DIA SEGUINTE...
Acordo sentindo minha cabeça latejar. Vou até o banheiro e me olho no espelho, estava horrível. Meus olhos estavam tão inchados que parecia que eu tinha levado um soco, meu cabelo estava todo embaraçado.
Entrei no banho, gelado, precisava acordar hoje o dia seria longo. Teria ensaio com as meninas, e depois com Noah, amanhã finalmente seria a apresentação. Não sei se fico feliz por isso ou triste, pois daqui alguns dias iremos voltar para nossos reinos e voltar a nossa rotina chata.
Depois do banho vesti uma roupa confortável, penteie meus longos cabelos castanhos e por fim os sequei com secador, fiz tudo isso acompanhada de várias músicas.
Sai e fui em direção a cozinha, para pegar apenas uma maçã, não estava com fome.
O caminho todo que percorri da cozinha até a sala de dança onde as meninas estariam, foi um pouco tenso pra mim não vou negar. Meu medo de encontrar meu pai em um desses grandes corredores, não saberia o que dizer pra ele, não quero vê-lo, vou evitar ele o máximo que conseguir.
Quando finalmente entrei na sala as meninas estavam sentadas no chão em formato de circulo, em segundos a sala estava um silêncio e a atenção estava toda voltada em mim.
-Achamos que você não iria vir. –Heyoon disse quebrando o silêncio.
-Por que não viria? –Falei como se fosse mais um dia normal e que eu não tenha acabado de descobrir que tenho um irmão.
Desde ontem à noite depois da conversa que tive com Bailey eu ainda estava muito abalada, então pedi para as meninas me deixarem um pouco sozinha, pensando e elas respeitaram isso.
Isso que eu mais amo nelas, quando uma esta mal, às vezes fazemos de tudo para que se sinta bem, mas tem horas que a pessoa só precisa de um tempo com si mesmo.
BAILEY ON
Acordei mais tarde do que de costume, olhei em volta Krystian e Lamar já não estavam mais dormindo, provável que estejam tomando café.
Tomei um banho quente e demorado, e fiquei pensando em como a noite de ontem foi uma loucura.
Minha mãe me decepcionou muito, escondeu coisas de mim que mudariam totalmente rumo da minha vida, mas mesmo assim a minha raiva dela foi uma coisa momentânea. Imagino como deve ser difícil ser casada com alguém que você não ame de verdade, criar um filho sozinho desde que seu companheiro teve uma morte inesperada enquanto pescava.
Enquanto Caliope ela é o oposto de mim, sua raiva demora a passar, sei disso por que quando éramos pequenos, uma vez no acampamento eu peguei sua boneca e enfiei em uma poça de lama, depois que vi como a morena ficou brava, lavei a boneca e devolvi para a garota achando que ela iria me desculpar, mas pra minha surpresa ela ficou dias sem falar comigo.
Imagino o quão difícil vai ser ela desculpar seu pai, ela era tão apegada nele, nuca vi algo igual e agora descobre essas coisas sobre o pai... Dela.
Em relação ao senhor Okalani, não sei como devo me sentir a isso, agora eu pretendo evitá-lo quanto eu puder, a raiva que eu senti da minha mãe ontem foi passageira, mas a dele, como ele pode deixar uma mulher grávida... Grávida de seu filho e esconder isso por anos.
Ao sair do banho decidi que iria falar com a minha mãe, não poderia deixá-la achar que eu a odiava.
(...)
Bati na porta de seu quarto e em segundos ouço passos e então a porta é aberta expondo uma imagem de uma mulher com olheiras profundas, acho que não dormirá bem noite passada, seu cabelo estava desarrumado e sua pele pálida.
-Oi meu filho. –Falou em um tom de voz baixo.
Adentrei o quarto e em seguida ela fechou a porta, não sabia por onde iria começar a falar, mas sei que ela precisava ouvir que eu não a odiava.
-Eu queria te pedir desculpas, a culpa foi toda minha eu não tinha o direito de mentir todos esses anos pra você... –Ela falou e seus olhos encheram-se de lágrimas.
-A culpa não foi sua mãe, não estou bravo com você. –Finalmente falei enquanto encarava seus olhos castanhos.
-Não esta bravo?
-Com você não, mas agora com o senhor Okalani... Como ele pode te deixar? Ele gostava de você? Ele traiu a esposa dele e fingiu que nada aconteceu. –Falei cada vez mais bravo e irritado.
-Não meu filho não é assim.
-Como não mãe, ele não foi homem o suficiente pra me assumir. Ele deixou que outro homem assumisse o que ele fizera.
-Você sabe que nos se conhecemos desde crianças, frequentávamos o mesmo acampamento que vocês. –Minha falou e sim dessa parte eu sabia, nossos pais são amigos desde sempre. Sei que depois que eles viram reis e rainhas se afastaram, pois os compromissos eram mais importantes que rever velhos amigos. –E desde então sempre fui apaixonada por Alan... Seus olhos castanhos claros, seu jeito engraçado que sempre estava aprontando alguma.
Segurei-me pra não vomitar, não era muito legal ver que minha mãe tinha sentimentos pelo pai de Cali. É estranho.
-Quando se tornamos adolescentes chegamos a ficar algumas vezes, mas nada serio. Até que um dia Alan aparece namorando uma garota dos reinos do Sul. A Milena.
-A mãe da Cali. –Presumi.
-Sim, e então eu fiquei desolada, era apaixonada por Alan. Foi então que conheci Andrew, seu pai. Se tornarmos melhores amigos logo de inicio ele era filho do Rei de uma ilha no norte. E então conforme os anos foram passando, seu avô acabou falecendo e minha mãe desesperada, pois sabia que eu em poucos anos teria que herdar o trono, porém eu não fazia ideia de como faria aquilo, mesmo com milhares de aulas, ensinamentos a pratica é muito mais difícil.
Enquanto ouvia minha mãe contar sobre seu passado sentei-me em sua cama e prestava atenção em cada detalhe.
-Alguns anos depois o nosso reino foi se enfraquecendo, e o de Andrew também e então minha mãe juntou o útil e agradável e fez um casamento arranjado.
-Como a vovó foi capaz de fazer você se casar com um homem que não gostava?
-Ela fez isso pelo meu bem, nosso reino estava falindo e ela viu o quanto eu e Andrew éramos próximos e então em meses nos se casamos. –Ela falava enquanto andava de um lado ao outro. –Depois de alguns anos, em uma noite chuvosa e de madrugada escuto um barulho vindo da porta principal... Era Alan, desolado, triste, embravecido. Ele tinha brigado muito sério com Milena e então me pediu se poderia passar algumas noites no castelo. Mesmo a gente estando afastado eu obviamente deixei, éramos amigos acima de tudo.
-Se ele não amava mais a mãe de Cali, por que continuou casado com a mesma? –Perguntei.
-Meu filho a época era outra, o divorcio não era bem visto como hoje em dia e ele amava Milena, eles eram perfeitos juntos, mas aquela noite com a ajuda de alguns copos de vinho algumas emoções do passado ressurgiram e então acabamos...
-Nem completa essa frase, não quero ter que imaginar. –Falei sentindo meu estomago embrulhar.
-Alguns dias depois Alan voltou para casa, e tudo aqui estava bem até que sinto algo estranho dentro de mim... Sabia o que era, e fiquei tão aflita como iria dizer que estava grávida e que o pai não era meu marido. Andrew viu como eu fiquei nervosa e então decidiu que ele assumiria sua paternidade e me prometeu que esse segredo nunca seria exposto pra ninguém.
-Você quer dizer que ninguém sabia disso?
-Ninguém, nem sua avó, nem os criados, nem mesmo Alan. - Falou enquanto respirava fundo. –Eu pensei em contar, mas e então certo dia, no jornal, anunciaram que estaria vindo uma herdeira para o reino de Teia e então eu não quis comentar com Alan, esse segredo ficaria somente entre mim e Andrew.
Estava um pouco surpreso com a atitude de minha mãe, não esperava isso dela, porém não a julgo, não posso nem imaginar o quão difícil deve ter sido esconder isso de todos.
-Anos depois quando você e Cali já tinham seus 11 anos, logo depois da morte de Andrew eu contei para Alan que ele era seu pai.
Ao escutar isso um arrepio subiu por minha espinha, não estou acostumado a ouvir que senhor Okalani seja meu pai.
-Ele ficou devastado e furioso por eu não ter contado antes, na época ele quis assumir disse que poderíamos se tornar uma grande família, eu, você, Cali e ele, mas como eu iria te explicar que depois de um ano da morte de Andrew ele não era seu pai, você ainda estava muito abalado, não queria te deixar mais confuso ainda e então pensei em lhe contar com 15 anos, mas bem no dia tivemos que ir pro hospital se lembra? –Minha mãe perguntou e me lembro como se fosse ontem. Tinha acabado de fazer 15 anos, decidi ir jogar bola no campo, mas acabei escorregando e bati meu queixo no chão em seguida tive que ir pro hospital levar pontos.
-E então eu sempre fui deixando pra te contar depois, pois nunca tive coragem... Desculpa-me por isso filho, eu sempre quis o seu bem acima de tudo. –Ela falou me abraçando e então senti algumas lágrimas brotarem em meus olhos.
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Hoje o capitulo foi bem grande.
Mãe de Bailey conta como se apaixono por pai de Caliope, o que acharam?
Beijos, até o próximo capitulo...
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