NOAH ON
Passei o dia tentando continuar a música desde o ponto que eu e Cali paramos, foi muito difícil escrever algo realmente bom hoje.
Depois de muitas tentativas escrevi alguns acordes que na minha humilde opinião ficaram muito bons. Cali vai amar.
Quando terminei de fazer os acordes fui até o salão principal e encontrei com Any por lá que andava de um lado para o outro.
-Ta tudo bem? –Perguntei e a garota finalmente se deu conta da minha pessoa no local.
-To esperando a costureira para o vestido das madrinhas, ela ta demorando.
-Relaxa, ela já vai chegar. –Falei tentando acalma-la.
-E como anda a música? – Perguntou.
Não sabia o que dizer, estávamos compondo, mas não estava saindo exatamente como imaginávamos, porém eu acredito que até o dia do casamento a música vai estar perfeita.
-Esta ótima. –Menti. Mas não iria dizer que ainda precisávamos de tempo, ela ia surtar mais que já esta surtando.
A costureira finalmente chegou e então Any e a moça de cabelos grisalhos foram até uma sala onde acredito que as meninas estejam lá.
Fui para meu quarto e fiquei por lá assistindo televisão, os meninos estavam jogando bola e eu não estava afim e então só deitei na minha cama e liguei a teve assistindo um canal de culinária.
(...)
Acordei assustado com alguém gritando, o que será que esta acontecendo?
Não soube reconhecer de começo quem era, mas depois de alguns segundos percebi que a voz era muito familiar... Era Caliope.
Sem pensar duas vezes corri até o quarto da garota que não era tão distante do meu e entrei ao seu quarto me deparando com a garota deitada em sua cama gritando sem parar.
Corri até ela que mesmo fria suava, suas mãos estavam tremulas e mesmo de olho fechado as lágrimas escorriam.
-Cali. –Falei sacudindo-a. Sem resposta.
Continuei sacudindo-a de leve até que ela acordou assustada, sua respiração estava ofegante e a mesma chorava muito.
-Noah? –Ela disse em meio a soluços.
-Eu to aqui, ta tudo bem. –Falei ao puxar a garota que ainda tremia para meus braços.
Aos poucos sua respiração foi se normalizando, ela permanecia em meus braços e suas mãos estavam segurando meus pulsos como se estivesse com medo que eu fugisse.
-Ta tudo bem agora? –Perguntei quando percebi que ela já havia parado de chorar.
Ela se sentou na cama, mas não me encarou ficou de cabeça baixa respirando de forma lenta.
-Foi um pesadelo né?
-Foi.
-O que aconteceu? –Não sabia se era uma boa pergunta a se fazer agora, mas minha curiosidade falou mais alto.
Quando ela foi tentar explicar o que havia sonhado seus olhos se encheram de lágrimas novamente, meu coração se despedaçou.
Isso me lembrou do dia em que terminamos, eu fiquei realmente triste em vê-la daquele jeito. Seus olhos pequenos inchados e muito vermelhos.
-Foi com o meu pai. –Ela disse enquanto uma lágrima solitária escorria por sua bochecha esquerda.
-Esses pesadelos acontecem muito?
-De vez em quando. –Seus olhos permaneciam marejados, puxei-a para um abraço e a garota não relutou e correspondeu pelo meu abraço.
Ficamos assim algum tempo até que ela se levanta da cama, passa a mão nos olhos se livrando das lágrimas que saiam.
-Acho melhor você ir indo, Dustin deve estar voltando do futebol e vai ser um pouco estranho se ele encontrar você aqui no nosso quarto.
Concordei e levantei-me de sua cama e fui em direção à porta, mas antes que saísse ela segurou meu braço.
-Noah não conta nada para o Dustin ta? Ele já se preocupa demais comigo. –Ela pediu e eu assenti.
-Tem certeza que quer que eu vá embora? –Perguntei e a garota suspirou.
-Acho melhor você ir. Vou ficar bem.
(...)
Depois que jantamos ficamos jogando alguns jogos de tabuleiro na sala de estar e algumas pessoas ficaram só conversando.
Olhei em volta todos estavam rindo de alguma coisa, menos Sabina. Ela estava perdendo pra Any no jogo e estava toda emburrada.
Meus olhos divagavam pelas pessoas até que sem querer ele se depara com os olhos castanhos claros da garota do outro lado da sala.
Caliope estava encostada em Dustin e o garoto fazia carinho em sua cabeça enquanto conversa com Krystian.
Eles parecem estar felizes, e fico feliz por ela, mesmo tendo que admitir que não era isso que eu queria ver...
(...)
-E se juntarmos esse refrão com esse? –Caliope deu a ideia enquanto estávamos sentados compondo a música, estávamos aqui tinha algumas horas e até que estamos evoluindo.
-Acho que fica bom, pega o violão lá pra ver. –Falei e então a garota pegou o violão fez os acordes e cantou o refrão da música.
Tinha me esquecido como a voz dela era incrível. Como ela era incrível, como eu sentia falta dela, ou da sua risada contagiante. Sentia falta do bico que ela faz toda vez que ficava emburrada com algo, senti falta até dela me chamando de idiota...
Depois de todos esses anos eu posso ter total certeza ela fez muita falta na minha vida.
-O que foi? –Cali perguntou e então eu percebi que estava olhando para ela igual um idiota. Balancei minha cabeça espantando meus pensamentos para longe.
É injusto com ela, não posso pensar essas coisas ela esta noiva com um cara que lhe faz bem e eu sou só o idiota que a deixou ir embora.
-Nada...
Continuamos escrevendo a música, mesmo que meu corpo estivesse lá ao lado da morena meus pensamentos foram guiados até o dia em que terminamos o dia que ela disse que eu apenas a usei e que ela me odiava.
Odiar é uma palavra tão forte, é um sentimento tão ruim e saber que ela sentia isso por mim, dói.
-Noah você está me escutando? –Ela me encarou e então eu finalmente prestei atenção no que ela falava.
-Cali você ainda me odeia? –Perguntei, precisava saber daquilo, mesmo tendo um certo medo da resposta.
-Que?
-Lembra quando a gente terminou? Antes de você berrar dizendo pra sair do seu quarto você tinha me dito que me odiava. Ainda odeia?
A garota pareceu pensar um pouco.
-Eu tentei. Tentei te odiar de todas as formas, mas não consegui. Óbvio que quando a gente terminou eu fiquei muito brava, mas não sei se cheguei a te odiar. –Ela disse. –Disse aquilo por impulso, por mais que quisesse te odiar com todas minhas forças.
-Por quê?
-Por que acho que na minha cabeça seria mais fácil eu te odiar e ai faria com que eu superasse mais rápido sabe? –Passou a mão por entre seus fios de cabelos. – Não gosto de ser aquelas meninas patéticas que o mundo para de girar por causa de um garoto qualquer.
-Eu sou um garoto qualquer?
Ela suspirou e me encarou, fazendo com que nossos olhos se encontrassem.
-Não... Esse é o problema, você nunca foi um garoto qualquer...
Não pude deixar de sorrir ao ouvir aquilo.
Assim que me dei conta estávamos em uma distancia bem curta um do outro, não só pelo fato de compartilharmos a mesma cadeira... Sentia sua respiração batendo sobre meu rosto, meus olhos se fixaram em sua boca entreaberta... Nossas bocas estavam tão próximas...
-Preciso ir. –Falou e então se levantou da cadeira e sem olhar para trás, deixou na sala apenas eu e meus sentimentos confusos.