possivelmente com os mesmos ideais.

- Posso deixar meu telefone? - ele indagou.

- Claro. - Harry sorriu, educado. - Mas não sei se vou ligar.

- Oh. Por quê? - tomou a liberdade de pegar um lápis no estojo de Styles e anotou em seu caderno. Porque hoje mesmo eu sonhei que estava transando loucamente com Louis Tomlinson, o comunista que está querendo virar meu mundo do avesso, era o seu motivo, mas não podia dizer sem virar chacota.

- Estou conhecendo um cara. - disse. - Talvez eu ligue, huh? Você é muito bonito também. - nem tanto, Harry, sua mente murmurou.

- Vou aguardar. - sorriu e se afastou.

Styles cruzou os braços e deitou a cabeça na mesa, aproveitando que tinha cerca de vinte minutos antes da aula começar. Fechou os olhos e lembranças de seu sonho indecente invadiram sua mente.

Harry estava apoiado na escrivaninha ao ter seus cachos agarrados com força. Gemeu quando Louis investiu em seu interior sem piedade, indo rápido e fundo, sem se importar se seus gemidos eram ouvidos do andar inferior, onde seus pais estavam.

Para completar o momento de perigo, a porta do quarto estava escancarada. Qualquer um que passasse por ali veria Harry implorando para apanhar e ser fodido. Ele entreabriu a boca ao sentir a respiração de Louis em seu pescoço e logo mordidas em sua pele. Fechou os olhos e afastou mais suas coxas, permitindo que ele fosse ainda mais fundo.

- Porra, Louis! - choramingou.

- Grite o meu nome, minha vadia. - rosnou em seu ouvido. - Quero que todos saibam como eu te fodo bem. Que você só grita assim quando tem o meu pau dentro de você, quando eu te como com força. - puxou seus cabelos e ele soltou um gemido rouco. - Quero que escutem suas súplicas, como você implora por mim.

Não teve piedade ao sair de si e jogá-lo na cama, de barriga para cima. Abriu suas pernas e o preencheu outra vez, movendo-se com rapidez. Harry gritou sem pudores e agarrou os lençóis, vendo como Louis era lindo com seus cabelos arrepiados e pupilas dilatadas.

Era simplesmente um deus do sexo.

- Bom dia, senhores e senhoritas! - o professor entrou na sala e Styles abriu os olhos rapidamente, evitando fitar os outros alunos, como se eles pudessem ler sua mente e saber a obscenidade que estava pensando. - Abram seus cadernos, teremos uma maravilhosa aula de Cálculo!

Harry murchou na cadeira, mas mesmo assim fez o que foi pedido.

Louis não acreditava na audácia de Zayn. O amigo insistia em uma ideia idiota que Tomlinson não queria ouvir. Era simplesmente sem cabimento.

- Estou falando, cara, ele 'tá muito na sua! - Malik dizia, andando abraçado ao namorado para o banquinho que os três sempre ocupavam. Era hora da saída e Louis tinha alguns minutos de liberdade antes de ir para o trabalho. Não poderia faltar em seu primeiro dia.

- Pare de pensar asneira, ele é um burguês! Um legal, mas ainda é um burguês. - resmungou. - Totalmente sem noção, cara. É contra os meus princípios.

- Louis, Harry é lindo, já viu o corpo daquele garoto? - Zayn tentava fazer o amigo enxergar o óbvio. Mal sabia ele que Tomlinson queria Harry, principalmente depois dos sinais que recebeu na noite anterior. No entanto, não gostava da ideia de se relacionar com um cara de classe social contrária à sua. - Ele faz o seu tipo e é visível que ele quer te paquerar, mas é tímido demais para tomar a iniciativa.

- Zayn, por que quer que eu me relacione com ele? Esqueceu que ele faz parte da classe que acaba com a felicidade dos pobres? Que explora nossas famílias? - balançou a cabeça. - Não! Eu me recuso a ter algo com ele. Não posso me deixar levar por um sentimento idiota como o desejo. Ele é um pãozinho, eu sei.

- Louis, você não transa há anos. - Liam lembrou e Tomlinson jogou uma bolinha de papel no amigo. - Aproveite que ele te quer e garanta uma noite de sexo.

- Não. - falou. Não havia contado para os amigos que Harry era virgem e nem o faria, não lhes dizia a respeito. Acreditava que Styles queria perder sua castidade com uma pessoa especial e não o seduziria para isso. Ele certamente não era digno de tirar sua virgindade. - Não vou flertar com ele. - balançou a cabeça. - Ele é lindo, mas não farei isso. Ele merece alguém melhor.

Mesmo se quisesse, não tinha nada para oferecer a Harry. Um relacionamento com ele prejudicaria a vida de Styles, seus pais não aprovariam e cortariam seus privilégios. Louis não tinha condições de se envolver com um cara como ele. Não poderia dar um presente à altura ou pagar um jantar em um restaurante refinado. As diferenças eram demais para serem ignoradas.

- Louis, você...

- Eu sou um nada! - irritou-se. - Eu não posso me envolver com ele. Mesmo que seja uma amizade colorida, sabe muito bem que isso sempre dá merda. Uma das partes sai machucada e pelo pouco que conheço dele, sei que é emotivo. - suspirou. - Não vou machucá-lo e brincar com os sentimentos dele. Eu sou um nada! Não tenho nem mesmo um carro próprio, ele anda de BMW e Porsche. O que eu tenho? Uma Kombi caindo aos pedaços.

- Louis, você não pode se apegar a bens materiais. Sempre diz para dizer não à propriedade privada.

- Liam, eu sei o que digo. - suspirou. - Mas é impossível imaginar um relacionamento entre pessoas tão distintas. Sou um pé rapado e ele é filho de um empresário riquíssimo. Tenho que dar meu sangue no trabalho para ter o que comer e Harry pode ficar a vida sem trabalhar que vai continuar rico, viajando o mundo e de barriga cheia. Nós não somos compatíveis.

- Ficam tão fofos juntos! - Zayn sorriu.

- Vocês e essa mania idiota de apoiar casais inexistentes. - revirou os olhos.

- Inexistentes porque você não permite um futuro.

- E nem vou. - teimou. - Vocês só me querem com esses burguesinhos. Por que nunca apoiaram um casal entre eu e outro comunista? As coisas seriam mais fáceis.

- Porque você é teimoso e extremista. - Liam foi sincero. - Precisa amar alguém do outro lado para aprender a ser mais ponderado.

- Ora, vá se foder! - levantou-se do banco e apanhou sua mochila. Acenou para os dois, já irritado, e caminhou para o estacionamento.

Entrou na Kombi azul-calcinha e respirou fundo, passando as mãos pelos cabelos. Pelo retrovisor, viu Harry e outro aluno conhecido, Niall Horan, entrando no Porsche de Styles. Louis balançou a cabeça. Como Liam e Zayn querem que eu me relacione com um cara desses? O que tenho a oferecer além de um abraço e beijos? Nada, pensou.

Não tenho nada. Eu sou um nada.

~•~

Louis achou que teria um pouco de paz na cafeteria. Infelizmente, seu trabalho era em um bairro rico e muitos alunos da universidade moravam nas redondezas. Incluindo os que gostavam de provocá-lo. Sabiam que se fizessem tal coisa na faculdade, Tomlinson não teria piedade em atacá-los com socos e tapas, mas por ser um estabelecimento familiar, aguentava calado.

- Aquele pobretão. - um falou, apoiado no balcão. - Coitado, isso que dá apoiar o Partido Comunista. Eu tenho pena.

- Esse é o lugar ao qual ele pertence. - outro cuspiu as palavras com nojo. - Proletariado. Explorado por nós. - riu em desdém. - Ele não fica bonitinho com este uniforme?

Louis apertou o copo entre os dedos, mas parou quando este ameaçou quebrar. Mexeu o café e entregou a uma cliente. Ajeitou a touca que usava e arrumou o avental vermelho que estava um pouco torto. Arregalou os olhos ao ver Harry entrar na cafeteria com Niall, ambos carregados de sacolas.

Ótimo, agora ele vai ver eu ser humilhado, chorou por dentro.

- Esse merdinha nem deveria estar na faculdade para começar. O conhecimento é para os ricos, não? - o primeiro voltou a dizer. - Que curso ele faz mesmo? Ah, Geografia! Que merda, quem precisa de Geografia? Oh, ele vai dar aulinhas quando se formar. Um professorzinho.

- Posso saber o que está acontecendo aqui? - Harry falou, colocando suas sacolas no chão. Louis olhou-o com atenção, temendo que ele apanhasse. - Por que estão atacando o Sr. Tomlinson?

- E o que você tem a ver com isso, seu putinho? Acha que não vemos que você anda com ele? Seu pai deve morrer de desgosto por você se misturar com essa gente.

- Primeiro, eu não sei com que autoridade você me chama de putinho, sendo que nunca tive relacionamento nenhum dentro daquela universidade e certamente se tivesse isso não seria da sua conta. - cruzou os braços. - E eu não ando com ele, somos apenas parceiros de classe. Aliás, não sei porque citou o meu pai, sendo que ele não é o tópico desta conversa.

- Veio defender o namoradinho?

- Namoradinho? Oh, claro que não! Não estou defendendo Louis por laços românticos, mas sim por laços de humanidade. - rebateu. - Você não pode chegar no trabalho de alguém e tratá-lo dessa forma. Independente da ideologia em que ele acredita, continua sendo um ser humano que merece respeito.

- Harry, deixe. - Louis pediu, não queria que ele se expusesse por sua causa.

- Acha que esse não é o lugar dele? Ter esse empreguinho de merda combina bastante com Tomlinson. - um deles riu. - E ainda se tornar professor no futuro!

- Eu acredito que é um emprego digno. - disse. - Ele poderia fazer trabalhos ilícitos para arranjar dinheiro rápido, mas está aqui, aturando calado dois babacas feito vocês. Louis não está cometendo crime algum e ser pobre não é motivo de chacota, isso não faz dele uma má pessoa. Ser rico não significa que somos melhores que os outros, ter humildade é importante em todas as classes sociais. Deixem-no em paz, por favor.

- Deve ser ótimo ser defendido pelo namoradinho, não é, Tomlinson? - um riu. - Além de poder mamar da fortuna dele, ainda tem este corpinho delicioso para satisfazê-lo à noite. Você tem sorte de namorar um rico gostoso que te banca.

- Cale a boca! - Louis gritou, atraindo olhares dos clientes. - Harry não é o meu namorado! Se ele me bancasse, acha mesmo que eu estaria trabalhando aqui? Além disso, eu jamais me aproveitaria da fortuna de alguém, eu fui bem educado e não condiz com meus princípios, nem com minha ideologia. - bateu as mãos no balcão. - E eu não vou permitir que falte com respeito com Harry na minha frente. Vão embora.

- Que fofo. Parece um Chihuahua defendendo o namoradinho. - pegou seu copo de café e desceu da banqueta. - As provocações não acabaram, Tomlinson. - disse e saiu dali com o outro cara.

Harry sentou-se onde os dois estavam anteriormente e sorriu pequeno para Louis, que serviu-lhe um café com leite e um cookie.

- Por minha conta. - Tomlinson deu um sorriso tímido, nunca havia sido defendido daquela maneira. - Obrigado.

- Como você está? Não nos falamos hoje.

- Estou bem, e você? - limpou a pia com um pano.

- Bem também. - deu um gole na bebida docinha. Só tive um sonho delicioso com você que me fez gozar nos lençóis, mas estou ótimo, pensou. - Não sei se conhece, mas este é Niall Horan.

- Oi. - Niall deu um sorriso amarelo, não escondendo sua antipatia por Louis, que percebeu na hora.

- Olá, Horan. - não se importou em fazer contato visual e olhou para Harry. - Como vai a nossa redação?

- Ótima. - sorriu, suas bochechas corando ao se lembrar da noite anterior e do corpo de Louis sobre o seu. - Terminarei hoje, vou colocar suas ideias. Amanhã você pode ler e fazer algumas alterações. Estou fazendo a lápis e seria interessante se chegasse alguns minutos mais cedo para dar sua opinião, assim passo à caneta com mais calma.

- Certo, eu chegarei. - confirmou e fitou Niall. - Deseja alguma coisa? Um café? Um cookie?

- Um muffin, por favor. - falou, desconfiando dos sentimentos de Harry por Louis. Sentia que havia alguma coisa acontecendo e não aprovava um possível relacionamento.

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